Capítulo 2

Alisson Smith

Foram minutos intermináveis, enquanto aqueles números pulavam pelo painel acima da porta. Não acredito que ele estava ali atrás de mim num elevador. Como isso poderia estar acontecendo? E para minha sorte ele não me reconheceu.

Fechei meus olhos, sentindo o cheiro dele e como mexia comigo. Quando esta porta abrir eu vou sair daqui o mais rápido possível, eu pensei. Cada parte do meu corpo entrou em uma nostalgia erótica.

Um solavanco no elevador, me fez cambalear e me desequilibrar, indo em direção a parede de músculos atrás de mim. Era como se aquele corpo tivesse sido feito para se encaixar com o meu. As mãos grandes dele seguraram em minha cintura, não me deixando cair.

O barulho da bengala caindo no chão misturou as batidas do meu coração. Como foi bom me aninhar pelo corpo dele. Tudo ficou escuro, não podíamos ver um palmo à nossa frente. Somente sentir o calor que emanava dos nossos corpos.

O aperto em minha cintura e a respiração ofegante no meu pescoço. Eu me remexi. E posso jurar que ouvi um palavrão quase inaudível. A mão se movimentou e fechei meus olhos esperando o que eu tanto ansiava, ter mais dele.

"Você está com medo?"

"Eu… Talvez esteja."

"Logo a luz vai voltar", ele sussurra.

"Eu espero", digo baixinho.

"Eu não."

Vagarosamente a sua mão pousa em meu pescoço, uma leve pressão se fez ali. Eu estava de costas para ele e meu corpo todo colado ao dele, me remexi, e ele gemeu. Podia sentir sua excitação. Eu engulo seco.

Sua boca está em meu ouvido, o nariz está cheirando os meus cabelos, podia implorar para ele lamber minha orelha a qualquer momento. Aquele homem me deixava louca de desejo. Mas ele brincava comigo. Eu estava molhada e pensava em mil formas de como ele podia simplesmente mexer as suas mãos no meu corpo.

O homem que eu conhecia, estava ainda mais forte, mais deliciosamente lindo. Sua mão grande deslizou do meu pescoço, e parou um pouco abaixo e seu dedo mindinho ficou entre as duas elevações de um corpo feminino, mas não se moveu.

Sentiu apenas o calor, ele tinha controle total da situação e eu, que sempre estava na defensiva, desta vez estava exposta a qualquer coisa que ele quisesse comigo. E o pior de tudo queria que ele fizesse, ansiava e desejava.

A luz se acendeu como mágica, pude ver o clarão e meus olhos se fecharam imediatamente. O aperto da minha cintura se desfez e meus olhos se abriram, me mostrando a imagem distorcida de mim mesma na parede metálica do elevador.

"Você já pode se recompor" a voz grossa disse ainda no meu ouvido.

"Me desculpe" o que eu diria para ele do meu comportamento.

"Você estava com medo, não é mesmo" eu dei uma passo para frente saindo do espaço dele e o elevador começou a andar

"Sim, eu tive medo."

"Espero que a senhora não se comporte assim com os outros homens da empresa, quando tiver medo."

Quando fui responder, as portas se abriram, e Berna estava lá. Pareceu confusa ao ver quem estava ali, assim como eu fiquei. Mas ela não disse nada. Todos nós guardamos nossos segredos.

"Você está descabelada, o que aconteceu?"

"Eu… Ah… Entrei em Pânico quando o elevador parou" Eu olho para ele que está atrás de mim e dá um mínimo sorriso "Tenho claustrofobia. É isso. Por isso meu cabelo está bagunçado."

"Entendo", ainda bem que ela não estendeu a conversa "Bom dia, senhor. Como posso ajudá-lo?"

"Quero saber onde fica minha sala."

"Você é o novo sócio?" Eu digo com os olhos arregalados e o olhar dele é matador.

"Onde é minha sala?" Ele me olha como se chama-se de incompetente.

"Me desculpe, senhor. Eu vou levá-lo até a sua sala, pode me acompanhar?"

"Estou esperando você me levar."

Seguimos em direção a sala que havia sido destinada a ele. No fim do corredor, duas grandes portas podiam ser vistas, uma era do chefe de Berna e a outra do meu chefe mau humorado. Assim que entramos ele inspecionou tudo.

"Onde está minha secretária?"

"Sou eu senhor. Espero que…"

"Só pode ser brincadeira" ele me analisou e eu cheguei a pensar que tinha se lembrado de mim.

Observei enquanto o homem alto andava com a sua bengala, pela sala. E ele também viu a minha observação.

"Você deve estar se perguntando o que aconteceu comigo, não é mesmo?" Quando abri a boca para negar, ele respondeu a sua própria pergunta, "Tive um acidente de ski, a alguns anos atrás. Já que você é minha secretária, anote algumas observações."

Tentei pegar a agenda na minha bolsa, e como eu era atrapalhada, enquanto ele me observava, o desespero tomava conta de mim. Enfim, encontrei.

"A primeira coisa: Fale o mínimo possível comigo e não fale sobre mim com ninguém. Segundo: Se alguém perguntar sobre a minha condição, responda o que lhe disse sobre o acidente de ski e mais nada."

Ele listou muitas coisas e eu anotei tudo. Depois me enxotou de lá, e disse que não queria ser incomodado até a hora do almoço.

"Se eu precisar de você, vou chamá-la. Lhe enviarei um e-mail com tudo que preciso. Próximo do almoço, lhe enviarei uma mensagem sobre o que quero comer, pois não vou sair."

Eu saí de lá com meu coração batendo mais que uma escola de samba. E fui até a minha mesa que era próximo a de Berna.

"Ele te reconheceu?" Ela vem até a minha mesa assim que me vê.

"Não, eu acho que não. Pelo menos não deu indícios. Fiquei paralisada quando o vi naquele elevador."

"Eu também. Não o via há muitos anos, desde aquele dia horrível, que eu quero esquecer."

"Vai ser difícil trabalhar com ele, droga. Estou refazendo a minha vida aqui em Londres e não posso mudar de emprego, não vou ganhar o mesmo salário se sair daqui e…" eu estava nervosa.

"Não precisa se demitir. Calma vamos encontrar uma solução. Se quiser eu falo com John, assim que ele voltar."

"Só vai levantar mais suspeitas, Berna. E eu não posso ser uma má funcionária para ele me demitir, pois não posso ficar sem emprego."

"Eu não sabia que ele viria, John não me disse nada, talvez nem ele saiba e por ironia do destino logo você foi escolhida para ser a secretária dele."

"Por que Lemi foi aparecer na minha vida de novo? Ainda mais como meu chefe?"

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