Isabela ajeitou o vestido mais uma vez, os dedos trêmulos passando pelo tecido liso como se pudessem garantir que tudo estivesse impecável. O reflexo no espelho mostrava uma mulher elegante, de batom marcante e olhar apreensivo, mas o coração dela ainda batia descompassado. Era uma noite importante, e ela sentia o peso disso nos ombros. Seus cabelos caiam suavemente sobre o busto, enquanto ela respirava fundo, tentando se acalmar.Do outro lado do quarto, William a observava em silêncio. Ele não conseguia desviar o olhar, como se cada detalhe dela fosse uma obra-prima feita para ser admirada. O perfume delicado que emanava dela parecia envolver todo o ambiente, e ele se perdeu por um momento no desejo de estar mais perto, de sentir o calor da pele dela contra a sua. Um sorriso brotou em seus lábios ao perceber o quanto estava enfeitiçado. Desde quando isso tinha acontecido? Desde quando Isabela se tornara o centro de tudo em sua vida?Mas ali estava ele, um homem que sempre vivera no
Muitas pessoas me diriam que eu não deveria me sentir orgulhosa por ser a namorada de alguém. Que eu deveria me dar mais valor, pensar em independência, em feminismo. E, para ser honesta, eu penso. Mas eu também penso na minha felicidade. E neste exato momento, a minha felicidade era estar aqui, ao lado de William. Por mais que as pessoas ao nosso redor, neste evento lotado e cheio de sorrisos falsos, achassem que eu tinha feito um péssimo negócio, eu me sentia completamente diferente.Sabe aquela sensação de conquistar algo que você sempre quis? Algo que você desejou por tanto tempo, que ocupou seus sonhos e pensamentos, e que, quando finalmente acontece, faz o coração acelerar de um jeito quase desesperado? Como se o mundo, pela primeira vez, fizesse sentido? Era exatamente assim que eu me sentia. Como se, por algum milagre, eu estivesse finalmente viva.Eu sabia que meu irmão e meu pai demorariam para acreditar que William poderia mudar. Que ele era capaz de melhorar, de provar que
Desde a noite passada, minha mente não consegue escapar da imagem daquela mulher. Ela nos encarava na festa com uma intensidade que fazia meu estômago revirar. Não se atreveu a se aproximar, mas algo na forma como seus olhos me atravessavam dizia que aquilo não terminaria ali. Não seria a última vez que nos cruzaríamos. Eu queria que fosse. Queria enterrar aquela sensação incômoda junto com o dia que acabou, mas ela parecia uma sombra teimosa, agarrada aos cantos escuros da minha mente.Não era só por ela ser bonita. E, meu Deus, ela era. Cabelos escuros ondulados que escorriam pelas costas, pele bronzeada que parecia brilhar sob as luzes, o corpo esguio que se movia como se o mundo fosse uma passarela. O vestido que vestia a abraçava como se tivesse sido desenhado só para ela. Sexy. Do jeito que William sempre gostou. Ela tinha tudo o que me fazia sentir vulnerável, tudo o que me fazia questionar se, de repente, eu era pequena demais para ele.Mas não era só isso. Tinha algo mais. Al
Por incrível que pareça, meu pai está agindo de forma estranha comigo. Não é nem bom, nem ruim. Ele não faz tantos elogios, mas também não me olha como fazia antes — com julgamento, repreensão e aquele desgosto evidente. É como se ele ainda não estivesse certo das minhas mudanças, como se o meu namoro fosse algum tipo de encenação, uma farsa para agradar a ele ou a todos ao nosso redor.Mas eu vou provar que não. Que, embora pudesse ter começado como algo superficial, para impressionar ou calar as críticas, isso mudou. Eu a amo de verdade. Não preciso me esforçar para provar o que é real.Assim que todos saíram da sala de reunião, ele falou:— Então....Não parava quieto, estava em pé, caminhando de um lado para o outro com aquela postura rígida que sempre me deixava ansioso. A sala era ampla, minimalista, com uma longa mesa que comportava até quatorze cadeiras. Ele costumava sentar no centro, enquanto eu, como esperado, ficava ao seu lado direito. Mas agora não havia mais ninguém ali
Isabela Samanta me deu uma boa ideia. Surpresa. Até tinha me esquecido que eu comecei com esse relacionamento de uma forma bem divertida, que me deixava empolgada e excitada. William não está esperando por nada disso, e como não posso, simplesmente, sair e deixar todo o trabalho acumulado, de lado, posso começar com nossas brincadeiras a distância.— Alô — meu plano é: mandar presentinhos para o meu namorado, até a hora de nos encontrar. — Estou vendo no seu site esse relógio exclusivo. Quero presentear alguém e... Poderia escrever um bilhete para mim?— Claro, senhorita.Óbvio que eu vou morrer de vergonha por estar dizendo tudo isso para alguém e essa pessoa tem o dever de entregar a Will.Começo a dizer o pequeno texto, pausando no fim das frases, pois preciso tomar um gole d'água, por sentir vergonha de mim mesmo. Apesar de não ser nada explícito, ainda é algo sugestivo. Assim que termino a compra, desligo, pondo em minha mente que é bobagem sentir vergonha por algo assim. Somo
William passou o dia inteiro empolgado e ansioso. Depois que voltou da sua checagem na obra e no projeto ao qual vinha se dedicando tanto, não conseguiu tirar da cabeça a mensagem que recebera, o presente inesperado e o que aconteceria mais tarde. Era preciso admitir: o mistério e os presentes provocativos eram o tempero daquela relação, que, com o tempo, havia esfriado. Ele sabia que parte disso era culpa sua; dedicara-se tanto a provar que era digno do amor de Isabela, que acabara esquecendo que um relacionamento era muito mais do que gestos de carinho e esforço.Mas Isabela havia lhe dado um lembrete. Um lembrete tão claro quanto a mensagem enigmática que recebera no celular: "Chegue em casa no horário. Quero você para mim esta noite."Assim que cruzou a porta de casa, sentiu o coração acelerar de uma forma que quase podia ouvi-lo em seus ouvidos, como se ele fosse explodir do peito. A antecipação era avassaladora. E lá estava ela, tão linda naquele vestido de seda vermelho que par
Tudo parecia estar em perfeita harmonia para William e Isabela. Contudo, nos bastidores, vozes se levantavam contra ele, sussurrando planos e ressentimentos. Entre essas vozes, uma se destacava com uma intensidade singular: Natalia. Ela era implacável em sua dedicação, calculista em suas ações. Passara meses arquitetando o momento perfeito para dar seu golpe, para reivindicar aquilo que acreditava ser dela. E então, Isabela apareceu, como um obstáculo inesperado, destruindo tudo ao se aproximar de William.— O que você vai fazer agora? — perguntou Dominique, a voz baixa, quase cautelosa.Natalia permanecia imóvel, de costas para ele, observando o mundo brilhante e caótico de Nova York através do vidro que ia do chão ao teto. A noite estava viva lá fora, mas dentro da sala, só se ouvia o som repetitivo do salto de Natalia batendo no chão, um ritmo que acompanhava sua mente acelerada.— O que eu vou fazer? — ela repetiu, quase num sussurro, mas havia algo venenoso em sua voz. Ela se vir
Depois da noite anterior, que parecia ter saído de um sonho, William e Isabela decidiram tirar o dia para eles, longe do caos de Nova York. O plano era simples: fugir da rotina, esquecer as obrigações e se perder na liberdade que só a estrada poderia oferecer. William adorava os pais, mas não negava que a pressão deles tinha sido necessária. Ele era impulsivo, sabia disso, e provavelmente só tinha chegado tão longe por causa das expectativas que o obrigaram a amadurecer. Ainda assim, naquele momento, tudo o que ele queria era silenciar o mundo ao redor e se concentrar em Isabela. Nada de lembranças de antigos casos ou olhares desconfortáveis de quem insistia em trazer o passado à tona.Isabela, por outro lado, estava surpreendentemente tranquila. A noite anterior havia deixado nela uma leveza rara. Ela acordou com um sorriso tão sincero que até seus músculos pareceram estranhar a sensação. A proposta de William — passar o dia na moto, explorando estradas desconhecidas — não a encantav