Romeu foi até o bar e se serviu de mais uma dose de whisky. Ele não interagia muito na conversa, apenas ficava me olhando intensamente, insistentemente, até eu me sentir sem jeito. Arthur estava tão feliz por estar comigo conversando sem que o pai se sentisse traído e também estava em paz por ter voltado para casa. Ele dizia que era maravilhoso morar de frente para o mar, mas estava claro que se sentiu sozinho no seu apartamento. Num dado momento, eu comecei a bocejar. Os últimos acontecimentos me deixaram exausta. Arthur se prontificou a me acompanhar até o quarto, e Romeu foi até o bar, ele ficou de lá nos acompanhando com o olhar, enquanto subíamos as escadas. Ao chegar na porta do meu quarto, no fim do corredor, Arthur parou. Ele fez um gesto cavalheiro com a mão, me dando passagem. — Fique em paz, Juliette. Estarei sempre aqui no que você precisar, está bem? É só me chamar, e eu virei correndo, garanto-lhe! Eu lhe agradeci com um sorri
Meu pai se apoiou na cadeira, contando churumelas, enquanto limpava o canto do lábios que sangrava: — Eu já tinha te falado a esse respeito, Romeu, não estou te contando nenhuma novidade, não vá voltar atrás na sua decisão, por favor! Não sabe como é humilhante ter uma filha rejeitada dentro de casa. Foi por pouco tempo, mas o suficiente para eu perder a cabeça, por isso cheguei aos extremos! Para um pai protetor como eu, é difícil aceitar que a filha tenha dado um passo errado como esse! Romeu gesticulou impaciente. — Jaime, pare de se fazer de santo, por favor! Sua filha já me contou que sempre foi agressivo dentro de casa! O senhor Jaime colocou o rabinho entre as pernas e não argumentou mais. Enquanto que Romeu queria insistir no assunto do baile. — Jaime, você tem certeza de que ela engravidou naquele baile? Você mesmo disse que ela aprontou muito na escola! — Que diferença isso faz? Ela engravidou, isso é um fato, mas algo me diz que foi ali, com
Aquelas ideias absurdas de meu pai ficaram na cabeça de Romeu e na hora do jantar, ele ficava pensando se eu pensava que Arthur podia ser pai do meu filho, e principalmente o que faria com essa descoberta. Realmente, eu e Arthur tínhamos uma conexão muito grande, havia um clima leve entre nós e isso incomodava muito o Romeu. Claro que isso não tinha nada a ver com o coração. Eu era louca pelo meu marido. Sabe, eu era completamente apaixonada por ele! Arthur me conduziu até a sala e como eu me queixei de cansaço, ele disse então que me acompanharia até o meu quarto. Romeu ficou nos observando subir as escadas juntos, com o seu olhar triste. O tom de azul dos seus olhos parecia mais escuro naquele momento. Eu arrisquei olhar para trás, depois de subir alguns degraus e o flagrei me olhando fixamente. Ele ficou sem graça e disfarçou. Eu parei diante da porta do meu quarto e Arthur ficou me olhando nos olhos sem nada a dizer. — Eu preciso me recolher— eu dis
— Ele podia ser meu. Arthur não deu muita importância ao pai. — Sim, podia ser de qualquer um, inclusive meu! — E se fosse seu, o que faria? — Me casaria com ela! Romeu suspirou longamente. — Melhor deixar as coisas como estão. Nós estamos casados, ela está sob o nosso controle! — Por que? Comigo os negócios estariam protegidos também! Romeu ficou sem argumentos, e apenas disse: — Não quero me separar mais dela. Já aceitei a sua sugestão, melhor esquecer esse negócio de paternidade. Arthur ficou impaciente. — Deveria se entender com a sua mulher, ao invés de achar que ela tem que aceitar as suas saídas noturnas! A Juliette morreria de desejo, mas não seria submissa como as mulheres dessa família! Romeu ficou interessado — Acredita que ela sente desejo? — Claro, como toda mulher!— Arthur foi enfático. — Ela está feliz naquele quarto, está confortável e deve dormir como um anjo! Eles chegaram em casa e subiram as escadas em silêncio. Romeu entrou no se
Arthur tinha o semblante fechado e Romeu achou por bem não puxar assunto com ele. Foram em silêncio durante todo o trajeto. Eu passei o dia aborrecida. Januária me chamou atenção . — Qual é o problema em você se deitar com o seu marido? Não devia se preocupar com o patrãozinho, Juliette! Antônia concordou com a colega. — Um pedaço de mal caminho daquele, você não pode desperdiçar! Se eu fosse a senhora, eu pegava ele todo santo dia! — Acontece que ele só quer me usar, eu não sou apenas um pedaço de carne! As criadas começaram a rir. — Por que estão rindo, qual é a graça?— Eu fiquei contrariada. As duas foram cuidar dos seus afazeres e me deixaram sozinha na sala. À noite, eu percebi o olhar do Romeu em cima de mim. Ele estava querendo novamente. Subi para o meu quarto, logo depois do jantar. Arthur estava arredio. Fiquei de camisola me olhando no espelho de parede, e falando comigo mesma, me repreendendo. — Tome vergonha na sua cara, Juliette! Você não vai at
A equipe chegou para me arrumar e eu fui tratada como uma rainha. Depois de um tempo, eu estava com as unhas maravilhosas, os cabelos penteados num coque que prendia os cabelos no alto da cabeça e soltava alguns fios delicadamente. Fizeram uma maquiagem perfeita no meu rosto e o que dizer do vestido? Um preto longo, com um decote extravagante tanto nas costas quanto na frente, exibindo sutilmente parte dos meus seios. Por último, vieram as jóias. Meu Deus, que perfeição! Eram lançamentos e eu sabia que os olhares iriam estar sobre mim naquele evento. Claro que minha mãe também usaria alguns exemplares mais discretos, mas com certeza esses deviam ser os mais caros! — Perfeito! A senhora é o modelo perfeito!— uma das mulheres disse, me olhando admirada. — Eu não vou ter que desfilar, vou?— Eu fiquei apreensiva. A mulher riu, achando graça e explicou: — Não, claro que não! A senhora é dona, vai estar num lugar de destaque assistindo ao desfile, mas dando o exemplo de bom gosto.
Com essa declaração, eu me fechei, pois já desejava mesmo afogar aquele sentimento que nutria pelo meu marido. Voltamos ao lugar de antes, e para surpresa do Romeu, Will ainda estava numa rodinha com os primos. Ele me olhava curioso diversas vezes. Outros casais se aproximam, inclusive o tio Eduardo, o veterano simpático. Ele me apresentou a sua esposa, que no dia do meu casamento não tive oportunidade de conhecer. Estava tão atordoada naquele dia! — Querida, essa é a minha rainha, Dorotheia! Eu sorri para a mulher, que me retribuiu com a sua simpatia. Ela me beijou o rosto e me abraçou. Nesse momento, eu fiquei de costas para Romeu e ele foi atraído pelo interesse do seu sobrinho Will. Eu ouvia o casal falar animadamente, mas conseguia escutar a conversa atrás de mim. — E aí tio? Onde arranjou essa princesa? É a mesma prometida do Arthur? — o rapaz falava alto, portanto, eu ouvia claramente a conversa. — Exatamente. Como amigo do meu filho, você deve saber que ele se re
Eu me alterei. — Eu não sou uma propriedade sua, Romeu! Eu sei que você só me aceitou de volta por vontade do Arthur! Você me devolveu ao meu pai, sem nenhuma piedade! — Você mentiu, Juliette! Fez a boa moça, disse que era virgem! Achou mesmo que podia me enganar? — Achei mesmo, porque Salete fez a mesma coisa! Houve um silêncio. Ficamos cabisbaixos e ofegantes. — Acontece que eu quero continuar com isso— Ele disse. — Do que está falando? — Eu te quero de volta no meu quarto, como minha mulher. Eu sorri erguendo os olhos. — Sério! Ele também sorriu. — Você aceita ser minha mulher, minha esposa, ou que você quiser? — Claro!— Eu sorria como criança. Nos beijamos tão gostoso naquele escurinho. Um tempo depois, voltamos para a mesa de mãos dadas. Os três rapazes olharam curiosos e surpresos. — Estavam brigando e voltaram nesse chamego todo!— Will comentou. — Devem estar fingindo, eu conheço bem o meu pai — Arthur deduziu