DEANNA
Uma última olhada no espelho quase me fez chorar. Eu não queria estragar a maquiagem, que estava mais do que perfeita, mas eu me sentia linda. A mulher mais feliz do mundo.
Foram longas tempestades até eu chegar àquele ponto da jornada, mas valera a pena.
— Aí, amiga! Você parece uma princesa! — Cheryl falou.
— Parece mesmo, mamãe — a vozinha de Will estava empolgada, o que me deixava ainda mais contente. Por mais que ele tivesse recuperado a mãe, Jennifer e eu nos dávamos bem o suficiente para que ela não se sentisse chateada por seu filho ter em mim também uma figura materna. O menino chamava as duas de mãe.
Ele agora era um jovenzinho de oito anos, lindo, com um enorme potencial para partir coraçõezinhos de garotas por todo lado. Mas não se eu pudesse impedir. Queria que ele fosse justo, honesto, le
KADEFechando o último botão da camisa, dei mais uma olhada no espelho. Deslizei a mão pelos meus cabelos, ajeitando-os e passei um pouco de perfume. Estava pronto.Aquela era a minha chance. Depois de dois meses desempregado, vivendo das minhas economias, eu finalmente fui chamado para uma entrevista em uma multinacional, com um ótimo salário e um cargo ainda melhor do que eu tinha anteriormente. Era uma oportunidade imperdível, e eu iria dar o meu melhor para agarrá-la com unhas e dentes.Já estava quase pronto, apenas vestindo o blazer por cima da camisa branca, quando minha campainha tocou.Péssima hora...Fosse quem fosse, teria que retornar depois.Ainda assim, fui até a porta e a abri. Na pressa, nem sequer chequei o olho mágico, o que foi uma escolha muito infeliz da minha parte.De pé, segurando um bebê no colo, es
KADECompletamente nu, andava em direção à cama, onde ela jazia exausta. Era a terceira vez que me procurava, porque dizia que só eu conseguia deixá-la daquele jeito. Jogada sobre a cama, depois de gozar três vezes – nos meus dedos, na minha boca e no meu pau.Casada, esposa de um magnata do ramo petroleiro, insatisfeita e entediada. As minhas favoritas. Além disso, quarenta anos e muito, muito bonita. Como todas as minhas clientes, aliás.Eu estava há seis meses no ramo, mas já tinha “fama” suficiente para poder escolher. Elas pagavam bem, porque, modéstia à parte, eu era bom no que fazia. E a maioria delas sempre voltava. Stella, a mulher ainda ofegante sobre a cama do hotel, já tinha me encontr
DEANNA Eu gostava de ver o mundo de uma forma mais bela do que ele realmente parecia ser. Gostava de enxergar cores novas todos os dias, de buscar harmonia onde tudo parecia caos. Eu gostava de enxergá-lo em sépia, às vezes preto e branco, dependendo do meu humor. Mas, fosse como fosse, tudo era sempre mais simples através da minha lente. E o meu mundo passara a ser bem menos complicado desde que eu abri a minha gaiola e aprendi a voar. Um sorriso curvou meus lábios enquanto eu passava as últimas fotos que havia tirado. Eu tinha acordado cedo e aproveitado a golden hour da manhã – uma hora antes do nascer do sol &nd
KADE — Sim, Cheryl… eu a conheci — tentei fazer minha voz soar o mínimo entediada possível. Era difícil falar ao telefone naquele momento, mas eu não poderia cortá-la, já que era minha cliente. Com as mãos ocupadas, enquanto trocava a fralda de Will, prendi o telefone ao pescoço e à orelha. — O que achou dela? Porra… o que eu tinha achado de Deanna? Era até difícil expressar. A garota era linda. Não gata, não gostosa, embora fosse tudo isso… mas ela era simplesmente linda, no sentido mais etéreo da palavra. Suave. Delicada. Doce. Sorriso sincer
DEANNA Um casal sorridente, um grande CEO de uma empresa de cosméticos, várias celebridades e muitos influenciadores digitais. Milhares de fotos. Inúmeros sorrisos falsos. Assim a noite começou e foi seguindo. Tinham se passado apenas duas horas desde que comecei a trabalhar, mas eu já sentia as pernas doerem. Péssima ideia aparecer de salto alto, mas o nível do evento requeria algo mais formal. Eu não esperava encontrar Kade por ali. Muito menos contemplá-lo em um smoking, em toda a sua perfeição pecaminosa. Ele era, sem dúvidas, uma visão, e o fato de estar acompanhado não deveria me deixar surpresa. Por mais que tivesse afirmado que Monica não p
KADEPassei o resto da droga da festa inteira com os olhos voltados na direção de Deanna. Quando desaparecia das minhas vistas, eu a buscava por todo o salão, só para encontrá-la posicionada em cima de alguma cadeira ou ajoelhada no chão, buscando o melhor ângulo do palco.Quando estava parada, eu podia sentir seu cansaço e, por mais que o salão fosse refrigerado, cheguei a vê-la usando a mão para se abanar.Ao perceber isso, puxei um garçom e sussurrei em seu ouvido um pedido para que fosse até Deanna para serví-la. Fiquei feliz em perceber que pegou um copo d’água, fartando-se dela, mesmo que sequer imaginasse que eu o tinha providenciado.Aproveitei todo aquele tempo de inércia, enquanto Monica se divertia com outro convidado, que parecia muito interessado nela, par
DEANNAAcordei, sentindo-me um pouco desorientada. Abri os olhos devagar e tentei observar os arredores do quarto onde estava. Era um cômodo impessoal, contando apenas com uma cama, uma cômoda, um armário e outra porta que deveria ser de uma suíte.Tentei forçar minha memória para descobrir onde poderia ter dormido. Lembrava-me da festa, do trabalho e de… Kade.Bem, nem precisei de muito mais esforço para me lembrar onde tinha dormido. O bebê, eu fui a casa de Kade para ajudá-lo com seu filhinho. Deus, ele tinha um filho.Sentindo minha memória um pouco menos enevoada, passei a me recordar da nossa conversa no sofá e do quanto comecei a me sentir sonolenta. Ainda assim não me lembrava de ter chegado na cama. O que me deixava uma alternativa muito desconcertante: Kade tinha me carregado em algum momento daquela noite.Era estranho me sentir
DEANNA Era como acordar de um pesadelo, mas sem a sorte de poder respirar aliviada, porque não se tratava da realidade. Não… a minha vida real era muito mais assustadora. Kade entrou em casa comigo, com Will no colo, e praticamente me conduziu até o sofá, como se eu pudesse despencar a qualquer momento. Seus cuidados eram tão gentis, tão delicados, e isso afundava ainda mais o meu coração no peito, porque ele não poderia ser meu. Nem mesmo para a promessa que deixei em aberto sobre me permitir entregar, mesmo com prazo de validade. E eu estive a um passo de aceitar. Porque queria sentir. Precisava sen