Ao abrir os olhos, Sigmund viu-se às margens de um rio. Trêmulo, extremamente dolorido, ele suspirou. A enegrecida e amarga água do rio o trouxe enjoo, sem forças, ele apenas se virou de lado e pôs para fora toda a água que ingerira. Ofegante, estressado, ele deitou com a barriga para cima, tentando recuperar-se. A dor já não era intensa, o que era razoável. Ele tentou levantar, sem sucesso, afinal não havia mínima força em suas pernas para tal. Ele não insistiu, arrastou-se até o monge que, apesar de desacordado, não mais parecia profundamente dormente. — É hora de acordar, monge! — chamou, concentrando-se e usando sua sinfonia para estimular seu despertar. O monge acordou, expelindo a água do rio. — Seu desgraçado preguiçoso! — comemorou, ainda irado. — Desgraçado preguiçoso? — perguntou o monge, tonto, fazendo careta pela amargura que impregnava seu paladar. — Odeio-te, já disse isso, monge? — indagou, tentando levantar-se, sem sucesso. — Ótimo, agora eu sou o inútil! — iro
“Sempre que um, dentre eles, nos amar será o amor d’Ela pulsando no íntimo de nossos irmãos!”, ressoou o voto de Algos, na alma de Sigmund. Sigmund despertou dentro de si, olhou ao redor e tudo estava igual, excetuando uma grande lua púrpura, banhando o local onde as mandalas não mais estavam. O monge estava deitado ao seu lado. — Monge? — chamou, desatando o nó de seu cabelo. — Hm… — O monge suspirou. — Morremos? — arguiu, sonolento. — Que fixação com a morte, nossa! Como se sente? — Sonolento, estranho — respondeu, olhando ao redor, com a visão embaçada —, estamos de volta em casa? — Sim, as marcas das mandalas foram substituídas por uma lua — respondeu, apontando para o céu. — Uau! Isto é normal? — Sim, é onde vive Algos. — Ele sorriu, saudoso. — Deixe-me ver o que o aflige… — Sentou, esparramando os cabelos no chão. — É como seus olhos. — O monge riu. — Por quê de tanto cabelo? — perguntou, letárgico. — Por que nenhum? — Sigmund riu, começando a verificá-lo. *** Aldous
Aldous despertou com o choro de Sigmund. Ao levantar, viu o menino com o rosto enterrado no peito de Althea. — O que houve? — perguntou, sentando ao lado da mulher. — Amnésia. Isto deveria ocorrer? — perguntou, preocupada. — Não é efeito colateral. As memórias fictícias foram removidas! Aldous a beijou na testa e foi ao banheiro, incapaz de observar o pranto do menino e manter a própria estabilidade. Althea apoiou a cabeça na cabeça do menino. Após muito chorar, Sigmund dormiu. Ela o deitou e, incapaz de conter as lágrimas, foi ao altar buscar conforto nos braços de sua mãe divina. Aldous, após o banho, juntou-se. — Preciso ir, senhora — disse, quando ambos encerraram suas preces. — Não se preocupe, voltarei! — Ele sorriu, enxugando as lágrimas do rosto de Althea. — Meus lindos olhos choram. — Momentâneo… — Ela sorriu, suspirando. — Se cuida! Que a mãe o guie pelos caminhos da renovação e seu perfume lhe aponte o caminho de casa — bem-disse Althea, em tom de oração. — Amém,
Com Sigmund no colo, Althea fechou a porta do salão e serviu vinho. — Há oito meses, Epidotes relatou a inconstância de Ketu, sem detalhes. Poucos sabiam haver civilização em Aakash — disse Agniprava, bebendo o vinho. — Os irmãos de Burma sugeriram buscar os Nats em Popa. Fomos parte à Popa, parte à Aakash. Recebemos um documento dos Nats para termos com a vila e soubemos de sua relação distante dada a natureza reclusa de Aakash. Na vila, notamos a proteção num vasto território. Dada a atribulação no caminho dos mortos, não o usamos. Esperamos para tentar falar com alguém, mas ninguém deixou o perímetro da proteção por todo o tempo que ficamos. — Os vegetais que a floresta não provê são plantados sobre o lago. Ir até lá é desnecessário, um luxo! As crianças o fazem mais que os adultos ou jovens — disse Sigmund, tentando colaborar, mesmo desconfortável. — Guardamos o documento e observamos, tivemos contato com o sétimo general, mas não arguimos. A ocorrência se deu… agora, estamos aj
— As coisas com o pequeno Sigmund, atualmente, estão razoáveis. As incidências com a Loucura são constantes… mas, sua grande compreensão de si ajuda com o bom fluir dos eventos — explicou Althea. — O que vi, abaixo da máscara, é Bodhi? — arguiu Ianos, curioso. — Não se ele puder evitar, segundo o próprio — respondeu Althea. — Ele teve problemas com theravadas, logo é uma aversão generalizada. — Meu aprendiz terá trabalho com o vizinho! — Ianos riu. — Tenho fé que o próximo Algos será ajuizado — bem-disse Alexa. — Eles terão problemas. Seu aprendiz terá mais dificuldades do que você teve com Aldous, provavelmente… — Althea riu, nostálgica. — Não foi difícil. É um grande homem, me orgulho de conhecê-lo e chamá-lo irmão. Mesmo tendo suas forças sugadas pela guerra, resiste de pé! É um exemplo. Gosta de me hostilizar, mas não incomoda. Não pode fugir de sua natureza e esta não muda sua grandeza. — Ianos, pode me ajudar? — pediu Althea. — Há uma mulher, nativa de Aakash, de quem prec
Ambos seguiram à área de treinamento, similar ao primeiro salão, com o adendo das manchas de sangue e o forte cheiro de ferro. — Nossa! — reclamou Sigmund. — Alguém morreu aqui? — Em todos os lugares morreram. Falando da minha geração — lamentou, seguindo ao centro. — Soube que usa as mãos nuas, somos dois! — O mestre sorriu, virando-se para Sigmund — Dê seu melhor. Aldous fechou os olhos e suspirou, deixando a hostilidade e desejo assassino fluírem para a aura que o envolvia. Sigmund assustou-se, mas corajoso, correu para atacá-lo. Aldous defendeu seus ataques, analisando cuidadosamente seus movimentos e a constância com a qual desperdiçava energia. — Precisa pensar, monge! — instruiu, pegando o braço de Sigmund. A dor alastrou-se, tirando um grito estridente do menino. Aldous o lançou, como se jogasse um saco de lixo. Sigmund caiu longe. Sentiu o ar faltar logo optou por recuperar-se devagar. — Já está sentindo a Loucura, monge? Que rápido — criticou. — Pense! Não é um anima
Aldous ainda observou Althea subindo os degraus. Apenas entrou quando ela entrou na escadaria vizinha. Concentrou-se para observar todos que estavam na sétima escadaria, receoso dos rapazes terem ido à Alexa, mas felizmente ninguém saiu. Pegou vinho e voltou à área de treinamento, onde Sigmund dormia. Enquanto tomava seu vinho, começou a montar sua próxima aula. Sabendo da inexperiência dos rapazes, manteve-se atento para tomar a frente e guiar as almas mais complexas, poupando-os do estresse. Eram poucas: um viciado em LSD, perturbado, que finalmente conseguiu paz e distância da vida; uma prisioneira de prazeres passageiros que levaram-na a óbito, mas, um óbito satisfatório. Sigmund despertou num pulo, com falta de ar. — Monge! Finalmente acordado, supus que dormiria toda a semana — disse Aldous, sem olhar na direção de Sigmund. — Dormi isso tudo!? — assustou-se, ainda se sentindo cansado. — Somente cinco dias, o que é quase uma semana! Se continuar assim, morrerá antes do p
Aldous, Chase, Byron e Fitz rumaram a sétima escadaria. Passando na frente da oitava, o violino de Ianos tocou no íntimo de Aldous. “Meu irmão, como você está?”, perguntou. Aldous olhou para o salão, sorrindo, permitindo Ianos o avaliar. “Bom dia, irmão. Precisa de cuidados, mas deve saber.”, alertou Ianos. — Vamos nos reunir em seu quarto — disse Aldous, ao chegar. O guardião concentrou-se, observando onde todos estavam e para seu alívio, a horda estava desperta, trabalhando; observou Sigmund, confirmando que ele ainda dormia. Seguiu ao quarto da horda com os rapazes. Ao entrar, fechou a porta e sentou ao chão, recostado. “Meus filhos.”, invocou, no íntimo de todos. — Meu pai — cumprimentaram, ao chegar, em uníssono. — Temos trabalho! — Ele disse, escusando-os. Eles espalharam-se à vontade no quarto e Chase tomou a palavra: — Acordamos com Alexa que, por uma semana, os rapazes enviarão relatórios. Baseado nisso, repensará sua estadia! Logo, trabalharemos. Latisha e Laura p