ZOE MONDEGO
Eu sempre soube que ir à casa de Louise durante o último dia do fim de semana nunca resulta em coisa boa, logo não deveria estar surpresa em acordar em seu sofá cor de rosa com um torcicolo e com uma bela ressaca. Toquei na minha testa e ainda de olhos fechados dedilhei a mesa de centro à procura do meu celular.
Eu não pude dizer que a noite de ontem não foi divertida, porque foi e bastante. Louise conseguiu me tirar da minha confortável casa para irmos a uma boate recém aberta e que ela estava desejosa para ir, então convidamos uns amigos em comum e fomos.
O meu problema começou no primeiro copo de aperol spritz, que depois foi seguido pelo segundo, terceiro, quarto e quinto, e nem isso me impediu de beber os dois copos de negroni que Louise pediu e a vinda dos shots de tequila. Depois disso tudo, ainda lúcida o suficiente, fui dançar e depois implorei para voltar para casa.
Espero mesmo que ninguém tenha me filmado, porque não sei se aguentaria me ver naquele estado.
Já com o celular na mão conferi a hora para constatar que ainda eram 05h da manhã e me daria tempo de passar em casa, tomar um banho de água gelada e depois colocar um café bem forte e um analgésico para dentro do meu estômago.
Levantei do sofá e fui pegando os meus saltos altos jogados pela sala, seguidos da minha bolsa e do meu casaco. Não me recordo de ter vomitado mas sei que amiga é que é conhecida por sempre passar mal, portanto, antes de sair da sua casa, passei em seu quarto para verificar se ela ainda estava viva, e constatando que realmente estava, parti.
O vento gelado que bateu no meu rosto antes de eu entrar dentro do meu carro me fez sentir bastante bem, pelo menos até a enxaqueca me fazer lembrar da sua presença.
Apesar de serem cinco da manhã o céu já estar clarinho e as ruas movimentadas, ainda assim fiquei com um certo receio em pegar um congestionamento. Eu vivo no centro e a distância entre a minha casa e a de Louise leva em torno de trinta minutos, logo, se eu pegasse tamanha confusão na estrada, dependendo da sua intensidade por hoje ser segunda-feira, eu podia me atrasar no trabalho.
Mas depois de algo em torno de quarenta e cinco minutos, cheguei finalmente ao meu prédio e deixei o carro no estacionamento subterrâneo pegando em seguida o elevador que dá acesso até a minha penthouse.
Christine, minha empregada, abriu-me a porta e olhou um pouco assustada para mim.
— Eu sei, eu sei, Christine, que estou horrível — retruquei já largando a bolsa no sofá e caminhando em direção ao meu quarto.
— Eu nem disse nada, Srta. Mondego — disse ela soltando uma risada.
— Não foi preciso — virei-me antes de fechar a porta do meu quarto. — Prepara-me um café bem forte e trás um analgésico, por favor, Christine — pedi e não esperei a sua resposta para fechar por fim a porta.
Segui imediatamente para o banheiro para tomar um banho, e embora não quisesse ter que lavar o cabelo, foi inevitável pois eu fedia a bebida alcoólica.
Definitivamente ser incentivada por Louise é um convite direto para o colo do diabo.
Falando nisso, passei a semana inteira conferido se não havia alguma mensagem do Moulin Lounge já que eles é que se responsabilizaram em determinar um ponto de encontro com o meu acompanhante, e eu sentia a minha ansiedade me corroer e tirar a minha paz cada vez que eu verificasse e não recebia nenhuma notificação.
Mas na sexta-feira finalmente o e-mail caiu com o endereço e o pedido da minha aprovação, a recepcionista ainda insistiu para que eu fizesse a escolha do meu par no site mas eu só queria um cara, independentemente se fosse bonito ou não, desde que convencesse a minha família e principalmente os meus colegas de trabalho, era o suficiente para eu recomendar a empresa em qualquer mulher que aparecesse a minha frente e agradecer a eles para o resto da minha vida.
Faltam quatro dias para o jantar que eu obriguei o Hugo a agendar com o vice-presidente e o pessoal da mesa de congresso, pelo menos nesse meio tempo ninguém fez questão de tocar nesse assunto — o que me deixou menos tensa no entanto —, mas eu tenho certeza que duvidam da minha maior mentira.
Saí do banheiro já secando o meu cabelo e encontrei o remédio ao lado de um copo generoso de água. O tomei.
Peguei o meu celular para verificar as horas e ainda eram seis e meia da manhã. Aproveitei para seguir para o meu closet e escolher a minha roupa de hoje, tomando como referência a minha ressaca e o encontro que terei na hora do almoço com o meu acompanhante de luxo.
Escolhi uma saia preta três dedos acima do meu joelho com uma blusa de gola alta também preta e um sobretudo de cor castanho para dar um pouco de cor, para a minha pele não ficar tão exposta coloquei uma meia de vidro preta com botas de camurça de bico fino e cano baixo.
Já vestida e com o cabelo seco e devidamente preso em um rabo de cavalo, terminei de passar o batom em meus lábios e corri a mão pelo tecido da roupa, alisando-o.
Peguei uma das minhas bolsas no cabideiro e saido quarto sendo quase que imediatamente arrebentada com o cheiro delicioso de panquecas e café.
Sorri para Christine que abandonou o fogão assim que viu-me aproximar do sofá para pegar a minha outra bolsa atirada sobre o sofá.
— Eu já disse que amo você? — perguntei e a mulher fingiu jogar o cabelo preso.
— Eu sempre soube — riu e apontou na mesa já posta para que eu me sentasse. — Não poderia deixá-la sair de estômago vazio, e conhecendo você como conheço, duvido muito que passaria em algum local para comer alguma coisa.
— É aí que você se engana, Christine, porque em baixo do edifício da Mrs. Walter' s há uma lanchonete — retruquei enquanto colocava o guardanapo de tecido sobre o meu colo.
— Não creio que comida de lanchonete seja algo no mínimo saudável. — Christine contra-argumenta já voltando do lado interno da ilha da cozinha, expirando algum produto sobre a bancada e limpando.
— A questão aqui não é se é saudável e sim se eu de fato fosse comer, mas ainda bem que você fez panquecas, com toda certeza estás a otimizar o meu tempo — agradeci e ela recebeu-o com um simples acenar de cabeça e um sorriso de satisfação.
De repente, o meu celular tocou, o que me desatentou da minha refeição por alguns segundos, o alcancei dentro da bolsa e observei em seguida o número desconhecido antes de atender.
— Bom dia, com quem falo? — perguntei em automático e me espantei com o timbre rouco e grave que passou pela linha telefónica.
— Bom dia, Sra. Mondego, fala com Christian Mcnegro, o seu acompanhado designado pela Moulin Lounge.
Demorei um minuto inteiro para processar a informação e ele percebendo que eu não responderia, continuou:
— Tenho a sua confirmação para o nosso encontro às 12h?
Afastei o celular da minha orelha e olhei um pouco assustada para Christine que confusa também me olhava sem entender nada.
— Zoe, está tudo bem? — ela perguntou e quase que imediatamente eu saí do estado de transe e levantei da mesa, voltando a encostar o aparelho em minha orelha.
— Lamento pela demora, Sr. Mcnegro, e sim, o nosso encontro ainda está em pé, no endereço dado pela sua empresa, certo? — perguntei já segurando a bolsa e lançando um beijo no ar para despedir Christine.
— Sim, prefere que eu a espere dentro ou fora do restaurante?
— Ah, não, pode ser dentro — respondi já saindo da penthouse e apertando freneticamente o botão do elevador para subir até o meu andar.
— Certo, até mais, Srta. Mondego — despediu e encerrou a chamada.
Olhei durante mais alguns vários segundos no ecrã do celular já desligado e só parei quando o elevador finalmente sinalizou que já havia chegado. Voltei a abanar a cabeça e entrei, me certificando se eu já não estava perto de ficar atrasada.
E não, ainda falta uma hora para o meu expediente começar e são quinze minutos de caminhada até a empresa onde trabalho, mas mesmo assim estou saindo mais cedo que o costume e pior, sem ter terminado a minha refeição em condições.
Já no estacionamento e com a minha ansiedade a mil, destranquei o carro e entrei nele, dando partida para o meu local de trabalho.
Agora, tentando organizar os meus pensamentos, eu estou muito perto de concluir uma das etapas do meu plano: arranjar um noivo, e com essa etapa é mais fácil concluir as outras: causar boa impressão na minha família e por fim e não menos importante impressionar a equipe da mesa de congresso e voltar a ter o meu posto no evento que causará a minha promoção.
Estou tão perto...
ZOE MONDEGO Faltavam menos de duas horas para o meu encontro e até agora o dia estava sendo tranquilo, ao chegar, a primeira coisa que pedi a Kate foi a encomenda de um café da manhã decente, ou ao menos o suficiente para eu não sentir fome até chegar o horário do almoço. E em respeito a Christine, tudo menos algo proveniente de qualquer lanchonete. E para tentar distrair a minha cabeça, procurei concentrar as minhas forças no trabalho, mas minha paz durou muito pouco tempo. O celular fixo que descansava em minha mesa tocou. — Srta. Mondego, o Sr. Lecos pretende falar consigo — Kate informou. O que o Hugo quer comigo hoje? — Claro, pode transferir a chamada — autorizei e a linha ficou silenciosa por alguns instante, e quando estou prestes a desligar ela voltou a falar: — Não, Srta. Mondego, o Sr. Lecos está aqui na recepção — informou e eu desliguei na mesma hora. Levantei de forma urgente e respiro e inspiro até ter a certeza de que estava bem o suficiente para prosseguir com
Se ela te fala assim, com tantos rodeios, é pra te seduzir e te ver buscando o sentido daquilo que você ouviria displicentemente.Se ela te fosse direta, você a rejeitaria. — Rodrigo AmaranteZOE MONDEGOConfesso que fiquei um pouco desnorteada observando o homem loiro a minha frente e, obviamente, depositar um singelo beijo na minha mão não minimizou a situação.Entretanto, eu precisava-me recompor, e de preferência rápido, por isso, sorri gentilmente, tentando não demonstrar toda a minha surpresa e recolhi a minha mão, ainda sentindo a minha pele formigar.Definitivamente eu precisava agradecer a Louise.— Por favor, acompanhe-me — ele se apressou em dizer antes que eu pudesse dizer alguma coisa. — Tomei a liberdade de pedir uma bebida para mim, espero que não se importe.— Não me incomodo, eu é que deveria desculpar-me por ter-me atrasado — eu disse e ele nada respondeu.Caminhamos pouco até chegarmos à nossa mesa que ficava num local mais reservado, mas não menos bonito, Christia
ZOE MONDEGO Terminei mais um dia de trabalho sem mais aventuras, e Kate, que geralmente espera por mim, terminou o seu expediente mais cedo e partiu para casa enquanto eu fiquei uma hora a mais do que fico em dias convencionais. Arrumei a minha bolsa enquanto os aparelhos eletrónicos da minha sala estavam desligando, e olhando para uma Los Angeles iluminada, despedi-me da minha sala e tranquei a porta. Ao subir no elevador, a notificação de Louise alerta-me. — Vinho e macarrão à putanesca? Era é o que dizia, e embora não estivesse explícito, eu podia sentir a sua animação, mas tudo o que eu queria era descansar no meu quarto, mas Louise parecia uma bruxa, pois outra mensagem caiu no meu celular: — E nem vale a pena recusar, porque você precisa me contar tudo sobre o gatinho do Moulin Lounge, vou estar a espera no restaurante ao lado da minha casa. Revirei os olhos com um sorriso e subi no meu carro assim que cheguei no estacionamento. De qualquer forma, precisava passar em casa
ZOE MONDEGOO tão esperado sábado chegou e com ele veio a minha forte ansiedade, quase me desesperando.Na sexta-feira de noite, a única coisa que Hugo fez foi me reforçar que o jantar já estava confirmado com o vice-presidente da empresa incluído, e que seria na casa do Hugo, o que me deixou bem mais descansada, mas não menos preocupada.Porém, ao longo da semana eu não me comuniquei com o acompanhante de luxo, embora a empresa tenha feito questão de me mandar um contacto para eu me comunicar com ele. E depois do meu jantar com Louise na segunda-feira, tudo o que eu menos queria era procurar um motivo para desistir.Não é como se eu tivesse poucos, mas o mal já estava feito, só me restava seguir com o plano.Christine de repente bateu na porta, e suficientemente preguiçosa para abrir eu mesma, pedi para ela entrar. A cara redonda e bronzeada da minha empregada apareceu entre a frecha, sem abri-la totalmente, os seus olhos verdes e enormes me olharam com curiosidade antes de entrar por
A sedução é uma arte que poucos sabem usar com maestria. Geralmente são cruéis, tecendo as suas teias para atrair a suas presas incautas. — Dienes. ZOE MONDEGO Jamais fui o tipo de mulher ingênua, mesmo que depois da declaração de Colton sobre os meus dotes na cama tenha dado cabo total da minha autoestima. Sim, eu não dormia com um homem faz dois anos e agora isso está me afetando profundamente, porque sei que se ele pendurar, posso estar no limiar de cair em tentação. Pigarreei, afastando todos os pensamentos incoerentes que tomaram conta da minha cabeça. Ele afastou-se calmamente e eu pude ver um canto da sua boca se curvar num sorriso, como se estivesse se divertindo com a minha reação. Preferi não responder a sua provocação e segurei firme a minha bolsa, saindo apressadamente do espaço apertado assim que as portas metálicas foram abertas, me permitindo respirar por fim. O estacionamento subterrâneo estava consideravelmente vazio, havia pouquíssimos carros. — Achei
ZOE MONDEGO Use os meus beijos Use os meus beijos,para se satisfazer.Cada um com um sabortodos dedicados a você.Use os meus beijos,abundantemente quentes,Deliciosamente ardentes,para encharcar-te de prazer.Use-os molhados,Utilize-os dedicados.Busque novas texturas,Aproveite-os com gula.São nos meus beijos,que encontrara,toda a minha "fúria "em possuir você. — "Enide Santos" 13/06/14 Eu nunca me esqueci dos motivos que me faziam fugir dos muito dos convívios ao qual era convidada pelo pessoal da empresa, principalmente aqueles em que eu sabia que o vice-presidente estaria com a metade da mesa administrativa da Mr. Walter 's. Walter Degrey é um idiota e William Conway é um invejoso que sempre soube disfarçar bastante bem, e eu não consigo suportar nenhum dos dois, mas obvio até a duas semanas eu realmente não me importava em suportar os dois. Não me admiraria se eles é que tivessem tomado partido na decisão de me excluir do evento e “adiar” para um futuro incerto a
ZOE MONDEGOA água quente lavava a minha pele enquanto massageava ela delicadamente, passando a esponja com gel de banho com essência de laranja silvestre, precisava me preparar da forma mais relaxante possível para enfrentar a minha querida família. Já faz muito tempo que não os vejo, e para ser sincera, no início eles ligavam todos os santos dias, eu jamais atendi alguma chamada e então foram ficando cada vez mais espaçadas, até que um dia eles simplesmente desistiram. Sinto não, tenho certeza de que tudo o que fiz foi para proteger a minha saúde mental, e apesar dos meus esforços, estou voltando para casa só para testar o quanto consigo suportar. Eu deveria ganhar um prêmio de como ser a garota mais idiota do mundo.Desliguei a torneira e enrolei a toalha em torno do corpo enquanto a minha mão alcançava a outra para enxugar o excesso de água no cabelo.Queria poder dizer que tive uma excelente noite de sono, mas seria mentir para mim mesma. Por alguma razão, me pegava sempre ima
ZOE MONDEGO Quero-te assim...As paredes tão quentes como a tua ofegante respiraçãoE a música teceu-nos no seu tear padronizadoValente vibração de amor ardenteEstávamos no quartoQuando lancei o meu olhar sobre tiLembras?As tuas mãos movem se sobre o meu rostoFluindo docementeMudei-me entre os teus dedosPor dentro da tua roupaDos teus dedos senti-me conhecidoE naquele desesperado momentoEu ouvi dizeres o meu nomeA tua voz encontra o caminho do meu ouvidoSoltando os cabelos como um vento de invernoOs teus lábios e os meus caíram na sombraA tua vida foi derramandoSobre a minha alma entre os beijos e sussurrosE eu estava desolado e doente de paixãoUm distúrbio no teu doce olharUm entrelaçar de dedos que erraVou passar meus dias negligenteEnquanto cada vez mais enfeitiçadoImortalizei-te na minha arteEnquanto preciso de tiEm todas as partesE ainda assim se chega de alguma forma.Quero te assim toda dengosaAs ágeis mãos mais quentes do que o fogoO maravilhoso olh