Romeu arregalou os olhos, vendo a expressão de pavor do meu pai. — Fale, Jaime, está me assustando! — Juliette foi para o hospital. — Juliette! O que ela tem? — Logo saberemos, vamos rápido, ela pode estar precisando de você. Saíram apressados e cruzaram com Arthur na recepção. — Onde vão desse jeito? Não pretendiam me avisar?— ele questionou. Meu pai lhe deu satisfação, diminuindo o passo, mas não parou de andar atrás do Romeu, enquanto falava: — Estamos indo para o hospital. Vamos ver a Juliette, ela não se sente bem! — Hospital!— Arthur exclamou, mas não pode ir atrás. No carro, meu pai contou para Romeu o que eu fiz na noite passada — O quê! Ela pretendia pular o muro! Que insensatez, Jaime! — Ela queria vê-lo de qualquer jeito, Romeu. Sabe como é moça jovem, cheia de energia, você tem que se acostumar a esses arroubos dela. Infelizmente essa é a consequência de se estar casado com alguém tão mais jovem, apesar de você estar bem cons
Abri os olhos lentamente, eles estavam pesados. — Romeu, me leve pra casa, não quero ficar longe de você! Romeu inclinou-se para beijar minha testa, inúmeras vezes, enquanto me confortava. — Minha querida, descanse, não se preocupe com isso. Prometo falar com o seu pai. Daqui você já vai para a nossa casa. Eu vou cuidar de você, vou te proteger. Eu estava fragilizada. — Você jura? Não vai mais me deixar ficar longe de você? Romeu sorriu carinhoso, meigo, ele parecia mais lindo assim. Voltando da sedução naquele momento, eu não me lembrava da conversa com o médico, antes de ser submetida a um procedimento de curetagem. — Por favor, não trate o Júnior diferente desse nosso filho— eu disse. — O quê! Então você não sabe? — Romeu ficou surpreso. — Do que está falando?— Eu quis saber. Ele tomou minhas mãos e as beijou, emocionado. — Você ainda é muito jovem, teremos muitos filhos se quiser, não tenha pressa! Naquele momento,
Eu o ouvi do meu quarto e saí com o Júnior nos braços. Parei no topo da escada, ofegante. — Meu amor, você voltou!— ele subiu correndo. Beijou-me tanto os lábios, segurando o meu rosto com as duas mãos! — Você está aqui, eu não acredito! Meu Deus, como sofri sem você! Júnior também ganhou muitos beijos e ficou numa alegria só! Entramos os três no quarto e só saímos um tempo depois para o jantar. Antônia já pegou Júnior logo ao pé da escada e encontramos Arthur sentado à mesa. Ele estava sério, não me olhou nos olhos e não estava para muita conversa também. Eu me sentei e comecei a comer, esperando que ele abordasse algum assunto. Como isso não aconteceu, eu mesma o fiz. — Arthur, como ficou a sua situação com a Tina? Não chegaram a nenhum acordo? Ele apenas meneou, negando com a cabeça, e foi só, fechou-se novamente para dentro de si. Depois do jantar, ele subiu rapidamente, e mal falou conosco. — Ele está estranho, Romeu!— eu comentei, olh
Um acordo İnsano entre o meu pai e seu sócio, iria decidir o meu destino. Eu teria que me casar com o único herdeiro do império deles, além de mim, claro! Eu me lembrava pouco desse garoto, que podia ter seus sete anos e eu cinco. Ele sempre foi mimado e chato, e eu também devia ser. Éramos filhos únicos de dois sócios do ramo de joias no Brasil. Esse negócio se estendia até os Estados Unidos, pois tinha um escritório lá, onde o doutor Romeu, era assim que minha mãe se referia a ele, ia muitas vezes. Eu brincava, à beira da piscina ouvindo a mesma conversa de sempre. — Casando Juliette com o filho do doutor Romeu, nossos negócios estarão seguros!— o meu pai me olhava, como se esperasse que eu crescesse muito rápido para seguir com o seu plano insano. Minha mãe, percebendo a minha presença, Inclinou-se para sussurrar: — Jaime, você não devia esperar para saber se os dois vão se gostar? Eles se viram, já faz um tempo! O garoto foi estudar nos Estados Unidos e… Meu pai alterou
Eu tentei poupar a minha mãe e não falei mais daquele assunto com ela durante quatro anos. O que eu sabia era que o meu pai também casou com ela para unir as empresas que eram dos pais deles. Os pioneiros faleceram e a união dos dois deu certo, como se eles fossem donos do mundo! Quando a família do doutor Romeu despontou nos negócios, eles se uniram no mesmo propósito, seriam donos de um império que iria se propagar com a linhagem dos filhos. O ramo de joias proporciona muita riqueza e eles não queriam dividir com mais ninguém. Depois que nasceu o menino, minha mãe ficou grávida só um ano depois e tinha obrigação de ter uma menina. O meu pai chegou a dizer para ela que se não tivesse competência para ter uma menina, que não tivesse aquela criança. Minha mãe respirou aliviada ao saber que cumpriu com a sua parte naquele acordo sujo! Eu me tornei uma adolescente normal, espevitada, alegre, mas só na escola. Em casa, eu era sonsa! Bem bobinha mesmo! Meu pai relaxou. Eu andava só com
No dia seguinte, coloquei meu plano em prática. É, eu tinha um também! Desci as escadas feliz e cantarolando. Meu pai estava tomando o seu desjejum e até largou a xícara sobre o pires, surpreso. Ele me olhou sorrindo. — Bom dia, filha! Diante do olhar satisfeito do meu pai, eu surpreendi: — Bom dia, pai! Eu estava pensando, por que eu não posso me casar com o filho do seu sócio já? Por que eu tenho que esperar dois anos? Eu sabia que o meu pai só iria autorizar o meu casamento depois que eu fizesse dezoito anos, isso estava no acordo com o doutor Romeu. Ele ajeitou o seu guardanapo, expressando satisfação. — Fico feliz que esteja ansiosa, filha, mas teremos mesmo que esperar dois anos. O seu futuro marido está estudando fora. Romeu não gosta muito de mudanças, ele é rígido com essas coisas! Eu fiquei pensativa. Esse doutor Romeu devia ser tão mulherengo quanto o meu pai. Também devia ter-se casado contra a vontade. Lourença servia a mesa e me olhava desconfiada.
Minha mãe saiu com os olhos lacrimejando, e o diretor veio em seguida atrás falando: — Desculpe-me, Marlene, eu preferi falar com você, porque me pediu para não chamar o seu marido, mas isso pode ficar sem controle! Eu senti um ar de intimidade entre eles. Minha mãe devia estar sempre lá me monitorando através dele. Coisas piores estavam por vir. Levei um sermão da minha mãe, mas na mesma semana Tina teve outra ideia mais insana. Ela sempre teve, mas eu nunca compactuava com as suas loucuras. A coisa desandou mesmo depois da última conversa que tive com o meu pai. Eu estava numa revolta só! Tina descobriu uma parte do muro da escola que podíamos pular. Claro que Nina, por ser mais fortinha demorou para ter coragem. Todas nós do outro lado a esperando, e ela quase chorando. — Me esperem, eu vou tentar novamente, por favor me esperem!— ela suplicava. Eu estava impaciente. Os seguranças da escola iriam acabar por nos encontrar. — Vai logo, Nina!— eu quase gritei impaciente.
Tina suspirou longamente e me abraçou. Beijar e em seguida sentir remorso, já fazia parte da minha rotina. Foram tantas festas na casa da Tina! O ano acabou, nos formamos e o meu pai não falou mais de casamento. Eu nem comemorei quando fiz dezoito anos! Tina teve uma ideia audaciosa, que mudaria o meu destino para sempre. Ela estava no meu quarto, junto com Emília e Nina. Depois de terminado o ano letivo, ficamos só nós quatro, um grupo menor. — Um baile! Ficou louca?— eu achei um absurdo. — Um baile de máscara, amiga! Todos da escola vão participar, eu acho, mas vai ter muita gente bonita lá! Vamos rever todo mundo! Depois da formatura, o povo sumiu, vai ser um estouro rever todos aqueles gatos novamente! Eu olhei para as outras e vi um brilho nos olhos delas. — Como eu vou fazer para sair à noite daqui? — Torce para o seu pai sair também. Ele ainda dá as escapulidas dele, não dá? — Tina estava sempre atenta. Eu assenti apenas. — Eu já comprei nossas entradas! v