— Romeu, espere lá fora, eu cuido da minha filha!— minha mãe estava agitada. Com os olhos vermelhos, eu a olhei, assim que ela fechou a porta. — Ai mãe, o que eu faço? — Não tem muito jeito, agora ele já sabe e vai exigir que se case com ele! Meus olhinhos assustados piscavam temerosos. — Ele me pediu em casamento, na porta da igreja! Minha mãe suspirou resignada. — Melhor assim, caso contrário, teria que casar com o Arthur de qualquer jeito! — Deus me livre! Minha mãe começou o interrogatório: — Há quanto tempo vem sentindo esses enjoos? Eu peguei uma toalha para secar o rosto, antes de responder: — Algum tempo! — E nunca desconfiou que estava grávida? — Jamais! Minha mãe suspirou e abriu a porta do banheiro. Lourença estava falando baixinho com Romeu. Quando ela se aproximou, ele fingiu estar conversando com o Júnior. — Preciso ter uma conversa séria com você, Romeu!— ela disse, cabreira. Ele olho
Arthur abriu a porta, e mal abria os olhos, estava com uma cara péssima! — Ah… oi pai!— Ele parecia confuso. Romeu o viu olhando para o sofá e deduziu que ele dormiu ali. O copo de Whisky ainda o denunciava numa mesinha de apoio. Arthur deu passagem para o pai e jogou os cabelos desalinhados para trás. Romeu caminhou até o sofá, onde ficou analisando o cenário. O paletó ainda estava lá. O filho ficou sem jeito e desabafou apontando o móvel: — Achei que não iria conseguir dormir nunca mais nessa vida! Romeu estava de costas, ainda analisava o cenário descrito pela noite anterior, referente a um noivo abandonado no altar. Mesmo arrasado, Arthur encontrou forças para ironizar: — Desculpe-me por lhe decepcionar, devia me encontrar saindo do banheiro num roupão com um sorriso no rosto, mas não sou um recém casado. Romeu virou-se para o filho, um tanto confuso. — Imagino que tenha sido difícil, mas vamos concordar que foi justo o que
Tina também sofria porque o pai se entusiasmou com o suposto interesse do Arthur pelo seu neto e queria mandá-la no mesmo pacote. Depois que Arthur saiu da casa dela, o clima esquentou. Renato lhe deu um sermão sem piedade alguma! — Tina, você está se negando a casar-se com um Martins! Ficou louca, filha? Esse rapaz é um dos melhores partidos que existe, sabia? — Pai, pelo amor de Deus, em nenhum momento eu fui pedida em casamento! O senhor forçou muito a barra! Arthur se referia ao meu filho! — E você também negou que era dele, que absurdo! Ele disse que tem certeza, o garoto é a sua cara! Tina bufou, os braços cruzados sinalizando a sua famosa rebeldia. Sua mãe, submissa ao marido, não se atrevia a se meter na conversa, balançava o neto no colo nervosamente. — Não vou me casar com o Arthur e não vou deixar que ele dê seu nome ao meu filho! Depois disso, Tina tomou o filho nos braços e subiu as escadas, irritada. Renato se aproximou d
Eu estava inquieta, temendo o meu reencontro com Arthur. Depois do que eu lhe fiz, com certeza não seria nada agradável! Andava de um lado para o outro da sala, falando sem parar. — Ele deve estar fora de si, deve estar me odiando, mas eu tenho que ouvir o seu desabafo. Ele merecia o que lhe fiz e muito mais! Lourença andava atrás de mim, afobada. — Aqui ele não vai entrar, o seu pai deixou ordens explícitas para que os seguranças não permitam a sua entrada! As horas foram se passando e eu fiquei confusa com o silêncio do noivo que eu havia abandonado no altar. No final do dia, já estava impaciente e resolvi procurar a Tina. Lourença me seguia fora da casa, impaciente, tentando me impedir. — Não pode sair assim, Juliette. Seu pai não vai gostar, ele está preocupado com a fúria do moço! Sabe Deus do que esse rapaz é capaz! Eu não lhe dei ouvidos e segui com o meu plano. Dois seguranças avançaram para mim, preocupados. — Senhora, seu pai nos deu ordens para não descuidar
— Noivo!— ele exclamou surpreso. Sem tirar os olhos da escada, fingindo naturalidade, Renato respondeu: — Claro, Arthur, pelo que estou vendo, terá que se casar, se quiser ser pai dessa criança! Arthur ficou confuso e voltou-se para posição anterior, ficando de olhos fixos na escada também. Eis que eu e Tina surgimos no alto, junto com Arthurzinho. Os olhos de Arthur caíram sobre mim. — Juliette! — Arthur! O reencontro foi inevitável. — É, eu até esqueci que ela estava aqui! Me perdoe Arthur!— Falsamente, Renato explicou. Arthur suspirou longamente, descansando as mãos na cintura, e o olhar cansado. Talvez aquele fosse o momento de tudo se resolver com uma boa conversa. — Precisamos ter uma conversa, nós três!—ele disse. Tina ajeitou o filho, junto ao peito. — Não vejo necessidade, as páginas de fofocas já se encarregaram de esclarecer as coisas, é só abrir o seu celular! Arthur me olhou apelando para o meu senso de i
— Para mim as coisas estão perfeitamente bem assim!— Tina disse, passando a mão pelos cabelos loiros e os ajeitando de um lado dos ombros. — Mas você é mãe do meu filho, de um Martins!— Arthur retrucou alterado. — Isso é só um detalhe!— Tina falou demonstrando pouco interesse, manuseando um objeto da mesa. — Você estragou o meu casamento com a Juliette, porque não assume a responsabilidade disso, garota insuportável! Tina ergueu os olhos indignada. — Você mentiu, e enganou, ela é minha amiga, seu garoto mimado! Eu, no meio do fogo cruzado, estava prestes a ter uma crise de risos. — Vocês dois estão de cabeça quente, poderiam resolver as coisas de uma forma simples!— sugeri. Tina virou-se para mim, nervosa. — Me casando com esse ogro? Essa é a sua sugestão? Arthur não deixou por menos e também atacou: — Eu nunca pensei em me casar com você. Além de tudo é presunçosa! — Você é ridículo! — Chega!— eu gritei, estava no meu limite. O
Eu e o Romeu havíamos nos perdido em meio as armações e mentiras do Arthur. No meu quarto, com Lourença do meu lado, acalmando Júnior, eu me queixava. — Eu só queria a minha vida de volta! Por que eu tenho que ficar sem o meu marido, ainda mais estando grávida dele? Você não acha que ele já devia ter vindo buscar-me? Lourença franziu a testa confusa. — Mas não foi a menina mesmo quem dispensou o doutor? Ele saiu daqui com o rabinho entre as pernas! Eu me sacudi nervosa, chorosa. — Eu quero voltar pra casa, Lourença! Não quero mais ficar sem o meu marido! Lourença ergueu as sobrancelhas. — E o que a menina está esperando? Vá embora para sua casa logo! Vá cuidar do seu marido! — Estamos divorciados, Lourença!— eu disse impaciente. — Larga a mão de ser besta menina! E você acha que um papel vai impedi-la de ser feliz com aquele homem que mais parece um príncipe de tão bonito que é! Achei graça o jeito da Lourença falar, mas ela tinha razão.
Eu fiquei sabendo que Romeu esteve me procurando e o desespero aumentou. — Lourença, eu não vou aguentar ficar aqui, longe do Romeu. — Se acalme, menina, o seu pai sabe o que faz! — Ele quer me separar do meu marido, Lourença! — Ele conhece o sócio que tem, controle-se! Eu pensei um pouco, andando pela sacada do meu quarto até que tive uma ideia, e saí dali decidida. Lourença veio atrás de mim. — Vou pular o muro!— eu disse agitada. — Pular o muro! Perdeu o juízo, menina? — Eu já fiz isso na época de escola! — Sim, mas aqui tem seguranças! — Lá também tinha! — Você está grávida, Juliette! Me sacudi impaciente. — Ainda nem me sinto grávida, Lourença! — Isso não muda nada! Eu saí apressada até a porta. — Cuide do Júnior para mim, eu volto antes que o dia amanheça! Lourença não acreditou. Eu saí correndo na ponta dos pés, lhe deixando perplexa. Olhando para Júnior no berço, ela desabafou: — Sua mãe é uma desvairada!