Parte 3...
Aline encarou a irmã sem entender nada. Desde bem pequenas era assim. Eram gêmeas idênticas, mas só isso tinham em comum, a aparência física. A diferença de personalidades e caráter era grande entre as duas.
Aline sempre foi calma, delicada, organizada e carinhosa. Já Alana era o oposto. Ambiciosa, bagunceira e egoísta. Aline gostava muito do cabelo ruivo, mas o cortava sempre na altura dos ombros por ser mais prático e se estava fazendo alguma tarefa o deixava preso em um pequeno rabo de cavalo, como agora. A irmã o mantinha longo até a cintura. Sempre gostara de exibir o cabelo, que segundo ela, era uma de suas fontes de sedução.Tudo nelas era diferente. Algumas pessoas até diziam que se não fossem gêmeas, não seriam mesmo irmãs.Alana sempre se achou superior e gostava de tudo o que representasse riqueza e poder. Gastava o que podia e o que não tinha em roupas e sapatos de grife para ser cobiçada por homens ricos. Queria sempre ser vista como uma mulher de gostos caros e procurava frequentar locais onde pessoas com mais aquisição financeira estivessem.Aline era um pouco tímida e ficava com vergonha quando a confundiam com a irmã e queriam se aproveitar dela por causa do comportamento solto demais de Alana. Não era fechada, gostava de fazer amizades, mas quando a confundiam era chato. E na maioria das vezes os homens chegavam nela com terceiras intenções, achando que fosse Alana.Depois de entrar e jogar as coisas em cima do sofá, Alana foi para a cozinha e abriu a geladeira em busca do que comer. Mexeu nos potes de congelados e retirou dois. Disse estar com fome.— Esquenta isso pra mim – deixou em cima da bancada da pia e nem mesmo pediu por favor — Cadê a mãe?— Ela ainda não chegou. Vim na frente para adiantar as coisas. E você? Conseguiu um emprego mesmo?— Sim - disse com um sorriso diferente.— E paga bem?— Ohh... E como paga – sorriu ais — Como está a mãe?— Ainda sofrendo, mas com o tempo ela vai melhorar. Foi muito difícil pra ela o golpe – Aline suspirou — Ainda é dolorido ver como o pai anda por aí com aquela outra e deixou a mãe cheia de dívidas, sem falar na humilhação de ter sido enganada por sua melhor amiga - torceu a boca contrariada.— Pra mim o pai é um canalha - Alana disse com raiva.— A venda da casa foi horrível, ele não pensou nem na gente – Aline comentou triste — É até difícil de acreditar que ele fez isso com a gente.— Não fique triste por isso. Esqueça a sacanagem do pai. Eu consegui muita grana para corrigir a merda que o pai fez com a gente – Alana sorriu triunfante — Eu consegui um emprego que vai me dar muito dinheiro - disse animada — Já falei com o advogado para resolver esse golpe e vamos recuperar a casa e mais dinheiro para a mamãe pela traição.Aline suspirou relembrando o ocorrido. Não gostava de ficar pensando nisso, mas ainda era recente e era difícil demais para ela.— Nunca pensei que nosso pai fosse capaz de tal coisa. Mamãe não merecia isso. Depois de tudo o que ela fez quando ele ficou doente – abaixou a cabeça — A traição foi horrível. Ele não podia ter sido amante daquela mulher. Ela frequentava nossa casa. Isso é coisa de gente sem caráter.— Vagabunda, é isso que ela é. Nunca fui com a cara dela.— Alana, onde você conseguiu tanto dinheiro?— Nesse emprego novo que eu te falei - mexeu o ombro displicente.— Mas... Em tão pouco tempo assim? – tinha algo de errado nessa conversa dela — Dá para esclarecer?— Bem... Recebi um valor como adiantamento... - cruzou os braços e encolheu os ombros — Um valor alto, para fazer um trabalho...— Para fazer o que, exatamente? — Coisas... Um serviço particular – abanou as mãos — Vamos poder resolver nossos problemas e ainda vai dar para comprar bastante coisas, roupas, um carro para a mãe... Vai ser maravilhoso.Aline ficou desconfiada com tanta facilidade. Queria saber mais.— E esse carro que você...— Sim, é meu. Comprei ontem – Alana viu o olhar de desaprovação da irmã — Posso te comprar um também. Não vai ser problema.— Não é necessário - balançou a cabeça — Só quero entender isso – Aline sabia bem que a irmã adorava se meter em problemas.— Bom, não fique chateada tá... Tive que ser rápida para não perder a oportunidade... Não se aborreça, mas eu usei seu nome para fechar o contrato e conseguir o dinheiro.— Como é que é? – ela fechou o cenho.— Calma, Aline – ergueu as mãos — Era tudo muito rápido... Eu precisava ter educação superior e você é a única que se formou. Eles iriam checar as informações que eu dei. Não poderia perder a chance. Se eu inventasse eles iriam descobrir, então...Aline ficou vermelha pela surpresa e também pelo absurdo.— Você é louca? – gritou — Que mentira descarada foi essa? Isso é golpe, sem falar no absurdo de usar meus dados. Sou sua irmã, como pôde?— Foi por um bom motivo – justificou — Não faça drama.— Mentira! – disse chocada com a atitude errada da irmã — E não me venha com essa de drama. Conserte isso já!— Não vai dar.— E por que não? - franziu a testa preocupada.— Já gastei uma parte do dinheiro - disse de forma tranquila.Aline ficou besta com o modo relaxado que ela falava. Só poderia estar louca mesmo. Alana fazia muita besteira, mas isso já era demais.— Você está usando drogas? Bateu com a cabeça no chão? Tem que ter uma resposta para o que fez, Alana.— E tem - ela gritou — Dinheiro, Aline, dinheiro! Eu só pensei na nossa situação. Esse dinheiro vai ajudar a resolver os problemas da casa. O advogado disse que consegue recuperar o que perdemos e o pai ainda vai ter que responder um processo pelo que fez com a gente.— A mãe não vai querer isso e nem eu - seu coração disparou.— Agora já foi. Não tem como voltar atrás.— Meu Deus... E o que falta me contar? – sabia que tinha mais.— O problema é que eu... Bem, você... Vai ter que cumprir o acordo. Existe um contrato a seguir. Eu não posso porque estou comprometida e em breve irei me casar – mostrou um anel de diamante.Parte 4...Aline andou pela pequena cozinha, agoniada com o que estava ouvindo. A irmã tinha ficado doida, só podia ser isso. Ou então estava possuída por um demônio insano que estava se aproveitando dela. Não tinha o que pensar de algo tão absurdo como ela tinha feito dessa vez.Suas mãos até tremiam agora e o coração batia fora do compasso. Pensava na mãe o que sofreria ao saber disso. Ela não estava em condições emocionais de passar por mais uma loucura.— Eu não imaginei que iria conhecer Walter dois dias depois de assinar o contrato. Nos apaixonamos de imediato e ele me pediu em casamento - puxou o ar fundo, unindo as mãos — Foi amor à primeira vista, Aline. Dessa vez eu disse a verdade e ele me aceitou sem nem se importar que não somos da mesma classe social. Foi incrível!— E ele sabe desse emprego?— De modo algum – balançou forte a cabeça — Eu jamais poderia contar a ele que fiz um acordo por dinheiro.— E você faria o que nesse tal emprego? Ainda não entendi bem qual seu pap
Parte 1...Igor já tinha olhado as fotos da tal garota escolhida pelo advogado várias vezes. Era bonita, mas não como as mulheres que estava acostumado a andar. Porém tinha beleza e charme.Ela tinha respondido aos formulários e passara nos testes médicos. De acordo com o que seu advogado lhe dissera era bem decidida e entendera exatamente o que era a proposta e como seria realizado o acordo. Não pareceu ter nenhuma restrição.Era atraente, educada e sabia se portar bem, como era pedido por ele mesmo. Tinha que ser alguém que seus avós considerassem ideal para um casamento e para ser mãe de seu bisneto. Uma coisa que ele não lhe falou foi sobre a personalidade da garota. Disse que ela parecia ser bem ativa, esperta e capaz de fingir muito bem. Só não queria se envolver com outra maluca fútil.Pediu um encontro antes do pretendido casamento para resolver se ela valeria a pena o investimento. Apesar dela ter passado na entrevista com o advogado e ter feito os exames médicos e realmente
Parte 2...A garganta dela estava seca. Suas pernas tremiam. Foi bom sentar. Esperava que ele não ouvisse seu coração batendo dentro do peito.Ela observou a roupa dele. Dava para saber que eram de marca cara só pelo brilho da seda da camisa azul escura e a calça preta. Olhou rápido o relógio e viu a marca gravada. Cartier. Ela sabia que era uma das mais caras. A peça tinha ouro branco, só podia ser e as pedras com certeza eram algum cristal. — Não prefere algo mais forte, mais requintado?— Não, obrigada. Eu não bebo álcool.Igor achou que ela gostasse de beber, já que na avaliação isso estava marcado. Talvez um erro.— Você não gosta ou não quer agora?— Eu não bebo álcool – repetiu enfiando as unhas na palma da mão, nervosa — Nunca provei.Ele achou estranho. Depois iria rever a avaliação dela. Mandou que trouxessem o suco. Ela sentou grudada ao braço do sofá e ele foi para perto. Parecia desconfortável.— Você marcou que bebia em seu relatório.— Foi? – ficou sem graça. Alana não
Parte 3...Ele estudou o modo dela de se portar. Era muito bonita e se o advogado a tinha escolhido dentro do que exigiu, poderia correr o risco de casar com ela. Com certeza ele tinha feito uma boa entrevista, pois estava bem seguro ao relatar para ele que já tinha encontrado a candidata.Qualquer coisa errada era só cancelar o acordo. Ele não tinha que ficar casado com ela. Mas passou por sua mente que os avós iriam gostar dela e só isso já valia a pena o risco. Ela andava pela sala como se a qualquer momento fosse levar bronca. Seus ombros estavam tencionados e ela apertava as mãos.— Você é tímida mesmo ou está só nervosa?— Um pouco dos dois - respondeu puxando o ar.Ele ficou surpreso com a resposta. Talvez seu avô gostasse dela de imediato. Ela parecia bem o jeito que sua avó Helena era quando mais jovem.— Seria bom falarmos sobre nosso casamento.Ela ficou travada e Igor a puxou para o sofá.— Acho que seu advogado já falou sobre isso direitinho, não há necessidade de repet
Parte 1...Igor ainda não conseguira dormir. Não parava de pensar na garota que em breve seria sua esposa. Ela era muito sexy de um jeito que não era vulgar, apesar do vestido curto e colado. E apesar do vestido ser bonito, não parecia estar à vontade com ele.Mas essas coisas de mulher era até difícil de entender, cada uma tinha sua mania e frescura particular. Quando era casado com Katiana viu várias vezes ela reclamar com drama sobre não ter roupa para sair, sendo que o closet estava lotado.Estava com as fotos dela em suas mãos. Era a mesma pessoa que conhecera no restaurante... E ao mesmo tempo não era. Tinha algo que não estava de acordo nas fotos com a pessoa ao vivo. Ela parecia ser mais delicada, seus gestos eram mais curtos, a fala mansa, rosto um pouco mais cheio. Talvez devesse ter pedido fotos tiradas na hora por seu advogado. Talvez assim ele tivesse uma ideia de como ela se sentia no momento em que assinou o acordo.E o modo dela parecia em desacordo com o que lhe foi
Parte 2...— Não está bom de compras? Acho que já nos viram bastante.— Vamos almoçar – ele pegou sua mão — Para que fique tudo certo, vou ter que falar com seus pais.— O que? Mas para que? - ela engoliu em seco.— Quando as fofocas começarem vão dar um jeito de entrar em contato com eles e precisamos ter a mesma versão da história - explicou.“Ai, meu Deus”.— E o que vamos dizer?— Marque um encontro com sua família e eu resolvo isso.Como ela faria agora? Precisava urgente falar com a irmã sobre isso. Ele insistia em falar com a família. Seu pai estava enrolado com a outra e sua mãe deprimida com os problemas.Seria difícil que eles se juntassem para ouvir o que ele tinha a dizer. No máximo a mãe poderia aceitar, mas teriam que ter cuidado.— Vou ver o que posso fazer.— Quero que seja hoje à noite.Ela quase travou. — Meu pai não está na cidade - inventou depressa.— Não faz mal. Falarei com sua mãe e irmã. Marque o horário.Pronto. Agora ela havia travado. Ele parou e a encarou
Parte 3...Na manhã seguinte o celular a acordou cedo. Mas não era Igor, era seu pai. Estava curioso e queria saber sobre Igor.— Como tem esse número – esfregou o olho.— Liguei ontem à noite e sua mãe me deu. Que história é essa de casamento com um homem estranho?— Vou me casar e pronto. Que tem isso demais? – saiu da cama.— Quero conhecer esse rapaz.— Para que? – de modo algum, era só o que faltava.— Sou seu pai, tenho o direito de saber quem será seu marido.— Desde que saiu de casa do modo como fez, perdeu esse direito – não poderia deixar o pai falar com Igor. De certeza seria descoberta e a confusão seria enorme — Foi bom o senhor ligar, queria mesmo lhe falar sobre aquela mulher.— Aline, é sobre você que quero falar.— Não tem nada para falar, pai. Fale com sua amante para deixar mamãe em paz – disse aborrecida — Não tem a menor consideração por minha mãe? Como deixa que aquela mulher a incomode?— Tivemos uma conversa sobre isso ontem. Ela vai parar de chatear Anabel - r
Parte 1..._ Tem mais coisas para guardar? – Alana perguntou.Aline olhou para a irmã com a cara fechada, parecendo chateada. Desde cedo ela estava assim._ Por que parece com raiva de mim?_ Não sei... Talvez por ter ido ver o pai ou por ver tantas coisas que Igor já lhe deu – fez cara feia — Quem sabe? - deu de ombro._ Eu juro que ás vezes você me dá vontade de te bater – fechou a mala._ Tente – deu uma risadinha _ Você sempre foi molenga._ Estou fazendo o que você me pediu, lembra? Ou melhor, me obrigou. Não posso nem falar a verdade que ainda assim corro o risco de um processo._ E está adorando – puxou o cabelo dela — Nem vem com essa. Você já está vendo as vantagens de um homem rico._ Ai... Estou é morrendo de medo, isso sim. Não sei como pode ficar calma. Se ele quiser pode colocar a gente na prisão._ Simples. Pense no lado bom. - gesticulou — Não perca tempo focando em algo que você não pode mudar._ Dinheiro? É isso que você diz que é o bom? - franziu a testa e fez um bi