Maya Martins:Estou sentada numa cadeira bem grande. Minhas pernas balançam no ar porque elas não alcançam o chão. A sala é colorida e cheia de brinquedos, mas eu não quero brincar. Sei que a mamãe e a tio Fernando estão no corredor, elas disseram que iam me esperar lá para que eu pudesse me sentir mais a vontade com uma psicóloga. Eu nem sei direito o que é isso, mas a mamãe disse que eu seria muito corajosa se falasse com ela, então aceitei.A porta atrás de mim se abre devagar e uma moça entra. Ela sorri pra mim, um sorriso grande e bonito. Acho que ela é a tal psicóloga.— Oi, Maya! Eu sou a Dra. Sophie. Posso me sentar aqui com você? — Ela aponta para a cadeira ao lado da minha.Eu aceno com a cabeça. Ela se senta e coloca um ursinho de pelúcia no colo.— Esse é o Teddy. Ele adora ouvir histórias. Você gosta de contar histórias, Maya?Eu olho para o ursinho e depois para a Dra. Sophie, volto a olhar para o ursinho amarelo.— Gosto... — respondo baixinho.— Que bom! — Diz ela, ent
Laura Martins:— Quando terminamos, vamos beber? — Mike convida, me assusto, estava tão entretida observando o ensaio que não o vi se aproximar.— Claro que não, idiota, esqueceu que dia é amanhã? — Olivia responde, revirando os olhos, Mike estreita os olhos, sorrio quando a compreensão recai sobre seu rosto.— Esqueci — admite, seu rosto ficando triste. — Tem certeza que não quer que eu vá também?— Se você puder nos buscar, ficarei feliz — digo, com um sorriso, seu semblante suaviza. — Como ficarei muitas horas lá, só vou sair umas cinco da tarde, ai aproveito a sua carona e pegamos Maya na creche, que tal comermos uma pizza lá em casa? — Convido.— Fechado então, vou buscar vocês — Mike sorri e se afasta, o dever o chamando.— Ei, tragam água — ouço um voz gritar, pego a garrafinha e entrego a Olivia que leva.Fernando e Artur tiveram ondem uma reunião e retornaram a parceria, mas ao invés de um desfile, será o ensaio fotográfico, o qual está acontecendo agora. No domingo, acontece
Fernando Duarte: Mesmo sendo informado do ocorrido, não consigo me impedir de sentir a vontade de arrancar cada membro que aquele modelo ousou encostar nela, a intenção em seus olhos era nítido. Preciso me controlar, eu não sou um possessivo controlador, mas porra, é pedir demais que homem nenhum toque na minha mulher? Me aproximo de Laura, meu olhar fixo no dela. — Senhor Duarte — ela diz, quando paro a sua frente, observo sua garganta engolir em seco enquanto seus olhos desviam para todas as direções. — Eu posso explicar, é... a modelo passou mal e o fotografo me pediu para cobri-la, foram só algumas fotos. Não digo nada, apenas continuo a encara-la, percebo o quão desconfortável ela se sente. — Você está linda — digo, quebrando o silêncio, Laura solta a respiração em um alivio visível. — Obrigada — ela diz, agora com um sorriso tímido em seu rosto, realmente, muito linda. — Senhor Fernando, não pensei que iria supervisionar o ensaio, estou surpreso — Marcos aparece, o homem
Laura Martins: Depois que Mike buscou eu e Olivia no hospital, compramos pizza e depois pegamos Maya na creche. Mike e Olivia ficaram de queixo caído quando viram a transformação que aconteceu dentro da minha casa. Eles elogiaram Fernando, e quando eu disse que achava errado, Olivia e Mike falaram em unisom: “Melhor ele gastar tu, do que com outra”. Pensei, pensei e ainda não me sinto a vontade, e nem irei me sentir enquanto ainda estiver presa com esse contrato de “aluguel”. Mas enfim, isso foi na quarta-feira, hoje já é sábado, vamos focar no presente. Como descrever a emoção de pisar em shopping onde todas as lojas estão esperando exclusivamente você entrar? Quando Fernando contou que fechou o shopping inteiro, com a desculpa que assim seria mais rápido, fiquei boquiaberta. Cara, aqui é enorme, deve ter sido uma fortuna. — Vamos naquela primeiro! — Maya aponta, para uma das lojas. — Podem ir na frente, vou atender aqui, não demoro — Fernando me dá um selinho e atende o telefone
Mike Silva: — Vamos, Mike. Você está só o pó da rabiola, como depois de tantos anos você ainda é fraco para bebida? — Oliver pergunta, eu acho, enquanto me apoia em suas costas. — Cara, só foram três latinhas de cerveja. — Eu... é.. naum tou mal — tento dizer, mas minhas palavras não fazem sentindo nem para mim mesmo. — Mike, você é pesado demais, ganhou ainda mais músculos desde a ultima vez que tive que te carregar — Oliver reclama. Realmente, ultimamente ando treinando ainda mais, muitas coisas acontecendo e muita preocupação e confusão dentro da minha cabeça, pelo menos lá, eu podia me concentrar em algo que não fosse apenas mental. — Simm — minha voz sai arrastada. Mesmo Oliver sendo tão pequeno e magrinho, sempre me surpreendo em sua força. Ele me carrega nas costas como se eu fosse o mais fraco entre nós e não o contrário. Pisco os olhos, e, quando dou por mim, meu corpo está sendo jogado para dentro do meu carro. Minhas pálpebras ficam pesadas, sinto que palavras saem por
Laura Martins:— Olivia? — Abro a porta e a encontro do outro lado, com a roupa amarrotada e um semblante triste. Seus olhos parecem deprimidos. — O que aconteceu? — Pergunto, puxando-a gentilmente para dentro de casa. — Entre, vemos para o quarto.— Tio Oli, o que aconteceu? — Maya pergunta, em pé no sofá.— Só cansaço, querida — Olivia responde.— May, não fique em pé no sofá, sabe que não pode — a repreendo, ela faz carinho de cachorro sem dono e senta comportada. — Boa menina, continue assistindo.Deixo Maya assistindo TV na sala e levo Olivia para o meu quarto. Fecho a porta atrás de nós e a guio até a cama. Sentamo-nos lado a lado, não digo nada.— Você já comeu? — Pergunto, ela nega com a cabeça. — Vou pegar algo para tomarmos café.Faço menção de me levantar, mas Olivia segura meu braço, seus olhos cheios de lágrimas, sento novamente na cama. Fico em silêncio, esperando-a desabafa. Será que algo aconteceu com a mãe dela?— Ontem à noite... — Olivia começa, depois de longos seg
Mike Silva:Volto para casa tarde da noite, a mente ainda agitada com os eventos do dia. Ter passado o dia lutando contra os outros alunos da academia não me ajudou em nada, apenas fiquei com um olho roxo e um corte no nariz. Nem quis voltar com o carro, deixei-o com o meu mestre e vim andando, com a ilusão de que o ar frio da noite me ajudaria a pensar melhor, não adiantou.O caminho até a porta da frente parece mais longo do que o normal, meus passos são arrastados, minhas pernas e ombros pesados demais. Quando finalmente me aproximo da entrada, vejo Oliver... Olivia, foi assim que Laura a chamou, ela está sentada na calçada, suas mãos cruzadas no colo, a testa apoiada entre os joelhos. Ela levanta o olhar ao me ver, mas eu apenas passo por ela, ignorando-a completamente.— Mike, por favor, espera — sua voz urgente. Sinto sua mão agarrar meu braço, com ignorância me afasto de seu toque.Eu paro, mas não me viro. Fico de costas para ela, lutando contra a onda de emoções que me invade
Laura Martins:— O que aconteceu? — Fernando indaga, me tirando dos meus pensamentos.Olho para ele vendo-o me encarar preocupado, dou um sorriso fraco, desde que o senhor Pedro deu partida, eu não disse uma única palavra. Maya está sentada entre mim e Fernando em sua cadeirinha, assistindo vídeos infantis no meu celular, a única fonte de som aqui dentro.— Acidentalmente, Mike descobriu que Oliver é Olivia — começo, explico como Olivia foi para minha casa triste, de como tentei alegra-la com num vestido, mas nessa hora, Maya abriu a porta para Mike sem vermos e ele viu Olivia em roupa de menina e eu a chamando de Olivia. — Então ele foi embora e ela chorou a manhã inteira, e depois do almoço, disse que iria atrás dele, até agora não tenho notícias.— Eu sabia que tio Oli na verdade era menina, desde a primeira vez que a vi — Maya diz, arqueio as sobrancelhas, eu lembro dela questionando porque Oliver tinha rosto de menina, mas não achei que ela estivesse chegado a essa conclusão. — M