Laura Martins:— Então? — Questiono, arqueando uma sobrancelha, Fernando está a alguns minutos apenas calado, me olhando como se estivesse tendo algum tipo de luta interna. Sua hesitação aumenta ainda mais a minha ansiedade diante do silêncio, a tensão quase palpável.— Agora somos namorados — ele afirma, se recostando na cadeira, seus olhos fixos nos meus. Apenas assinto com um movimento rápido de cabeça, o nervosismo borbulhando dentro de mim, mas me controlo para não demonstrar.— A confiança é a base para qualquer relacionamento, sem mentiras, sem mal entendimentos — Fernando continua, sua voz firme. — Precisamos ser honestos.— Sim — concordo, sentindo o nervosismo aumentar, mas mantendo minha expressão serena.— Lembra quando eu a chamei pela primeira vez a minha sala, lá na empresa? — Ele questiona, e eu aceno afirmativamente.— Lembro — respondo, a memoria ainda fresca em minha mente.— Eu perguntei como você conseguiu um encontro comigo, até insinuei que você tinha algo contra
Laura Martins:Laura: “Atualização 1: Agora sou oficialmente namorada de Fernando; atualização 2: Fernando me questionou sobre o encontro no restaurante, contei a história que você mandou, ele acreditou.”Clico em enviar. Não demora muito para a resposta piscar no meu visor.Cristiane: “Ótimo, continue assim, cative-o mais e depois o convença a começar a terapia.”Releio a mensagem mais algumas vezes, sentindo um peso crescente em meu peito. Jogo o celular em cima do criado-mudo e me jogo de costas na cama, fechando os olhos. Estou cansada. Muito cansada. O aperto em meu peito aumenta, a angústia e o desespero tentando tomar conta dos meus pensamentos.Respiro fundo, tentando afastar as dúvidas que me cercam. Meus pensamentos se voltam para Fernando e o beijo que compartilhamos mais cedo. A culpa e a incerteza pesam sobre mim, mas tento me convencer de que estou fazendo isso por um bem maior. A promessa de cura e a necessidade de segurança para Maya são o que me mantêm firme nesse cam
Mike Silva:Não consigo dormir. Olho para o relógio em cima do meu criado-mudo e ele marca três e meia da manhã. Sento-me, sentindo a insônia pesar em meus ombros. Oliver está deitado no colchonete ao lado da minha cama.O quarto não está totalmente escuro por conta de alguns filetes de luz dos portes que atravessam a janela, criando sombras dançantes nas paredes.Desço da cama, os pés descalços encontrando o chão frio, e me sento ao lado de Oliver. A angustia e a culpa pesam sobre mim como uma pedra.— Oliver — chamo, minha voz baixa e hesitante. — Ainda está acordado?— Humm — ele murmura, meio adormecido. — Que foi?— Você acha que Laura vai me desculpar? — Pergunto, minha voz tão baixa que mal parece um sussurro. A culpa e a incerteza pesam em minhas palavras.Depois da conversa que tivéssemos algumas horas atrás, Oliver conseguiu me deixar com a consciência pesada. Realmente, cada pessoa tem uma maneira diferente de responder aos problemas, e não é certo eu deixa-la sozinha nesse
Artur Mendonça:— Papai, você está bem? Te machucaram? — Fernanda bombeia as perguntas enquanto seus olhos me analisam preocupados, dou um beijo em sua testa. Seu rosto pequeno e redondo franzido em preocupação, e seus olhos, verdes como os meus, brilham com ansiedade. Dou um beijo suave em sua testa.— Estou bem, meu anjo — respondo, coloco um sorriso no meu rosto, para enfatizar que estou bem. Funciona, ela relaxa um pouco, mas ainda me observa atentamente, em busca de qualquer sinal de dor.— Amor, venha comer, mandei fazer seu prato preferido — minha esposa, Cristiane, diz com um sorriso caloroso. Ela pega minha mão e me guia para a copa. O cheiro familiar e reconfortante da comida enche o ar, e meu estômago –após ficar praticamente o dia inteiro detido naquela delegacia–, ronca em resposta.Ao entrarmos na copa, noto a mesa cuidadosamente arrumada, com um prato fumegante esperando por mim. Cristiane sempre sabe como fazer as coisas parecerem melhores, mesmo nos dias mais difíceis
Laura Martins:— Boa-tarde, aqui, o senhor Fernando mandou entrega-la — Pedro estende uma caixa preta e dourada para mim.Olho surpresa e pego na caixa de sua mão. O que será que tem dentro? Mordo os lábios e me sento no sofá, ansiosa por descobrir. Com cuidado, abro a caixa e meu queixo cai, um perfeito se moldando em meus lábios.Dentro, há um vestido de tecido luxuoso, com várias pedrinhas brilhantes. Passo meus dedos pelo tecido, sentindo a maciez e a qualidade. Pego a etiqueta e leio: Mendonça Designs. Sinto meus olhos quase saltando da caixa. A peça mais barata dessa marca custa seiscentos reais –uma blusa. Não faço nem ideia de quanto seria esse vestido, e essas pedrinhas com certeza são diamantes, essa marca é conhecida pelas joias nas peças de roupa.Apressadamente fecho a caixa e a levo de volta para Pedro, uma ansiedade crescendo dentro de mim.— Eu não posso aceitar — digo, estendendo a caixa em sua direção, minha voz um pouco trêmula.Pedro me olha com um sorriso gentil. —
Laura Martins: A primeira coisa que noto ao entrar no iate, com o coração batendo acelerado, é a decoração deslumbrante. A visão do interior luxuoso me deixa sem fôlego. Luzes suaves e elegantes adornam o espaço, refletindo nas superfícies polidas e criando uma atmosfera aconchegante. Sinto-me como se estivesse entrando em um conto de fadas. Cada detalhe parece ter sido cuidadosamente planejado, desde as flores frescas dispostas em vasos de cristal até as velas perfumadas que emanam aroma delicado. Fernando me guia pela mão, seus olhos brilhando com um misto de orgulho e confiança. — Venha comigo — ele diz suavemente, sua voz baixa e tranquilizadora, enquanto subimos algumas escadas, noto muitas pétalas vermelhas espalhadas pelo chão. Ao chegarmos ao deck superior, minha boca se abre em um perfeito “O”, mas logo me recomponho. Meus olhos vagueiam por todo ambiente, enquanto caminhos em direção a uma mesa para dois que está cuidadosamente arrumada de maneira impecável, com uma toalh
Laura Martins:Ouço o som da cadeira de Fernando arrastando, o barulho suave contra o piso ecoando no ambiente aconchegante do iate. Levanto o olhar e o vejo se aproximar, seus passos firmes e confiantes. Cada movimento dele é cheio de uma elegância natural que me faz admirá-lo ainda mais. Quando ele para ao meu lado, meu coração acelera.— Quer dançar? — Ele pergunta, estendendo a mão para mim. Seus olhos brilham com uma mistura de expectativa e ternura.Olho para a mão dele, sinto o medo de quebrar suas expectativas perdendo o ar na minha garganta. A hesitação me fazendo apertar os dedos com força contra os talheres.— Eu... não sei dançar — admito, envergonha, minha voz saindo quase como um sussurro nervoso enquanto desvio o olhar. Meu peito sobe e descer rápido, o temor dele se irritar por eu estregar o plano que ele fez para o nosso primeiro encontro me corroendo.Seus dedos fortes me puxam pelo queixo, me fazendo ergue a cabeça até seus olhos capturarem os meus.— Apenas, confie
Fernanda Mendonça: Sentada no sofá da sala, Maya está deitada, repousando sua cabecinha nas minhas coxas, seus cabelos castanhos cacheados estão espalhados e eu faço carinho suavemente em seus cachos grossos enquanto ela assiste. Na televisão, é exibido um episodio de Vila Sésamo, Maya ri baixinho das os experimentos do personagem Beto. Mas a minha mente está tão longe... Olho para Maya, tão concentrada no desenho, sinto uma onda de ternura. Um pequeno sorriso triste se estica em minha face. Se não fosse aquele acidente, eu estaria fazendo corinho na minha sobrinha... Ela estaria rindo, me abraçando, seriamos muito próximas... — Por que tá chorando? — A voz de Maya tira-me dos meus pensamentos, da lembrança da tristeza desoladora que me tomou no dia que a noticia do acidente e dá morte tão brutal da minha cunhada e sobrinha em seu ventre chegou. Respiro fundo, rapidamente limpo as lágrimas e coloco um sorriso no rosto. — Me emocionei, lembrei da minha infância, pequena — mint