NOS CAMPOS DE BATALHAS
“A cobra vai fumar”! Com estas palavras de ordem as tropas da FEB cumpriam sua missão nos palcos de guerra italianos. No todo, as forças aliadas iam aos poucos superando ás do eixo e a guerra finalmente rumava para o fim. Mas sabia-se que muito sangue ainda se espalharia por todos os seus campos, até que um dia cessasse. A estratégia aliada de desembarque na Normandia, conhecida pelo dia D, libertou a França e começou a mudar o rumo do conflito.
Por três anos o mundo vivia sob a égide desse colapso. Cidades inteiras foram devastadas, milhares de pessoas foram mortas nos campos de batalha e nas cidades bombardeadas. Enquanto isso, milhões de civis estavam sendo exterminados em campos de concentração, fato que futuramente seria visto como o maior dos horrores de todos os tempos.
A estrela transportava no seu rastro a cúpula dos sábios da eternidade. Reunidos no convés como em assembléia, sob a batuta do Arcanjo Daniel, mentalizavam aquela silhueta meiga e adormecida. A ela transmitiam as ordens divinas. A pupila, tão meigamente preparada pelo Arcanjo ao longo de três séculos estava prestes a por em continuidade os ensinamentos do mestre. Sua mão a afagava contornando-lhe a face enquanto os outros sábios a circundavam. Mão direita erguida aos céus e a esquerda em direção a Imaculada, transmitiam-lhe as benesses do Todo Poderoso Senhor do Universo. Os primeiros raios de sol a despertaram. Imediatamente lembrou-se do sonho e do meigo companheiro da véspera, passando a procurá-lo por todo o navio. Ela sentia-se leve, muito bem disposta. Parecia até que poderia levitar. Tinha finalmente a oportunidade de agradecer a um irmão e queria fazê-lo. Ela, que tão agradecida era por inúmeras pessoas que ajudava, podia agora agradecer,
Prólogo Existiria uma possível relação entre a bondade e a felicidade? É certo que passamos pelo nosso tempo de vida em busca da felicidade, procurando talvez, um tesouro perdido ou a fonte da eterna 'juventude. Corremos de um lado para outro à procura da chave do enigma, aquela que nos abriria todas as portas para tão sonhada felicidade. Como num passe de mágica ficamos sempre a esperar que tudo se resolva. Contraímos matrimônio para sermos felizes. Depois, nos separamos pelo mesmo motivo. Ainda em busca dessa felicidade, realizamos viagens por longo tempo sonhadas, ou trabalhamos além do normal para possibilitá-la. Uma busca infinda que geralmente dura anos a fio. Todavia, nunca nos damos conta de que a Lua jamais estará ao alcance das nossas mãos. Nem os frutos serão sempre doces e maduros. Tampouco o vinho nos apresentará uma pureza constante. E ent
A festa A canção parabéns a você ecoava em uníssono por todos os arredores do vilarejo. Um coral formado de última hora por dezenas de crianças homenageava uma centenária senhora de cabelos brancos, eterno sorriso nos lábios, portadora de tamanha lucidez que em muitos causava certa inveja benigna e uma imensa aura toda colorida que transmitia bondade e compreensão. Era este o dia e a vez de Imaculada da Silva. Sentada diante do enorme bolo de chocolate, cuidado e caprichosamente preparado pelas mulheres da aldeia, com ume exagerada vela branca no seu centro a representar os longos cem anos de vida, imaginava que este parecia pedir para logo ser devorado e assim o seria, não foss
Aquele domingo de festa começava a mostrar o seu rico entardecer. Voando em formação, bandos de gaivotas se dirigiam ao horizonte em busca da mata para a acolhida noturna. No rio começava a apontar os cardumes de peixes noturnos e o sol ia mudando a cor dourada pela avermelhada, escondendo-se pouco a pouco por trás do mar que se podia ver bem distante. - Preste atenção que ele vai fritar como peixe quando se encostar-se à água. Esta frase era do "seo" Honório falando do pôr do sol ao neto Paulo. Toda tarde de verão o velho lobo do mar reunia o neto e mais algumas crianças para contar histórias. Sentadas ao seu lado ficavam todas a olhar para aquela enorme massa de água azul esverdeada e ouvir os contos do antigo pescador. Hoje ele
CENTO E POUCOS ANOS ATRÁS O final do século XIX envolvia o país em problemas semelhantes e equidistantes ao longo das suas fronteiras. Tanto o Norte, quanto o Sul da nação viviam em lutas pelas terras dominadas pelos latifundiários e em busca da tão sonhada reforma agrária, fato que se alastraria pelo longo dos anos. Diferenciava-se do resto do mundo que passava por transformações políticas, religiosas e industriais em seus continentes evoluídos; pelos problemas de racismo e segregação nestes e também na maioria dos menos evoluídos; pelas revoluções culturais e científicas que começavam a expandir-se pelo planeta, sendo que deste ele também participava e de forma reconhecida, principalmente na Europa, através dos seus intelectuais, artistas e cientistas. Todavia, no seu bojo, limitava-se
OS RETIRANTESO problema crônico da seca nordestina sempre foi merecedor das atenções governamentais desde o tempo do Império. Dom Pedro I já lhes destinava verbas com o intuito de amenizar o caos da vida dos sertanejos. A tão desejada água, os projetos de irrigação e o desenvolvimento de uma das mais pobres áreas nacionais faziam-se assunto na corte e entre a nobreza. Porém e na verdade, esses fatos estavam longe de sensibilizar a realeza e os nobres. .Eles viam nos problemas nordestinos a chama capaz de iluminar e mostrar a bondade monárquica, mas na verdade, preocupavam-se mesmo era com a enfiteuse e as riquezas que a coroa podia enviar para Portugal. Os condes, barões, príncipes e princesas acabavam, exatamente todos eles, ficando com a maior parte da verba destinada aos lavradores nordestinos.A República sucedeu a Monarqu
Com voz calma, porém emocionada, Norton colocava Liduina a par dos fatos. Narrava com detalhes todos os acontecimentos que ultimamente envolveram seu pai e exemplificava contando tragédias semelhantes com diversas pessoas. Entre elas, falou-lhe de Arnon e do que ele vinha fazendo pelo povo, da sua luta e do seu empenho em reconstruir com fé, trabalho e com bases fortes tudo o que essa gente perdia e com isso sofria. Não deixava de desculpar-se e pedir perdão a cada instante, por aquilo que, na sua mente, não deixava de culpar-se.Lidu, como normalmente era chamada, acolheu-se em seu ser. Ela nunca havia passado por situações ao menos parecidas e não sabia como, quando e por onde agir. Sabia apenas que tinha de decidir-se por alguma coisa, mas não encontrava ânimo que a dirigisse para qualquer tentativa. Com o semblante entristecido, agradecia e eximia Norton da falsa culpa que a ordenanç
Numa tarde quente, Liduina já extenuada pelos afazeres e andanças, armou a rede entre árvores e ali ficou a observar o céu totalmente azul sob o sol escaldante. Olhava o alegre esvoaçar das arribações em busca de água e ouvia o grito solitário do carcará em sua caçada. O sol castigava-lhe a tez que já não suava e a boca seca, igual aos bicos das arribações, reclamava por água, que de tão escassa era toda destinada aos doentes de desidratação, cólera e daqueles vitimados pelos bandos. Tal e qual àquela tarde no pear, ali ficou por longo tempo e a noite conversou com Arnon:- Vamos embora daqui. Vamos para o Sul. - Por que essa idéia mulher? Temos tanto que ajudar e fazer por aqui mesmo. Você tem algum a idéia de como é no Sul?- Meu marido. Aqui tudo está por se acabar. O governo está fazendo uma grand