Capítulo - 5

Aurora Lancellotti

Entrando no jardim do edifício sinto meu coração bater descompassado de tanta emoção nem mesmo em sonhos poderia imaginar estar dentro dos pouquíssimos hotéis tradicionais e luxuosos de New York.

O edifício tem uma aparência da década de 1970, um estilo romano-renascentista, uma obra de arte. Estou deslumbrada pela paisagem inebriante.

Ouço alguém resmungar atrás de mim fazendo-me virar assustada, estou tão distraída olhando ao redor que não prestei atenção que atrapalhava as pessoas passarem. Peço educadamente desculpas para o casal que me encara. Eles apenas seguem caminhando ignorando totalmente meu pedido de desculpas. Que arrogância, credo!

Após um breve momento cheguei na recepção.

E como era de se esperar o lugar é impecável. Uma das recepcionista sorri e logo diz suave:

— Seja bem-vinda ao hotel Palace, em que posso ajudar? — perguntou num sorriso simpático.

Dou um suspiro para respondê-la, evitando assim tropeçar nas próprias palavras.

— Olá, meu nome é Aurora Lancellotti, funcionária do senhor Powell. Estou aqui para entregar uma joia para a governadora Natalia Miller — informo.

— Só um momento, por favor — disse a loira pegando o telefone.

Enquanto aguardo a sua resposta aproveito para olhar ao redor.

O estilo renascentista está por toda parte, enfatiza a simetria, proporção, geometria e a regularidade das peças. Além de uma decoração interna marcada pela presença de diversas obras de artes.

— Senhorita está me ouvindo. — Coro envergonhada para a mulher que me encara.

Apenas faço que não com a cabeça com o rosto queimando de vergonha. Tenho certeza que estou parecendo um pimentão de tão vermelha. Droga!

— Como estava dizendo, a sua entrada foi liberada, aguarde alguns instantes alguém virá buscá-la. — Ela me indica um sofá no saguão.

Não demora muito para um homem entrar no meu campo de visão, ele é alto, musculoso e está usando um terno preto. Logo sua voz grossa atinge meus ouvidos.

— Senhorita Lancellotti, me siga por favor — diz acenando para acompanhá-lo. Quando observo o lugar que estamos indo, sinto um nó se formando na garganta. Não! Não!

Minhas pernas travam no mesmo instante, tentei movê-las mas elas não responderam. Respiro fundo, um, dois, três… Solta. Faço isso repetidamente.

Nenhum outro lugar me causa tanto pavor como elevadores.

— A senhorita está bem? — pergunta o grandão com a expressão preocupada.

Confirmo com um aceno.

Quando penso que minhas pernas não iam se mover, já me vejo caminhando no automático para dentro do elevador. O grandão me dá passagem para entrar primeiro e logo se junta a mim apertando o último andar. E porra! São mais de trinta andares.

Seguro com firmeza a sacola em minhas mãos trêmulas. Tentei levar meus pensamentos para longe, mas ouço a voz grossa do grandão me interrompendo.

— A senhora Miller está aguardando em um local reservado — informou.

Ignoro, pois se eu abrir a boca tenho certeza que vou vomitar. Fico com os olhos fechados, respiração acelerada, tontura, frio na barriga. O suor descendo pela minha nuca e pelas minhas costas. Oh my God³! Preciso sair daqui. Como se Deus escutasse, minhas súplicas às portas do elevador se abrem.

Saí desorientada do elevador, como se estivesse sendo sufocada. Respira um, dois, três…

Sinto a minha pele queimando sobre os olhos fixos do grandão que me encara. Me adiantei explicando:

— Não gosto de lugares apertados como esse — digo com a voz trêmula, quase sussurrada.

Ele não responde, apenas passa por mim, seguindo em diante. Ainda com as pernas bambas, me apresso para acompanhá-lo.

Andamos por alguns instantes logo paramos ao lado de uma porta de lintéis quadrados, Uau! Minha boca curvou em apreciação. Tudo aqui grita luxo, dinheiro, sofisticação.

Ouço a respiração do grandão parado ao meu lado me tirando dos meus pensamentos. Ele me observa fixamente, apenas dou de ombro e continuo andando, mas antes de conseguir dar mais de dois passos sou interrompida.

— Por favor aguarde aqui — diz.

— Antes a senhorita precisa passar pela revista obrigatória — informou.

Fez um sinal para outro segurança vir até nós.

O homem caminha em nossa direção trazendo algo em suas mãos que não consigo identificar.

— E um detector de metais, como o próprio nome diz, detecta qualquer tipo de arma metálica. — O grandão comenta como se soubesse meus pensamentos.

— Agora abra as pernas e os braços para poder passar o dispositivo ao redor do seu corpo. — Faço o que ele pede um pouco envergonhada, nunca senti um homem tão próximo como agora.

Depois de alguns instantes ele termina e acena confirmando minha passagem.

Durante nossa entrada em uma sala muito sofisticada percebi vários seguranças. Não há pessoas circulando, apenas uma senhora sentada em uma mesa.

Assim que me aproximo me apresento educadamente.

— Olá, sou a funcionária do senhor Powell. Estou aqui para entregar a sua nova aquisição. — Estendo a mão para cumprimentá-la, mas ela deixa minha mão estendida no ar. Minhas bochechas queimam. Parece que estou sobrando aqui. Parece não, estou.

— Sente-se — exigiu.

Me acomodo em umas das cadeiras, ficando em sua frente.

— Aurora Lancellotti, não é mesmo? — ela pergunta num tom de arrogância e eu confirmo.

— Pode entregar a jóia ao meu segurança, eles analisarão e se tiver tudo certo pode se retirar.

Concordo, fazendo o que ela mandou.

Depois de um longo silêncio constrangedor, uma mulher loira, se aproxima da senhora Miller e diz algo baixinho em seu ouvido. Logo a loira se afasta nos deixando a sós novamente.

— Seu serviço aqui não é mais necessário, retire-se. — Disse levantando uma das mãos mostrando a saída.

Levantei-me apressada para fazer o que ela mandou, não quero passar nenhum segundo a mais dentro desse hotel. Talvez toda essa arrogância seja contagiosa. Misericórdia.

Faço o meu caminho de volta, sendo acompanhada.

Quando estou passando pelas portas de lintéis quadrados, o grandão passa a me acompanhar até o elevador. Só de pensar meu peito sobe e desce de forma desenfreada.

Após uma breve oração silenciosa me encaminho para entrar no elevador, sinto um bolo se formando na garganta e uma angústia em meu coração. Lágrimas enchem meus olhos, mas não as deixo cair.

Entrando no elevador, o grandão pressiona o botão para descer. Isso me apavora. Eu queria correr, gritar, mas não conseguia. O medo me fez paralisar.

Tradução

Oh meu Deus³

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