Arya— Isso está errado, Arlo. Está errado. – A aflição tomava conta de mim, não conseguia ficar na festa de jeito nenhum e resolvi retornar ao quarto. Arlo veio atrás de mim, claro.— Então por que aceitou vir, Arya? – Ele estava parado em frente a porta do quarto.Meu vestido azul, muito bonito até, mas isso não tinha o menor valor para mim no momento, farfalhava enquanto eu andava de um lado a outro em aflição.— Queria que eu ficasse no navio com aqueles dois homens esquisitos, não sei do que eles seriam capazes de fazer se ficassem tantos dias comigo, sozinhos naquele navio. - Foquei os olhos dele com ódio.— Não seriam loucos de tocar em um fio de cabelo seu.— Não tenho tanta certeza.— Ficar andando de lá pra cá, quase rasgando o tapete com seus saltos, não vai adiantar de nada, Arya. Você sabia para que viemos.— Eu preciso fazer alguma coisa, mas o quê? – Olhei em seus olhos e vi que ele se sensibilizava com meus sentimentos. Ele estendeu os braços para mim e eu fui em direç
GaiaQuerem me confundir, me manipular, mas não vou permitir. A guardiã pode muito bem estar fazendo um joguinho, e Dianna já não é novidade para ninguém, é uma mentirosa de mão cheia. Mas decidi ouvir o que Arya tinha a dizer. Sentei-me a sua frente a incentivei a falar.— Muito bem, conte tudo.Vi seus olhos vagarem para seu companheiro inseparável, o príncipe e Dianna. Os outros dois idiotas continuam adormecidos.— Arlo apareceu no templo do deus Arcos pedindo ajuda. Nós o ajudamos ....Ela começou a contar toda a história de Arlo em seu templo, sobre o ritual, sobre seu retorno ao local sagrado todo ferido e como aquilo era parte de seu plano. Tudo estava sendo muito tedioso e quase a pedi para parar quando ela continuou e chegou na parte que realmente importava para mim.— Então quando acordei e me vi amarrada no convés de um navio, tentei usar os poderes da pedra e não consegui. Minha força, um dom dado para o guardião da Relíquia da terra, tinha ido embora. Eu estava indefesa.
HajEssa missão não poderia dar errado, eu sabia que faltava muito pouco para o fim, então me precavi. Preparei um plano B, sem que ninguém soubesse. Teria que dar explicações, mas eu diria qualquer coisa, o importante era pegar aquela pedra, a princesa e dar o fora daquele reino o mais rápido possível, e não havia melhor forma de fazer isso que através do teletransporte, um dos dons de guardião dado por minha pedra.Calculei bem o tempo, eu sou incrível, eu sei. Cheguei no navio antes das garotas, peguei a redoma com a pedra restante dentro dela, alertei os dois capangas que ficaram no navio sobre a chegada das garotas em breve e então Fill e eu voltamos para o castelo, para o templo. No primeiro teletransporte eu errei, centímetros, mas errei. Desta vez eu sabia que não podia errar. Fill sabia que não poderia dar tempo para que a pedra se defendesse, teríamos que agir muito rápido. Ao surgir bem diante da Relíquia do fogo, a luz vermelha já irradiava dela quando Fill a pegou e coloc
DiannaFiquei por alguns minutos encarando a água, não sabia o que fazer. A mão ainda parada sobre a pedra em meu peito, processando o que ele quis dizer, o que tudo aquilo significava. A responsabilidade que me aguardava. Eu não queria aquilo, só queria sumir, ter minha vida em paz em algum lugar bem longe dali. Mas então o que seria dos outros? Não me permiti pensar.— Parabéns, Dianna, concluiu sua missão. Já podemos voltar. – Ouvi aquela voz atrás de mim. Não a ouvia desde aquele dia.Quando me virei para encara-lo, o mesmo homem que me retirou da prisão, que me deu aquela missão, estava ali bem diante de mim. Como ele chegou aqui? Quando?O manto escuro e capuz ainda cobria todo seu corpo, sua voz ainda era estranha, abafada por algo.— Não concluí minha missão. – Sem saber o que dizer, foi o melhor que achei.Uma risada abafada saiu dele. Seus passos lentos eram como o de um predador, me cercando e encurralando.— Tem certeza, Dianna? Ouvi tudo e não sou idiota, entendi muito be
Liam Já tinha se passado dois dias desde que deixei Dianna naquele navio e meu coração está apertado porque sei que algo aconteceu. Bem lá dentro do meu peito, eu sei que algo aconteceu. — O que está acontecendo com você, irmão? Está distraído. Olho para o rosto de preocupação de meu irmão, Thuzan, e me recrimino por estar sendo um péssimo guardião nos últimos dias. — Eu não deveria ter deixado Dianna lá naquele covil de cobras. Estava na área da frente da mansão de nossa família, escorado na coluna redonda da cor mais profunda do azul do oceano. As ondas quebravam ao redor da mansão que ficava em uma elevação de areia. — Não se culpe, Liam. – Ele parou ao meu lado. – Você não sabia onde ela estava, não pôde fazer nada antes e a garota não sabia sobre nós, sobre nada disso, não é fácil para ela também. — Eu sei disso, e por isso me culpo ainda mais. Se ele a achou, eu também poderia tê-la encontrado. – Enchi o pulmão ao máximo e soltei o ar lentamente, tentando me acalmar. — E
Haj Estavam todos agitados a procura de Dianna. Sinceramente não esperava toda essa comoção das pessoas que a acompanhavam no navio. Não esperava que ela havia se tornado amiga dessas pessoas. Achava Dianna uma pessoa interessante, seu gênio se tornava um desafio para mim e isso me dava incentivo para tentar me aproximar mais e ela ainda era uma mulher muito bonita. Mas mesmo com tudo isso, eu acreditei que neste navio só teriam mercenários que venderiam a própria alma para ter muito dinheiro, ainda mais uma pessoa. Principalmente depois de ficar sabendo o que aconteceu com eles no passado. Achei que cada um estaria mais preocupado em receber sua parte do dinheiro do que em descobrir o paradeiro de outra mercenária. — Como pode nos trazer até aqui, nos acomodar e não se importar com o paradeiro de Dianna? – Ida me questionou assim que mostrei às meninas o quarto grande e muito bem decorado que elas podiam ocupar. — Eu só cumpri o pedido do chefe: trouxe todos vocês ao meu reino. Ag
LiamPodia parecer loucura, mas eu estava feliz por estar com Dianna ao meu lado. Poderia conversar com ela, conhecê-la melhor e entender como foi sua vida longe de nós. E descobri que a mesma não foi fácil. Dianna cresceu nas ruas, viu o pior dos seres humanos quando era uma criança e se virou bem. Sozinha. Ela disse que nunca teve ninguém para cuidar dela e que quando confiou em alguém, esse alguém a abandonou. Senti um aperto no peito quando me contou suas decepções, como se elas fossem minhas.Notei que algumas lágrimas tentaram escapar de seus olhos, mas ela não as permitiu que rolassem. Toda aquela história ainda a abalava e eu não sabia se o que ela ainda precisava saber a abalaria ainda mais.— Sou mesmo uma sereia? Ainda não acredito.Ri com sua resposta. Era a milionésima vez em que ela me fazia a mesma pergunta, até já me fez belisca-la para ter certeza de que não era um sonho, mas ela ainda continua fazendo a mesma pergunta.— Quantas vezes vou precisar dar a mesma respost
DiannaPelos riscos que eu fazia na pedra já havia se passado mais de uma semana. Eu tinha Liam e ele tinha a mim. Era isso. Ninguém veio a este lugar nos dizer nada, mal lembravam de trazer comida e água, se é que o que nos traziam era comida. Sempre comida velha, de dois dias talvez. Às vezes com cheiro de azedo, mas era o que tínhamos.Como cresci na rua, nem sempre tinha comida fresca e nem sempre tinha comida, mesmo que velha. Então, não era novidade para mim, mas para Liam sim. Ele resmungava sempre que deixavam uma comida quase azeda para nós; ficava de mau-humor quando esqueciam de nos trazer água ou comida, mas eu não o condenava. Ele era o melhor que poderia ter me acontecido nesse lugar.O homem era uma companhia constante, não era inconveniente e nem um abusador, pois se fosse não haveria socorro para mim. Teria que me virar com meus punhos como já foi preciso uma vez, a diferença aqui é que ele é um guardião e não é humano, embora se pareça muito com um. Eu o observava e