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Capítulo Dois Continua

Parte 3...

Ele estudou o modo dela de se portar. Era muito bonita e se o advogado a tinha escolhido dentro do que exigiu, poderia correr o risco de casar com ela.  Com certeza ele tinha feito uma boa entrevista, pois estava bem seguro ao relatar para ele que já tinha encontrado a candidata.

Qualquer coisa errada era só cancelar o acordo. Ele não tinha que ficar casado com ela. Mas passou por sua mente que os avós iriam gostar dela e só isso já valia a pena o risco. 

Ela andava pela sala como se a qualquer momento fosse levar bronca. Seus ombros estavam tencionados e ela apertava as mãos.

— Você é tímida mesmo ou está só nervosa?

— Um pouco dos dois - respondeu puxando o ar.

Ele ficou surpreso com a resposta. Talvez seu avô gostasse dela de imediato. Ela parecia bem o jeito que sua avó Helena era quando mais jovem.

— Seria bom falarmos sobre nosso casamento.

Ela ficou travada e Igor a puxou para o sofá.

— Acho que seu advogado já falou sobre isso direitinho, não há necessidade de repetirmos - engoliu em seco.

Ele deu uma risada.

— Engraçado. Para alguém que vai se casar por dinheiro, você até que é bem insegura.

De novo ela ficava sem ação. Foi um erro aceitar logo de cara a ideia da irmã. Sabia que daí não sairia boa coisa, mas estava anestesiada por causa dos problemas com a mãe.

— Você parece assustada.

— Impressão sua.

Ela deu um sorriso forçado. Talvez devesse contar a verdade e acabar com o tormento? Mas aí seria jogada aos leões. Alana já usara uma parte do dinheiro em seu nome. Se houvesse um processo seria ela a responsável.

— Será bom que fique mais à vontade comigo ou meus avós irão desconfiar – tocou o rosto dela — Me dê um beijo agora – inclinou-se.

Antes que ela dissesse algo ele tocou os lábios dela devagar com a ponta da língua, lambendo seu batom. Ela ficou confusa e excitada. O beijo que se seguiu foi um dos mais ternos que ela já dera na vida. 

A boca de Igor tomava a sua como nenhuma antes. E se ela tivesse boa memória, isso sim era um beijo bom. Não sabia quanto tempo durou, mas ela relaxou em seus braços, até ele parar de beijá-la.

— Temos que deixar este dedo mais bonito ou meu avô irá reclamar – tirou do bolso uma caixinha azul e colocou um anel lindo de pedra azul com pequenos diamantes em volta — Agora sim.

Aline ficou abismada com o tamanho e a beleza do anel e ficou preocupada em seguir com o plano.

— Preciso voltar para casa – segurou a respiração.

— Mas já? – arqueou a sobrancelha.

— Tenho algumas coisas pendentes para resolver antes de... 

— Antes do nosso casamento – ele completou — Está bem, melhor que vá e resolva tudo. Não quero esperar, sou muito ocupado. Além disso, você precisa relaxar mais, está muito travada – levantou — Meu motorista vai levar você, mas ante de ir, tem algo mais.

Ela segurou a expressão de espanto com o celular que ele lhe entregou. Era muito caro e exclusivo com certeza. O modelo era muito bonito e ela nunca tinha visto esse tipo em nenhum lugar. 

Já começava a ter responsabilidade, o que a deixou mais preocupada. Ela aceitou e se despediu dele rápido, antes que a beijasse de novo.

**********    ***********

— Sério que ele já está te enchendo de presentes caros?

Alana estava besta com o anel no dedo da irmã.

— Pelo jeito ele não liga para gastos – Aline disse quando a irmã puxou o anel de seu dedo.

— Esses diamantes são verdadeiros. Esse anel vale uma fortuna. Acho que se deu bem com nosso acordo, não foi?

Aline sentiu uma ponta de inveja nesse comentário.

— Não acho. Estou muito nervosa, isso sim. Ele falou que o casamento será em dois dias. Não sei se posso. Melhor contar tudo.

— Nem seja louca de fazer isso!

— Estou com medo que descubra a verdade, Alana.

— E daí? Ele quer uma esposa de mentirinha, só por um tempo.

— Ele não me parece um homem que precisa contratar uma esposa.

— Ai, deixa de ser burra – revirou os olhos — Ele não quer alguém que encha o saco dele depois, é tudo só um acordo comercial. Qual o drama, Aline? 

— Tem algo mais que você não me disse?

— Bem... Você sabe que vai ter de transar com ele – disse displicente com uma cara de paisagem.

— O que? Está doida? – arregalou os olhos e fez uma cara de desgosto.

— Qual é, Aline – riu — Não se faça de tonta. Como ele pagaria rios de dinheiro se não rolasse sexo?

— Mas... – estava nervosa de novo.

— Ele me achou atraente pelas fotos – deu um giro — Isso quer dizer que se atrai por você também. Somos idênticas.

— Mas eu não quero transar com um desconhecido. É errado! E você não me falou isso. Achei que fosse só para me mostrar à família.

— Lá vem você de novo com bobagem. Vão se casar, será seu marido. Podem se conhecer depois. Desde quando um casal vive sem sexo? - riu.

Aline apertou as mãos nervosa e Alana desconfiou da atitude dela.

— Só falta agora você me falar que é virgem.

— Bem... Não sou como você e acho que isso é algo muito sério... Ainda não me apaixonei.

Alana gargalhou e bateu palmas ironizando.

— Não acredito nisso. Como você é tonta. Não aprendeu nada comigo? – riu de novo   — Como vai ser agora? Quer que eu te ensine?

— Credo, não seja cínica – respondeu chateada.

— Então deixe de frescuras e assuma o papel ou estará em sérios problemas – apontou — Não tenho como devolver o que gastei e sabe que vou me casar. Agora é com você.

— Como sempre você só pensa em si mesma. Eu não deveria estar nessa situação, Alana. Você passou do ponto.

Alana começou a chorar e reclamar que sempre viveu à sombra da irmã, que os pais sempre compararam as duas, que Aline tinha muitos amigos e ela não... Reclamou praticamente de tudo.

Depois de todo o choro Aline finalmente decidiu que deveria se sacrificar pelo bem da irmã e da mãe. Não tinha jeito, ela não conseguia afastar a irmã, apesar de tudo.

Se fosse capaz de entender o homem com quem se casaria então poderia fazer isso. Precisava lembrar que seria apenas um contrato com tempo de duração e que depois estaria livre, sua mãe estaria melhor sem as dívidas e com a casa de volta e Alana se casaria com o homem que amava. 

O tempo era algo maravilhoso e curava tudo. As coisas iriam se encaixar. Ela só teria que fazer esse sacrifício, mais pela mãe do que por Alana.

— Pare de chorar. Eu irei até o fim com essa loucura e vou me casar com Igor Anton. Só quero que me prometa ser feliz na nova vida – disse firme.

— Aiii... Você me deixou tão feliz – beijou o rosto dela várias vezes a apertando nos braços — Vai dar tudo certo pra gente, você vai ver – saiu correndo do quarto.

Aline tinha dúvidas sobre isso, mas agora não poderia desistir. As duas precisavam dela. E ela não teria como sair dessa, nem mesmo se procurasse um advogado. Igor Anton com certeza deve ter uma equipe com os melhores advogados e ela acabaria talvez até sendo presa por fraude.

Era isso. Tinha que levar adiante esse acordo absurdo e seja o que Deus quiser e que Ele tenha pena dela no final.

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