Chegamos em casa e eu subi para o meu quarto, mesmo com Januária insistindo para conversar. Eu parei no meio da escada, falando nervosa: — Eu sei que vocês querem me ajudar, mas eu tenho que falar tudo para o Romeu hoje, não dá mais para protelar! — Mas patroinha, ele vai lhe devolver para o seu pai!— Antônia choramingou. — Eu sei disso!— eu retruquei já me virando. As duas subiram as escadas e foram atrás de mim no meu quarto. Elas invadiram, falando ao mesmo tempo! — Parem, pelo amor de Deus! Vocês não percebem que eu não tenho saída? Eu procurei esse caminho, eu podia não ter me casado! Eu apenas adiei o castigo do meu pai! Antônia já deixava as lágrimas escorrerem pelo seu rosto — Patroinha, por favor, a senhora está se punindo! Quando veio para cá, não sabia que o mesmo havia acontecido com a falecida e que o doutor Romeu iria desconfiar. Ela fez isso e deu certo! Por favor, espere mais um pouco! Eu meneei a cabeça impaciente. Januária veio na
Meu pai sorriu nervoso e começou a falar sem parar: — Então me chamou até aqui para dizer que eu vou ser avô? Conseguiu realmente me enganar. Eu acreditei que estava tendo problemas com a minha filha! — Acontece que esse filho não é meu! Meu pai paralisou boquiaberto, depois se alterou. — O quê! Como pode duvidar da minha filha? Juliette foi bem criada, Romeu! Meu marido tinha o olhar frio e a voz pesada. — Como pode julgar a Salete, quando tinha esse exemplo em casa? — Eu conheço a filha que tenho! — meu pai gritou. — Ela me falou, Jaime! Saiu da boca dela que o filho é de outro! Não entendeu ainda? Sua filha se casou comigo estando já grávida! — Está blefando, Romeu!— a voz do meu pai tremia. Romeu encarou meu pai com os olhos cheios de ódio. — Vocês me enganaram! Me fizeram de idiota! Vou devolvê-la amanhã mesmo! Meu pai se desesperou. — Não! Não pode fazer isso, Romeu! Eu juro que não sabia de nada, eu não o teria deixado se casar! Pelo amor de Deus, nã
Depois que arrumamos tudo, inclusive meus cosméticos do banheiro, descemos as três com algumas bolsas pequenas nas mãos. Januária pediu aos seguranças para descer minhas malas. As criadas me acompanharam até o jardim. Eu entrei no carro depois de abraçá-las emocionada. Foi muito triste a minha partida. Foram pouco mais de três meses morando ali e eu já me sentia de fato bem acolhida. Eu não queria voltar para casa. Dois seguranças me acompanharam no carro preto, blindado que me levou até a mansão dos Fontes. Minha mãe já me esperava no jardim. Ela me abraçou tão forte, tão desesperada! — Minha filha! — Ela estava muito emocionada. — Me desculpe, mãe. Eu sei que esperou por anos que eu fizesse esse casamento e eu estraguei tudo! Ela sorriu com tristeza e colocou a mão no meu ventre. — Como está o meu neto? Eu vou te ajudar a cuidar dele! Ela conseguiu me fazer relaxar um pouco. — Onde está o meu pai?— eu quis saber, esticando o pe
Romeu levantou-se da mesa, alterado também. — Ela quis, eu não a obriguei! Pare de me tratar como se eu tivesse sido injusto com ela! Eu fui enganado e humilhado outra vez! Arthur se calou. Ele sabia que o pai agora se referia a sua falecida mãe. — Até quando vou deixar que me façam de idiota? Chega de ser cego, Arthur! — Eu lhe perdoaria — Arthur disse isso e virou-se na direção da porta. — Arthur!— Romeu o chamou. Ele virou-se lentamente. — Volte para casa, filho. Arthur encheu o pulmão de ar. — Nem pensar. Estou muito bem no meu apartamento. Posso ver o mar todos os dias quando chego em casa. Romeu ficou desolado. A voz parecia cansada. — O que quer que eu faça para me perdoar? Nunca devia tê-lo mandado embora de casa. Eu fiz tudo errado! Arthur voltou-se e caminhou até a mesa do pai. — Perdoe a Juliette. Romeu ergueu os olhos surpresos. — Não pode me pedir isso! — Perdoe ela, pai! Não a deixe nas mãos do dou
Meu pai se assustou. — Está bem. Vou levá-la numa clínica de confiança! Agora me deixe sozinho e vá preparar a sua filha! Depois que a minha mãe saiu, meu pai fez um telefonema para um amigo, dono de uma clínica, e lhe contou o que aconteceu. — Espancou a sua filha, Jaime! — Uma discussão normal de pai e filha! Foi só um tapa no rosto, ela mereceu! O homem suspirou do outro lado da linha. — Está bem. Vou mandar suspender o atendinənento ao públicos agora de manhã, mas saiba que isso vai lhe custar caro! Caro era uma palavra que o meu pai conhecia bem. E foi assim, fomos a tal clínica. Entramos pelo acesso de funcionários, discretamente. Eu tinha todos os especialistas à minha disposição e fui muito bem atendida. Fui levada direto à sala de ultrassonografia. Minha mãe e Lourença entraram junto comigo. — Nossa, esse garoto está grandão!— o médico disse simpático. — Ele está vivo, doutor?— eu quis saber, emocionada. O
Arthur concordou com Romeu, assentindo com a cabeça, pois ele enxergava de longe a maldade do coração do sócio do pai. — Vai mandar buscá-la logo?— ele quis saber. Romeu girou na sua cadeira e olhou cauteloso para o filho, que não escondia a sua ansiedade. — Sim, vou ligar em casa agora e dar à ordem, só vou esperar o Jaime chegar em sua casa. Se bem o conheço, vai pessoalmente despachar a filha. Arthur ficou preocupado. — Não se demore, pai! Eu temo pela Juliette! Romeu olhou fixamente nos olhos do filho. — Prometeu voltar para a casa, lembra? — Irei, claro! Irei hoje mesmo! Estava morrendo de saudade da comida da Januária! Romeu sorriu satisfeito, mas sempre com o olhar atento e sereno. — Saia mais cedo para arrumar suas coisas. Vamos jantar, todos juntos hoje! Arthur ficou sério de repente. — Vai pedir desculpa para ela, não vai pai? — Vai me obrigar a isso também?— Romeu ficou impaciente. — Por favor, pai. Não sabemos o que ela teve que suportar nas
Minha mãe nem se importou com a minha expressão:” inclusive o seu marido”. Para ela, isso era só um detalhe! — Por que acha que pode ser um Martins? Ele estava de máscara, não estava? Eu suspirei nervosa. — Só me lembro que ele tinha uma tatuagem. Todos os Martins a tem. Minha mãe se agachou para esvaziar uma gaveta de baixo. — Tomara que seja o seu marido! — Ou o Arthur! Minha mãe levantou-se trazendo as roupas junto ao corpo. — Queria que fosse ele? Eu fiquei impaciente e saí da frente dela. — Queria que fosse o Romeu, mas nem sei se ele merece ser pai desse filho! — Você o ama, não é?— minha mãe estava atenta. — Isso não importa!— eu respondi jogando a mala sobre o leito. Dona Marlene ficou pensativa e voltou a esvaziar outra gaveta de baixo. Eu a olhei ofegante. Era sempre assim. Falar desse amor me deixava tão desconcertada! Enfim conseguimos arrumar tudo e com a ajuda de dois seguranças, logo tudo estava lá embaixo esperando o carro que Romeu mandou
Depois de um tempo, subimos as três para o meu então novo quarto. Ele ficava no final do corredor, ao lado do quarto do Arthur. O estilo era bem conservador. O papel de parede tinha estampa em flores minúsculas nos tons de bege. A cama grande, em madeira talhada, meu Deus, um sonho! Sabe aquela cama que você vê e quer logo se deitar? Eu olhei para as criadas e sorri. Elas capricharam nas roupas de cama. — Acho que vou dormir muito bem aqui!— Eu disse testando a maciez do colchão. Elas sorriram satisfeitas e foram logo abrir as portas dos armários antigos. Eles eram perfeitos! Cabia muita coisa! Eu trazia muitas roupas, sapatos, jóias, bolsas, muitos cosméticos, um mundo de coisas, mas ali iria se perder! Enquanto as criadas arrumavam minhas coisas no armário, eu fui ao banheiro que por sinal, era muito grande! A bancada parecia um camarim! Tinha umas luzes, umas luminárias na verdade, num estilo mais antigo, mas tudo muito fino! O chuveiro era enorme, maravilhoso! E a ba