ALINA A minha vida de irmã mais velha sempre foi muito agitada, pois dedico o meu tempo trabalhando como secretária do advogado Otton Borsi, vaga essa que me foi destinada, e também por cuidar dos meus irmãos Yanah e Ykaro, o caçula, que desde pequeno enfrenta problemas de saúde. Ainda bem que, nesse meio tempo, conheci pessoas que me ajudaram desde a morte da minha mãe, e uma delas é o padre Zaqueu e a senhora Zoraide, que é dona da pequena casa em que vivemos, casa essa tão falada por Yanah, por não ter quartos o suficiente para nós três. Nunca fui uma mulher de reclamar ou de me lamentar, agradeço o pouco que tenho. Assim como todas as pessoas desse mundo, eu tinha um sonho, mas foi interrompido, e só me restou aceitar o meu destino e o fardo ficou um pouco mais leve. Busco forças em Deus, porque tem dias que falta até o que comer e a vizinha tem que nos ajudar, não porque eu ganho mal no meu trabalho, e sim porque pago a melhor faculdade para Yanah e compro os medicamentos do m
MALVINO Administrar um dos maiores escritórios de engenharia civil e arquitetura não é tão fácil quanto pensam, por eu ser um homem muito exigente, não ponho o meu sobrenome e a minha reputação em jogo quando o assunto é contratação de profissionais renomados, competentes e talentosos para trabalharem ao meu lado. Martin é um deles, que se tornou o meu homem de confiança aqui na Cruz Engenharia, e abaixo dele, Luína, que é a nossa arquiteta chefe e a minha acompanhante de todos os eventos em que frequento, todos pensam até que somos um casal. Sempre fico com ela quando eu quero, mas nada que envolva amor, nada mais pode acontecer entre nós dois além de sexo e prazer. Afinal, fico com a mulher que eu quiser, e a que me diz não, eu a compro, amo o poder que o dinheiro nos dá de comprar tudo o que queremos, inclusive prazer. Quando acordei, fui praticar exercícios, e todas as manhãs tomo o meu café no jardim, me desligo totalmente do mundo quando estou na minha casa. O mordomo me en
ALINA O almoço continuou e eu fiquei calada, vendo Otton e Malvino conversarem. Dei graças a deus quando o mesmo falou que já ia embora. — Malvino, a nossa conversa está maravilhosa, mas tenho que ir, estou com muito trabalho acumulado, inclusive os seus. — Otton fala. — Eu também tenho que ir, foi um prazer, Otton — Malvino e Otton trocam um aperto de mãos. Para mim, somente olhares indecifráveis. Não sei se ele está me odiando ou gostando de mim. Ao voltarmos para a empresa, fico sentada à frente do meu computador e abro os arquivos para organizar uma pasta somente para os contratos do Malvino. No fim do dia, me espreguiço, já pensando na volta para casa, mas meu celular começa a chamar, e vejo ser o telefone da faculdade da Yanah. Atendi imediatamente. — Alô? — Atendo rápido. — Senhorita Alina, aqui é da direção da faculdade, ligamos para avisar que a senhorita Yanah foi detida por agredir outra aluna. Fico gélida na cadeira em que estou sentada, fiquei muda do out
MALVINO O trabalho consome todo o meu tempo, não tenho tempo nem mesmo de ir visitar a minha família, que mora em outra cidade, não muito longe daqui. Nas minhas férias, penso em ir visitá-los, nunca fui muito família, é por isso que até hoje estou sozinho e isso me basta, sinto-me bem assim. Ao sair do trabalho, acompanhado do meu motorista, fui a uma casa de mulheres, e, ao chegar lá, as mulheres se rendem aos meus pés, pareço mais um rei. Sou disputado por ser um dos melhores clientes, que paga muito bem as acompanhantes de luxo, bebo a minha bebida silenciosamente. Aqui, neste lugar, tem belíssimas mulheres, mas nenhuma como a secretária do Otton, não vejo o brilho no olhar delas, como vi no olhar daquela mulher simples. Sozinho, tomei uma decisão: quero Alina na minha cama. Tudo o que eu quero, eu compro, e com Alina não será diferente. Passei a noite aqui e escolhi uma mulher qualquer para satisfazer as minhas vontades e desejos. Afinal, pago sempre pelo melhor. NO DIA SE
ALINA Malvino só pode ser um homem enviado dos infernos para me atormentar, já não basta o que aconteceu com Yanah, agora um homem desses atrás de mim, me oferecendo dinheiro para me ter na cama, o que dói mais é como ele me humilhou. Tentei me recompor, andei rápido até a copa e pedi dois cafés para levar para Otton, entrei no escritório, deixando as duas xícaras, e nem olhei sequer para ele. Ao voltar à recepção, sentei-me à frente do computador, estou com medo desse homem influenciar Otton a me despedir, mas não deixarei transparecer as minhas fraquezas para esse ser ruim, não estou em paz com esse homem aqui. A porta abriu, já esperando ele vir até onde estou, mas ele passou direto para o elevador, minhas mãos ficaram geladas. Levantei rápido e fui buscar as xícaras para ver se o Otton me falaria algo a respeito da demissão. — Senhor Otton, vim buscar as xícaras! — Falo sem jeito, esperando a repreensão dele. — Claro, Alina. Por favor, leve, o café estava delicioso. — V
MALVINO Amanheci já em busca de praticar esportes. Quando cheguei em casa, liguei imediatamente o celular, e o diário, chamado Alina, começou a ser atualizado, leio toda a rotina dela, é um tanto quanto puxado pelo horário que ela sai de casa. Os jogos vão começar, Alina dispensou o homem errado. Calmamente, fiz a minha higiene, me arrumei antes de ir para o trabalho e tomei o meu café calmamente, sem pressa, porque é assim que consigo tudo o que eu quero, tudo. Durante o caminho para o trabalho, passei numa floricultura e escolhi as rosas mais vermelhas e vibrantes, para combinar com a sua beleza e o susto que ela vai levar. Assinei o cartão com uma pequena frase e ordenei que entregassem no trabalho da Alina. Queria muito ver a cara dela recebendo as flores, mas esse gosto não vou ter, mas, enfim… Cheguei na empresa e fui diretamente para o meu escritório. Luína ainda insiste em ficar comigo, ela usa todas as suas antigas táticas, começando a me dar massagem, o que antes me fazia
ALINA Fiquei muito assustada com a audácia do Malvino, e, se for verdade que ele me segue e está atento a cada passo que dou, a minha vida se tornará um inferno. Não posso conversar com Yanah sobre o que está me acontecendo, é bem capaz dela pedir que eu aceite a oferta desse homem ruim para melhorar a nossa vida financeira. Estou me sentindo tão acuada. Passei a manhã inteira trabalhando atenta a cada pessoa que chega no escritório do Otton pensando ser Malvino ou um enviado dele. Paro um pouco para respirar, eu não posso deixar esse homem tirar a minha paz, que é a única coisa que tenho. Decidi que não posso ter medo dele. Saí para almoçar com outra colega minha, recepcionista, e não vi ninguém suspeito atrás de mim. Aquele anjo mau quer me deixar em pânico, ele mentiu para me deixar assustada, mas não vai conseguir. Voltei para casa no fim do expediente, ainda com aquela desconfiança, mas, ao entrar em casa e ver minha família bem, fiquei em paz, quero muito acreditar que ele
MALVINO Dois dias se passaram após o baile de máscaras, trabalhei mais do que me permito trabalhar, cai totalmente de cabeça nas realizações de vários projetos. Não me contentei em somente ver o diário da Alina, é assim que classifico tudo o que chega em relação a ela, não lhe procurei mais durante esses dias e decidi que hoje quero vê-la, nem que seja para lhe tirar a paz, afinal, sinto que ela busca isso quando vai à igreja. Hoje, sou eu que vou segui-la, preciso que ela saiba que não desisti dela. E o dia não poderia ser tão satisfatório para mim quando recebi um envelope e um arquivo sobre a vida da Alina, sorri ao receber este presente. Quando abri o referido envelope, pensei que os três dias foram rápidos demais para uma investigação bem feita ou que Alina não tenha passado. Me tranquei no escritório e comecei atentamente a ler sobre a vida dela. Alina é a filha mais velha do casal Jair e Anita, a mãe era uma prostituta, e o pai era um pobre trabalhador, que após descobrir