Minha mãe nem se importou com a minha expressão:” inclusive o seu marido”. Para ela, isso era só um detalhe! — Por que acha que pode ser um Martins? Ele estava de máscara, não estava? Eu suspirei nervosa. — Só me lembro que ele tinha uma tatuagem. Todos os Martins a tem. Minha mãe se agachou para esvaziar uma gaveta de baixo. — Tomara que seja o seu marido! — Ou o Arthur! Minha mãe levantou-se trazendo as roupas junto ao corpo. — Queria que fosse ele? Eu fiquei impaciente e saí da frente dela. — Queria que fosse o Romeu, mas nem sei se ele merece ser pai desse filho! — Você o ama, não é?— minha mãe estava atenta. — Isso não importa!— eu respondi jogando a mala sobre o leito. Dona Marlene ficou pensativa e voltou a esvaziar outra gaveta de baixo. Eu a olhei ofegante. Era sempre assim. Falar desse amor me deixava tão desconcertada! Enfim conseguimos arrumar tudo e com a ajuda de dois seguranças, logo tudo estava lá embaixo esperando o carro que Romeu mandou
Depois de um tempo, subimos as três para o meu então novo quarto. Ele ficava no final do corredor, ao lado do quarto do Arthur. O estilo era bem conservador. O papel de parede tinha estampa em flores minúsculas nos tons de bege. A cama grande, em madeira talhada, meu Deus, um sonho! Sabe aquela cama que você vê e quer logo se deitar? Eu olhei para as criadas e sorri. Elas capricharam nas roupas de cama. — Acho que vou dormir muito bem aqui!— Eu disse testando a maciez do colchão. Elas sorriram satisfeitas e foram logo abrir as portas dos armários antigos. Eles eram perfeitos! Cabia muita coisa! Eu trazia muitas roupas, sapatos, jóias, bolsas, muitos cosméticos, um mundo de coisas, mas ali iria se perder! Enquanto as criadas arrumavam minhas coisas no armário, eu fui ao banheiro que por sinal, era muito grande! A bancada parecia um camarim! Tinha umas luzes, umas luminárias na verdade, num estilo mais antigo, mas tudo muito fino! O chuveiro era enorme, maravilhoso! E a ba
Eu saí andando e ele ficou parado, olhando entre as minhas pernas. Arthur chegou por trás dele. — O que houve, pai? Vocês discutiram? Por favor, não comece! Romeu se justificou, sem jeito. — Eu apenas expressei a minha opinião quanto ao seu vestido, eu o acho curto! Arthur olhou para mim, que já quase alcançava os degraus e concluiu: — A mim, parece perfeitamente normal! Ela ficou muito bem nele! Romeu ficou pensativo, me observando. — Eu nunca a deixei usá-lo! Ela o vestiu de propósito para me contrariar! Arthur achou graça. — Deixa de ser machista, senhor Romeu Martins! As mulheres que nos abordam nas reuniões usam vestidos bem mais curtos, e eu garanto que lhe agradam! — Por isso mesmo! Elas são livres, não são casadas, muito menos minhas esposas! Arthur tocou no ombro do pai e o ultrapassou no corredor. — Vamos nos apressar, pai! Juliette tem o direito de usar a roupa que quiser, sendo sua esposa ou não!
Romeu foi até o bar e se serviu de mais uma dose de whisky. Ele não interagia muito na conversa, apenas ficava me olhando intensamente, insistentemente, até eu me sentir sem jeito. Arthur estava tão feliz por estar comigo conversando sem que o pai se sentisse traído e também estava em paz por ter voltado para casa. Ele dizia que era maravilhoso morar de frente para o mar, mas estava claro que se sentiu sozinho no seu apartamento. Num dado momento, eu comecei a bocejar. Os últimos acontecimentos me deixaram exausta. Arthur se prontificou a me acompanhar até o quarto, e Romeu foi até o bar, ele ficou de lá nos acompanhando com o olhar, enquanto subíamos as escadas. Ao chegar na porta do meu quarto, no fim do corredor, Arthur parou. Ele fez um gesto cavalheiro com a mão, me dando passagem. — Fique em paz, Juliette. Estarei sempre aqui no que você precisar, está bem? É só me chamar, e eu virei correndo, garanto-lhe! Eu lhe agradeci com um sorri
Meu pai se apoiou na cadeira, contando churumelas, enquanto limpava o canto do lábios que sangrava: — Eu já tinha te falado a esse respeito, Romeu, não estou te contando nenhuma novidade, não vá voltar atrás na sua decisão, por favor! Não sabe como é humilhante ter uma filha rejeitada dentro de casa. Foi por pouco tempo, mas o suficiente para eu perder a cabeça, por isso cheguei aos extremos! Para um pai protetor como eu, é difícil aceitar que a filha tenha dado um passo errado como esse! Romeu gesticulou impaciente. — Jaime, pare de se fazer de santo, por favor! Sua filha já me contou que sempre foi agressivo dentro de casa! O senhor Jaime colocou o rabinho entre as pernas e não argumentou mais. Enquanto que Romeu queria insistir no assunto do baile. — Jaime, você tem certeza de que ela engravidou naquele baile? Você mesmo disse que ela aprontou muito na escola! — Que diferença isso faz? Ela engravidou, isso é um fato, mas algo me diz que foi ali, com
Aquelas ideias absurdas de meu pai ficaram na cabeça de Romeu e na hora do jantar, ele ficava pensando se eu pensava que Arthur podia ser pai do meu filho, e principalmente o que faria com essa descoberta. Realmente, eu e Arthur tínhamos uma conexão muito grande, havia um clima leve entre nós e isso incomodava muito o Romeu. Claro que isso não tinha nada a ver com o coração. Eu era louca pelo meu marido. Sabe, eu era completamente apaixonada por ele! Arthur me conduziu até a sala e como eu me queixei de cansaço, ele disse então que me acompanharia até o meu quarto. Romeu ficou nos observando subir as escadas juntos, com o seu olhar triste. O tom de azul dos seus olhos parecia mais escuro naquele momento. Eu arrisquei olhar para trás, depois de subir alguns degraus e o flagrei me olhando fixamente. Ele ficou sem graça e disfarçou. Eu parei diante da porta do meu quarto e Arthur ficou me olhando nos olhos sem nada a dizer. — Eu preciso me recolher— eu dis
— Ele podia ser meu. Arthur não deu muita importância ao pai. — Sim, podia ser de qualquer um, inclusive meu! — E se fosse seu, o que faria? — Me casaria com ela! Romeu suspirou longamente. — Melhor deixar as coisas como estão. Nós estamos casados, ela está sob o nosso controle! — Por que? Comigo os negócios estariam protegidos também! Romeu ficou sem argumentos, e apenas disse: — Não quero me separar mais dela. Já aceitei a sua sugestão, melhor esquecer esse negócio de paternidade. Arthur ficou impaciente. — Deveria se entender com a sua mulher, ao invés de achar que ela tem que aceitar as suas saídas noturnas! A Juliette morreria de desejo, mas não seria submissa como as mulheres dessa família! Romeu ficou interessado — Acredita que ela sente desejo? — Claro, como toda mulher!— Arthur foi enfático. — Ela está feliz naquele quarto, está confortável e deve dormir como um anjo! Eles chegaram em casa e subiram as escadas em silêncio. Romeu entrou no se
Arthur tinha o semblante fechado e Romeu achou por bem não puxar assunto com ele. Foram em silêncio durante todo o trajeto. Eu passei o dia aborrecida. Januária me chamou atenção . — Qual é o problema em você se deitar com o seu marido? Não devia se preocupar com o patrãozinho, Juliette! Antônia concordou com a colega. — Um pedaço de mal caminho daquele, você não pode desperdiçar! Se eu fosse a senhora, eu pegava ele todo santo dia! — Acontece que ele só quer me usar, eu não sou apenas um pedaço de carne! As criadas começaram a rir. — Por que estão rindo, qual é a graça?— Eu fiquei contrariada. As duas foram cuidar dos seus afazeres e me deixaram sozinha na sala. À noite, eu percebi o olhar do Romeu em cima de mim. Ele estava querendo novamente. Subi para o meu quarto, logo depois do jantar. Arthur estava arredio. Fiquei de camisola me olhando no espelho de parede, e falando comigo mesma, me repreendendo. — Tome vergonha na sua cara, Juliette! Você não vai at