João bateu à porta e Céu não demorou a abri-la.- Entre. — Disse ela- e foi correndo na direção da cozinha. Ele a seguiu com o embrulho que ela nem havia notado e o vinho na mão.- Desculpe, fiquei com medo que a carne virasse carvão.Nossa, pelo visto as chances deles terem que pedir comida eram grandes.Ele caminhou em direção a ela e entregou o vinho.- Olha, eu trouxe um vinho, eu não sei se você bebe, a gente não chegou a falar sobre isso. Bem, pensando agora, eu também não sei se você pode beber, se ainda está tomando algum remédio. Talvez tenha sido uma ideia ruim.- Relaxa, ta tudo bem. Eu terminei o tratamento no hospital mesmo. E, eu bebo, sim, socialmente, mas com bastante frequência.Ele achou graça no comentário e sorriu. Ela olhou para o embrulho que ele ainda carregava.- Ah, e eu estava andando pelo centro, vi isso e achei a sua cara. É um presente pela repaginação da casa.- Hum, muito obrigada. – Ela abriu o embrulho, e arregalou os olhos ao ver o quadro.- Meu Deus!
Sem entender exatamente como uma simples conversa havia se tornado uma discussão. Céu foi apagar as luzes e escovar os dentes para se deitar. Já em sua cama, seguia confusa sobre o que acontecera. Não tinha a intenção de chegar tão longe. Talvez realmente o tenha ofendido falando sobre o seu gosto para mulheres. Tinha que ser justa, não o conhecia bem, não sabia nada sobre esse aspecto de sua vida. Havia feito um julgamento apenas baseada no que via. Ele era um homem muito atraente, interessante e charmoso, por isso julgou que ele fosse superficial. Uma atitude bem preconceituosa de sua parte.A verdade é que ele nunca deu motivos para que ela o julgasse assim, muito pelo contrário, só tinha coisas boas a dizer de sua pessoa, não media esforços para ajudá-la. Talvez ela o tenha atacado por estar insegura, com alguma crise de autoestima. Quando ele sugeriu que ela era uma mulher como outra qualquer, ficou na defensiva para deixar claro que ela não ousaria se colocar como uma opção, poi
Seguiram em direção ao interior, rumo ao destino do passeio.-- Porque você não bota uma música, é um longo caminho até lá. - Céu pediu.Ele ligou o rádio e começou a tocar uma música no estilo eletrônico que estava bem na moda no momento. Quando escutaram as três próximas e eram do mesmo estilo, ela não aguentou e comentou.-- Na sua playlist só tem esse tipo de música?-- Acho que sim, por que você não gosta?-- Na verdade, eu detesto.-- Nossa, achei que você fosse uma pessoa muito eclética em relação a tudo.-- Quase tudo. Desde que eu me lembro eu odeio música eletrônica. Na minha cabeça não faz sentido nenhum. Não consigo me sentir tocada por toda essa mistura de ritmos e batidas.-- Eu nunca pensei muito sobre isso. Só gosto do ritmo. E é o que geralmente toca nos lugares que eu vou.-- E que lugares são esses?- Ele havia falado demais.-- Vários. - Respondeu simplesmente, parecendo não querer dar segmento ao assunto.-- Mas apesar de algumas preferências, para livros e filmes
João Vicente procurava sentir a água fria passar pelo seu corpo e pensar em algo que não tivesse nada a ver com ela, com o fato dela ser maravilhosa e o detalhe que os dois estavam totalmente sozinhos. Pensou na empresa, em todos os seus problemas, no pai, na mulher do pai e pronto, foi o suficiente para o carinha lá de baixo se acalmar. Ele conseguiu finalmente sair de onde estava e ir nadar com ela. Aquilo não podia estar acontecendo, todo sentido daquele plano idiota era ajudar ela, e não levá-la para cama. Uma mulher sozinha, fragilizada e sem memória. Que tipo de cretino ele seria se tentasse tirar vantagem disso? Isso era abominável até para o seu antigo eu, que não ligava muito para as outras pessoas. Percebeu que daquele momento em diante, ia ser difícil se controlar perto dela. Alguma coisa havia terminado de despertar, não conseguiria apagar da mente aquele corpo e a mulher extremamente interessante que ela era.Nadaram por um bom tempo, até que decidiram sair para comer alg
Quando Maria do Céu acordou,não sabia absolutamente por onde começar, porém, tinha certeza de que deveria começar por ponto e como já quase nove horas, era melhor ir se mexer. Achou melhor começar do início, e bolar um cronograma do que fazer. Como era a primeira vez ou se metia em uma situação como essa, pesquisou no Google o termo "amigos", na tentativa de se beneficiar no conceito. Achou quase uma dúzia de sites e anúncios, títulos de filmes, séries e um grande número de livros. Uma definição e sexo que inclui todos, uma relação que incluía amizade, nada mais. Exatamente como ela imaginava.O que procura, na internet, ela já sabia de cor, justamente pelos muitos filmes e que conhece sobre o tema que estuda a situação da escola ela já a partir de a partir de a partir de uma situação. Pelo
Quando Céu saiu do banho, já eram sete horas, olhou o celular e tinha uma mensagem do João Vicente.- Eu ainda não acredito que estou escrevendo isso, mas vou ter que furar com você hoje. - Aquilo foi como um balde de água fria em todas as expectativas dela. Sentiu um misto de decepção, raiva e impotência. Conseguiu responder apenas um..– Ok. Fica para a próxima.
Eram nove horas da manhã quando João chegou em sua casa, conseguiu descer do carro e entrar em casa sem ser visto pela vizinha. Não precisava de ajuda para se locomover, apenas tinha que tomar cuidado para não colocar força na perna machucada. A dor estava controlada pelos remédios, sentia desconforto apenas se fizesse movimentos muito bruscos. Esperou Andreas tomar uma distância segura de sua casa e enviou uma mensagem para Céu, avisando que já estava em casa. Ela visualizou apenas uma hora mais tarde quando acordou, e respondeu que ia em seguida para ajudá-lo. Ele olhou ao redor, conferindo se havia algo no lugar que pudesse denunciá-lo de alguma forma. Ela nunca havia entrado ali, tinha ido apenas até a porta da frente. Tudo parecia perfeitamente bem, para a casa
Céu sentia-se estranhamente apertada. Como se estivesse envolta em alguma corda ou algo que a prendia. Não era uma sensação ruim, era como estar em um casulo. Era diferente de tudo que já havia sentido, mas não deixava de ser confortável. A coisa que a prendia era macia e quente. Emanava um calor próprio, que a mantinha também aquecida. Alguma coisa estava fora do normal, não costumava ter essas sensações ao acordar, e então se deu conta que não estava em sua cama, havia adormecido na sala, no sofá. E tão pouco estava sozinha, estava era bem aninhada, confortavelmente nos braços do vizinho bonitão. Olhou ao redor e tentou se levantar como pode, tentando não acordá-lo. Não via seu tele