Esther MendonçaEu entrei em uma éspecie de transe quando vi a foto de Cecília ali, ele tinha uma foto dela no seu escritório. Eu não sabia se chorava ou se matava aquele cretino, ele não tinha esse direito. Como é que ele podia ter uma foto dela? O seu próprio assassino.- Cecília.- Deixo escapar o seu nome e sinto as lágrimas molharem as minhas bochechas- O que disse?- Ele pergunta e só então me dou conta do que eu tinha feito, do que tinha falado. Me viro para ele e o vejo com os olhos arregalados - Repete o que você falou.-- E-eu não disse nada.-- Você disse Cecília.-- Não.-- Você...- ele está prestes a falar mas eu não dou chance que termineSaio disparada de seu escritório, se eu ficasse ali mais um minuto eu acabaria estragando tudo. Victor Hugo não podia saber que eu era irmã de Cecília, isso acabaria com qualquer chance que eu ainda tinha de me vigar dele, sem contar que ele podia muito bem me dar o mesmo fim que deu a Cecília. Ele saberia que me ter aqui representaria
Victor HugoA reunião que novamente acontecia em minha presença parecia não fazer o mínimo sentido, não quando minha cabeça insistia em retornar seguidas e seguidas vezes a cena do qual a mulher paralisada, quase que em choque sussurrava o nome da minha falecida namorada.Tentei ao decorrer do restante do dia não apenas uma, mas várias vezes conversar com ela, esclarecer o porquê daquela reação e ainda mais, o porquê dela saber o nome de Cecília.- Vamos lá, agora vou apresentar para os senhores um projeto que poderíamos encaixar na rede de cafeterias. - Lilianne chama nossa atenção quando se levanta e pega um pequeno controle acionando uma tela que desce e reflete algumas imagens do seu projeto.O novo projeto consistia em uma rede de cafeteria que íriamos lançar nos próximos meses, as cafeterias teriam uma sede distribuída por todo o país, onde já havíamos conseguido vários sócios interessados, então agora nosso trabalho era apenas fazer acontecer, já que a aprovação já havia sido f
Esther MendonçaEu tinha conseguido inventar alguma desculpa quando Victor Hugo me questionou, ele pareceu ter acreditado. Por sorte Cecília e eu éramos filhas de pais diferentes, dessa forma não tínhamos o mesmo sobrenome, o que facilitava que eu mantivesse o meu disfarce. Já era cedo novamente quando eu cheguei na lanchonete, até mesmo a cozinheira estava ali. Desde que eu cheguei, eu havia a encontrado poucas vezes devido aos nossos horários diferentes, e não tínhamos trocado palavra alguma.- Você deve ser a nova ajudante que Ana falou.- Ela diz quando me vê- Esther.-- Eu sou Antonella.- As palavras ditas pela mulher eram carregadas de um sotaque diferente, assim como o seu nome que não era nada comum em nosso país.- Você deve ser italiana.- Sugiro e ela concorda com a cabeça, sorrindoA mulher já não era tão jovem e devia ter por volta de quase cinquenta anos, o que provavelmente deveria tornar ela ainda mais experiente na cozinha. Sua aparência no entanto não estava das mel
Victor HugoFechei meus olhos por longos segundos e quase coloquei as mãos unidas em frente ao corpo para uma breve oração, pedindo para que isso tudo fosse um maldito sonho, ou melhor, um pesadelo e quando voltasse a abrir os olhos Diego já haveria evaporado da minha frente, mas para meu total desgosto quando voltei a focar as vistas na imagem em minha frente Diego continuava lá, mas agora segurando a caixa nas mãos e os filhotes lá dentro miavam em um som extremamente alto que soou por todo o corredor.- Entra logo antes que eu leve uma multa pelo barulho essa hora da manhã, e de quebra ainda te esgane. - Bufo me encostando para o lado e lhe dando caminho para passar.- Multa? - Ri. - Até parece né, riquinho e chato como você é pegou logo a cobertura do final do prédio inteira pra você, não tem mais ninguém nesse andar pra reclamar do barulho além de você. - Debocha abraçando a caixa e passando por mim.- Você pode repetir o que quer aqui mesmo essa hora? - Peço mais uma vez ainda d
Esther Mendonça Oito anos atrásAs vozes altas em discussão podiam ser ouvidas já do lado de fora, eu estava voltando do meu trabalho no restaurante e já podia decifrar que tia Lu e Cecília discutiam antes mesmo de passar pela porta. Quando entrei na sala, tia Luiza já estava em prantos e Cecília ainda discutia apontando o dedo para a sua cara, era evidente a raiva que a dominava naquele momento. Com todo o amor e carinho que tia Luiza sempre tinha dado a nós duas, desde a perda de nossos pais, nós sempre tínhamos vivido em harmonia morando com ela, o que me deixava ainda mais surpresa por vê-las nessa estado, em tamanha discussão.- O que está acontecendo aqui?- Pergunto assim que fecho a porta ao entrar- A sua irmã está cega, é isso que está acontecendo.- Tia Luiza se queixa, as lágrimas ainda escorrem por suas bochechas- Você não me apoia em nada, você quer que eu seja infeliz aqui.- Cecília a acusa gritando- Já chega.- Eu caminho até elas e me coloco entre as duas - Vocês vão
Victor HugoOs óculos escuros protegem meu rosto do sol quente quando desço do carro e finalmente pareço respirar um pouco do ar puro do parque. O lugar verde e arborizado estava cheio, infestado de adultos e crianças que corriam de um lado para o outro.Caminho enquanto obsevo tudo que acontece ao redor, era no mínimo engraçado ver a mistura dos barulhos que as pessoas, animais, trânsito nas vias perto do parque faziam. Seria quase enlouquecedor se não fosse um ambiente tão aberto.Vejo uma barriquinha onde estão vendendo água de coco fresca em litro e aproveito para ir até lá, na tentativa de me refrescar um pouco, mas antes que eu consiga chegar até o lugar meu corpo colide bruscamente com o outro, o impacto fazendo com que a outra pessoa caia no chão no mesmo momento e eu sou le
Esther MendonçaO meu tempo estava mais corrido que o normal agora que Antonella e Ana não estavam na lanchonete, eu estava cuidando de tudo sozinha e o trabalho estava sendo dobrado. No entanto eu já estava acostumada a tomar a responsabilidade, era isso que eu fazia nos meus outros empregos sempre que era necessário. Não era como se fosse um sacrifício para mim, apesar de não fazer parte dos deveres do meu cargo, mas cozinhar pra mim de toda forma sempre era um presente e agora ter a oportunidade de cozinhar em uma cozinha tão bem equipada e com tantos ingredientes a disposição era incrível, algo que eu sempre sonhei. Eu tinha receio sobre cada comida vendida aos clientes, era a primeira vez que eu cozinhava algo pra tanta gente, e eles já estavam acostumado com as comidas deliciosas de Antonella, que é profissional na área. Em contrapartida eu era apenas uma garota que não tinha nem sequer conseguido concluir o seu curso de gastronomia, mas que estava arriscando tudo nessa cozinha.
Victor HugoA manhã passa de forma rápida e isso quase chega a me surpreender, se não fosse pela quantidade de várias coisas que eu tinha para fazer em tão pouco tempo.Estou com os olhos focados nos documentos apresentados na reunião da nossa nova filiação, enquanto terminamos de combinar quando aconteceria a próxima reunião para apresentação dos novos sócios consigo ver o momento exato em que minha secretária aparece na porta e me chama de forma discreta.- Algum problema? - Pergunto assim que me aproximo vendo a agitação da mulher.- Na verdade sim, quero dizer, não, ou talvez seja, eu realmente não sei. - Diz tudo de forma tão rápida e a olho sem entender nada.- Que isso, mulher, respire um pouco. - Digo a acalmando e ela faz o que peço respirand