Quando Céu saiu do banho, já eram sete horas, olhou o celular e tinha uma mensagem do João Vicente.
- Eu ainda não acredito que estou escrevendo isso, mas vou ter que furar com você hoje. - Aquilo foi como um balde de água fria em todas as expectativas dela. Sentiu um misto de decepção, raiva e impotência. Conseguiu responder apenas um..
– Ok. Fica para a próxima.
Eram nove horas da manhã quando João chegou em sua casa, conseguiu descer do carro e entrar em casa sem ser visto pela vizinha. Não precisava de ajuda para se locomover, apenas tinha que tomar cuidado para não colocar força na perna machucada. A dor estava controlada pelos remédios, sentia desconforto apenas se fizesse movimentos muito bruscos. Esperou Andreas tomar uma distância segura de sua casa e enviou uma mensagem para Céu, avisando que já estava em casa. Ela visualizou apenas uma hora mais tarde quando acordou, e respondeu que ia em seguida para ajudá-lo. Ele olhou ao redor, conferindo se havia algo no lugar que pudesse denunciá-lo de alguma forma. Ela nunca havia entrado ali, tinha ido apenas até a porta da frente. Tudo parecia perfeitamente bem, para a casa
Céu sentia-se estranhamente apertada. Como se estivesse envolta em alguma corda ou algo que a prendia. Não era uma sensação ruim, era como estar em um casulo. Era diferente de tudo que já havia sentido, mas não deixava de ser confortável. A coisa que a prendia era macia e quente. Emanava um calor próprio, que a mantinha também aquecida. Alguma coisa estava fora do normal, não costumava ter essas sensações ao acordar, e então se deu conta que não estava em sua cama, havia adormecido na sala, no sofá. E tão pouco estava sozinha, estava era bem aninhada, confortavelmente nos braços do vizinho bonitão. Olhou ao redor e tentou se levantar como pode, tentando não acordá-lo. Não via seu tele
O encontro com a sua chefe foi bem tranquilo. Ela explicou que ficaria afastada por uns meses, com todas as despesas pagas pela empresa que as havia contratado. Mas que assim que estivesse apta poderia voltar ao trabalho. A sua vaga estava garantida, porque era uma ótima e confiável funcionária. Apesar de ter aquele dinheiro que havia recebido em sua conta, sentia-se mais tranquila sabendo que tinha um emprego para o qual voltar. Como sempre teve que batalhar para sobreviver, um dinheiro assim meio caído do céu ainda parecia meio irreal para ela. Com a confiança no futuro recuperada, decidiu gastar um pouco mais do dinheiro que havia recebido em prol do seu conforto. Decidiu comprar roupa de cama nova, já que teria companhia para dormir. As que tinha já estavam um tanto gastas, e os travesseiros eram bem antigos e estavam em péssimas condições. Entrou em uma grande loja de departamentos do
João estava com o controle na mão, enquanto deitados lado a lado, decidiam o que iriam assistir.– E então, o que vai ser hoje?– Eu estou sem ideias, mas estou meio enjoada de suspense e terror.– Sim, nos últimos dias tivemos praticamente uma overdose disso.– Eu queria alguma coisa mais leve, Espera, volta ali na categoria novidades.Ele a obedeceu e voltou algumas colunas no aplicativo.– Podemos ver esse documentário sobre a Pré-História, faz muito tempo que não assisto nada desse tipo, e esse é novo.Ele virou a cabeça em sua direção e a encarou, sem saber se ela estava falando sério.– É verdade ou você tá me zoando?– Claro que é verdade né. Eu adoro esse tipo de coisa, sabia que quando eu era criança até queria ser arqueóloga?– E porque então não se torna uma?– Porque eu acho que é uma profissã
Os dias de recuperação que se seguiram foram relativamente tranquilos. Escutavam música, assistiam tv e dormiam juntos todos os dias. Era gigantesca a intimidade que estava se formando com a convivência. Apesar de terem personalidades diferentes, o dia a dia era fácil e bastante divertido. Nos primeiros dias, trocavam beijos e carinhos e com o passar do tempo, as coisas foram ficando cada vez mais quentes, mas sempre paravam antes daquele ponto sem retorno. Foram sete dias de uma doce tortura. Ao final o antibiótico havia acabado, e ele foi sozinho ao hospital para retirar os pontos. Ela insistiu em acompanhá- lo, mas ele conseguiu despistar e ir só ao luxuoso lugar que o havia atendido, era o mesmo em que ela havia estado também. Ele mal podia esperar para pôr em prática com ela todas as fantasias que tinha na cabeça. Chegaram a trocar vários amassos, mas o mais longe que foram foi uma noite, quando estavam vendo tv no sofá. Um beijo foi levando a outro e ele começou a acariciar s
Os dois levaram um longo momento abraçados na cama para se recuperar.– Meu Deus. É real e oficial, eu estou com um homem pelado na minha cama.Disse Céu, ainda deitada nos braços dele.– É real, só não esquece que você está pelada também.– E como eu vou esquecer menino, se finalmente os humilhados foram exaltados. Nosso momento chegou, depois de tantos empecilhos.Ele sorriu e acariciou um braço dela que estava encostado em seu peitoral.– Sim, finalmente, os humilhados primeiro foram humilhados de novo, depois caíram de uma árvore salvando um gatinho, para só bem depois serem exaltados.Ela levantou a cabeça e depositou um beijo em sua bochecha.– E a série que íamos ver heim? Pelo visto essa noite, só quem viu o triângulo das bermudas foi você mesmo.Céu começou a sentir espasmos vindos do peito João, foi então que se deu conta que na verdade era ele rindo muito do comentário espirituoso dela. Ele a largou do abraço e se sentou na cama, na tentativa de conseguir um pouco de ar em
Céu ao cair desmaiada não escutou João Vicente gritar seu nome e correr desesperado em sua direção. Ele a pegou no colo e colocou sobre o sofá, tomando cuidado para apoiar sua cabeça na guarda do mesmo. Levou um par de minutos para ela recuperar a consciência e perceber que estava deitada em sua sala. Abriu os olhos lentamente e constatou que tudo aquilo não havia sido um sonho ou um delírio, porém estava mais para um pesadelo.Estava na sala de sua casa, com um senhor idoso muito grosseiro e o homem chamado Andreas que era muito gentil e a havia visitado no hospital. Mais próximo dela, sentado em uma beirada do sofá, estava João que a observava com semblante preocupado. O que Céu sentia naquele momento era um misto de inércia e desespero. Não tinha para onde ou para quem correr, pois o problema estava em sua casa, e a primeira pessoa que pensaria em procurar seria aquele cretino sentado perto dela no sofá, a única pessoa aliás. Mas afinal, quem era aquele homem? Era o babaca dona d
Duas horas depois que ele saiu, Céu ainda se encontrava deitada em sua cama, em posição fetal em seu quarto escuro. Já passou do meio da tarde e ela não conseguiu fazer mais nada além de chorar. Se achava tão inteligente, tão auto suficiente e acabou caindo naquela situação deprimente.O que quer fosse o relacionamento deles, nunca colocariam rótulos, a única condição era que não houvesse mentiras. Não obstante, tudo era absolutamente uma mentira, desde o primeiro encontro, o primeiro beijo, tudo. Longe de ser um cara legal com quem ela estava compartilhando momentos, ele não passou de um playboy mimado que estava jogando com ela. E ela caiu feito um patinho! De que havia adiantado todos aqueles anos se virando sozinha, se protegendo do mundo, se ela não foi capaz de identificar um lobo em pele de cordeiro.Para piorar ele foi embora e levou só o celular, a casa estava repleta de pertences dele, roupas, itens de higiene pessoal, o que poderia ser uma desculpa para ele voltar. Por um m