capítulo 2

            SARAH

A vida de estudante pode ser desafiadora; em alguns momentos é cansativa e, em outros, monótona. Atualmente, estou no último ano da faculdade, cursando Pedagogia com ênfase em Educação Infantil e Adolescente. Meus pais se esforçam ao máximo para arcar com as despesas da minha formação.

Em razão do esforço que meus pais fazem, dou o meu melhor, mesmo que, às vezes, me sinta cansada das aulas que considero monótonas. Após a última aula, eu e minhas amigas, Vitória e Daiana, decidimos ir à sorveteria da cidade.

Meu nome é Sarah, tenho 19 anos, sou solteira e nunca namorei ou até mesmo beijei algum garoto. Não é por falta de oportunidades, mas porque nenhum dos rapazes que conheci até agora me agradou. Sinto que os meninos da faculdade são bastante imaturos e, para mim, isso não é aceitável. Minhas amigas parecem se contentar com isso, enquanto eu busco algo mais significativo.

Meu pai é delegado na cidade e também é apaixonado por caça; ele adora sair para caçar nos finais de semana, considerando isso um momento de lazer fora do trabalho. Minha mãe não está mais empregada, mas dedica seu tempo a causas sociais, auxiliando em orfanatos e asilos, e frequentemente a acompanho nessas atividades.

Vitória: Sarah parece estar sonhando acordada novamente.

Saio do meu devaneio com a vitória me chamando.

Sarah: O que eu perdi? Estava distraída.

Daiana: Notamos que, ultimamente, você tem estado bem distraída.

Estávamos comentando sobre os novos rapazes da nossa sala. Você não percebeu o quanto são atraentes?

Sarah: Não reparei nem em quem entrou hoje.

Daiana: Sarah, acho que você poderia ser um pouco mais ousada! Se continuar assim, vai acabar envelhecendo sem ter perdido sua virgindade.

Vitória: ou ela não se interessa por nenhum homem, porque tem um gosto diferente do nosso.

Sarah: Claro que não, vitória! Você está maluca! Não tenho nada contra quem gosta do mesmo sexo, mas isso definitivamente não é para mim.

Daiana: Isso explicaria uma garota de 19 anos que ainda é virgem e nunca teve um namorado.

Sarah: Não me levem a mal, meninas, mas eu não sou como vocês, que são mais ousadas. Eu sou mais reservada e espero pelo cara certo.

Não desejo me entregar a alguém que possa me magoar. Vocês costumam se envolver com meninos imaturos e, muitas vezes, acabam se machucando por causa disso. Enquanto vocês acreditam que eles estão se comprometendo com vocês, acabam se decepcionando ao vê-los beijando outras garotas na sua frente. Se for assim, prefiro continuar sendo virgem.

Coloco minha mochila nas costas e sigo meu caminho para casa, que fica a aproximadamente 20 minutos da faculdade.

Estava imersa em meus pensamentos quando uma moto parou à minha frente, o que me assustou. Ao olhar, vi que era o Calebe, meu amigo de infância, que retirou o capacete e sorriu para mim.

Caleb: Ei, Sarah, que tal eu te oferecer um sorvete em troca dos seus pensamentos?

Sarah: Você vai ter que me pagar vários, Caleb, porque eu tenho tantas coisas na cabeça que você nem imagina. Você não deveria estar aqui, deveria estar na delegacia.

(Caleb é policial e trabalha na delegacia do meu pai.)

Caleb: Seu pai pediu para que eu te acompanhasse até em casa.

Sarah: Sério? Não estou acreditando! Meu pai e suas manias de achar que ainda sou criança.

Caleb: Ordem do delegado. Você sabe como é, né? Sobe aqui.

Olhei para a moto e voltei a olhar para o Caleb.

Sarah: Só subo se me levar até aquela floresta distante da cidade, onde íamos quando éramos crianças.

Caleb: Você sabe que seu pai te proibiu de ir lá, não sabe?

Sarah: Ele não precisa saber, só nós dois.

Ele sorri de forma travessa e me entrega o capacete. Subo na moto e ele acelera. Eu adoro essa adrenalina de andar de moto; é a melhor sensação. Caleb e eu sempre fomos mais do que amigos; somos como irmãos. Ele praticamente cresceu na minha casa, depois que os pais dele faleceram em um acidente de carro. Assim que chegamos à floresta, descemos da moto e seguimos em direção ao lago que havia lá.

Sentei-me e fiquei admirando aquele lindo lago que havia na floresta.

Caleb: O que levou você a vir aqui após tantos anos, piralha?

Sarah: Às vezes, sinto-me desmotivada e percebo que minhas amigas, que eu acreditava serem verdadeiras amigas, insistem em me incentivar a me relacionar com qualquer homem, como se isso fosse o que eu realmente precisasse. Essa situação tem gerado conflitos entre nós. Na verdade, sinto que apenas você, Caleb, é quem realmente me compreende e não me julga.

Caleb: Elas, por serem como são, mulheres fáceis podem querer que você também se comporte assim. Mas não deixe que o conselho delas te influencie. Pode ser que sintam ciúmes por você ser uma mulher linda, estudiosa e admirada por muitos homens, enquanto elas têm uma reputação diferente. Entende?

Não consigo evitar de rir do jeito que o Caleb fala.

Caleb: Vou dar um mergulho, você não vem, piralha?

Sarah: Hoje eu deixo só para você, seu chato.

Ele mergulha no lago com as roupas que está vestindo e começa a jogar água em minha direção. De repente, um barulho atrás da árvore me pega de surpresa e me levanto para investigar. Quando olho, deparo-me com uma cena inimaginável: um lobo, bem na minha frente, me encarando como se eu fosse uma presa. Estranhamente, não sinto medo, mas uma sensação curiosa percorre meu corpo, como se algo estivesse despertando dentro de mim.

Levo um susto quando ouço Caleb chamar meu nome.

Caleb: Sarah!

Dirigi meu olhar na direção de Caleb, que se aproximava rapidamente. Em seguida, voltei minha atenção para o lobo, que me observava de forma peculiar; parecia mais interessado em me estudar do que em me atacar. Seus olhos brilhantes e vermelhos não me causaram temor. De repente, um calafrio percorreu minha espinha, e, como em um ato de mágica, ele desapareceu entre as árvores. Tentei segui-lo, mas, em questão de instantes, ele havia simplesmente sumido.

Paro no meio daquela floresta, observando ao meu redor, mas não encontro nenhum sinal dele. Fico assustada quando alguém toca meu ombro, e acabo gritando.

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