Capítulo 02

NARRAÇÃO DE ALEXANDER....

Pilotei a moto em alta velocidade, meu maior pesadelo se tornou realidade. Fiz de tudo para eles não trazerem essa noiva arranjada, pra cá. Quando os vi no casarão, meu mundo despencou.

Molhei a parte interna do capacete, com minhas lágrimas. Meu coração estava födido, essa é a verdade!

O tempo em que fiquei na fazenda do tio Gabriel, vi como ele trata seus filhos com amor, respeita suas escolhas, mesmo que surte, a escolha final é dos filhos. Foi mais um motivo para sofrer, tio Jhonny, tio Gabriel e tio Nicolás são homens de caráter e amam seus filhos. Meu pai quer mais que eu me fodä! Cresci levando porradä na cara. Sempre quando acontecia algum "incidente" ou quando "matava" um dos seus seguranças, levava soco na cara! Nunca existiu carinho, fato esse que só facilitou, para me tornar mais rebelde. Os socos na cara nem faziam mais efeito, não doíam mais. Levava o soco e saía tranquilo de seu escritório, cuspindo sangue, escovava meus dentes e ia para escola, louco para arranjar uma bela confusão. Cresci assim! E acho que Klaus, aquele que se diz meu pai, não estava mais dando conta. Mandou que eu fosse para a fazenda do tio Gabriel, alegando que passaria as férias com eles. Como meus primos estavam todos lá, fiquei animado. Quanto menos contato com meu pai, melhor! Desde quando cheguei, aprontei um pouco.

Cheguei matando um velho motoqueiro, que queria briga com meu primo no bar, depois matei um capanga do tio Gabriel. Soubemos que tio Gabriel tinha um refém, na casa da tortura, um estuprädor. Roubamos o prisioneiro, porque eu e meus primos também queriamos torturar o desgraçädo, resumindo, matamos sem querer. Tio Gabriel ficou putö! Nosso castigo foi maravilhoso. Ele drogöu, eu , Noah e Davi,seu próprio filho, com cogumelos da fazenda. Acho que foi o melhor castigo que já tive. Amo ficar doidão! Ah! Também matei uma garçonete do pub da fazenda e seu marido ou namorado, até hoje não faço idéia do que eles eram. Para a minha defesa, desta vez, foi legítima defesa. A mulher estava em surto com uma faca na mão porque eu não queria mais comer sua bocetä, sim! Ela era o meu lanche. Inclusive o marido dela me deu uma surra quando me pegou no flagra, bem no momento que comia o räbo dela. Só apanhei porque o cara tinha dois metros e devia pesar uns 120 quilos, só de músculo! Ele parecia com aquele negãö que fez o filme "À espera de um milagre". Na verdade, apanhei pouco, os capangas separaram a briga pois ele não podia me matar, já que sou a porrä de um herdeiro da Máfia Russa e preciso está vivo para casar. O que eu aprontei mais? Céus, foram tantas coisas...acho que, só comigo, o tio Gabriel tem motivos de sobra para ser tão surtado. Haaam... Aaah! Lembrei, dröguei meus tios Gabriel, Nicolás, Jhonny e o Leonardo (filho do tio Nicolás), colocando LSD na bebida deles.

Nossa! Eles ficaram desesperados, no dia seguinte, todos preocupados com suas esposas e Leonardo com sua noiva. Ficaram loucos por passarem um dia sem entrar em contato com elas. Sinceramente, achei desnecessário o surto deles, afinal era a despedida de solteiro do Leonardo, não faz mäl ficar chapado e curtir, se aparecessem outras mulheres. Afinal o nome já diz tudo, "Despedida de solteiro", mas eles não pensam assim e o Tio Gabriel me castigou da pior forma, não me deu cogumelo e me fez limpar a fazenda, todos os dias. O herdeiro da Rússia era obrigado a varrer e passar pano no chão, todo dia! Será que aprontei mais? Aaah! Comi uma professora na escola pra depois denunciar na diretoria, me fazendo de vítima, dizendo que ela abusou de mim. Tenho 17 anos, fiz de propósito, a professora cismou com minha prima e fez de sua vida um infernö na escola! Ah! Também peguei a sobrinha da professora e fiz a titia, assistir a sobrinha chupar meu päu, na biblioteca. Quebrei o coração da vagabundä, com sucesso.

Será que tem mais alguma coisa? Sumiço de Lilly já contei. Inclusive estou a caminho da fazenda secreta, quase saindo da cidade. Preciso ver se ela precisa de alguma coisa e avisar que minhas visitas ficarão um pouco mais limitadas, já que meu pai e os seguranças da Máfia Rússia estão na cidade. Bom, por que contei tudo isso? Para dizer que não sou nenhum santo! Minha história não é de um mocinho, vítima de uma família filha da putä, aliás, a minha. Não, sou atentado, prá carälho! Tio Gabriel me chama de psicopata às vezes, na verdade, a maioria das vezes.

Cheguei até acreditar que era um psicopata... tanto que ele fala! Nunca amei uma mulher, mato sorrindo. Não beijo na boca em hipótese alguma!

Porém, tio Gabriel está enganado. Não sou um psicopata! Psicopatas não tem sentimentos. Eu tenho. Estou chorando, não estou? Estou cuidando de uma garota de quinze anos e sua vida vai muito bem, graças a mim.

Cheguei na fazenda escondida. Parei com a moto em frente à porteira.

De longe vi Lilly, regando sua horta. Ela adora plantar essas coisas. Assim que me viu, soltou o regador no chão, arrancou as luvas de jardinagem e correu em minha direção, rindo como uma menina. Quem olha, não acredita que tem quinze anos... tem corpão de mulher. Desde quando ela ficou órfã, joguei no lixo aquelas roupas que seus pais a obrigavam usar e passei comprar suas roupas, decentes e ou indecentes. Fodä-se! Eu não sei comprar roupas! Sempre peço ajuda às atendentes quando decido comprar novas roupas. Desta vez ela está de jardineira jeans, combinando com o trabalho de cuidar de sua horta, mas acho que comprei um número menor, já que está justa, em seu corpo. Ela corria, fazendo barulho da bota de couro batendo no chão, subindo a terra vermelha. Ela ria tanto, sem imaginar que, dentro do capacete, meu rosto estava inchado de tanto chorar, feito um filho da putä. Ela abriu a porteira e pulou em meus braços, com um abraço bem apertado. - Eu já falei prá parar de ficar me abraçando deste jeito! Odeio abraços apertados.

- Ale! Acabou de brotar um pequeno tomate, na horta! - Suspirei, tirando o capacete. Ela parou de sorrir no mesmo segundo.

- O quê?!

- Meu pai está na cidade...

- Não... - O semblante de Lilly despencou. Seu maior medo, também era a chegada do meu pai, porque sabia que minha noiva viria junto. Os planos do meu digníssimo pai são que eu case e volte para Rússia. Isso seria um problemão para Lilly. Sem parentes, com apenas 15 anos..Orfanato? Conselho tutelar? Sem contar que seus pais eram pobres de marré, não tinham nada!

- Não posso demorar, Lilly. Preciso ser discreto com as minhas visitas.

- Alexander... - Lilly olhou-me abatida.

- Apenas confia. Eu não vou casar! Tio Gabriel disse que vai me ajudar. Pega uma água pra mim, pelo amor de Deus. - Pedi tirando meu casaco. Fechei a porteira e observei Lilly correr até a casa.

Caminhei até a varanda e sentei na sacada. Observei como Lilly aproveita o tempo livre, deixando a fazenda secreta impecável. Ela voltou com um copo de água. Totalmente nervosa.

- Tem certeza que Gabriel está do seu lado?!

- Claro que sim! Ele falou comigo. Meu pai só precisa sair da fazenda. - Lilly olhou para o chão, tentando esconder sua preocupação.

- Ôô, garota, já falei que não vou deixar você desamparada.

- Se você for levado, não terei para onde ir! A comida vai acabar, terei que voltar para cidade onde estou como desaparecida. Não quero parar em um orfanato, Alexander. Gosto desta liberdade! Gosto de plantar tomates e tomar banho de chuveirão, quando está calor!

- Você não vai para nenhum orfanato, Lilly! Relaxa aí. - Falei incomodado. Olhei Lilly suspirar e sentar ao meu lado, mesmo comigo acendendo um cigarro, ela deitou a cabeça em meu ombro. Já até me acostumei com esse seu jeito infantil.

- O pouco tempo que você tem, dá pra tomar banho no açude comigo? - Lilly perguntou, esperançosa.

- Não. Meu pai está na cidade. Eu praticamente fugi dele, deixei recado com tio Gabriel, avisei que voltaria logo. Precisa de alguma coisa na cidade?

- Sim.

- O quê?

- Vou pegar a lista. - Lilly correu para dentro da casa e voltou com um papel.

- Anotei algumas coisas. Não esqueça das sementes de abóbora.

- Tá... - Levantei já saindo da varanda, joguei o cigarro fora e guardei o papel no bolso.

Ia sair mas Lilly me abraçou pela cintura e deitou sua cabeça em meu peito. Respirei fundo, esperando ela me soltar. Não sou de demonstrar carinho, nem afeto, diferente dela. Mesmo sabendo que não retribuo, ela não se acanha, parece uma criança querendo carinho.

- Já pode me soltar. - Disse impaciente. - Já passou de três segundos. - Ela riu e soltou minha cintura.

- Não esqueça das sementes!

- Você já falou!

- Porque a última vez, você esqueceu.

- É. - Forcei um sorriso. Eu não esqueci, só não comprei pois não sei onde encontrar essa porrä e tenho preguiça de procurar.

- Ale, fica bem!

- Pode deixar. - Ela sorriu e acenou se afastando. Pegou as luvas de jardinagem novamente, pronta para voltar a cuidar da horta. E lá vou eu fazer essas compras, antes de enfrentar meu pai.

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