LanaOfélia estava ajeitando a bandeja para me servir, Leon voltou para o quarto.— Prometo que vou ficar boa bem rápido para devolver a sua cama.— Prefiro dividi-la contigo! — Ele respondeu deixando Ofélia feliz, enquanto eu provava a sopa.— Com licença, estarei na cozinha caso precisem de alguma coisa.Ela saiu, Leon sentou-se na cama de frente para mim.— Ficou com medo de me perder, não foi? — Sorri insinuante, ele continuou com a máscara e com certeza para esconder de mim a confirmação por meio do seu sorriso.— Claro que fiquei, imagine o só o valor da indenização que eu teria que pagar. Além do translado do seu corpo de volta para o Brasil.— E como dinheiro é um problema para você... — Ironizei.— Está mesmo se sentindo melhor?— Sim, Leon, me sinto mais forte agora e essa sopa vai me curar de dentro para fora, mas...— Mas? — Questionou ele.— Meus pés continuam gelados.— As extremidades do corpo demoram mais a receber o calor.LeonEu entendi que ela precisava de um carin
LanaLeon jantou comigo no quarto e depois preparou-me um banho quente.— Por que não entra na banheira comigo?— Prefiro ficar te admirando, como sempre. — Ele respondeu enquanto me observava tirar a roupa.Entrei naquela água morna, ele ficou apenas me olhando. Fiquei me esfregando devagar e até me esqueci que estava sendo vigiada e comecei a cantarolar minha música favorita: When You Kiss Me de Shania Twain, sempre amei as letras lindas e que retratam amores felizes, indo na contramão de outros artistas que preferem cantar o sofrimento.— Me perdoe Leon, esqueci que você não gosta de música.E não ouvir canções era uma das cláusulas do contrato.— Mas eu estava gostando de te ouvir, por que não continua? — Ele perguntou ao me observar ensaboar o braço.— Meu inglês é muito ruim!— O meu também é. — Leon insistiu.— Mentira, Ofélia me disse que você é fluente em vários idiomas.— Faça de conta que eu não estou aqui e que não existe cláusula nenhuma.Ele era muito persuasivo quando q
Lana Acordei e Leon já não estava na cama, acho que para ele acordar antes de mim, seria uma estratégia para fugir do meu olhar em seu rosto. Tomei um banho, me enrolei na toalha e fui até o meu quarto, pois Ofélia ainda não tinha levado minhas roupas para o nosso quarto. Vesti um agasalho, a cada dia ficava mais frio. O inverno desse país é muito severo e eu quase me dei muito mal na noite passada por causa disso. Desci e ouvi a voz do doutor Alberto e de Leon na sala de estar. — Bom dia! — Bom dia Lana, como você está? — Alberto perguntou sorrindo e demos um forte abraço, acho que projeto nele o pai que perdi há tanto tempo. Vejo que a preocupação e carinho que ele tem por mim é real e sou grata por isso. — Estou bem e o senhor? — Ótimo! — Respondeu ele. — Sente-se conosco. — Leon pediu dando dois tapinhas ao seu lado e eu sentei. — Parece que estão mais próximos do que eu previa. — Alberto olhou sorrindo para nós dois. — Sim, Alberto, acho que desta vez eu acertei na escol
LeonFoi melhor assim, sem despedidas ou lágrimas. Lana foi a melhor coisa que já aconteceu na minha história, mas não posso impor uma vida como a que tivemos no último ano naquela casa. O isolamento e a dor só pertencem a mim, mandei que juntassem as minhas coisas e saí escondido como um fugitivo. Pedi a Alberto que pagasse a ela, um valor maior do que o combinado no contrato e sei que isso, talvez não seja capaz de pagar toda a felicidade que ela me deu nesses dias, mas dará para que ela compre a casa que tanto queria para a mãe.Pedi que Ofélia venha para cá apenas em um mês, sei que a presença dela vai me fazer lembrar daquilo que, na verdade, eu não consigo esquecer um só segundo. Entre minhas coisas eu trouxe a moeda que ela me presenteou e um de seus vestidos, ele ainda tem o cheiro o dela.Já deve estar de volta ao Brasil, fico o tempo inteiro longe do meu celular, para não perguntar sobre ela ao doutor Alberto. Acho que será melhor para mim, cortar laços profissionais com ele
LeonMinha vida era vazia sem Lana e agora, após ter experimentado a felicidade por aqueles dias, tudo se tornou ainda mais doloroso. Evito falar com Alberto, porque sempre que ouço sua voz meu coração grita querendo saber notícias dela, mas eu tenho que entender que essa é a maior prova de amor que posso dar a essa mulher.Felizmente Carla ainda não descobriu meu paradeiro, a melhor coisa que fiz por mim mesmo, foi ter me afastado ainda mais da sua ambição. Não consegui me desfazer dos dois cavalos e muito menos dos cães, eles estão tão tristes quanto eu. Aqui em Portugal o clima é quente, mas não nos aquece o coração e a saudade só aumenta. Esse mês passou tão lentamente que tenho a impressão de ter ficado preso no tempo, Ofélia chegou.— Como você está Leon?— Bem! Pedi a outra empregada que arrumasse um dos quartos aqui debaixo para você.— Sim, obrigada.Fabiano ficou na casa da Itália cuidando de tudo, aqui eu precisei contratar mais funcionários para cuidarem dos animais. Feliz
LeonAcordei, abri meu notebook… não resisti a dar uma olhada nas redes sociais dela, mas seguiam sem atualizações desde um ano atrás. Parece que, de alguma forma, algumas coisas na vida dela ainda não estavam iguais e isso me dá esperança.Uma notificação chegou ao meu e-mail, era do doutor Anthony. Respirei fundo, pensei em fechar a tela e ignorar com certeza, ele deve estar dando uns mil um motivos para que eu esqueça a possibilidade de um tratamento ou que meu caso é irreversível. Mas pensar em poder vê-la de novo me fez abri o e-mail.“Me interessei pelo seu caso, já tratei lesões graves e semelhantes às suas, obtendo um bom resultado junto a cicatrização com uso de luz pulsada. Se estiver mesmo disposto a tentar, poderei operá-lo no hospital Golden… mas antes, precisará passar por alguns exames pré-operatórios.”— Essa é a minha única chance de ter você de novo.LanaEu passei a semana preocupada com as contas que não paravam de chegar. Minha mãe implorava que eu fizesse um bole
Osvaldo reconheceu a necessidade de manter Leon sob vigilância, especialmente porque a empresa estava indo bem e os lucros estavam em alta. Recebeu uma ligação muito importante de seu informante:— Fale!... Então, o miserável pretende fazer uma cirurgia plástica nos próximos dias. Maldição!O que ele temia estava prestes a acontecer: Leon estava planejando voltar, e Osvaldo suspeitava que ele estava interessado em procurar por Lana, a jovem que havia despertado seu desejo de se reintegrar ao mundo. Osvaldo sabia que não podia permitir que isso acontecesse e estava disposto a fazer alianças com inimigos em comum. Ele telefonou para Carla:— Leon está em Portugal, em Lisboa para ser mais exato.Carla havia tentado obter essa informação do doutor Alberto, mas sem sucesso:— Eu tentei arrancar essa informação do doutor Alberto, mas parece que o desfigurado o destituiu do cargo de advogado. — Ela respondeu irritada.Osvaldo insistiu sobre importância de impedir que Leon realizasse a cirurg
Lana Eu tive o dia inteiro de folga, decidi dar uma volta com a minha mãe. Por perto apenas para conhecer o lugar e encontrar um lugar mais barato para alugar. Encontramos uma kit-net que parecia tranquila e cabia no nosso orçamento, além disso, eu soube que havia uma clínica a trinta minutos daqui e eles atendiam com a cobertura do plano de saúde da minha mãe. — Como podem ver, possui dois quartos, fica próximo ao ponto de ônibus e o preço está muito bom. Na verdade, só está disponível por que o antigo morador se foi ontem para a sua terra natal. — Parece que era mesmo para ser nossa. — Respondi dando uma boa olhada nos quartos, que eram pequenos, mas nos serviriam perfeitamente. — A senhora gostou mamãe? — Sim, filha, parece ser bom! — O caso é que, precisamos do adiantamento de três meses. — Eu já esperava por aquela condição, felizmente eu consegui guardar um pouco do valor que Henrique me deu e também da venda do meu colar… como me dói lembrar que me desfiz dele por tão pouco