Eu procurei ficar calma, enquanto ele estava em pânico. — O quê? — Ela está grávida — eu repeti tranquilamente. — Não pode ser! Eu ergui os olhos, descansando os talheres calmamente no meu prato. — Não se preocupe, meu querido, esse filho não é do Arthur! Romeu meneou a cabeça impaciente e passou as mãos pelo rosto, indignado. — Por isso não a queria aqui! Viu como eu tinha razão? Ela tentou dar o golpe da barriga no meu filho! Minha voz saiu cansada, carregada de decepção: — Pelo contrário, ela fez questão de dizer que não era dele. Eu só não entendo porque não respira aliviado agora! Romeu não conseguia ficar calmo, o que só reforçava a tese de que ele tinha um caso com Andréa, e que possivelmente, era o pai do filho dela. Eu fazia das tripas coração para não explodir e dizer que sabia de tudo. Eu precisava manter aquele casamento, pois não estava em condições de enfrentar o meu marido, uma vez que me casei grávida de outro também
Andréa também se levantou e foi abraçar Romeu. Ele se afastou imediatamente. — Sabe bem o que vim fazer aqui! A moça procurou não se alterar e foi até a cozinha. Romeu a seguiu falando sem parar: — Que história é essa de gravidez, Andréa? Está tentando me separar da minha mulher? Se estiver mesmo esperando um filho, pode ter certeza que não é meu! A moça virou-se rapidamente, apoiando o corpo na bancada. Romeu parou de andar, e eles ficaram muito perto, mas os olhares eram de desafio. — Por que acha que esse filho não é seu? Ainda sou exclusividade sua, meu caro! Romeu segurou firme o queixo da moça com uma só mão, fazendo sua cabeça inclinar-se para trás. Ela arregalou os olhos assustada. — Não brinque comigo! Eu não sou nenhum idiota para cair nessa armação, ouviu? Já conheci muitas como você, pode ter certeza que não vou cair como um patinho, sua chantagista medíocre! Ele sacudiu a moça com violência e saiu da sua frente irritado, foi até
Arthur ficou preocupado. — Eu juro! Eu não sei onde ele pode estar! Ele sempre sai à noite, mas não tem o costume de chegar no dia seguinte! Isso para mim, é no mínimo preocupante! Eu ajeitei o guardanapo, sorrindo com tristeza. — Ele foi atrás dela, você sabe. Parabéns, seu plano foi perfeito! — Não, Juliette!— Arthur inclinou-se sobre a mesa. — Queria que eu soubesse que ela estava grávida. Queria esfregar isso na minha cara. — Não, pelo amor de Deus!— ele insistiu desesperado. — Por que não o chamou num canto e falou que sabia de tudo? Por que não pediu que me contasse com delicadeza, se é que isso é possível! Já pareciamos estar numa arena, digladiando! Arthur levou o corpo de volta ao encosto da cadeira e suspirou resignado. — Está bem, Juliette, vou lhe contar o que eu sei a respeito dessa história. Eu o olhei ofegante. Era agora que eu teria certeza de que o meu marido me traía. Já doía no meu peito. — Está preparada?— ele quis saber. Eu assenti n
Romeu começou a bater insistentemente na porta. — Abre essa porta, Juliette! Por favor, precisamos conversar! — Não quero conversar!— eu retruquei em voz alta. Romeu deixou as mãos deslizarem pela porta, desanimado. — Por favor, Juliette!— agora era uma súplica, que vinha com um choro quase silencioso. Eu franzi a testa e encostei o ouvido na porta, tentando entender o que ele dizia, com voz muito baixa. Nem em sonho eu poderia imaginar que ele estivesse chorando por mim. Depois de um tempo, resolvi abrir a porta, mas ele não estava mais ali. Ele estava se acabando de chorar no seu quarto, sentado à beira da cama, com a cabeça baixa. — Ela não me quer mais, eu não sei o que eu faço agora!— as palavras saiam entre soluços. Eu voltei para dentro do meu quarto e fechei a porta novamente. Ouvi o barulho de carros saindo e corri para ver da sacada. Era o meu marido que estava indo trabalhar. Quando eu desci, levei uma bronca de Januá
Romeu ficou pensativo. — Eu preciso que ela me aceite! Temos um acordo, eu não vou aceitar que fiquemos assim, em quartos separados. — E o que vai fazer?— Arthur quis saber. — Exigir que ela volte a se deitar comigo, ou vou fazer o mesmo que ela fez, contar para o meu sogro! Arthur ficou apavorado. — Não precisa fazer isso! Ele vai saber do seu caso! — E você acha que ele não sabe? — Mas não sabe da gravidez! Romeu achou graça. — Isso pouco me importa! Jaime já engravidou uma mulher no passado, ele não tem moral para me julgar! Arthur ficou visivelmente triste. — Devia deixar o seu sogro fora disso! Romeu deu de ombros. — Eu vou ameaçar, se ela se manter irredutível, terei que fazer isso mesmo! — Deve haver outro jeito, pai! O casamento de vocês é arranjado, o senhor nunca forçou a minha mãe! — É diferente! — Por quê? Romeu ficou confuso. — A sua mãe nunca me obrigou a estar presente, nunca me entregou para o p
Eu tinha que ter coragem e saí pelo corredor. Estava tudo silencioso, já era tarde. Parei na porta do quarto de Arthur. Pensei em bater, mas fiquei paralisada, respirando com dificuldade. De repente, a porta se abriu e eu me assustei. Era ele! — Entre, demorou muito, estava impaciente já!— Ele falava sério. Usando um roupão. Eu entrei em passos indecisos. — Vista uma camisola, esta roupa não lhe favorece! Eu parei de andar, sem me virar, ele não podia ver os meus olhos assustados. — Seja breve, Juliette, o que está esperando? Eu saí às pressas para o closet e Romeu ficou rindo baixinho. Eu vesti uma camisola branca, sutilmente transparente. — Venha!— Ele disse, já deitado. Já não usava mais o roupão e vestia só um calção de seda. Eu respirei fundo e obedeci. — Cheirosa…— ele disse enfiando o rosto no meio dos meus cabelos, roçando o meu pescoço. Eu nem me mexia, estava tensa, queria que ele pensasse que aquil
Eu comecei o dia conversando com as criadas, e fiz meu passeio matinal na companhia de Januária. — Me sinto um objeto— declarei. — Não devia, ele é seu marido! Januária sempre defendia o patrão e zelava pelo meu casamento. Parece que isso era tudo! Eu já estava com quase cinco meses de gravidez e as roupas não me cabiam mais, pelo menos eu percebia isso quando queria usar um short mais justo em casa, por exemplo. De repente, me animei e parei de caminhar por entre as árvores. — Vamos comigo ao shopping, Januária, preciso comprar roupas! — De jeito nenhum, eu tenho muito o que fazer nessa casa! E nem pense em levar a Antônia, ela precisa me ajudar! A minha grande ideia foi chamar minhas amigas que eu já não via há muito tempo. Saí com os seguranças e passei na casa de cada uma delas para apanhá-las. Foi muito divertido, eu já não me lembrava mais como a Tina era sem juízo! Emília continuava a ser a mais tímida e Nina a mais sorridente.
— Não estou dizendo para fazer isso, eu não seria tão sangue frio!— Arthur se justificou. Romeu olhou em volta e cochichou: — E no que está pensando? Casar-se com ela? Prefiro eu ir para o sacrifício! Arthur meio que murchou, mas logo retomou o assunto: — Deixe que o pai da criança assuma! Romeu continuou com a voz muito baixa: — Você diz, procurar o mascarado, pai da criança? — Exatamente! — Negativo! Primeiro que eu teria que convocar todos os Martins que estavam naquele baile de máscara, e depois, o Jaime não concordaria com isso! Arthur surpreendeu o pai, o defendendo: — Ele criou mal a filha, pai. Por que o senhor tem que lhe colocar o cabresto? Romeu olhou surpreso para o filho. — Estou ouvindo isso mesmo você? Parece, no mínimo, estranho! — Estou vendo como ela se comportou hoje, pai! Saiu sem lhe comunicar e ficou o dia todo no shopping! Um ato de rebeldia! Romeu continuou olhando o filho, com a testa fran