Esther MendonçaEu tinha conseguido inventar alguma desculpa quando Victor Hugo me questionou, ele pareceu ter acreditado. Por sorte Cecília e eu éramos filhas de pais diferentes, dessa forma não tínhamos o mesmo sobrenome, o que facilitava que eu mantivesse o meu disfarce. Já era cedo novamente quando eu cheguei na lanchonete, até mesmo a cozinheira estava ali. Desde que eu cheguei, eu havia a encontrado poucas vezes devido aos nossos horários diferentes, e não tínhamos trocado palavra alguma.- Você deve ser a nova ajudante que Ana falou.- Ela diz quando me vê- Esther.-- Eu sou Antonella.- As palavras ditas pela mulher eram carregadas de um sotaque diferente, assim como o seu nome que não era nada comum em nosso país.- Você deve ser italiana.- Sugiro e ela concorda com a cabeça, sorrindoA mulher já não era tão jovem e devia ter por volta de quase cinquenta anos, o que provavelmente deveria tornar ela ainda mais experiente na cozinha. Sua aparência no entanto não estava das mel
Victor HugoFechei meus olhos por longos segundos e quase coloquei as mãos unidas em frente ao corpo para uma breve oração, pedindo para que isso tudo fosse um maldito sonho, ou melhor, um pesadelo e quando voltasse a abrir os olhos Diego já haveria evaporado da minha frente, mas para meu total desgosto quando voltei a focar as vistas na imagem em minha frente Diego continuava lá, mas agora segurando a caixa nas mãos e os filhotes lá dentro miavam em um som extremamente alto que soou por todo o corredor.- Entra logo antes que eu leve uma multa pelo barulho essa hora da manhã, e de quebra ainda te esgane. - Bufo me encostando para o lado e lhe dando caminho para passar.- Multa? - Ri. - Até parece né, riquinho e chato como você é pegou logo a cobertura do final do prédio inteira pra você, não tem mais ninguém nesse andar pra reclamar do barulho além de você. - Debocha abraçando a caixa e passando por mim.- Você pode repetir o que quer aqui mesmo essa hora? - Peço mais uma vez ainda d
Esther Mendonça Oito anos atrásAs vozes altas em discussão podiam ser ouvidas já do lado de fora, eu estava voltando do meu trabalho no restaurante e já podia decifrar que tia Lu e Cecília discutiam antes mesmo de passar pela porta. Quando entrei na sala, tia Luiza já estava em prantos e Cecília ainda discutia apontando o dedo para a sua cara, era evidente a raiva que a dominava naquele momento. Com todo o amor e carinho que tia Luiza sempre tinha dado a nós duas, desde a perda de nossos pais, nós sempre tínhamos vivido em harmonia morando com ela, o que me deixava ainda mais surpresa por vê-las nessa estado, em tamanha discussão.- O que está acontecendo aqui?- Pergunto assim que fecho a porta ao entrar- A sua irmã está cega, é isso que está acontecendo.- Tia Luiza se queixa, as lágrimas ainda escorrem por suas bochechas- Você não me apoia em nada, você quer que eu seja infeliz aqui.- Cecília a acusa gritando- Já chega.- Eu caminho até elas e me coloco entre as duas - Vocês vão
Victor HugoOs óculos escuros protegem meu rosto do sol quente quando desço do carro e finalmente pareço respirar um pouco do ar puro do parque. O lugar verde e arborizado estava cheio, infestado de adultos e crianças que corriam de um lado para o outro.Caminho enquanto obsevo tudo que acontece ao redor, era no mínimo engraçado ver a mistura dos barulhos que as pessoas, animais, trânsito nas vias perto do parque faziam. Seria quase enlouquecedor se não fosse um ambiente tão aberto.Vejo uma barriquinha onde estão vendendo água de coco fresca em litro e aproveito para ir até lá, na tentativa de me refrescar um pouco, mas antes que eu consiga chegar até o lugar meu corpo colide bruscamente com o outro, o impacto fazendo com que a outra pessoa caia no chão no mesmo momento e eu sou le
Esther MendonçaO meu tempo estava mais corrido que o normal agora que Antonella e Ana não estavam na lanchonete, eu estava cuidando de tudo sozinha e o trabalho estava sendo dobrado. No entanto eu já estava acostumada a tomar a responsabilidade, era isso que eu fazia nos meus outros empregos sempre que era necessário. Não era como se fosse um sacrifício para mim, apesar de não fazer parte dos deveres do meu cargo, mas cozinhar pra mim de toda forma sempre era um presente e agora ter a oportunidade de cozinhar em uma cozinha tão bem equipada e com tantos ingredientes a disposição era incrível, algo que eu sempre sonhei. Eu tinha receio sobre cada comida vendida aos clientes, era a primeira vez que eu cozinhava algo pra tanta gente, e eles já estavam acostumado com as comidas deliciosas de Antonella, que é profissional na área. Em contrapartida eu era apenas uma garota que não tinha nem sequer conseguido concluir o seu curso de gastronomia, mas que estava arriscando tudo nessa cozinha.
Victor HugoA manhã passa de forma rápida e isso quase chega a me surpreender, se não fosse pela quantidade de várias coisas que eu tinha para fazer em tão pouco tempo.Estou com os olhos focados nos documentos apresentados na reunião da nossa nova filiação, enquanto terminamos de combinar quando aconteceria a próxima reunião para apresentação dos novos sócios consigo ver o momento exato em que minha secretária aparece na porta e me chama de forma discreta.- Algum problema? - Pergunto assim que me aproximo vendo a agitação da mulher.- Na verdade sim, quero dizer, não, ou talvez seja, eu realmente não sei. - Diz tudo de forma tão rápida e a olho sem entender nada.- Que isso, mulher, respire um pouco. - Digo a acalmando e ela faz o que peço respirand
Esther MendonçaNo carro em que Victor Hugo me levava para casa reinava o silêncio, a sua insistência tinha sido demais depois que me viu naquele estado, na chuva. A verdade é que depois do que eu tinha ouvido em sua sala, sobre Cecília tinha acabado comigo. Eu podia imaginar como a minha irmã tida sofrido nesse tempo longe de casa, ela acreditava que Victor Hugo era o suficiente e que só isso importava, mas ela estava errada. Pelo que pude ouvir, o pai dele também a odiava, eu não duvidaria se eles tivessem planejado a morte dela juntos, já que ele fez questão de encobrir o crime do filho e garantir que ele não fosse culpado pela justiça. Sou tirada de meus devaneios quando ele freia o carro, o deixando imóvel e então percebo que havíamos chegado em minha casa. A tempestade no entando estava muito forte, se tornando extremamente perigoso dirigir em uma chuva como aquelas, eu me odiei quando me peguei fazendo um convite a Victor Hugo.- Você não pode dirigir com essa tempestade.- Digo
Victor Hugo- Mas você até mesmo já namora, pelo menos pelo o que eu vi naquele dia que te encontrei no parque, deduzo que seja a sua namorada. - Diz me olhando, como se estivesse me analisando.- E o fato de namorar precisa tirar o de sentir saudades de Cecília? Ela foi, e continua sendo uma pessoa especial em minha vida, em nenhuma hipótese vou esquecê-la ou deixar de pensar em como estaríamos hoje em dia. - Digo enquanto passo a toalha que Esther havia me entregado no meu cabelo que insistia em continuar pingando algumas gotas de água.- Você acha que ainda estariam juntos? Se ela estivesse viva. - Continua e me pergunto onde ela queria chegar com aquela conversa.- Por mim sim, não sei por ela. - Sorrio fraco. - Cecília era um pouco inconstante, ao mesmo tempo que queria algo já deixava de querer, talvez isso acontecesse comigo também. - Dou de ombros. - Acho que a única coisa que ela tinha certeza que sempre permaneceria querendo e amando era fotografar. - Contasto.- É, isso é v