Os dois levaram um longo momento abraçados na cama para se recuperar.– Meu Deus. É real e oficial, eu estou com um homem pelado na minha cama.Disse Céu, ainda deitada nos braços dele.– É real, só não esquece que você está pelada também.– E como eu vou esquecer menino, se finalmente os humilhados foram exaltados. Nosso momento chegou, depois de tantos empecilhos.Ele sorriu e acariciou um braço dela que estava encostado em seu peitoral.– Sim, finalmente, os humilhados primeiro foram humilhados de novo, depois caíram de uma árvore salvando um gatinho, para só bem depois serem exaltados.Ela levantou a cabeça e depositou um beijo em sua bochecha.– E a série que íamos ver heim? Pelo visto essa noite, só quem viu o triângulo das bermudas foi você mesmo.Céu começou a sentir espasmos vindos do peito João, foi então que se deu conta que na verdade era ele rindo muito do comentário espirituoso dela. Ele a largou do abraço e se sentou na cama, na tentativa de conseguir um pouco de ar em
Céu ao cair desmaiada não escutou João Vicente gritar seu nome e correr desesperado em sua direção. Ele a pegou no colo e colocou sobre o sofá, tomando cuidado para apoiar sua cabeça na guarda do mesmo. Levou um par de minutos para ela recuperar a consciência e perceber que estava deitada em sua sala. Abriu os olhos lentamente e constatou que tudo aquilo não havia sido um sonho ou um delírio, porém estava mais para um pesadelo.Estava na sala de sua casa, com um senhor idoso muito grosseiro e o homem chamado Andreas que era muito gentil e a havia visitado no hospital. Mais próximo dela, sentado em uma beirada do sofá, estava João que a observava com semblante preocupado. O que Céu sentia naquele momento era um misto de inércia e desespero. Não tinha para onde ou para quem correr, pois o problema estava em sua casa, e a primeira pessoa que pensaria em procurar seria aquele cretino sentado perto dela no sofá, a única pessoa aliás. Mas afinal, quem era aquele homem? Era o babaca dona d
Duas horas depois que ele saiu, Céu ainda se encontrava deitada em sua cama, em posição fetal em seu quarto escuro. Já passou do meio da tarde e ela não conseguiu fazer mais nada além de chorar. Se achava tão inteligente, tão auto suficiente e acabou caindo naquela situação deprimente.O que quer fosse o relacionamento deles, nunca colocariam rótulos, a única condição era que não houvesse mentiras. Não obstante, tudo era absolutamente uma mentira, desde o primeiro encontro, o primeiro beijo, tudo. Longe de ser um cara legal com quem ela estava compartilhando momentos, ele não passou de um playboy mimado que estava jogando com ela. E ela caiu feito um patinho! De que havia adiantado todos aqueles anos se virando sozinha, se protegendo do mundo, se ela não foi capaz de identificar um lobo em pele de cordeiro.Para piorar ele foi embora e levou só o celular, a casa estava repleta de pertences dele, roupas, itens de higiene pessoal, o que poderia ser uma desculpa para ele voltar. Por um m
Céu levou cerca de uma semana para planejar seus próximos passos. Deixaria a casa trancada como imaginou de início, sob a supervisão de Jão. Decidiu ir para um outro estado menor e pesquisando na Internet achou uma cidadezinha muito charmosa de 6. 500 habitantes. Pelas fotos pôde ver que era uma região em que a produção agrícola era muito forte, e as paisagens eram maravilhosas. Havia parques e cachoeiras, muitos pontos turísticos para visitar. Deveria ter diversas oportunidades de emprego informal. Fez reserva de uma semana em um dos dois hotéis que a cidade possuía, o tempo que considerava necessário para encontrar e alugar uma casa. O dinheiro que havia ganho viria bem a calhar nesse momento, planejava encontrar logo um emprego, mas até
Apesar do cansaço, Céu levantou cedo no dia seguinte, acordou com o canto de alguns pássaros, e vozes de pessoas no corredor. Olhou no relógio do celular e eram sete e trinta da manhã. Pelo que a dona Ana falou o café era servido a partir das sete horas. Vestiu-se com uma calça Jeans azul e uma camiseta branca de manga curta. Como talvez tivesse que caminhar bastante, calçou seu velho companheiro, o tênis de trabalho, pois sabia que era muito confortável. Prendeu o cabelo em um rabo de cavalo e desceu as escadas em direção ao salão que servia como sala de refeições.Ao chegar quem arrumava a mesa do café era a própria dona Ana, que a recebeu com um bom dia muito animado.– Bom dia menina, dormiu bem? Espero que os outros hóspedes não a tenham perturbado.Céu pegou um prato para se servir no bufê e esco
Eram três horas da tarde quando Céu saiu do consultório médico, estava lá desde há uma hora. Flor lhe deu a tarde de folga, mas nem ela nem a Kelly conseguiram acompanhá-la, se não a lanchonete ficaria sem atendimento. As duas combinaram de ir até a sua casa após o estabelecimento fechar. O médico foi muito gentil de atendê-la depois que a Flor ligou para ele e avisou que a sua funcionária havia passado mal. Ela conhecia o médico da lanchonete, era um senhor de uns cinquenta anos, muito simpático e gentil.Estava um pouco sem jeito ao entrar no consultório e com medo do que iria escuta
No princípio Céu estava muito insegura sobre a gravidez e o futuro, sobre o emprego e a vida naquela cidadezinha. Mas Flor fez questão de tranquilizá-la, que poderia manter o emprego enquanto quisesse. A alertou que por se tratar de uma cidade pequena, poderiam surgir comentários maldosos e perguntas inconvenientes, mas que ela aprenderia a lidar com aquilo. Os enjoos e tontura tinham terminado, com a graças de Deus, aquele período havia sido muito difícil. Com o passar do tempo Kally e Céu se aproximavam cada vez mais. Passavam boa parte do tempo livre juntas e Kally a acompanhava em consultas e exames sempre que possível.
Quatro meses já haviam se passado, mas para João parecia uma vida inteira de tormento. Ao que tudo indicava, Maria do Céu havia realmente desaparecido da face da terra. João falou com o dono do bar que não disse não saber de nada, era bem provável que fosse mentira, e que ela o obrigou a dizer que não sabia onde se encontrava. O fato é que não conseguiu arrancar nada do Jão.Ao longo dos dias, seguiu procurando como pode, já que havia sido bloqueado em todas as redes sociais e ela havia trocado o número de telefone. Se utilizou dos meios que dispunha, nem todos legais, usou a influência do pai, e até mesmo contratou um detetive particular. Os meses passaram-se e não conseguiu nada, nem rastro da sua Céu. Seguiu a administrar a empresa como sempre, mas sua mente estava tomada pelas lembranças dela e o medo do que poderia ter acontecido. Era uma loucura e