Parte 1...
Igor Antony viajava no banco traseiro do luxuoso Porsche Panamera blindado e observava a paisagem através dos vidros escuros das janelas. Fazia tempo que não visitava o povoado onde seus avós amavam viver e que raramente saía de lá.
Dois outros carros o seguiam como na maioria das vezes. Faziam sua escolta particular. A maioria das pessoas dali já sabia que era ele quem chegava. Os avós dele não gostavam de cidade grande e agitada, então ele sempre ia até a pequena cidade para vê-los.
Agora estava mais fácil chegar até o local, depois que ele mesmo havia mandado ajeitar o acesso que antes não tinha asfalto, era chão de terra batido. Agora estava asfaltado todo o percurso, que ajudou também aos moradores, facilitando a vida deles. Passar por ali em tempo de chuvas e depois que a neve derretia, era difícil demais.
E sendo ele um homem com tantos contatos importantes, com conhecidos em vários lugares, não seria díficil conseguir esse tipo de favor. Aliás, muita gente lhe devia favores.
O carro parou em frente da casa dos avós.
Não era uma casa grande, mas muito bonita e que ele também mandara reformar por inteiro para que eles tivessem mais conforto, já que insistiam em continuar morando ali.
Ele desceu seguido por dois de seus funcionários, que na verdade eram seus guarda-costas. Não era um local perigoso, mas estava acostumado com essa prática de segurança.
Quando se chega onde ele chegou, dificilmente não haverá por perto um falso amigo ou até um inimigo apenas por inveja do que ele conquistou, ainda que tivesse tido muito trabalho.
Sua ex mulher, Katiana, odiava visitar o lugar.
Sempre reclamava da distância e da demora em chegar até lá. Para ela ter que ir visitar seus avós era uma perda de tempo, pois dizia que eles deveriam se mudar para a cidade de vez, mas ele nunca quis forçar os dois.
Foi bom o tempo que passaram juntos, mas o maior interesse dela era em sua fortuna, conquistada com muito suor e trabalho. Não foi fácil chegar onde estava e não queria uma mulher interesseira que não o valorizava e sim ao seu dinheiro. O casamento durou menos de um ano.
Foi algo até mais rápido do que ele mesmo havia imaginado. Quando se envolveu com Katiana, chegou mesmo a pensar que poderiam ter pelo menos uns cinco anos de boa vida antes de começarem os problemas.
Seus avós ficaram contentes com a separação. Faziam questão de falar que deveria encontrar uma boa moça e ter filhos. O difícil era achar a tal boa moça. Já estava cansado das falsas apaixonadas que no final lhe cobravam pelo tempo. Como se ele também não tivesse investido tempo.
Gesticulou ao passar por alguns vizinhos. Viu seu avô e abriu um sorriso. Já o esperava na frente de casa. Era sempre assim.
— Ah, finalmente! – Otto recebeu o neto com um abraço forte e beijos no rosto. Um costume que ele repetia sempre — Helena o espera ansiosa.
— Meu menino – a avó o recebeu amorosa como sempre tinha sido.
— Sabe que tenho quarenta e dois anos, não é? – ele riu.
— Ah, eu sei - gesticulou sorrindo — Mas para mim você sempre será meu menino. Entre e vamos comer, você chegou na hora certa – olhou para fora e viu os seguranças — E eles não vão comer?
— Não agora, avó. Estão trabalhando – puxou uma cadeira e sentou.
— Aqui não tem perigo, você sabe disso – ela reclamou.
— Ainda assim, Nena – pegou o prato que ela lhe passou — Eles estão habituados com seus horários. Não se preocupe com eles.
— Então coma!
Era algo que ele não negava nunca. A comida da avó era maravilhosa e feita com carinho. Cheia de cores e sabores. Isso ele guardava na memória como uma das coisas favoritas de sua infância.
Quando estava empolgado em uma conversa com o avô, duas mulheres chegaram. Óbvio que estavam ali atrás dele. Estava acostumado a ser o centro de atenção de várias mulheres e ali no povoado era mais ainda. Era até um velho costume do lugar e ele entendia como funcionava.
As mães sonhavam em casar suas filhas com um homem como ele. O problema era saber se o queriam por quem era ou por seu dinheiro. Já não dava importância a isso. Era só estalar os dedos e elas apareciam, sempre com um sorriso largo e alguma desculpa para vê-lo.
E ele não tinha modéstia nenhuma sobre seu típico físico e nem de sua conta bancária. O chato era se livrar das caçadoras de ouro. Para esse tipo a cidade grande já estava cheia.
Sempre que ele vinha visitar os avós era assim, aparecia no mínimo uma garota da cidade para tentar chegar até ele. Não tinha nada contra as garotas dali, afinal, foi daquele mesmo lugar que ele saiu.
Gostaria de encontrar alguém antes que seus velhinhos amados se fossem. Eles pareciam mais cansados agora. Seu avô tinha setenta e seis anos e sua avó setenta e dois. O tempo passava rápido. E as mulheres que ele se divertia não eram para apresentar aos dois, que eram as pessoas mais importantes em sua vida. Se importava e muito com o que eles pensavam e depois de ter cometido um engano com Katiana, não queria que eles achassem que ele não tinha capacidade de conhecer uma boa mulher.
A avó sempre lhe pedia para lhe dar um bisneto, mas era algo que se mostrava difícil, mesmo ele querendo também. Devia isso aos dois. O sacrifício que eles fizeram para lhe dar a melhor educação possível foi primordial para se tornar o homem de sucesso que ele era agora.
Claro que ele criou um caminho e foi com tudo até conseguir lograr seus objetivos e a partir daí além da sorte, contou com a ajuda de pessoas influentes e agora ele também fazia parte desse meio e não tinha nenhuma intenção de sair. Ao contrário, queria mais e mais. E precisava de uma mulher ao seu lado. Era importante no meio e mostrava que era alguém de segurança e confiança.
Conversando com Otto ele lhe garantiu que em breve iria se casar, mesmo sendo uma mentira, apenas para agradar aos dois. Não podia deixar que continuassem pensando que seria um eterno solteirão e nem mesmo ele pensava em ser.
Só queria poder dar a sorte de achar alguém que valesse a pena o esforço da conquista.
— Tenho certeza que deve ser uma boa moça e que me dará um bisneto lindo.
Ver a emoção na voz do avô lhe tocou forte ao coração. Agora realmente precisava cumprir essa falsa promessa. E urgente!
Tinha saído do nada essa conversa depois que ficaram à sós de novo e a cara que eles faziam lhe fez ter essa insanidade momentânea e escapou de sua boca um novo relacionamento.
Que nem mesmo existia.
Autora Ninha Cardoso.
* livro completo.
Parte 2...Só que depois de tudo o que deu errado em seu breve casamento, não acreditava que encontraria outra mulher que realmente olhasse para ele e não para sua conta bancária. Não pensava em se casar de novo. Katiana gastava seu dinheiro como se fosse água. Era cheia de caprichos e não gostava de seus amigos que não eram afortunados como ele. Para ela a vida era gastar e tudo se resumia a festas.Não frequentava nenhum clube, a não ser quando ele ia, mas ainda assim reclamava de tudo. Queria sempre estar em shoppings gastando. Se faziam uma viagem procurava pelos pontos de marcas famosas, nem mesmo parava para olhar as coisas em volta e nem queria ir aos pontos turísticos.Certa vez ele foi a um batizado do filho de um de seus empregados e ela o fez passar vergonha ao não querer sair do carro para não pisar na terra. Também não quis comer nada na festinha por ter nojo dos pratos e talheres.Foi ridículo! De propósito ele ficou muito mais tempo no batizado e a deixou com fome den
Parte 3...Aline encarou a irmã sem entender nada. Desde bem pequenas era assim. Eram gêmeas idênticas, mas só isso tinham em comum, a aparência física. A diferença de personalidades e caráter era grande entre as duas. Aline sempre foi calma, delicada, organizada e carinhosa. Já Alana era o oposto. Ambiciosa, bagunceira e egoísta. Aline gostava muito do cabelo ruivo, mas o cortava sempre na altura dos ombros por ser mais prático e se estava fazendo alguma tarefa o deixava preso em um pequeno rabo de cavalo, como agora. A irmã o mantinha longo até a cintura. Sempre gostara de exibir o cabelo, que segundo ela, era uma de suas fontes de sedução.Tudo nelas era diferente. Algumas pessoas até diziam que se não fossem gêmeas, não seriam mesmo irmãs.Alana sempre se achou superior e gostava de tudo o que representasse riqueza e poder. Gastava o que podia e o que não tinha em roupas e sapatos de grife para ser cobiçada por homens ricos. Queria sempre ser vista como uma mulher de gostos caros
Parte 4...Aline andou pela pequena cozinha, agoniada com o que estava ouvindo. A irmã tinha ficado doida, só podia ser isso. Ou então estava possuída por um demônio insano que estava se aproveitando dela. Não tinha o que pensar de algo tão absurdo como ela tinha feito dessa vez.Suas mãos até tremiam agora e o coração batia fora do compasso. Pensava na mãe o que sofreria ao saber disso. Ela não estava em condições emocionais de passar por mais uma loucura.— Eu não imaginei que iria conhecer Walter dois dias depois de assinar o contrato. Nos apaixonamos de imediato e ele me pediu em casamento - puxou o ar fundo, unindo as mãos — Foi amor à primeira vista, Aline. Dessa vez eu disse a verdade e ele me aceitou sem nem se importar que não somos da mesma classe social. Foi incrível!— E ele sabe desse emprego?— De modo algum – balançou forte a cabeça — Eu jamais poderia contar a ele que fiz um acordo por dinheiro.— E você faria o que nesse tal emprego? Ainda não entendi bem qual seu pap
Parte 1...Igor já tinha olhado as fotos da tal garota escolhida pelo advogado várias vezes. Era bonita, mas não como as mulheres que estava acostumado a andar. Porém tinha beleza e charme.Ela tinha respondido aos formulários e passara nos testes médicos. De acordo com o que seu advogado lhe dissera era bem decidida e entendera exatamente o que era a proposta e como seria realizado o acordo. Não pareceu ter nenhuma restrição.Era atraente, educada e sabia se portar bem, como era pedido por ele mesmo. Tinha que ser alguém que seus avós considerassem ideal para um casamento e para ser mãe de seu bisneto. Uma coisa que ele não lhe falou foi sobre a personalidade da garota. Disse que ela parecia ser bem ativa, esperta e capaz de fingir muito bem. Só não queria se envolver com outra maluca fútil.Pediu um encontro antes do pretendido casamento para resolver se ela valeria a pena o investimento. Apesar dela ter passado na entrevista com o advogado e ter feito os exames médicos e realmente
Parte 2...A garganta dela estava seca. Suas pernas tremiam. Foi bom sentar. Esperava que ele não ouvisse seu coração batendo dentro do peito.Ela observou a roupa dele. Dava para saber que eram de marca cara só pelo brilho da seda da camisa azul escura e a calça preta. Olhou rápido o relógio e viu a marca gravada. Cartier. Ela sabia que era uma das mais caras. A peça tinha ouro branco, só podia ser e as pedras com certeza eram algum cristal. — Não prefere algo mais forte, mais requintado?— Não, obrigada. Eu não bebo álcool.Igor achou que ela gostasse de beber, já que na avaliação isso estava marcado. Talvez um erro.— Você não gosta ou não quer agora?— Eu não bebo álcool – repetiu enfiando as unhas na palma da mão, nervosa — Nunca provei.Ele achou estranho. Depois iria rever a avaliação dela. Mandou que trouxessem o suco. Ela sentou grudada ao braço do sofá e ele foi para perto. Parecia desconfortável.— Você marcou que bebia em seu relatório.— Foi? – ficou sem graça. Alana não
Parte 3...Ele estudou o modo dela de se portar. Era muito bonita e se o advogado a tinha escolhido dentro do que exigiu, poderia correr o risco de casar com ela. Com certeza ele tinha feito uma boa entrevista, pois estava bem seguro ao relatar para ele que já tinha encontrado a candidata.Qualquer coisa errada era só cancelar o acordo. Ele não tinha que ficar casado com ela. Mas passou por sua mente que os avós iriam gostar dela e só isso já valia a pena o risco. Ela andava pela sala como se a qualquer momento fosse levar bronca. Seus ombros estavam tencionados e ela apertava as mãos.— Você é tímida mesmo ou está só nervosa?— Um pouco dos dois - respondeu puxando o ar.Ele ficou surpreso com a resposta. Talvez seu avô gostasse dela de imediato. Ela parecia bem o jeito que sua avó Helena era quando mais jovem.— Seria bom falarmos sobre nosso casamento.Ela ficou travada e Igor a puxou para o sofá.— Acho que seu advogado já falou sobre isso direitinho, não há necessidade de repet
Parte 1...Igor ainda não conseguira dormir. Não parava de pensar na garota que em breve seria sua esposa. Ela era muito sexy de um jeito que não era vulgar, apesar do vestido curto e colado. E apesar do vestido ser bonito, não parecia estar à vontade com ele.Mas essas coisas de mulher era até difícil de entender, cada uma tinha sua mania e frescura particular. Quando era casado com Katiana viu várias vezes ela reclamar com drama sobre não ter roupa para sair, sendo que o closet estava lotado.Estava com as fotos dela em suas mãos. Era a mesma pessoa que conhecera no restaurante... E ao mesmo tempo não era. Tinha algo que não estava de acordo nas fotos com a pessoa ao vivo. Ela parecia ser mais delicada, seus gestos eram mais curtos, a fala mansa, rosto um pouco mais cheio. Talvez devesse ter pedido fotos tiradas na hora por seu advogado. Talvez assim ele tivesse uma ideia de como ela se sentia no momento em que assinou o acordo.E o modo dela parecia em desacordo com o que lhe foi
Parte 2...— Não está bom de compras? Acho que já nos viram bastante.— Vamos almoçar – ele pegou sua mão — Para que fique tudo certo, vou ter que falar com seus pais.— O que? Mas para que? - ela engoliu em seco.— Quando as fofocas começarem vão dar um jeito de entrar em contato com eles e precisamos ter a mesma versão da história - explicou.“Ai, meu Deus”.— E o que vamos dizer?— Marque um encontro com sua família e eu resolvo isso.Como ela faria agora? Precisava urgente falar com a irmã sobre isso. Ele insistia em falar com a família. Seu pai estava enrolado com a outra e sua mãe deprimida com os problemas.Seria difícil que eles se juntassem para ouvir o que ele tinha a dizer. No máximo a mãe poderia aceitar, mas teriam que ter cuidado.— Vou ver o que posso fazer.— Quero que seja hoje à noite.Ela quase travou. — Meu pai não está na cidade - inventou depressa.— Não faz mal. Falarei com sua mãe e irmã. Marque o horário.Pronto. Agora ela havia travado. Ele parou e a encarou