Arthur ficou surpreso e deu um passo para trás, mas ainda conseguiu ser sarcástico: — Isso quem decide é ela, pai! Pode acreditar, ela tem tanta certeza que eu sou o mascarado misterioso, que nunca duvidou diante das evidências. Romeu entristeceu e olhou para a escada decidido. — Vou subir e falar com ela. — E para quê? Não sabe o estado em que a deixou! Ela já deve estar dormindo! Romeu não se deu por convencido e avançou para as escadas. Em vão, Arthur tentou evitar. — Pai, espere! Não vá, por favor! Romeu chegou no meu quarto e entrou sem acender a luz. Eu dormia profundamente e não percebi. Ele acariciou os meus cabelos, sentado à beira da cama, e ficou ali algum tempo, até que se retirou, indo para o seu quarto. Arthur vinha no corredor e parou para o interrogar: — Conseguiu falar com ela? Sem parar de andar, Romeu respondeu: — Não, mas amanhã vou falar claramente durante o desjejum. Arthur ficou boquiaberto, v
Eu comia e sorria. Romeu me olhava admirado, como se estivesse vendo uma criança feliz. Já Arthur, fechou o semblante e mal conseguiu comer. No carro, a caminho do trabalho, ele desabafou com o pai. — Não faz nenhum sentido essa condição que impôs! Romeu não se alterou. — São as minhas condições e vocês só tem que aceitar. Se for um bom observador, vai ver que ela ficou até feliz com isso. Ao que parece, não quer casar-se com você, mesmo sendo pai do seu filho. Arthur engoliu em seco e segurou a emoção para não demonstrar sua contrariedade. — Como quiser, senhor Romeu, mas foi o senhor quem decidiu se divorciar por não aceitar que a sua esposa guardasse no ventre, um neto seu. Romeu empalideceu e se ajeitou no banco, segurando a gola do paletó. * * * Enquanto isso, eu dividia a minha alegria com as criadas na cozinha, apreciamos crianças sorridentes e de mãos dadas! — Ele não vai se divorciar de mim! Ele não quer m
Era como flutuar. Depois de tanto tempo, não achei que seria mais possível. Fui tocada sem muita delicadeza ou demora. Como se fossemos animais no cio. — Romeu, vem logo! Ele ouvia as minhas súplicas e sorria com aquele seu jeito de príncipe, enquanto se despia, de pé, diante de mim. Meu Deus, quanta beleza num homem só! Os olhos azuis penetrantes me hipnotizaram e eu me espalhei oferecendo tudo para ele. — Eu vou, Juliette, eu vou… me espera que eu vou. Tão lindo, tão gostoso, tão cheiroso, meu Deus! Ele inclinou-se, já totalmente despido, para beijar o meu ventre, e me deixou mais excitada. Minhas pernas subiram sem precisar da ajuda dele. Claro que senti uma pressão no útero! Eu sabia que estava me excedendo. Romeu segurou minhas pernas e as puxou até eu chegar à beira da cama. Ele se colocou ali, de pé no chão e inclinou-se para enfim me satisfazer totalmente, sentindo-me preenchida por ele. Tinha que ter muito cuidado, mas ele teve. Às veze
Romeu se manteve tranquilo, ignorando o desespero do filho. Eu fiquei no meio do fogo cruzado. — Calma, Arthur!— eu disse nervosa. — Calma, Juliette! Ele registrou o meu filho! Eu dei de ombros, indiferente. — Isso não muda nada, Arthur! Arthur estava muito alterado. — Como não muda? Vamos nos casar, criar o nosso filho e ele vai ter o nome dele na certidão! Você acha isso pouco? Eu respirei fundo. Era só falar em me casar com o homem que eu tinha como amigo, que logo ficava agitada. — Ela não quer se casar com você, não percebe?— Romeu debochou apontando para a minha expressão assustada. Arthur me olhou com os olhos lacrimejando. — Vamos nos casar, não vamos Juliette? Você também quer isso, não quer? Pressionada, intercalando o olhar entre pai e filho, eu respondi sem jeito: — Sim, é possível que teremos que fazer isso, pelo nosso filho! Arthur se acalmou e controlou a respiração. Ele veio na minha direção e beijou car
— O que eu fiz, está feito, e se o resultado do DNA der positivo, entramos com um processo e consertamos, simples assim! Arthur não conseguia se convencer. — Mas o senhor podia ter evitado todo esse trabalho! Romeu forçou um pouco a voz para parecer alterado. — Como? Toda criança tem que sair registrada do hospital! O que esperava que eu dissesse para eles? Que precisávamos de um tempo? Ele é meu filho para todos os efeitos, Arthur! Eu só segui a lei! Eu fui obrigada a concordar com o Romeu. — É verdade, Arthur. Por lei, uma criança precisa ter um registro de nascimento para ser liberada do hospital. Arthur bufou inconformado. — Então que me deixasse registrar! Eu sou o pai, não sou? — Sim, quando conseguir provar— Romeu foi irônico. Arthur demonstrou ressentimento. — O senhor sabe que eu sou, porque está fazendo essa pirraça comigo? Sem sustentar o olhar do filho, Romeu respondeu, olhando para os pés: — Não se preocupe, logo vai poder provar sua suposta p
Romeu se sobressaltou, imediatamente. — Sério! Acha mesmo que ainda existe uma saída para o meu casamento? Eu só consegui ganhar tempo, na verdade! Meu pai com o ego sempre lá em cima, estava se achando muito esperto. Manter aquele casamento era tudo para ele. — Peço-lhe apenas que tenha um pouco de paciência, porque preciso conversar antes com a Marlene. Vou precisar da ajuda dela. Romeu ficou intrigado, mas não tinha outra alternativa a não ser confiar. Os dois desceram, e um tempo depois, voltaram para o quarto. Eu percebi que eles tinham um olhar cúmplice, mas nunca poderia imaginar o que planejavam. Júnior voltou para o quarto e os meus pais puderam curtir um pouco o neto. Na hora de ir embora, Romeu fez questão de sair junto com eles. Ele apoiou uma mão no ombro do seu sócio, o que me causou estranheza. Um tempo depois, ele voltou esquisito, pensativo demais. Essa inquietação durou alguns dias. Arthur ficou trabal
Ele não estava enganado, eu entrei em casa, chorando muito, soluçando na verdade. As criadas vieram às pressas me acolher. Januária logo me alcançou e me abraçou, antes que eu subisse as escadas. — Meu Deus, o que aconteceu? Antônia olhava para Júnior, depois para mim, aflita, sem saber o que fazer. — Eu vou levar o bebê para dar uma volta, até que a senhora se acalme— ela disse se retirando rapidamente. Depois que ela se afastou, Januária me conduziu até o sofá, onde eu me sentei. — Procure se acalmar, o leite pode secar, senhora! Eu fiz um esforço para ficar calma, preocupada com o meu filho. Ele não merecia que o meu leite secasse. — Ele engravidou aquela mulher, Januária! Estou sentindo uma dor tão grande, você não pode imaginar! Januária assentiu apenas, tentando não se emocionar, mas ela ouviu tudo o que a estranha falou, mesmo estando distante, não era possível ignorar as falas que vieram do lado de fora da casa. — Se acalme, e tente não pensar muito nis
— Claro, Juliette! Vamos nos casar o mais rápido possível, só precisa se divorciar do meu pai! Precisa ser firme com ele, você sabe que ele tem um forte poder de persuasão. Eu baixei a cabeça resignada. — É, você tem razão, eu bem sei disso, mas estou decidida! Arthur apertou o modo empolgação e não parava mais de falar, segurando os meus braços olhando nos meus olhos. — E não se preocupe se ele quiser colocá-la para fora desta casa, você pode morar no meu apartamento, que logo será nosso! Você estará segura comigo e não tem que se preocupar com o seu pai também, eu me entendo com ele! Arthur saiu dali cheio de energia e me deixou melhor também. Coloquei Júnior num pequeno carrinho que Antônia improvisou. Na verdade, era um lugar onde ele poderia ficar no andar de baixo durante o dia. Eu fui a primeira a chegar para o jantar e fiquei esperando ansiosa. Arthur desceu sorrindo, animado. — Que bom que já está aí, Juliette! Estou faminto, sabia?