Aos 26 anos João Vicente se tornou um CEO, o pai se aposentou e foi curtir a vida com a esposa trinta anos mais jovem e deixou para ele o comando da sua empresa de marketing. Nisso ele era ótimo, estudou a vida toda para liderar aquele lugar. Acompanhando as evoluções do ramo, a empresa sob o seu comando triplicou os lucros com novas abordagens de mercado. Gostava de viver como Bad Boy, ostentando tudo que o dinheiro podia comprar. E não media esforços para conseguir o que queria na vida e nos negócios. Não atribuía importância a ninguém em particular, nem família, nem mulheres. A mãe faleceu de câncer há uns dois anos, e o pai não perdeu tempo em casar com amante. Havia amado sua mãe, mas sentia que poderia ter deixado isso mais explícito.
Competência, proatividade e dinamismo, eram as qualidades que ele mais admirava em qualquer pessoa, e a falta delas, era o maior motivo de desprezo por sua parte. Emocionalmente falando um robô? Bem próximo disso, ao menos é o que as pessoas pensavam, era inclusive o que ele também pensava sobre si mesmo, até que... notem, sempre tem um até que, aquele momento que o nosso mundo sai do eixo, que passa a girar de forma confusa ou em outra direção. Às vezes é sobre amor, às vezes é uma profunda tristeza, mas no caso do João foi à culpa. Um sentimento que ele nunca havia experimentado, não naquela dimensão pelo menos. A sensação de ser diretamente responsável por quase destruir a vida de alguém, era muito intenso, muito pessoal, muito íntimo, e ele não gostava de nenhum desses sentimentos. Não é exatamente assim que essa história começa, mas é por isso que ela começa, devido à culpa, e o que um homem consegue fazer por causa dela.
...
Maria do Céu era órfã e sem parentes, perdeu os pais, vítimas de assalto seguido de morte e aos doze anos, foi para um abrigo. Nunca quis ser adotada e acabou se tornando muito querida pela diretora. Terminou o colégio e aos dezoito saiu, a diretora arrumou um emprego em uma firma terceirizada de limpeza, em que a gestora era sua conhecida. Voltou para a casa da família, que estava abandonada e em péssimo estado. Com alguns anos no emprego já tinha feito melhorias nela, mas vivia de forma muito simples. Não tinha muitos amigos, apenas o dono do bar que ficava perto da sua casa e frequentava desde criança. Jão, um senhor muito bondoso e animado.
Era difícil fazer amigos, perdeu todos quando foi para o abrigo e os que fazia lá foram sendo adotados, não é que odiasse as pessoas, bem pelo contrário, mas em sua experiência de vida se aproximar de pessoas implicava em perdê-las em seguida. E isso, era bastante cansativo. Contar apenas consigo mesma se tornou sua filosofia de vida. Era agradável? Nem sempre. Mas seu lema era: sem expectativas, sem decepções, e assim os dias iam passando. Fazia quatro anos que trabalhava na Deep Clean, o serviço era fácil, mas pagava pouco. Com todas as melhorias que precisou fazer na casa deixada pelos pais, não sobrava muito além do necessário para sobreviver. Continuar os estudos era um plano, que depois de todos esses anos estava próximo. Finalmente ia sobrar algum dinheiro para um cursinho, algum curso a distância talvez. O que exatamente? Ela ainda não sabia, mas na hora certa a ideia ia surgir.
Como a firma era terceirizada, havia uma rotatividade dos locais de trabalho. Essa semana havia iniciado no turno da noite em uma grande empresa de Marketing no centro da cidade, a Global Marketing. Como era antiga na firma e digna de confiança, ficou responsável pelo andar da presidência. A diretora foi bem clara do quanto o serviço deveria ser minucioso, pois esse era um contrato ótimo. Falou que o presidente era metódico e muito exigente, e era conhecido por explosões de humor quando não estava contente com os serviços prestados e a conservação dos ambientes era algo que ele prezava muito. Ou seja, devia ser algum neurótico chato, que pegava no pé de todo mundo. Graças a deus no turno da noite não tinha que ver quase ninguém. A sala devia ser o próprio retrato dele, sempre muito organizada, quase não tinha o que fazer, sem nenhuma foto ou objeto pessoal. Apenas uma mobília luxuosa, um computador e papéis, uma infinidade de papéis. Tudo sempre organizado, a secretária devia ser ótima, pensou ela.
Assim transcorreu muito bem há primeira semana nessa nova empresa. Até que... e aí esta ele novamente o nosso ponto de partida, o momento em que, de alguma forma, tudo começou a ficar esquisito. A menina que trabalhava durante o dia ficou doente, e para não colocar uma novata nesse turno que era mais movimentado, Maria do Céu acabou sendo remanejada. Os primeiros dias foram tranquilos, o CEO estava em uma viagem de negócios, fazia seu trabalho e ia para casa.
Nessa manha estava especialmente satisfeita por trocar de turno, porque era quarta-feira, dia de música ao vivo no bar do Jão. Não que esse fosse um grande evento, juntava algum público, mas nada grande. Seu único vestígio de vida social. Fora isso, seu lazer era ir ao cinema e não muito mais. As quartas e sextas, tocavam músicos de ritmos variados, e desde que iniciou no turno da noite, nunca mais conseguiu ir. Limpou tudo normalmente, e deixou por último a sala da presidência, havia sido solicitado que limpasse antes do turno da noite, pois haviam derramado algo. Tentou esperar que o chefão que havia retornado de viagem fosse embora, mas estava demorando demais, ia acabar se atrasando para ir no Jão. Estava matando um tempo, fingindo limpar algo no corredor, quando ouviu um homem sair da sala e dizer a secretária:
- O presidente já saiu, os ânimos estavam bastante exaltados, você sabe o protocolo.
- Sim, vou buscar um café, o dia foi bem longo. - Respondeu à secretária e saiu.
Acreditando ser sua deixa, Maria foi limpar a sala que faltava. Quando entrou, a sala estava como esperava vazia, com cacos de vidro espalhados, que até o dia anterior haviam sido um lindo e caro vazo. Muitos papéis bagunçados, o que definitivamente não era normal. Foi olhar o monte de papéis para ver se conseguia organizar algo, quando a porta do banheiro se abre e sai um dos homens mais altos que ela já havia visto. Era bonito também, mas meu deus, como era alto, ela pensou. Ele a encarou por um tempo, meio sem entender, em seguida seu semblante mudou e ele ficou visivelmente irritado.
- Quem é você, e o que esta fazendo aqui? Quem te deu permissão para mexer nesses papéis, eles são altamente confidenciais!
Só era possível formular o seguinte pensamento. Oh Ouu! Definitivamente aquela era uma situação ruim. Olhou para as mãos, em que estavam os papéis, e só conseguiu pensar estar definitivamente demitida, desempregada e pela fúria nos olhos do homem seria rápido, bem rápido. Em fim, conseguiu responder algo.
- Eu sou da equipe de limpeza, me chamaram para limpar aqui.
- A quanto tempo trabalha aqui? Não sabe que só pode entrar para limpar
Ah, agora estava obvio, esse grandalhão moreno com cara de bebê era o CEO. Mas quantos anos ele tinha, afinal, era permitido ser presidente com essa cara de pouca idade? Maria suspirou, estava divagando outra vez, definitivamente esse não era um bom momento.
- Sim, senhor, mas disseram lá fora que o presidente havia saído do escritório. Devem ter se enganado.
- Não, o presidente que saiu foi o meu pai, o antigo presidente. Ele saiu há um tempo. E mais do que nunca quando ele sai o protocolo é me deixar sozinho. Agora, eu saio do banheiro e ao invés de estar totalmente sozinho ainda encontro você mexendo em papéis confidenciais? Você é realmente uma faxineira ou algum tipo de espiã?
Ele estava realmente furioso, com a voz bastante alterada. Não demorou muito para o homem loiro e a secretária entrarem e presenciarem a cena que o maluco estava fazendo.
- O que esta acontecendo aqui? - Perguntou o loiro. Até que me viu e entendeu tudo. Ele não conseguiu esconder a cara de pena, de quem sabia exatamente qual era o meu destino.
- Eu que gostaria de saber. Achei que os protocolos do escritório estavam bem claros, até para a equipe de limpeza. Foi por isso que dispensamos a última. E agora eu encontro essa daí na minha sala, depois de uma visita do meu pai, xeretando na papelada do escritório.
A secretária permanecia em total silêncio, certamente com medo de que algo sobrasse para ela.
- Senhor, deve ter havido um mal-entendido, ela deve ter realmente pensado que a sala estava fazia. Essa empresa tem boas referencias.
-Não tenta achar uma justificativa, Andreas. Porque nenhuma será suficiente. Esse erro é inadmissível.
Então era Andreas, o nome do lambe botas do bebezão. Se existia algum momento de tentar se defender seria aquele.
- Sim, eu já expliquei para ele que eu escutei que o presidente havia saído, por isso entrei. Quando entrei estranhei a bagunça, por isso vim ver se podia organizar um pouco. Eu estava começando quando ele saiu do banheiro, entendeu tudo errado e começou a gritar comigo.
- Não sei como você esperava que eu reagisse, quando me deparei com a cena...
- Eu sei mas...
- Você não me interrompe quando eu falo, e não admito que me conteste! — Sua voz era inflexível, muito séria e direta. Ele não parava de me encarar com um olhar gelado enquanto falava.
- Essa é uma empresa muito grande, e exigimos um mínimo de capacidade de quem nos presta serviços. Cada um saber suas obrigações, e desempenhá-las de forma correta, é o mínimo pelo valor que pagamos. Eu não sei se você é lerda, desligada ou só incompetente. Mas pode pegar suas coisas e sair daqui agora mesmo. Você é um nada, não faz diferença nenhuma nesse lugar, se não consegue nem desempenhar essa simples tarefa. E acho bom não esperar nenhuma carta de referência. No que depender de mim, você não trabalha nem limpando ruas.
- João, não acho que seja para tanto. - Andreas tentou intervir.
Aquilo fora quase de graça, eu havia, sim, dado uma grande mancada, mas nem de longe merecia toda aquela raiva, óbvio que ele estava descontando em mim. Só que crescer em um abrigo pode te deixar com problemas de autoestima, e faz você ter dificuldades em lidar com como as pessoas te tratam. Mesmo assim, me controlei e fiz minha voz parecer calma, mas por dentro eu fervia de raiva.
- Pode deixar moço, eu não preciso que me defendam. Eu sei que errei porque aparentemente não tomei o cuidado necessário para obedecer a essas regras exageradas, deste lugar idiota, com o dono mais babaca e imbecil do mundo, que só porque tem um assento de privada dourado, acha que pode pisar nas pessoas - Fui largando os papéis que eu ainda segurava.
- Agora quem não quer trabalhar mais aqui nesse manicômio sou eu. Deus me livre de ter que aturar os ataques histéricos desse mauricinho, cada vez que o papai vier e der uma bronca nele. Isso aqui é para malucos, e fique sabendo, que se eu não conseguir trabalho nem limpando ruas, ainda é melhor pedir esmola do que ter que olhar para sua cara outra vez. Não se preocupe, fome eu não vou passar, nem que eu tenha que imprimir uma foto sua e transformar em uma capa de privada para vender nas ruas.
Sai da sala apressada, com a raiva me corroendo por dentro. Juntei minhas coisas na sala de serviço e desci os lances de escada correndo, pois não ia aguentar esperar o elevador. Cheguei à calçada em tempo recorde, e fui atravessar a rua em direção ao ponto de ônibus. Não ouvi os gritos de aviso, nem a buzina dos veículos. Quando me dei conta, o carro já estava vindo para cima de mim, e tudo ficou escuro. Até do andar da presidência, dava para ouvir o burburinho das freadas dos carros e gritos de socorro.
Que cena inacreditável, ele nunca havia perdido o controle assim, não na frente dos funcionários. Mas hoje, depois de uma das piores visitas sem aviso do seu pai, aquela garota tinha que ter entrado daquela forma na sala. Tinha pavor de pessoas incompetentes. Era muito simples, cada um tinha suas funções e obrigações, para o escritório funcionar como um relógio. As coisas não podiam sair dos trilhos. Muito provavelmente, ele havia exagerado ao acusar a mulher de espionagem, mas isso também não era nada incomum, ainda mais na sua área. O pai tinha um dom de tirar ele do sério, depois da aposentadoria havia virado um sumidor de dinheiro. Não havia limites paro o cartão de crédito da esposa jovenzinha. Os negócios iam bem, mas uma bolsa de quintos mil por mês, era um tanto quanto exagerado. A mulher nem fazia questão de dissimular a ganância.João foi para a janela, tentando desanuviar a cabeça após a cena digna de novela, quando viu o acidente que tinha acabado de acontecer em frente à
Maria do Céu acordou em um luxuoso quarto de hospital, sem saber onde estava, e como havia ido parar ali. Não se lembrava do acidente e nem de nada do último mês que o antecedeu. Dormiu e acordou várias vezes, sem saber quantos dias haviam se passado. Quando conseguiu se manter acordada, percebeu haver uma enfermeira no quarto, trocando a medicação.- Onde eu estou? O que aconteceu?- Olá, você sofreu um acidente, o médico vai saber te explicar melhor o acontecido, ele já vem em seguida. - Assim que a enfermeira saiu do quarto, Maria não teve outra alternativa a não ser esperar.- Olá dona Maria do Céu, finalmente voltou para gente. Você sabe por que esta aqui?- Não. A enfermeira falou que foi um acidente, mas de que tipo?- Acidente de carro, quando você estava saindo do trabalho. Você ficou em coma por um mês e faz uns três dias que esta assim, dormindo e acordando.- Então foi muito grave?- Sim, mas agora está tudo bem, dentro de alguns dias, creio que poderá ir para casa. - Sent
João pegou o telefone discou o número do Andreas. Que atende depois de alguns toques.- Finalmente atendeu.- Eu estava trabalhando, lembra como é?- Engraçado você, eu estou morrendo de tédio por aqui.- Ué, e como vão às coisas com a vizinha?- Não vão! Já fazem três dias que ela voltou pra casa e só vi ela uma vez. Não sei o que essa mulher tanto faz dentro de casa. Não consigo nem uma brecha para me aproximar.- Já tentou bater na porta?- Pra dizer o que? Também não posso soar muito forçado. Ela vai pedir uma medida protetiva desse jeito. Pior que nem grama as casas tem, sei lá eu pensei que eu podia cortar a minha e me oferecer para cortar a dela.Andrea soltou uma gargalhada no outro lado da linha.- Por acaso você sabe cortar grama João Vicente?- Não! Mas meu amigo, hoje em dia não existe nada que você não aprenda no youtube.- Eu ainda acho que seria muito trabalho.- De qualquer forma, não faz diferença, não tem grama nenhuma pra cortar.- Então porque você não sai, dá uma
Retornaram no meio da tarde, completamente exaustos das compras. Céu achou um lindo sofá retrátil e reclinável dos sonhos de qualquer um. Era de três lugares, mas cabia tranquilamente umas cinco pessoas sentadas próximas. Sorte que como a casa era antiga, a sua sala era bem ampla. João fez questão de sentar e até mesmo deitar em todos os modelos que viram, inclusive tecendo comentários sobre os dois terem que ficar confortáveis, para longos períodos nele. Céu não sabia mais como esconder o constrangimento, não havia como saber se todos os vendedores também estavam achando os comentários dele sugestivos, dando a entender intensos momentos românticos, ou era só culpa na sua consciência mesmo, por estar talvez, pensando mais que o desejável no assunto. Não era uma pessoa fria, mas sempre se considerou muito prática. Sexo era para ser bom, mas nem sempre era. Como não conseguia se aproximar emocionalmente das pessoas, nunca sentiu grandes atrações, a não ser pelos homens dos livros que li
João acordou com o barulho de notificações de mensagens no celular. Foi conferir e eram de Andreas. Ele o chamava para encontrá-lo às dez horas em uma cafeteria de luxo que os dois costumavam frequentar desde a faculdade. Haveria uma reunião importante com um cliente em potencial de uma grande conta e os detalhes precisavam ser acertados. A mensagem terminava com um: "Deixa de mania e usa o carro, vai acontecer mais cedo ou mais tarde."João tomou um banho, colocou uma roupa e se dirigiu ao café. Deu uma olhada para casa ao lado e constatou estar toda fechada, ela ainda deveria estar dormindo. Era perturbador pensar em como os seus pensamentos iam cada vez mais naquela direção, em como ela estava, o que estaria fazendo. Depois do acidente, ela passou a fazer uma parte sólida de seus pensamentos, mas desde que a conheceu melhor, eles estavam ficando cada vez mais intensos. Refletiu sobre isso por todo o caminho até a cafeteria, e ao chegar lá, Andreas já estava esperando por ele.-- Ve
João bateu à porta e Céu não demorou a abri-la.- Entre. — Disse ela- e foi correndo na direção da cozinha. Ele a seguiu com o embrulho que ela nem havia notado e o vinho na mão.- Desculpe, fiquei com medo que a carne virasse carvão.Nossa, pelo visto as chances deles terem que pedir comida eram grandes.Ele caminhou em direção a ela e entregou o vinho.- Olha, eu trouxe um vinho, eu não sei se você bebe, a gente não chegou a falar sobre isso. Bem, pensando agora, eu também não sei se você pode beber, se ainda está tomando algum remédio. Talvez tenha sido uma ideia ruim.- Relaxa, ta tudo bem. Eu terminei o tratamento no hospital mesmo. E, eu bebo, sim, socialmente, mas com bastante frequência.Ele achou graça no comentário e sorriu. Ela olhou para o embrulho que ele ainda carregava.- Ah, e eu estava andando pelo centro, vi isso e achei a sua cara. É um presente pela repaginação da casa.- Hum, muito obrigada. – Ela abriu o embrulho, e arregalou os olhos ao ver o quadro.- Meu Deus!
Sem entender exatamente como uma simples conversa havia se tornado uma discussão. Céu foi apagar as luzes e escovar os dentes para se deitar. Já em sua cama, seguia confusa sobre o que acontecera. Não tinha a intenção de chegar tão longe. Talvez realmente o tenha ofendido falando sobre o seu gosto para mulheres. Tinha que ser justa, não o conhecia bem, não sabia nada sobre esse aspecto de sua vida. Havia feito um julgamento apenas baseada no que via. Ele era um homem muito atraente, interessante e charmoso, por isso julgou que ele fosse superficial. Uma atitude bem preconceituosa de sua parte.A verdade é que ele nunca deu motivos para que ela o julgasse assim, muito pelo contrário, só tinha coisas boas a dizer de sua pessoa, não media esforços para ajudá-la. Talvez ela o tenha atacado por estar insegura, com alguma crise de autoestima. Quando ele sugeriu que ela era uma mulher como outra qualquer, ficou na defensiva para deixar claro que ela não ousaria se colocar como uma opção, poi
Seguiram em direção ao interior, rumo ao destino do passeio.-- Porque você não bota uma música, é um longo caminho até lá. - Céu pediu.Ele ligou o rádio e começou a tocar uma música no estilo eletrônico que estava bem na moda no momento. Quando escutaram as três próximas e eram do mesmo estilo, ela não aguentou e comentou.-- Na sua playlist só tem esse tipo de música?-- Acho que sim, por que você não gosta?-- Na verdade, eu detesto.-- Nossa, achei que você fosse uma pessoa muito eclética em relação a tudo.-- Quase tudo. Desde que eu me lembro eu odeio música eletrônica. Na minha cabeça não faz sentido nenhum. Não consigo me sentir tocada por toda essa mistura de ritmos e batidas.-- Eu nunca pensei muito sobre isso. Só gosto do ritmo. E é o que geralmente toca nos lugares que eu vou.-- E que lugares são esses?- Ele havia falado demais.-- Vários. - Respondeu simplesmente, parecendo não querer dar segmento ao assunto.-- Mas apesar de algumas preferências, para livros e filmes