Eu voltei do closet já usando um biquíni branco e uma saída de banho composta por um vestido azulado, sutilmente transparente. — Os seus biquínis estão ficando indecentes!— Romeu protestou. Eu olhei para ele, que tinha os braços cruzados, me olhando sério, como se fosse meu dono, e desabafei: — Romeu, eu vivi muito tempo oprimida pelo meu pai, e não vou viver debaixo das suas ordens, como uma escrava submissa! Ele descruzou os braços e seguiu para o closet se queixando: — E você acha que me agrada ter que falar para a minha esposa como ela deve se vestir, quando ela poderia ter o mínimo de noção! Eu fiquei boquiaberta. Claro que ele estava irritado com o filho. Eu fui atrás dele e o vi já totalmente despido. — O que foi?— ele riu. Eu voltei desorientada, ouvindo ele falar em voz alta e divertida: — Podíamos ficar aqui no quarto fazendo coisa bem melhor do que segurar vela para o Arthur! Eu segurei o riso e sacudi a cabeça. — Vamo
Enquanto isso, antes do Arthur chegar para tirar satisfação com o pai, eu escutava as criadas na cozinha. — O que você está me dizendo, Januária? Ouviu Andréa falando a respeito do Romeu? Então eles se conhecem! Por isso ele estava tão resistente a aceitar o namorado do filho! — O pior é que o patrãozinho sabe!— Antônia se queixou. Eu fiquei incrédula. — O Arthur é conivente? Januária se sacudiu nervosa. — Mas se eu estou lhe dizendo que ela perguntou se o seu marido ia ficar bravo com ela! Até então, eu só sabia que a Andrea havia perguntado pelo Romeu com intimidade. — E Arthur agiu naturalmente?— eu resistia em acreditar. — Claro, até falou para ela não ficar tão ansiosa que ele logo chegaria! Eu quase surtei. — Gente, pelo amor de Deus! Vocês estão dizendo que o Arthur trouxe essa mulher aqui para que eu descobrisse que ela tem um caso com o meu marido, é isso? Januária insistiu na sua tese. — Pelo que eu entendi, patroa,
Eu decidi ir até a mesa deles e avistei ao longe, Arthur segurando a moça pelos ombros, enquanto falava qualquer coisa para o pai. Parecia que eles queriam ir embora, então apressei o passo. Cheguei falando animada: — Desculpe-me Andréa, espero que não tenha se importado, mas é que eu precisava dar umas orientações na cozinha com relação ao nosso almoço. A moça estava ofegante, foi Arthur quem virou-se para falar comigo. — Juliette, espero que você não fique chateada, mas eu havia combinado de almoçar com uns amigos, e esqueci completamente! Eu precisei mostrar os meus dotes de atriz também: — Isso é uma desfeita, Arthur! Eu já perdi um tempão decidindo o que faria para o almoço, em homenagem a sua namorada! Ligue para os seus amigos e desmarque! — Mas Juliette, infelizmente… — Eu não aceito desculpas, vamos curtir a piscina, está um dia lindo!— Eu falei, enquanto sentava ao lado do meu marido Romeu abraçou os meus ombros por trás da cadei
— Meu pai vai te dar um bom dinheiro, toque sua vida, garota! O que você quer mais? Não vai viver das migalhas deles como foi até agora! Ele vai te dar um cala-boca hoje mesmo, aproveite! Andréa murchou e ficou triste. — Não queria voltar para aquela vida novamente. Queria um homem para cuidar de mim. — Ele nunca cuidou de você— Arthur lembrou. — Mas eu sabia que tinha um homem, que pertencia a alguém! Arthur suspirou resignado. Não estava acostumado a ver mulheres frágeis, choronas! — Melhor eu te levar embora daqui. Vai acabar estragando tudo. Eu posso falar que se sentiu mal e que precisamos ir ao hospital, por exemplo! Andréa olhou para mim na piscina e desabafou. — Eu queria estar no lugar dela. Me ajuda a conquistar o seu pai! Arthur me olhou, depois voltou-se para Andréa. — Ele nunca ficaria com uma garota como você, lamento te dizer. Ele segue a tradição. Provavelmente vai se casar novamente, mas será com alguma mulher do nosso meio.
Houve um silêncio, eu insisti na acusação: — Vocês pensam que podem me enganar? Nunca teve namoro! Os dois começaram a menear a cabeça em negativa. — Não, Juliette, não diga uma coisa dessa!— Arthur ficou visivelmente atordoado. Nesse momento, o quarto foi invadido. Romeu entrou com as criadas. — Está tudo bem, meu filho?— ele quis saber. Eu senti um nojo dele e saí correndo dali. — Juliette!— ele veio atrás de mim gritando. Eu entrei no quarto que foi dos meus sogros e girei a chave, trancando-me. — Juliette, abra a porta! Eu quero falar com você! Eu chorava incansavelmente. Enquanto isso, Arthur pediu que as criadas se retirassem do quarto e o deixasse a sós com Andréa. Ele fechou a porta e virou-se para sua suposta namorada. — Que história maluca é essa, Andréa? De onde tirou essa ideia absurda? Andrea levantou-se rapidamente da cama, rindo. — Você não queria separar os dois? Então meu caro, quando a sua m
Um acordo İnsano entre o meu pai e seu sócio, iria decidir o meu destino. Eu teria que me casar com o único herdeiro do império deles, além de mim, claro! Eu me lembrava pouco desse garoto, que podia ter seus sete anos e eu cinco. Ele sempre foi mimado e chato, e eu também devia ser. Éramos filhos únicos de dois sócios do ramo de joias no Brasil. Esse negócio se estendia até os Estados Unidos, pois tinha um escritório lá, onde o doutor Romeu, era assim que minha mãe se referia a ele, ia muitas vezes. Eu brincava, à beira da piscina ouvindo a mesma conversa de sempre. — Casando Juliette com o filho do doutor Romeu, nossos negócios estarão seguros!— o meu pai me olhava, como se esperasse que eu crescesse muito rápido para seguir com o seu plano insano. Minha mãe, percebendo a minha presença, Inclinou-se para sussurrar: — Jaime, você não devia esperar para saber se os dois vão se gostar? Eles se viram, já faz um tempo! O garoto foi estudar nos Estados Unidos e… Meu pai alterou
Eu tentei poupar a minha mãe e não falei mais daquele assunto com ela durante quatro anos. O que eu sabia era que o meu pai também casou com ela para unir as empresas que eram dos pais deles. Os pioneiros faleceram e a união dos dois deu certo, como se eles fossem donos do mundo! Quando a família do doutor Romeu despontou nos negócios, eles se uniram no mesmo propósito, seriam donos de um império que iria se propagar com a linhagem dos filhos. O ramo de joias proporciona muita riqueza e eles não queriam dividir com mais ninguém. Depois que nasceu o menino, minha mãe ficou grávida só um ano depois e tinha obrigação de ter uma menina. O meu pai chegou a dizer para ela que se não tivesse competência para ter uma menina, que não tivesse aquela criança. Minha mãe respirou aliviada ao saber que cumpriu com a sua parte naquele acordo sujo! Eu me tornei uma adolescente normal, espevitada, alegre, mas só na escola. Em casa, eu era sonsa! Bem bobinha mesmo! Meu pai relaxou. Eu andava só com
No dia seguinte, coloquei meu plano em prática. É, eu tinha um também! Desci as escadas feliz e cantarolando. Meu pai estava tomando o seu desjejum e até largou a xícara sobre o pires, surpreso. Ele me olhou sorrindo. — Bom dia, filha! Diante do olhar satisfeito do meu pai, eu surpreendi: — Bom dia, pai! Eu estava pensando, por que eu não posso me casar com o filho do seu sócio já? Por que eu tenho que esperar dois anos? Eu sabia que o meu pai só iria autorizar o meu casamento depois que eu fizesse dezoito anos, isso estava no acordo com o doutor Romeu. Ele ajeitou o seu guardanapo, expressando satisfação. — Fico feliz que esteja ansiosa, filha, mas teremos mesmo que esperar dois anos. O seu futuro marido está estudando fora. Romeu não gosta muito de mudanças, ele é rígido com essas coisas! Eu fiquei pensativa. Esse doutor Romeu devia ser tão mulherengo quanto o meu pai. Também devia ter-se casado contra a vontade. Lourença servia a mesa e me olhava desconfiada.