🥀 Tate 🥀 Mais uma cavada no meu próprio túmulo. Eu compro. Essas palavras deveriam ter sido pensadas e repensadas antes de saírem da minha boca. A livraria, com certeza, seria a melhor forma de me erguer novamente. 250 mil... Tenho apenas 25 mil na minha conta. Como vou pedir esse valor tão alto e tão de repente para o papai? Grr. No corredor, com a cabeça encostada no batente da porta, cor de céu nublado. Como vou dizer a ele que, para resolver, basta assinar umas papeladas e ter uma dívida maior que a minha própria vida? Choramingo mais um pouco. Preciso beber. Só. Dessa. Vez. De novo... Escuto risadas, não de um grupo, mas de um dueto de vozes. Vozes masculinas. Oh não. Sinto uma horripilação tomar conta do meu corpo. Seria aquele cara? Do banheiro... Ah, Deus, me leva. Abro a porta, ninguém na sala, mas os risos cessam e uma onda de constrangimento toma conta do ambiente. — Tate, estamos na cozinha. — A voz de Benjamin chama, vindo de lá. Largo minha bolsa
Sem pensar muito, cravo minha mão em sua cara. O estalo é tão alto que poderia ser ouvido até do outro lado da cozinha. Não precisava ser tola para entender o que ele queria. Como todos os homens, ele só queria sexo, e de um jeito fácil. Como não? Uma mulher endividada toparia qualquer valor em troca de uma transa. A maneira perfeita de garantir não ir sozinho para a cama. — Quem você pensa que é? — Sacudo a mão, sentindo a dormência da dor. — E o pior, quem você pensa que sou. Uma sombra toma conta de seus olhos. O que antes era desejo, agora se torna algo como frieza. — Querido anjo... — A arrogância dele muda toda a cena. O jeito como ironiza, dando a entender um elogio que mais parece um insulto. Com uma delicadeza impecável, ele se aproxima tanto que consigo sentir o cheiro do uísque caro vindo de sua boca. O timbre da sua voz faz meu corpo se acender, como se alguém encaixasse a peça certa no lugar exato. Adam baixa a cabeça até seus lábios ficarem ao lado do meu ouvido e
Duzentos e cinquenta mil...Ainda não consigo parar de pensar nessa quantia; parece surreal a loucura que cometi.Sinceramente, não entendo por que dei minha palavra quando disse que compraria a livraria. Uma parte de mim ansiava por algo novo, e outra parte sabia o quanto eu ainda sou jovem, mas não tive iniciativa para começar a viver do jeito certo.E ainda não encontrei o motivo.Não seria uma livraria que preencheria o vazio no meu peito. Cinquenta por cento de mim ama a ideia, mas a outra metade sempre me leva ao limite, me fazendo querer desistir...Para minha família, todos acham que levo uma vida boa e digna, mas nem imaginam que estou a ponto de ter um colapso.Eu me sentia sozinha na maior parte do tempo. Solitária.A vida sem Alice me tornava assim...Éramos amigas desde a quinta série, quando a professora de biologia nos colocou juntas para fazer um trabalho. Foi amizade à primeira vista.No início, eu amava quando ela ia lá para casa fazer as lições. Bem... eu fazia, enq
🥀 Adam 🥀Ferrado por uma garota. Isso ainda me soa familiar.Sempre deixo meus impulsos momentâneos tomarem conta da minha razão.Não podia ter feito isso com Benjamin. Ele é meu melhor amigo, o único em quem confiei para contar toda a verdade sobre os negócios da minha família. Não dá para sair por aí revelando quem é sua família ou o que você realmente faz. Isso seria como engatilhar uma arma na sua própria nuca — e na de quem você mais ama.Por isso, não tive medo de contar a ele. Benjamin nunca me faria mal, e, mesmo que fizesse, quem ele machucaria? Família? Só tenho meu avô, e ninguém ousaria tocar nele. Esse é o poder que admiro nele, embora, fora isso, eu o considere um bastardo.— Você só pode estar brincando. — Ben riu, mas sem humor.Ele havia me visto aos beijos com a irmã dele. Seu semblante mudou completamente. Era como se eu o tivesse traído ou apunhalado pelas costas.Mal consegui convencê-lo a vir ao meu escritório.A boate, inaugurada há menos de três meses, era pa
🥀 Tate 🥀Meu coração gelou.Não consegui reagir desde que ouvi “A Proposta” que Adam me fez.Um casamento falso por seis meses, para que ele pudesse assumir o controle da empresa da família. Em troca, ele me daria a livraria. Só de pensar em casamento, meu corpo inteiro tremia.Desde que Leonardo e eu terminamos, fiquei com um certo trauma. Decidi me manter afastada de relacionamentos até encontrar a pessoa certa. Só que, a essa altura da minha vida, já tinha desistido de encontrar meu par perfeito. Me conformei com a solidão.Então, essa proposta caiu no meu colo como se tivesse vindo do céu. Ou do inferno.Aceitar seria o mesmo que me vender. E Ben tinha razão quando disse isso. Ele sempre estava certo, mesmo quando eu não queria admitir.Depois daquele beijo inesperado, Adam convocou Ben e eu para o escritório dele. Fiquei surpresa, claro. Como poderia imaginar que aquela boate pertencia a Adam? Muito menos ao meu irmão!Mas naquela noite, parecia que o universo tinha mais surpre
🥀 Adam 🥀Três semanas se passaram e ainda não recebi nenhuma resposta de Tate. Nem com Benjamin eu conseguia conversar direito. Tudo o que ele tinha a me dizer vinha em e-mails curtos e evasivos.Por sorte, hoje haveria uma oportunidade de falar com ele. Graças ao sistema de ar-condicionado que havia quebrado por causa de uma fiação solta, Benjamin teria que aparecer. Nunca me interessei por esses problemas técnicos, mas desta vez não me importaria em lidar com algo entediante, só para ter a chance de conversar com aquele teimoso.14:09Vejo-o entrar como se esperasse que algo estivesse prestes a explodir. Sem muita escolha, dou-lhe um ultimato e o chamo para a minha sala.— Precisamos conversar. — digo diretamente.— Pra ser sincero, eu não quero falar nada com você. — Ele responde, olhando para o relógio e depois para mim. — Uma hora você diz que não quer se casar, e na outra quer se casar com a minha irmã.— Ela não sairá prejudicada, eu garanto!— DINHEIRO NÃO ME IMPORTA! — Ele
🥀 Tate 🥀Eu tinha plena consciência de que, ao entrar naquela boate, minha vida mudaria completamente. Mesmo após seis meses, sabia que ainda haveria cicatrizes desse casamento falso. Olhei para o volante e, em seguida, para o banco do passageiro, onde deixei os papéis do contrato de compra. De 250 mil, o valor agora era 350 mil.Não adiantou nada gritar e espernear com o senhor Walter. Tive um surto quando o fiscal nos informou que, acima da livraria, aquele "sótão" parecia mais um segundo andar, com potencial de ser alugado para outras lojas ou para expandir a livraria no futuro.Não era algo ruim, mas... eu mal tinha 250 mil. Imagina conseguir 350?Por outro lado, isso me daria a chance de criar uma cafeteria em algum momento. Só que isso significaria mais tempo e mais dinheiro. Mas imagine:Ler, tomar um café e comer brownies... O sonho de duas adolescentes que, hoje, eu vou realizar. Por mim e por Alice.Passo as mãos pelo cabelo e desço do carro. Minha mente trava, e meu coraç
Puta que pariu...Salto da cama e corro para a sala.Poxa vida, quem, em plena consciência, fica esmurrando a porta de madrugada? Que droga, são apenas 10h43 da manhã.Caminho apressada até a porta, tentando controlar os fios rebeldes do meu cabelo. Tento prender em um rabo de cavalo, que, por sinal, ficou pior do que deixá-lo bagunçado como antes.Com uma pontada de irritação, abro a porta com cautela.Um homem de óculos, gravata e terno cor de madeira me dá um breve sorriso. Ele parece estar se divertindo com a visão de uma lunática completamente desgrenhada logo pela manhã.— Posso ajudar? — pergunto, tentando entender o motivo da visita.— Aqui é a residência dos Rollis? — Ele dá ênfase ao sobrenome da minha família.— Sim, senhor. — Seu rosto inexpressivo varre a sala, como se procurasse algo ou alguém, observando com o olhar de quem quer entrar. Isso, é claro, está fora de questão. Já vi documentários sobre assassinatos que começaram exatamente assim. Não sou uma lutadora de MMA