começou a sentir carícias incríveis que a faziam estremecer. As sensações percorriam seu corpo como
ondas no oceano, ela se submergia nelas, deixando-se levar pela corrente.— É realmente delicioso - balbuciou desajeitadamente e com voz entrecortada. Cheia deesquecimento e desespero, o riso borbulhou em sua garganta.— Água... estou com muita sede... água - soltou antes de explodir em risadas novamente. Suacabeça parecia flutuar, desvinculada de seu corpo, e por um momento, ela se sentiu livre.— É alucinante - murmurou, enquanto se submergia no prazer desconhecido. ..... No dia seguinte:Um lampejo de luz se filtrava através das cortinas, batendo em suas pálpebras fechadas, instigando-a aabrir os olhos. No entanto, em vez de fazê-lo, ela tentou se proteger da luz com uma mão, semsucesso.— Fechem as cortinas, é de muito mau gosto que entrem para limpar quando os clientes estãodormindo - murmurou com gesto cansado, segurou a almofada e a colocou sobre o rosto. No meio doprocesso, ela se remexeu confortavelmente nos lençóis macios de seda e soltou um murmúrio deprazer:— Embora não se possa negar que este hotel oferece um serviço muito bom. Mas seu momento detranquilidade foi interrompido pelo repentino e estridente som de um telefone que a tirou de seuletargo. Uma forte dor de cabeça lembrou as taças a mais que havia tomado na noite anterior. Semoutra opção, ela abriu os olhos e saltou da cama de um só movimento. O sono, a tontura e a dor decabeça desapareceram completamente, mas o que não desapareceu com tanta facilidade foi a dorlancinante e a estranha sensação em sua feminilidade que a fez entrecerrar os olhos atônita. Ela olhouao redor e o reconhecimento tardio se desenhou em seu rosto. "Este não é meu quarto, como é queestou aqui?", pensou horrorizada, sem tirar os olhos da cama bagunçada que parecia um ninho delençóis revirados. Ao dar dois passos para trás, sentiu que pisava em algo e, olhando para baixo,deparou-se com seu vestido feito em pedaços.— O que diabos! - exclamou, cobrindo a boca, escandalizada. Ela olhou para suas mãos. - Ai, não,minhas luvas! - ofegou.—Você é realmente muito barulhenta - uma voz profunda, pausada, autoritária e ressonanteinterrompeu seu pânico. Com os olhos arregalados, concentrou-se no homem que estava de costas,olhando pela janela de vidro. Ele era grande em comparação com ela, descalço e vestindo calçascompridas que abraçavam suas pernas musculosas. Suas costas largas, robustas e lindamente tatuadasestavam expostas.—Espera!, eu passei a noite na cama de um estranho? - murmurou incrédula, já que esse tipo deerro não acontecia com ela. Seus olhos se abriram desmesuradamente ao voltar o olhar para o homemde cabelos brancos, que chegavam até os ombros. -Não, o que eu fiz? E ainda por cima com umhomem mais velho, com certeza é um avô... - choramingou, sem suportar a ideia do que estavaacontecendo, e suas lágrimas ameaçavam transbordar.— Avô, homem mais velho?!Marlén tremeu quando o rosnado de Elijah ressoou no quarto. Mas seu tremor se intensificou quandoele se virou para enfrentá-la e percebeu que não era um avô de jeito nenhum, mas sim um homemjovem, surpreendentemente atraente, com olhos azuis vibrantes e intensos, traços finos masimponentes, e com uma aura dominante que a deixou sem fôlego.Ela tentou olhá-lo por vários segundos, mas encontrou dificuldade em manter o olhar fixo nos olhosdele, pois parecia estar forçando-a a baixar a cabeça.—Uma pulga ruiva ousa me insultar? — repreendeu-a, olhando-a com desdém, sem mover um únicomúsculo de seu rosto.Marlén piscou várias vezes; sua boca abriu e fechou em uma tentativa de formular uma resposta, masnada saiu. Ela estava boquiaberta demais para falar.—Isso... não sei como aconteceu, mas sem dúvida foi um erro — conseguiu dizer gaguejante,
segurando a coberta que a envolvia enquanto se curvava para pegar sua bolsa e sapatos, as únicascoisas que restavam de suas roupas.—Sem dúvida foi! Quando se tem fome, não se olha para a qualidade da comida. E embora eu sejamuito exigente, ontem à noite a necessidade venceu. Você pode ir embora, eu já me servi de você, —acrescentou Elijah, olhando por cima do ombro.Marlén sentiu um aperto na garganta. As lágrimas continuavam a picar atrás de suas pálpebras, masela sentia que chorar na frente dele seria perder a pouca dignidade que lhe restava, então segurou-se,sem ter ideia de que ele podia cheirar suas emoções.—Realmente, perdi o controle, porque, em sã consciência, nunca dormiria com alguém tãoinsuportável. Espero nunca mais te ver na minha vida, — afirmou Marlén, antes de sair apenas com acoberta que cobria sua nudez, deixando para trás um Elijah completamente desconcertado e com umaexpressão indecifrável.Ela estava atônita com o que acabara de fazer. Ela não conseguia acreditar que tinha se atrevido atanto. Ela se repetia vezes sem fim que não era assim, que não era uma mulher que iria para a camacom um estranho por uma aventura de uma noite, não importa o quão bêbada estivesse. Ainda nãoconseguia se lembrar de como tinha ido parar naquele quarto, e mesmo assim, não se atreveu aperguntar. Embora a vontade de voltar atrás e enfrentá-lo não lhe faltasse.Ao chegar ao seu próprio quarto, correu direto para o banheiro. Parou em frente ao espelho, deixandocair a coberta que a envolvia.Seu reflexo mostrou várias chupadas no pescoço, e quando seu olhar desceu, ela viu uma mordida emum de seus seios.—Meu Deus! O que esse louco me fez? — murmurou escandalizada, tocando as marcas comincredulidade e enquanto se examinava, notou que algo não estava certo. Sentiu uma dor aguda emseu abdômen e colocou as mãos sobre ele na tentativa de aliviar.—O que está acontecendo comigo?!Oito meses depois:Marlén estava em uma situação desesperadora como nunca antes em sua vida. Esta era a sétima vezque levava seu pequeno filho Mateo ao hospital. A rotina havia se tornado monótona: o choroincessante da criança, seguido por exames minuciosos e, para sua perplexidade, não parecia havernada de errado com o bebê de três meses de idade.No entanto, Marlén, como obstetra, sabia que algo não estava certo. Era uma raridade que Mateotivesse nascido prematuramente e completamente desenvolvido aos cinco meses de gestação. Alémdisso, havia uma série de coisas estranhas acontecendo com o bebê, para as quais ela não tinharespostas claras.Desde o nascimento, sua temperatura sempre havia sido mais alta do que o normal, e nas últimasocasiões parecia ter aumentado ainda mais. Mateo também emitia grunhidos e ronronados como os deum animal, e mostrava uma agilidade surpreendente para um bebê de sua idade, pois conseguia sentare engatinhar. Além disso, sua forma de morder os bri
Com os olhos arregalados, Marlén viu o pequeno corpo de seu bebê se desfigurando em formas grotescas, como se estivesse possuído por alguma força escura e maligna. Suas pernas diminutas se dobravam e retorciam de maneiras que desafiavam a natureza, e os delicados ossos rangiam audivelmente apesar do choro desgarrador do infante. E, para adicionar mais horror, uma camada de pelos brancos começava a cobrir sua pele macia. Marlén estava à beira das lágrimas, sem saber o que ou quem estava causando essa terrível mudança em seu filho. O que ela não sabia era que seu bebê estava passando por uma transformação em lobisomem diante de seus próprios olhos. Em contato com a floresta, com a natureza, o pequeno bebê era vítima da transformação e sofria enormemente no momento de sua primeira mudança para lobisomem.Absorta em sua desesperação, incapaz de entender o que estava acontecendo, ou o que poderia fazer, Marlén não percebeu a presença de um majestoso e gigantesco lobo branco com uma mecha
Alguns minutos antes:—Isso é assédio, vou chamar a polícia, não me siga - gritava Marlén desesperada para Elijah, que persistia em seguir seus passos com arrogância, o que a irritava profundamente. Porém, ele se divertia como nunca havia feito.—Acredite, a última coisa que quero é te seguir como se fosse seu maldito cuidador. Mas preciso saber onde mora e pare de falar comigo desse jeito. Tenho sido muito paciente com você. Ninguém teve a audácia de me tratar como você o fez e saiu ileso. Pulga ruiva!Ela se virou, com o rosto extremamente vermelho de raiva.Ele sorriu astutamente, lambendo lentamente os lábios."Adoro tirá-la do sério. Parece que vou me divertir muito". O supremo, afinal, depois de tantos anos, estava encontrando algo que lhe agradava, uma diversão.—Meu nome é Marlén. O fato de você ser um parasita gigantesco não lhe dá o direito de me chamar de nomes ofensivos. Tenta me fazer sentir inferior, mas não conseguirá. Sou mais forte do que aparento - ela apontava conse
—Assim é. Esse menino é meu filho.O anúncio supremo provocou um murmúrio generalizado entre os presentes. Tesa, a irmã de Elijah, deu um passo à frente e pensou que seus dois filhos, de 17 anos, não tinham tido a possibilidade de ter uma transformação humana, mas sim ainda estavam em suas formas de lobos.—É seu feitiço, é injusto que seu filho sim... - começou a dizer afetada, mas foi interrompida por um rosnado gutural de Elijah.Com uma autoridade inata, Elijah liberou uma onda de feromônios dominantes que obrigou todos a baixarem a cabeça em sinal de obediência. Todos, exceto Marlén e Mateo, se submeteram imediatamente a ele.Elijah olhou para Marlén mostrando uma mistura de surpresa e aborrecimento. Como não podia entender por que seus poderes não afetavam Marlén. Para ele, que sempre teve o controle, era um desafio."Até demônios e vampiros poderosos se dobraram diante de mim, o que diabos é esta mulher?", analisou Elijah enquanto a avaliava com o olhar....Minutos depois.Mar
O estrondoso som produzido pelo corpo de Elijah ao bater na parede não acordou Marlén. Embora ela franzisse o rosto ao sentir a queimadura que se desenvolveu em sua parte inferior do ventre, continuou dormindo.No entanto, isso não era o mais perturbador para Elijah. O que o perturbava era que o escudo que protegia Marlén de alguma forma lançou rajadas de magia no ar e uma pequena parte dessa magia o atingiu, caindo sobre sua anatomia.Elijah não sabia o que estava acontecendo, mas começou a sentir uma sensação estranha percorrendo seu corpo e, de repente, sua forma física mudou. Em vez de ser um homem imponente, ou um lobo alfa, ele se transformou em um adorável cachorrinho.~Atlas, o que significa isto? ~ Ele tentou se comunicar com Atlas, através do vínculo mental, mas não percebeu nada. Era como se não compartilhasse sua alma com o espírito de seu lobo.Desconcertado e confuso, olhou ao redor e percebeu sua nova aparência. Tinha uma pelagem macia e fofa, umas patinhas desajeitadas
—Quando é que passei de convidada a prisioneira? Sou adulta o suficiente para pedir permissão— reclamou Marlén para Elijah, sentindo-se frustrada. Respirando fundo, Elijah segurou Marlén pelo braço e começou a caminhar com ela em direção ao seu estúdio privado. Ainda estava furioso com o momento traumático que viveu durante a estranha transformação que teve. Como alfa supremo, considerava aquilo um golpe direto ao seu ego, pois estava convencido de que Marlén, com sua natureza diferente e misterioso poder, intencionalmente o havia transformado em um cachorrinho. Marlén debatia-se tentando libertar-se de seu agarre, sentindo uma mistura de confusão e raiva. Não conseguia compreender que tipo de pessoa Elijah era, muito menos entender como ele poderia tratá-la daquela maneira, sendo ela a mãe de seu filho. —Que tipo de pessoa você é? O fato de termos um filho não lhe dá o direito de me tratar da maneira que bem entender. Me solte imediatamente! — gritava furiosa.Quando chegaram ao est
"Eu também quero saber por que você tem esses poderes", Marlén se lembrava do que Elijah lhe disse antes de se afastar dela, como se quisesse manter uma barreira entre eles.Apesar da explicação de Elijah, Marlén se recusava a acreditar na existência de seres sobrenaturais, pois era algo que sua mente não conseguia assimilar.—Meu Deus! Até onde vai a loucura dessas pessoas. Seres superiores? Isso é absurdo! - disse Marlén rindo sem parar enquanto caminhava até os limites da matilha. Embora Elijah se recusasse a deixá-la sair, claramente ele não teria o prazer.—Por que este lugar é tão seco? - murmurou ela no momento em que notou a falta de vegetação e a aridez do ambiente, que contrastava com a aparente modernidade da pequena cidade.Cautelosamente, ela continuou andando, vendo como as pessoas que estavam fora de suas casas e realizando suas tarefas diárias a observavam.Marlén se sentia observada, como se estivesse em uma vitrine. Os olhos curiosos dos moradores a fitavam, e alguns
Por seu lado, Elias encontrava-se em frente à imponente sala de reuniões, uma câmara exterior do seu palácio onde se realizaria a assembleia.Embora fosse um alfa supremo, tinha conselheiros, lobos antigos com quem discutia todos os assuntos relativos à alcateia e que tinham o direito de o repreender se ele fizesse algo de errado. Assim, estava à espera do seu beta, que cumpria um mandato seu fora da alcateia. -Supremo, sinto a tua irritação, o que se passa contigo? - perguntou enquanto se aproximava dele com o sobrolho franzido.-Não tenho nada, e pára de mexer no nosso laço, seu beta irritante," censurou-o Elijah, enquanto arrumava o cabelo num rabo-de-cavalo.-Sei que estás a esconder alguma coisa. Sabes que não pretendo sentir o que estás a sentir, mas estás sempre zangado ou inabalavelmente frio. Há anos que as tuas emoções são a preto e branco", murmurou Lúcio, olhando para o chão.Elijah, com as mãos nos bolsos da frente das calças, hesitou antes de lhe dizer:-Bem, eu digo-te.