Não dava pra acreditar que isso estava acontecendo. Ela estava lá, do nada, como se tivesse surgido com um toque de mágica. Eu não esperava por aquilo, não tinha me preparado de forma alguma. E, quando vi aquela mulher na sala, meu coração quase parou de tanto girar. Eu me paralisei, o ar me faltou, e achei que talvez fosse melhor assim, como se minha imobilidade pudesse torná-la invisível para mim. Mas, claro, ela me percebeu. Só que agiu como se tudo fosse normal.Eu, em êxtase, sentia uma mistura de medo e frustração, que logo se transformou em dúvida. A surpresa me dominou, batendo no meu peito, enquanto meu coração parecia querer saltar pela boca. Ela sorriu e disse um "bom dia", desejou um ótimo trabalho, mas aquilo tudo não parecia natural. Harvey tinha dito que sua mãe não se importava, ou melhor, que ela até gostava da ideia. Mas, lá no fundo, eu não conseguia acreditar. Era como se eu estivesse vivendo uma realidade que nunca imaginei habitar.Tentei tomar o café e manter a
Samanta achou aquele início de dia extraordinariamente perfeito. Ao chegar ao escritório, cumprimentou os colegas com um "bom dia" cheio de energia. A maioria respondeu, mas alguns a olharam como se fosse estranho vê-la tão feliz. Não que ela se importasse. Na verdade, a partir daquele momento, ela havia decidido que não ligaria mais para o que pensassem dela. Harvey estava certo. Ela precisava se impor, ter coragem e nunca mais deixar que ninguém atrapalhasse sua vida.Ao passar pela porta do setor, foi direto para sua mesa habitual, ligando os monitores que, de certo modo, eram seus fiéis companheiros. Surpreendentemente, Adam estava ali, mas calado. O comportamento dele era atípico, o que a fez notar. Ele a ignorou no início, desviou o olhar, e voltou ao trabalho sem a incomodar, como costumava fazer. A manhã seguiu assim, estranhamente tranquila. Quando Adam passou por ela, não soltou nenhum dos seus costumeiros comentários sarcásticos, tampouco a chamou de "nerdezinha dos computa
Harvey acordou com o sol entrando pelas enormes janelas de seu quarto, os primeiros raios iluminando suavemente a vastidão da cama vazia ao seu lado. Ele estava de bom humor, algo raro depois de uma noite solitária. O vazio à sua esquerda era um lembrete incômodo de que Samanta não dormia com ele todas as noites, mas, estranhamente, ele estava se acostumando. Ainda que incomodado, ele sabia que não podia apressar as coisas. Samanta não era o tipo de mulher que se deixava prender tão rápido. E, por mais que Harvey desejasse preencher aquele espaço vazio na cama com sua presença todos os dias, forçar isso seria sufocante.Ao levantar-se, os lençóis de linho deslizavam por sua pele, e ele se espreguiçou, sentindo a energia percorrer seu corpo. O ar estava fresco, e Manhattan começava a se movimentar lá fora, como um gigante despertando. Ele olhou para o lado da cama e suspirou, um sorriso leve surgindo em seus lábios. Ainda há tempo, ele pensou. Tudo o que ele queria era que ela se senti
SamantaMeu coração estava a mil. Parecia que ia sair pela minha boca. Isso era tão comum ultimamente que eu deveria estar acostumada, mas eu não estava. Respiro pesadamente. É o nervosismo. Ansiedade. Minhas mãos estavam suando, como de costume, mas dessa vez, havia um bom motivo. Eu jantaria na casa dos pais de Harvey e não fazia ideia do que podia acontecer.Eu estava começando a ficar feliz, começando a acreditar que esse mundo poderia ser meu. Que eu podia fazer parte de uma família, mas ainda havia uma barreira. Não queria ser tola, deixar-me levar completamente por nada. Esse era o meu sistema de defesa. Um sistema que passei anos aprimorando, a cada decepção, tornando-o mais forte. Lembro da primeira. Eu tinha cinco anos, e essa memória ainda era tão viva na minha cabeça.Eu vestia meu melhor vestido rodado, rosa, com bordados. Penteei os cabelos e coloquei uma tiara. Meu rosto estava tão iluminado que parecia o sol. Naquele momento, eu imaginei que aquele casal realmente iria
Senti um nó na barriga quando vi Emma descer as escadas. Perdi toda a pose de durona engraçada. Aquela mulher era como uma “mãe”, de fantasia, para mim, então, estar aqui, como namorada do seu filho, me causava um rebuliço.Minhas mãos voltaram a suar. Unias e brinquei com os dedos, mordendo os lábios, esperando que isso dissipasse o meu nervosismo. Da última vez que nos vimos, eu estava descendo as escadas do enorme apartamento de Harvey, depois de passar a noite ali.Minha cabeça logo cria perguntas e cenários, que me deixa ainda mais ansiosa. Vou errar em alguma coisa. Com certeza vou deixar Harvey constrangido, se cometer alguma gafe. Como vou sobreviver a essa noite.Emma era uma mulher elegante. Um detalhe que sempre gostei nela. A tatuagem de pássaros voando no seu pulso. Eu jamais imaginaria que uma mulher como ela, faria tatuagem assim. Claro, em momento im
Eu ainda não acreditava no que estava acontecendo. Onde estou, cercada por pessoas que jamais pensei que estariam na minha vida. Uma felicidade tão imensa brotava no meu peito, alastrando-se como um calor acolhedor, impedindo-me de fechar o sorriso. Ele estava estampado, e acredito que brilhava tanto que, mesmo sem luz, as pessoas ao meu redor podiam vê-lo. Eu sei que isso pode não ser perfeito aos olhos de todos, mas para mim era algo necessário, algo de que sentia falta. Pessoas ao meu redor. Pertencer a uma família. Sempre tive uma pequena família em casa com minha melhor amiga, mais irmã do que amiga, mas agora, tudo parecia se completar. Uma peça que eu nem sabia estar faltando. Não sei o que o futuro reserva, e, normalmente, isso me preocuparia. Sou do tipo que sempre pensa nos cenários mais improváveis, nas coisas desmoronando, mas não hoje. Hoje, preciso pensar no presente, na minha felicidade. Na minha namorada. Na família dela, que me acolhia de uma forma tão natural que pa
- Você me tirou da minha empresa, para testar uma nova abordagem com as funcionárias. – O tom já ficou mais duro, me fazendo engolir em ceco. – Me surpreende não ser uma das secretarias... - Pai! – A voz de Harvey saiu dura. Dava para ver o quanto ficou chateado. Já eu, não sabia como me sentir. – Qual o seu problema. Pelo que sei, a mamãe também sentava naquela cadeira, e mesmo assim o senhor se apaixonou, foi contra todas as normas e leis, da empresa, para ficar com ela. - Não as compare, Harvey. – é, não posso ser comparada a Emma Novack. Sou uma pobre órfã que sempre se ferra. E olha eu aqui de novo. Sempre em situações constrangedoras e prestes a perder todo. Meus olhos se enchiam de agua. Não posso chorar. Não faça isso, Samanta. – Você, sempre foi um inconsequente. Achei que tivesse crescido. – Harvey apenas ficou o encarando, tão perplexo quanto eu. – Foi por causa dela, que não estava em NY naquele dia, não foi? - Entendi, o senhor não aceita que eu também me apaixone po
Quando Emma viu Samanta correndo, para fora, assustada e chorando, ela imaginou que algo ruim tivesse acontecido. Seu instinto foi se levantar e ir atrás da garota, contudo, segundos depois, seu filho passa, indo na mesmo direção.Ela os seguiu, mas ficou os observando da porta. Samanta não estava chateada, mas, sim, magoada, triste. Harvey poderia ter feito algo? Bem, ela não sabia ante então. Olhou para trás e viu Ian e no mesmo instante se tornou que, se houvesse um culpado, seria ele.Ian a tratou, a noite inteira, com tanta frieza que causava arrepios em Emma. Ela sentiu seu coração se afundar no peito, lembrando do passado. Ele não parecia ver sua culpa. Não sabia o que havia acontecido, pois não interagiu com ela, para causar tanta reação. Ian só não sabia que ela havia o ouvido, e isso, unido ao passado, a fez cair em lagrimas, coisas que Samanta não fazia com tanta facilidade, ainda mais na frente das pessoas.Harvey, deixando Samanta no carro, se aproximou dos pais. Sua expr