AryaDianna andava esquisita e eu estava preocupada com ela. Pode até parecer estranho, mas apesar de ter sido raptada, não me sinto uma prisioneira. Todos me tratam muito bem, e às vezes até esqueço que estou entre pessoas que deveriam ser minhas inimigas. Mas há mais uma coisa que me motiva a estar entre eles: Dianna. Desde o primeiro dia senti algo nela que me intrigava, mas depois do ocorrido no navio ficou claro para mim o que era. Eu tinha certeza que ela era a criança da ilha D’Jared que fora levada para viver entre os humanos a fim de que crescesse em segurança. Eu soube quando ela me relatou o que aconteceu, e as coisas que vem acontecendo depois apenas reafirmam as minhas convicções.A reunião terminou logo depois que resumimos o que fora falado e Dianna declarou estar cansada. Todos deixaram o quarto, mas quando saí ela veio atrás de mim. Ela já havia dito que queria conversar comigo, por isso não achei estranho.— Arya, estou cada vez mais confusa. – Seus olhos estavam afl
DiannaO castelo estava lotado, pessoas muito bem vestidas passando de um lado a outro em passos tranquilos, segurando suas taças de bebidas, sorrindo, conversando e a tensão em mim não me fazia me sentir à vontade daquela forma. As danças não haviam começado ainda, e o salão enchia cada vez mais, como se fosse possível.O colorido das saias ao meu redor me chamava a atenção, nunca imaginei estar em um meio como aquele: colorido, caro, luxuoso e arrogante. Engraçado como as pessoas pareciam olhar para o alto até mesmo em uma conversa descontraída. Tudo aquilo era muito diferente do eu era acostumada, do mundo que cresci. Haj parecia muito mais tranquilo, acostumado àquilo tudo.— Relaxa, as pessoas vão notar essa sua tensão. – Haj disse.— Que todas elas vão para o inferno. – Tomei um grande gole da bebida em minha mão.— Não me importo se forem, mas me importo que você chame atenção de forma errada. Aqui somos noivos, você deve parecer à vontade em meio a esse tipo de pessoas.— Aí v
Gaia Esse príncipe acha que sou boba, vem cheio de sorrisos, fingindo ser noivo de uma mulher que nem o vê como amigo, cercado de amigos que mal se falam, principalmente com ele. Quem ele acha que quer enganar? Está mais que óbvio que ele está aqui por qualquer outro motivo, mas com certeza não é o baile. Nunca veio a um baile realizado por nós, somente minha mãe para acreditar que talvez Haj queira ser mais diplomático que seus pais um dia já ousaram ser. E como se não bastasse, o guardião de D’Jared também está presente, chegado de última hora, no dia do baile pra ser específica. Outro que nunca respondeu a um convite nosso, tem algo acontecendo e eu vou descobrir o que é. Na hora do baile, escolho o guardião Liam para dançar comigo, um meio de esfregar na cara de Haj que há mais um de nós aqui, que todos os guardiões pela primeira vez em muito tempo estão reunidos em um só lugar. Se ele entendeu a mensagem, não deixou transparecer. Surpreendentemente, Liam resolve tirar Dianna pa
Arya— Isso está errado, Arlo. Está errado. – A aflição tomava conta de mim, não conseguia ficar na festa de jeito nenhum e resolvi retornar ao quarto. Arlo veio atrás de mim, claro.— Então por que aceitou vir, Arya? – Ele estava parado em frente a porta do quarto.Meu vestido azul, muito bonito até, mas isso não tinha o menor valor para mim no momento, farfalhava enquanto eu andava de um lado a outro em aflição.— Queria que eu ficasse no navio com aqueles dois homens esquisitos, não sei do que eles seriam capazes de fazer se ficassem tantos dias comigo, sozinhos naquele navio. - Foquei os olhos dele com ódio.— Não seriam loucos de tocar em um fio de cabelo seu.— Não tenho tanta certeza.— Ficar andando de lá pra cá, quase rasgando o tapete com seus saltos, não vai adiantar de nada, Arya. Você sabia para que viemos.— Eu preciso fazer alguma coisa, mas o quê? – Olhei em seus olhos e vi que ele se sensibilizava com meus sentimentos. Ele estendeu os braços para mim e eu fui em direç
GaiaQuerem me confundir, me manipular, mas não vou permitir. A guardiã pode muito bem estar fazendo um joguinho, e Dianna já não é novidade para ninguém, é uma mentirosa de mão cheia. Mas decidi ouvir o que Arya tinha a dizer. Sentei-me a sua frente a incentivei a falar.— Muito bem, conte tudo.Vi seus olhos vagarem para seu companheiro inseparável, o príncipe e Dianna. Os outros dois idiotas continuam adormecidos.— Arlo apareceu no templo do deus Arcos pedindo ajuda. Nós o ajudamos ....Ela começou a contar toda a história de Arlo em seu templo, sobre o ritual, sobre seu retorno ao local sagrado todo ferido e como aquilo era parte de seu plano. Tudo estava sendo muito tedioso e quase a pedi para parar quando ela continuou e chegou na parte que realmente importava para mim.— Então quando acordei e me vi amarrada no convés de um navio, tentei usar os poderes da pedra e não consegui. Minha força, um dom dado para o guardião da Relíquia da terra, tinha ido embora. Eu estava indefesa.
HajEssa missão não poderia dar errado, eu sabia que faltava muito pouco para o fim, então me precavi. Preparei um plano B, sem que ninguém soubesse. Teria que dar explicações, mas eu diria qualquer coisa, o importante era pegar aquela pedra, a princesa e dar o fora daquele reino o mais rápido possível, e não havia melhor forma de fazer isso que através do teletransporte, um dos dons de guardião dado por minha pedra.Calculei bem o tempo, eu sou incrível, eu sei. Cheguei no navio antes das garotas, peguei a redoma com a pedra restante dentro dela, alertei os dois capangas que ficaram no navio sobre a chegada das garotas em breve e então Fill e eu voltamos para o castelo, para o templo. No primeiro teletransporte eu errei, centímetros, mas errei. Desta vez eu sabia que não podia errar. Fill sabia que não poderia dar tempo para que a pedra se defendesse, teríamos que agir muito rápido. Ao surgir bem diante da Relíquia do fogo, a luz vermelha já irradiava dela quando Fill a pegou e coloc
DiannaFiquei por alguns minutos encarando a água, não sabia o que fazer. A mão ainda parada sobre a pedra em meu peito, processando o que ele quis dizer, o que tudo aquilo significava. A responsabilidade que me aguardava. Eu não queria aquilo, só queria sumir, ter minha vida em paz em algum lugar bem longe dali. Mas então o que seria dos outros? Não me permiti pensar.— Parabéns, Dianna, concluiu sua missão. Já podemos voltar. – Ouvi aquela voz atrás de mim. Não a ouvia desde aquele dia.Quando me virei para encara-lo, o mesmo homem que me retirou da prisão, que me deu aquela missão, estava ali bem diante de mim. Como ele chegou aqui? Quando?O manto escuro e capuz ainda cobria todo seu corpo, sua voz ainda era estranha, abafada por algo.— Não concluí minha missão. – Sem saber o que dizer, foi o melhor que achei.Uma risada abafada saiu dele. Seus passos lentos eram como o de um predador, me cercando e encurralando.— Tem certeza, Dianna? Ouvi tudo e não sou idiota, entendi muito be
Liam Já tinha se passado dois dias desde que deixei Dianna naquele navio e meu coração está apertado porque sei que algo aconteceu. Bem lá dentro do meu peito, eu sei que algo aconteceu. — O que está acontecendo com você, irmão? Está distraído. Olho para o rosto de preocupação de meu irmão, Thuzan, e me recrimino por estar sendo um péssimo guardião nos últimos dias. — Eu não deveria ter deixado Dianna lá naquele covil de cobras. Estava na área da frente da mansão de nossa família, escorado na coluna redonda da cor mais profunda do azul do oceano. As ondas quebravam ao redor da mansão que ficava em uma elevação de areia. — Não se culpe, Liam. – Ele parou ao meu lado. – Você não sabia onde ela estava, não pôde fazer nada antes e a garota não sabia sobre nós, sobre nada disso, não é fácil para ela também. — Eu sei disso, e por isso me culpo ainda mais. Se ele a achou, eu também poderia tê-la encontrado. – Enchi o pulmão ao máximo e soltei o ar lentamente, tentando me acalmar. — E