A ligação havia sido encerrada, o que me fez discar o número de minha secretária — Qual já sabia de cor. Mas antes que meu dedo efetuasse a ligação de fato, o celular vibrou em minha mão, assim, o número dela acompanhado com o seu nome, brilhou outra vez, logo no primeiro toque a atendi, levando o aparelho telefônico na orelha, mas ela não disse nada, o que me impulsionou a cumprimentá-la...
— Boa noite, Letícia... — Saudei, desconfiada, mais minutos se passaram.
— Doutora Cecília, desculpe incomodá-la, mas é uma emergência...— Sua voz finalmente ecoou, expirei.
— Imaginei que fosse, Letícia — Resmunguei — O que aconteceu? Está tudo bem?
— Comigo sim, mas, Antônio, lembra do senhor A
Inspiro e expiro... Minha consciência gradualmente vai voltando... A dor que antes era latente, tornou-se uma breve, quase vaga lembrança... Mas, permaneço de olhos fechados... Tenho medo, medo de que ainda esteja na escuridão, medo do que possa estar me aguardando, mas embora eu permaneça de olhos bem fechados, meus ouvidos, minha audição está bem atenta. Posso ouvir vozes, elas parecem diminuir gradativamente, como se as pessoas falando estivessem apenas de passagem por perto, logo as vozes cessam, e o barulho de um bipe contante, as substitui, pelo som, reconheço que se trata de um aparelho de batimento cardíaco. Aquilo estava ligado a mim? Inspiro e expiro, novamente, de novo, outra vez... O que havia acontecido? Onde eu estava? Téo, meu marido, onde ele estava? Nós estávamos bem, certo? Me vi confusa, me mexi inquietantemente sobre a cama, mas ainda não tive coragem de abrir os olhos, então sem que eu pudesse preme
Acordei sem saber como pude pegar no sono, o quarto antes escuro estava iluminado pela luz do dia, e as vozes era mais constantes, inspirei e expirei, deixando que meu olhar percorresse toda a extensão do quarto, até pairar sobre meu sogro na poltrona a alguns passos longe de mim, meus lábios se movimentaram, querendo o chamar, mas minha voz não saiu em minha primeira tentativa, minha garganta ardeu, engoli seco, sentindo como se algo seco, áspero a raspasse, para não entrar em colapso, trabalhei minha respiração, inspirando e expirando novamente, assim tentei outra vez ter a atenção de meu sogro.— Richard... — Minha voz soou, baixa, mas soou. Meu sogro parecia perdido em seus pensamentos, pois mesmo visivelmente acordado, não notou que eu estava acordada, tão pouco escutou a minha voz — Richard... — Consegui fazer com que o som de minha voz soasse um pou
Imóvel, era como estava desde que meu sogro pronunciou o diagnóstico de meu marido, induzir a coma, isso só acontecia quando os médicos queriam acalmar as atividades cerbrais, quando elas estava sendo um problema para a recuperação de um paciente, o medo de perdê-lo, que antes era uma suposição minha, tornou-se algo mais real, forcei um sorriso para Richard, mas o sorriso logo foi substituido por um apertar de lábios, eu solucei, dando inicio a uma nova onda de choro. — Ele queria um bebe... — Resmunguei, sentindo meu coração ser despedaçado, meu sogro me olhou como se minha fosse tão palpavél que ele a sentisse — Não é justo, não é justo que ele não tenha isso, que ele... — Meu sogro envolveu-me em um novo abraço, solucei contra ele. — Lia, ele ainda está lutando, não perca esperança, querida... — Suas mãos acariciaram meus cabelos, eu apertei minha face um pouco mais forte contra seu peito. — Não consigo, e
Téo sorriu maliciosamente para mim, dei passos trôpegos para trás, sabendo o que ele faria, tentei correr, mas suas mãos me envolveram antes mesmo que eu de fato começasse uma corrida vã, já que um salto está preso em meu pé. — Téo, não, não faça isso...— Supliquei, agarrando seu pescoço, meu olhar passou por toda a extensão da piscina próximo a nós, e meu maior medo era cair ali, traja em meu melhor vestido. Eu não tinha um problema com a água em si, a noite estava belíssima, seria bom estar dentro daquela piscina com o meu noivo, porém, eu havia pagado tão caro no vestido que cobria meu corpo, ele não era uma peça tão trabalhada ou requintada, mas foi uma das poucas peças elegantes que me serviu sem tirar nem por, então o levei, e vesti naquela noite. — Me dê um bom motivo para não fazer isso... — Téo aproximou-se um pouco mais da piscina, meus braços o apertou um pouco mais, engoli seco, olhando de soslaio para a
Apreensiva, segurei minha respiração enquanto o elevador ia subindo, me levando para cada vez mais perto do leito de meu marido, mais perto de Téo. Desde o tapa que minha sogra me desferiu, eu não tenho uma interação com ela ou com meu sogro, o que pareceu bom até aquele momento, visando que meus pais estavam comigo, agora, sozinha, estou apreensiva, não que eu teme ela, aquele tapa me pegou totalmente desprevinida, mas agora eu sei o que posso esperar dela, mas mesmo que não pense em atacá-la, não deixarei que ela me coloque para baixo, minha vontade era de não estar em sua presença tão cedo, mas não posso simplesmente ir para casa e fingir que meu marido não está na UTI, ainda, após uma longa semana, então engolindo meus receios e deixando o ar preso em mim, fosse expirado, me mantive no controle, até mesmo quando o elevador se abrisse, e meus pés me arrastassem para o e-leito que Téo estava, mas antes que eu chegasse lá, algo chamou minha atenção, Téo, sobre a cama ainda imenso,
Através da janela do leito de Téo, observei mais um dia nascer, em breve a médica passaria, dizendo que ele estava fisicamente bem, mas ainda inerte. Suspiro, todos os dias tento acreditar, mas é tão difícil, tão difícil acreditar que tudo ficará bem quando sei que as chances só diminui, a cada dia que se passa. O meu corpo começa a reclamar das noites mal dormidas, meu estômago parece pior, o que me impossibilita de comer de fato, e não apenas "beliscar" as minhas refeições, me sinto fraca, sinto como se todas as minhas forças físicas e mentais tivessem sido sugadas de mim, mas permaneço em pé, quando tudo que mais quero e dar-me por vencida. — Bom dia, Cecília... — A médica entra com o mesmo tom moroso, dócil, eu sorrio — Está tudo bem? Está pálida... — O olhar dela me examina com curiosidade. — Estou bem, meu estômago apenas não tem sido gentil comigo ultimamente, acredito que nunca comi tanta comida de hospital, embora trabalhe em um
Meu olhar incrédulo viajou entre meus sogros, o médico, então voltou para Téo, que ainda me olhava em confusão da cama. Pisquei uma, duas, três ou mais vez, tentei focar minha visão que vez e outra acreditava não estar em seu melhor momento, eu não sei, mas ainda que eu piscasse, eu não conseguia entender a situação a minha frente. Téo estava brincado, não é mesmo? Ele sempre teve essas brincadeiras bobas...Então ri, sabendo ter olhares confusos em mim. — Essa foi uma das sua piores brincadeiras, Téo, não tem um pingo de graça. — Resmunguei, e ainda assim, inclinei-me sobre ele, escondendo minha face em seu peito, querendo uma aproximação, talvez eu brigasse com ele futuramente por causa daquela brincadeira idiota, mas tudo que queria nesse momento era ser acolhida por seus braços, ouvi-o rir comigo, mas nada disso aconteceu, seus braços não me envolveram, e seu riso não ecoou — Por que não está me abraçando? — Inquiri queixosa, lacrimosa. Afastei-me brevement
Sentada sobre a poltrona logo ao lado de Téo, com meu rosto rolado em sua lateral, senti algo suave roçar minha face, como estava imersa em um cochilo, endireitei-me em um sobressalto, não reconhecendo ou entendendo aquele toque, minha atenção voltou-se para os lados, assustada, até pairar sobre meu marido, ele me olha com atenção, vejo receio, confusão em sua expressão, mas parecia que algo a mais havia pairado sobre ele, mas eu não consegui ler o que poderia ser, meu semblante franziu. — Eu sinto muito... — Ele se desculpou, meu peito se inflou de esperança, esperança de que tudo o que aconteceu horas antes não passasse de um engano, ele falaria que o houve não passava de uma de suas brincadeiras de mau gosto? Ele falaria que sentiu a minha falta, que me ama? Meu olhar o olhou em ansiedade — Sinto muito por tocá-la assim, é que você estava aqui, então... — Engoli seco, atolada por suas palavras, eu tive vontade de rir, não que fosse engraçado, mas pare