Pareciam duas tigresas dispostas a saltar sobre sua presa, "se passar, vamos te despedaçar", isso
ecoava em seus gestos.—Minha mãe pode te expulsar quando quiser. Você só entrou na vida do meu irmão para arruiná-loaté a morte — repreendeu-a uma de suas cunhadas. E aquela não era a primeira vez que a tratavamdesta maneira, frequentemente eram muito hostis com ela, ao contrário de antes, Enzo sempre adefendia.—Tenha dignidade, pegue suas coisas e saia! — gritou a outra cunhada, enquanto chutava as roupas.A casa, sua casa, onde havia compartilhado tantos momentos felizes e tristes com seu esposo durantequatro anos, tornara-se um campo de batalha do qual estava sendo expulsa.No entanto, apesar da humilhação e dor, manteve-se firme. Apertou os punhos, tremendo deimpotência e raiva.—Senhora, Enzo acabou de morrer. Por favor, não façamos isso hoje. O que pensarão as outraspessoas de nossa família? Eu suplico, reflita — rogou Marlén com a voz entrecortada pelo choro.—Dirão que você é uma bruxa estéril que consumiu meu filho!Silvana desceu os degraus, apontando diretamente para Marlén.—Eu não sou uma bruxa. Já lhe disse muitas vezes que isso são apenas superstições infundadas —defendeu-se Marlén, mas suas palavras caíram em ouvidos moucos, já que sua sogra continuou comseu lamento de maldições e acusações, cada uma representando mais uma ferida que Marlén recebiacom o peito cheio de dor.—Se isso é verdade, então tire essas luvas e toque algo sem elas, prove para nós que você não é ummonstro prejudicial. Minha mãe viu você secar uma fruta e você insiste em fazer ela acreditar que estálouca — disse a mulher tentando retirar suas luvas, mas Marlén colocou as mãos atrás das costas.—Se fosse um monstro, machucaria as pessoas e nunca machuquei ninguém. O que tenho é... —Silvana não a deixou terminar.—Pare de dar explicações em vão, m*****a bruxa, você matou meu filho! Agora, saia da minha casa!Atualidade.Marlén sentia como se a maldição que sua sogra lhe atribuíra a perseguisse para onde quer que elafosse. Apesar de todos os esforços para fugir da dolorosa realidade, ela se considerava amaldiçoada,como se realmente fosse responsável pela morte de seu marido.O som de um telefone a tirou de seus devaneios, e ela respirou fundo antes de responder.— Olá Marlén, me diga como foi seu voo e se já está se divertindo. Não se esqueça de nadar, relaxare conhecer pessoas. Gastei o equivalente ao que meu rim esquerdo valeria, então aproveite cadasegundo considerando meu esforço - disse sua melhor amiga do outro lado da linha, e Marlén sorriufracamente.—Ainda sinto que isso é uma má ideia. Pede reembolso e volto para casa. Não acho prudenteaproveitar este hotel quando supostamente estou de luto pela morte de meu marido. Apenas passouum mês desde que o perdi.—Isso não se discute, Marlén. Você não vai trazer Enzo de volta.Mas é que...— Mas nada, Marlén. Até logo e aproveite.
Oito meses depois:Marlén estava em uma situação desesperadora como nunca antes em sua vida. Esta era a sétima vezque levava seu pequeno filho Mateo ao hospital. A rotina havia se tornado monótona: o choroincessante da criança, seguido por exames minuciosos e, para sua perplexidade, não parecia havernada de errado com o bebê de três meses de idade.No entanto, Marlén, como obstetra, sabia que algo não estava certo. Era uma raridade que Mateotivesse nascido prematuramente e completamente desenvolvido aos cinco meses de gestação. Alémdisso, havia uma série de coisas estranhas acontecendo com o bebê, para as quais ela não tinharespostas claras.Desde o nascimento, sua temperatura sempre havia sido mais alta do que o normal, e nas últimasocasiões parecia ter aumentado ainda mais. Mateo também emitia grunhidos e ronronados como os deum animal, e mostrava uma agilidade surpreendente para um bebê de sua idade, pois conseguia sentare engatinhar. Além disso, sua forma de morder os bri
Com os olhos arregalados, Marlén viu o pequeno corpo de seu bebê se desfigurando em formas grotescas, como se estivesse possuído por alguma força escura e maligna. Suas pernas diminutas se dobravam e retorciam de maneiras que desafiavam a natureza, e os delicados ossos rangiam audivelmente apesar do choro desgarrador do infante. E, para adicionar mais horror, uma camada de pelos brancos começava a cobrir sua pele macia. Marlén estava à beira das lágrimas, sem saber o que ou quem estava causando essa terrível mudança em seu filho. O que ela não sabia era que seu bebê estava passando por uma transformação em lobisomem diante de seus próprios olhos. Em contato com a floresta, com a natureza, o pequeno bebê era vítima da transformação e sofria enormemente no momento de sua primeira mudança para lobisomem.Absorta em sua desesperação, incapaz de entender o que estava acontecendo, ou o que poderia fazer, Marlén não percebeu a presença de um majestoso e gigantesco lobo branco com uma mecha
Alguns minutos antes:—Isso é assédio, vou chamar a polícia, não me siga - gritava Marlén desesperada para Elijah, que persistia em seguir seus passos com arrogância, o que a irritava profundamente. Porém, ele se divertia como nunca havia feito.—Acredite, a última coisa que quero é te seguir como se fosse seu maldito cuidador. Mas preciso saber onde mora e pare de falar comigo desse jeito. Tenho sido muito paciente com você. Ninguém teve a audácia de me tratar como você o fez e saiu ileso. Pulga ruiva!Ela se virou, com o rosto extremamente vermelho de raiva.Ele sorriu astutamente, lambendo lentamente os lábios."Adoro tirá-la do sério. Parece que vou me divertir muito". O supremo, afinal, depois de tantos anos, estava encontrando algo que lhe agradava, uma diversão.—Meu nome é Marlén. O fato de você ser um parasita gigantesco não lhe dá o direito de me chamar de nomes ofensivos. Tenta me fazer sentir inferior, mas não conseguirá. Sou mais forte do que aparento - ela apontava conse
—Assim é. Esse menino é meu filho.O anúncio supremo provocou um murmúrio generalizado entre os presentes. Tesa, a irmã de Elijah, deu um passo à frente e pensou que seus dois filhos, de 17 anos, não tinham tido a possibilidade de ter uma transformação humana, mas sim ainda estavam em suas formas de lobos.—É seu feitiço, é injusto que seu filho sim... - começou a dizer afetada, mas foi interrompida por um rosnado gutural de Elijah.Com uma autoridade inata, Elijah liberou uma onda de feromônios dominantes que obrigou todos a baixarem a cabeça em sinal de obediência. Todos, exceto Marlén e Mateo, se submeteram imediatamente a ele.Elijah olhou para Marlén mostrando uma mistura de surpresa e aborrecimento. Como não podia entender por que seus poderes não afetavam Marlén. Para ele, que sempre teve o controle, era um desafio."Até demônios e vampiros poderosos se dobraram diante de mim, o que diabos é esta mulher?", analisou Elijah enquanto a avaliava com o olhar....Minutos depois.Mar
O estrondoso som produzido pelo corpo de Elijah ao bater na parede não acordou Marlén. Embora ela franzisse o rosto ao sentir a queimadura que se desenvolveu em sua parte inferior do ventre, continuou dormindo.No entanto, isso não era o mais perturbador para Elijah. O que o perturbava era que o escudo que protegia Marlén de alguma forma lançou rajadas de magia no ar e uma pequena parte dessa magia o atingiu, caindo sobre sua anatomia.Elijah não sabia o que estava acontecendo, mas começou a sentir uma sensação estranha percorrendo seu corpo e, de repente, sua forma física mudou. Em vez de ser um homem imponente, ou um lobo alfa, ele se transformou em um adorável cachorrinho.~Atlas, o que significa isto? ~ Ele tentou se comunicar com Atlas, através do vínculo mental, mas não percebeu nada. Era como se não compartilhasse sua alma com o espírito de seu lobo.Desconcertado e confuso, olhou ao redor e percebeu sua nova aparência. Tinha uma pelagem macia e fofa, umas patinhas desajeitadas
—Quando é que passei de convidada a prisioneira? Sou adulta o suficiente para pedir permissão— reclamou Marlén para Elijah, sentindo-se frustrada. Respirando fundo, Elijah segurou Marlén pelo braço e começou a caminhar com ela em direção ao seu estúdio privado. Ainda estava furioso com o momento traumático que viveu durante a estranha transformação que teve. Como alfa supremo, considerava aquilo um golpe direto ao seu ego, pois estava convencido de que Marlén, com sua natureza diferente e misterioso poder, intencionalmente o havia transformado em um cachorrinho. Marlén debatia-se tentando libertar-se de seu agarre, sentindo uma mistura de confusão e raiva. Não conseguia compreender que tipo de pessoa Elijah era, muito menos entender como ele poderia tratá-la daquela maneira, sendo ela a mãe de seu filho. —Que tipo de pessoa você é? O fato de termos um filho não lhe dá o direito de me tratar da maneira que bem entender. Me solte imediatamente! — gritava furiosa.Quando chegaram ao est
"Eu também quero saber por que você tem esses poderes", Marlén se lembrava do que Elijah lhe disse antes de se afastar dela, como se quisesse manter uma barreira entre eles.Apesar da explicação de Elijah, Marlén se recusava a acreditar na existência de seres sobrenaturais, pois era algo que sua mente não conseguia assimilar.—Meu Deus! Até onde vai a loucura dessas pessoas. Seres superiores? Isso é absurdo! - disse Marlén rindo sem parar enquanto caminhava até os limites da matilha. Embora Elijah se recusasse a deixá-la sair, claramente ele não teria o prazer.—Por que este lugar é tão seco? - murmurou ela no momento em que notou a falta de vegetação e a aridez do ambiente, que contrastava com a aparente modernidade da pequena cidade.Cautelosamente, ela continuou andando, vendo como as pessoas que estavam fora de suas casas e realizando suas tarefas diárias a observavam.Marlén se sentia observada, como se estivesse em uma vitrine. Os olhos curiosos dos moradores a fitavam, e alguns