Arlo Quando percebi que a confusão estava armada do lado de fora, eu sabia que tinha chegado a minha vez. Arya estaria em algum lugar, sendo detida até que a pedra fosse levada; os caras, fingindo serem ladrões, arrastaram os guardas para um lugar só, por tanto, os corredores estavam livres para mim. Com o coração carregado de culpa, segui pelos corredores agora conhecidos devido aos vários dias ali. Em algum momento pensei em fugir, já que Dianna estava livre, não havia mais o propósito de libertá-la. E para completar, a mulher parecia ter tomado ódio de mim. Eu preciso contar a ela o que aconteceu de verdade, dizer que tentei, que ainda a amo e quero ficar com ela. Até tinha planejado livra-la daquele lugar, agora que a oportunidade havia surgido. Pensando em Dianna, em como a decepcionei, só conseguia me lembrar de que decepcionaria outra mulher. Cheguei ao local onde a pedra ficava guardada, a chave deveria estar com Arya, naquele colar que ela tinha me mostrado, mas a levaria
DiannaAntes da primeira luz solar, estaríamos em movimento, foi o que falaram. Arlo já havia cumprido sua parte no trato e trazido a Relíquia da terra. Arya também estava conosco, não sabia até então que os guardiões também estariam no navio. Estou cada vez mais convencida de que aquele homem quer algo grande, o quê, eu ainda não sei.Revirei na cama quente naquele quarto abafado. Arya e Ida já dormiam, somente eu estava acordada. Era para estar acostumada a camas ruins e quartos abafados, levando em consideração o buraco de onde saí, mas não conseguia dormir.Virei-me de lado e encarei o rosto relaxado pelo sono de Arya, ela era bonita, sua pele clara parecia de seda e seus cabelos finos fios de ouro, não era de se espantar que Arlo tivesse se encantado por ela. Ele estava encantado por ela, deu para perceber quando a trouxe para nós mais cedo, o peso que ele parecia carregar nos ombros devido sua traição à moça, era de quem estava envolvido, apaixonado talvez.E ela estava triste,
Arlo“Idiota!”É o que sou. Um idiota. Como eu pude estragar tudo? Conheço Dianna, sei que ela é difícil, não gosta de demonstrar fraqueza, afinal, crescemos juntos. Acredito que eu seja a pessoa que melhor a conhece, por isso eu tenho vontade socar minha cara na parede. Como pude beija-la, simplesmente achando que ela corresponderia e se jogaria em meus braços?— Idiota, imbecil... – Falei socando a parede a cada palavra que mencionava.Comecei a andar pelo pequeno quarto, pensando no que faria. Eu precisava consertar as coisas, na verdade, eu só tinha piorado tudo, pois as coisas não estão certas há cinco anos.— Dá pra ir dormir ou pelo menos sossegar, tem gente querendo dormir, Arlo. – Reclamou Fill na cama acima da minha.O príncipe na cama ao lado roncava em um sono profundo, Orly e Liko não estavam no quarto, provavelmente estavam se preparando para a partida que seria em breve.— Me desculpe, Fill. Não queria acorda-lo. – Me sentei na beirada da minha cama.— O que aconteceu?
GaiaEm dois dias será o baile, tudo no castelo está uma loucura. Convidados chegam a todo instante, os empregados são poucos para instalar todos, às vezes sobra para mim o dever de receber alguém quando conseguem chegar todos no mesmo momento. E este é um desses momentos, principalmente porque o convidado é o príncipe de D’Eryn.— Eu sei, mamãe.— Você nem me ouviu, como sabe? – Respondeu ela enquanto caminhava comigo no corredor.— Nem precisa falar, o príncipe Haj está lá fora aguardando ser recebido, junto de seus acompanhantes, e a senhora e o papai não cansam de falar em como o reino dele é próspero e como seria interessante reunir dois guardiões e dois reinos em casamento.— Não pode negar que é um bom negócio.— Não vou me casar por negócio – falo arrumando meus cachos castanhos enquanto caminho.— Estamos te obrigando a nada, é apenas uma sugestão. Faço gosto.Olho nos olhos escuros dela e dou uma risada profunda.— Vocês nem conhecem o príncipe, como pode dizer que faz gosto
DiannaHaj era um filho da mãe, sabia bem o que estava fazendo, não havia me avisado de seus planos e os executou mesmo assim. Agora tenho que sorrir quando me felicitam pelo meu casamento em breve, tenho que ouvir o quanto sou sortuda e ainda aturar sua aproximação quando outras pessoas estão por perto.— Ela tem o temperamento um tanto agressivo, às vezes, mas eu a amo.As palavras melosas eram deixadas pelos lábios mentirosos dele, como se fosse a mais doce verdade.— Minha mãe costuma dizer que os homens preferem as mulheres doces e educadas. — Disse a princesa Gaia, enquanto caminhávamos pelo jardim.— Nem todos, minha cara. — Respondeu ele, galanteador. — Prefiro as mais selvagens. — Piscou um olho. Safado.Se eu pudesse lhe mostraria quem é selvagem agora mesmo, mas tínhamos que manter a força.— Príncipe, você é surpreendente. Está empolgada com a festa amanhã, Dianna. — Perguntou-me a princesa, me tirando do meu silêncio.— Ah, sim, muito. — Não estava empolgada, mas tinha
GaiaEu sabia que aquele grupinho escondia alguma coisa, só não sabia o que era, mas eu descobriria. Ao questionar à árvore sobre Arya, ela me mostrou o templo de D’Arcos, a cerimônia da Lua cheia, Arya se enchendo de poder, brilhando como as estrelas na noite escura... ela era a guardiã da Relíquia da terra. Dois guardiões em meu castelo, príncipe Haj e Arya, por que os dois estariam aqui? Teriam um motivo diferente de simplesmente participar de nosso baile anual?Eu suspeitava que sim.Haj nunca viera em nosso baile, nem seus pais, embora fossem convidados todos os anos. O que o trouxe até aqui desta vez? E ainda arrastando outra guardiã que geralmente não deixa seu templo?Muitas perguntas e nenhuma resposta. Na caminhada pelo jardim nesta manhã, notei que Dianna era mais do que uma noiva educada, ela escondia algo também. A garota não tinha noção das histórias do templo, nem D’Ramala nem de nenhum outro, o que significa que ela era uma simples cidadã. Um membro da nobreza talvez,
Dianna"Um casal segurava um bebê em seus braços. Ela era bonita, cabelos tão longos e escuros que brilhavam como se fosse uma pedra preciosa, seus olhos eram azuis e o sorriso em seu rosto o deixava jovem e bonito. O homem a seu lado tinha a pele mais escura, cabelos curtos, castanhos e pareciam ser encaracolados, seus olhos eram verdes intensos como folhas depois da chuva. A criança em seus braços agitava-se, fazia seus sonzinhos característicos de alegria e eu queria me aproximar deles. Mas então percebi que não podia me mover, era um sonho onde eu era a espectadora.Havia mais pessoas no lugar, mas não dava para ver quem eram nem que lugar era aquele, e tudo aconteceu rápido demais. Todos começaram a correr, alguém muito aflito falava algo com o casal que em desespero entregou a criança, a mulher, uma sereia, abraçou o bebê com força a nadou o mais rápido que podia. A agitação da água fez espuma branca se espalhar e ninguém mais conseguia ver para onde a sereia tinha levado a cria
AryaDianna andava esquisita e eu estava preocupada com ela. Pode até parecer estranho, mas apesar de ter sido raptada, não me sinto uma prisioneira. Todos me tratam muito bem, e às vezes até esqueço que estou entre pessoas que deveriam ser minhas inimigas. Mas há mais uma coisa que me motiva a estar entre eles: Dianna. Desde o primeiro dia senti algo nela que me intrigava, mas depois do ocorrido no navio ficou claro para mim o que era. Eu tinha certeza que ela era a criança da ilha D’Jared que fora levada para viver entre os humanos a fim de que crescesse em segurança. Eu soube quando ela me relatou o que aconteceu, e as coisas que vem acontecendo depois apenas reafirmam as minhas convicções.A reunião terminou logo depois que resumimos o que fora falado e Dianna declarou estar cansada. Todos deixaram o quarto, mas quando saí ela veio atrás de mim. Ela já havia dito que queria conversar comigo, por isso não achei estranho.— Arya, estou cada vez mais confusa. – Seus olhos estavam afl