Ana Lis. Sentindo minha pele febril, desci as escadas sem pressa alguma e completamente apática para ir à faculdade. Usava uma roupa leve e sapatilhas confortáveis, não queria nada que me incomodasse.Meus joelhos ameaçavam ceder à medida que eu dava os passos, sentia meu corpo sofrendo a dor da maldade humana. E de sobra, meu pescoço ganhou um hematoma causado pelos dedos de Adriel.— Bem, só precisava da sua assinatura.Parei no meio do corredor quando ouvi a voz firme e um tanto familiar, era um som grave que eu reconheceria de longe, sem confundir.No instante em que entrei em alerta, dobrei os joelhos e fiquei agachada no canto da parede alta que poderia esconder até cinquenta Ana Lis.— Ok, nos vemos daqui à meia hora. Adriel estende o braço para um aperto de mão.— Até lá.Igor sai rapidamente em direção a porta. Soltei um gemido baixo e o ar dos pulmões.Meu orientador não me disse que Igor trabalhava justo na empresa dos Lobos. Isso mudaria tudo, eu jamais teria colocado o
Pronunciar abertamente a frase ‘meu marido’, tornou-se um pequeno desafio. Ainda estou lidando com a ideia de ser casada com alguém tão poderoso e destemido, como Adriel Lobo. — Eu tentei falar, mas você sempre desconversa.Apertou o lábio ao dizer, num gesto divertido ele levantou às duas sobrancelhas. Interpretei como se ele dissesse "não me julgue, a culpa é sua."— Igor é o recente CEO do grupo B da ‘M&G'Lobos’Fiquei estupefata com a notícia, claro que é uma novidade perfeita para o meu avanço. Eu fui uma ferramenta para os planos malignos da família, agora Igor será a minha ferramenta primordial para os negócios.— Isso é ótimo.Não consegui evitar um sorriso. Se tem algo que estou aprendendo em meio a podridão dos Lobos, é dançar conforme o ritmo da música. Se tropeçar cai, e se cair, eles não pisam, e sim, esmagam. Como se eliminasse um inseto peçonhento.Igor era uma pequena luz em meio ao negrume daquela vasta escuridão. — O seu projeto já é um sucesso! Tenho que parabeni
Fui arremessada para o lado sem cuidado algum, minhas costas bateram de forma brusca no chão frio. Instintivamente arqueei o corpo por conta da forte dor que senti.— Adriel, me tira daqui.Cecília continuava alimentando um ar de sofrimento, enquanto isso, eu buscava fôlego a quase um metro de distância deles.— Pelo amor de Deus! Tive que colocar a roupa às pressas ouvindo essa gritaria entre vocês.Reclamou pelo simples motivo de eu causar problemas.Meu marido direcionou um olhar acusatório especialmente em minha direção, e este, me incriminava e sentenciava como a única culpada pelo ocorrido. A mulher engatinhou em direção a Adriel, como se estivesse escapando das minhas garras. A dor no corpo foi esquecida quando um olhar profundo e hostil foi lançado a mim. Suas irises verdes estavam escuras como o breu. Nunca havia presenciado Adriel tão transtornado.— Drii... — choraminga.Fiquei enojada com o apelido que soava melodramático, entre soluços. Todavia, aquela cena era digna de
— Vou manter distância dela, eu prometo.— É bom mesmo. Não me faça passar vergonha novamente! Diz em seu habitual tom seco. Estava parado à minha frente, bloqueando minha passagem. Sua amante deveria ao menos ter a decência e não frequentar a casa em que vivemos como marido e mulher, mesmo que esta união seja apenas judicialmente. — Garanto que não se repetirá, Adriel. Minha voz saiu baixa e forçada, as mãos tremiam de raiva enquanto eu apertava a bolsa contra o estômago, estava de cabeça baixa e fiquei assim até que ele desaparecesse no fim do corredor. Quando tive a certeza de estar só, saí praticamente correndo, com a respiração ofegante e passos precisos, as lágrimas desciam incontroláveis pelo meu rosto. Sentimentos confusos que ainda não soube lidar, tudo que vivo e, presencio hoje, é novo e fora do normal. Pelo menos para mim! Fechei a porta atrás de mim, quando desci o último degrau do lado de fora da casa, liberei o ar ruim que me sufocava, o mesmo que machucava meu p
Meu primo tenta manter o respeito entre chefe e funcionário, mas cada tentativa apenas intensificava a tensão. Conseguia ouvir uma respiração raivosa e passadas violentas zanzando impaciente. — Ouça! — Adriel dá mais um passo à frente — Vou te dar uma oportunidade, não ouse me desafiar. — e continuou a rosnar furioso. — Sr. Lobo, não estou lhe desafiando, estou apenas poupando minha prima de mais sofrimentos.— Não quero que você não se aproxime da minha esposa, até eu dizer o contrário. Estamos entendidos?Ele ignora cada pedido.Senti os músculos de Tomás ficarem mais tensos, o calor do seu corpo e a inquietação aumentava com o medo que se apoderava do meu peito. — Não seja ridículo! — disse Tomás. — Tem certeza disso? Quer mesmo testar minha capacidade?A ira de Adriel só aumentava, à medida que os penosos segundos passavam e meu primo não cedia a sua ordem. — Eu não vou fazer isso. Sr. Lobo. — Considere-se demitido! E vou garantir que você não consiga mais um emprego decente
— Pequeno raio de sol.Senti uma ponta de ternura em seus olhos, rompendo a fúria de minutos atrás. Sua mudança de temperamento por vezes me assusta.— O que pretende com isso? — O que pretendo? Acariciou meu rosto.— Você é minha esposa e não estamos fazendo nada errado.Notei que lutar contra seus desejos naquela noite, seria uma jornada sem rumo. Não podia contê-lo e cada ação sua, demonstrava o quanto ele queria me possuir e não iria desistir.— Este corpo me pertence e ninguém deve tocá-lo.Ele me olhou nos olhos ao falar, deixando-me entorpecida, não entendia o porquê ainda o amava depois de tudo. — Você é tão delicada que dá vontade de te morder todinha, deixar minha marca em cada canto da sua pele.Cerrou os dentes como se minha carne estivesse entre eles. Tive a sensação de estar sendo devorada com um olhar profundo.Minhas roupas foram arrancadas tão rápido quanto a luz de um raio. Adriel agia de maneira crua e sem controle.Senti a densidade do seu olhar tocar em cada ca
Abri a porta do quarto quando ouvi os sons característicos de passadas fortes, vindo da escadaria. Passei a chave e no momento do surto me vesti com uma roupa qualquer, sem tempo para escolher algo agradável.Enquanto isso, minha mente estava cheia de pensamentos caóticos. — Ana Lis!A voz soou como um relâmpago estrondando a casa toda, o chão estremeceu abaixo dos meus pés. O sinal de alerta perigo ressoou em minha cabeça. O chamado urgente de alguma forma me repreendia. Podia sentir.— Ana, onde você está? Ele se aproximava, eu não tinha para onde correr. Dei passos hesitantes em direção a porta já que era a única saída, os cabelos molhados caiam sobre os ombros, encharcando as mangas do meu vestido velho.Estiquei o braço e segurei a maçaneta de cristal com os dedos trêmulos. A destravei com olhar baixo, não ousei levantar a cabeça, estava tensa com o que estava por acontecer. Não devia nada a ninguém, mas sabia que minha alegria duraria pouco. Mal tinha tempo para expressar mom
Seus lábios tremiam de raiva e como se não bastasse, papai ainda tentou mais duas vezes soltar o braço e executar sua vontade de me bater.Adriel notou que papai havia perdido o equilíbrio da paciência, então apertou seu pulso com mais força, tanto que os nós de seus dedos ficaram brancos.Esta foi a primeira vez que fui agredida pelo meu pai, a dor ardia na minha pele, no entanto, por dentro, o estrago foi bem maior. Meu coração estava dilacerado e incapacitado de amenizar o desgosto que senti por ser sua filha.— Não foi para isso que lhe chamei em minha casa, Duarte.Fala em bom-tom, fazendo o calor de sua expressão esfriar. — Não era isso que você queria, Adriel? Ainda não se sente vingado?Deixei as palavras caírem aos seus pés sem medo, não me importava que sua raiva aumentasse.— O que você fez foi inadmissível, Ana Lis! — Aposto que não! Rebati as acusações. Adriel não imaginava que eu teria coragem para confrontá-lo, a supressa passou por seus olhos e sua testa franziu.—