LiamPodia parecer loucura, mas eu estava feliz por estar com Dianna ao meu lado. Poderia conversar com ela, conhecê-la melhor e entender como foi sua vida longe de nós. E descobri que a mesma não foi fácil. Dianna cresceu nas ruas, viu o pior dos seres humanos quando era uma criança e se virou bem. Sozinha. Ela disse que nunca teve ninguém para cuidar dela e que quando confiou em alguém, esse alguém a abandonou. Senti um aperto no peito quando me contou suas decepções, como se elas fossem minhas.Notei que algumas lágrimas tentaram escapar de seus olhos, mas ela não as permitiu que rolassem. Toda aquela história ainda a abalava e eu não sabia se o que ela ainda precisava saber a abalaria ainda mais.— Sou mesmo uma sereia? Ainda não acredito.Ri com sua resposta. Era a milionésima vez em que ela me fazia a mesma pergunta, até já me fez belisca-la para ter certeza de que não era um sonho, mas ela ainda continua fazendo a mesma pergunta.— Quantas vezes vou precisar dar a mesma respost
DiannaPelos riscos que eu fazia na pedra já havia se passado mais de uma semana. Eu tinha Liam e ele tinha a mim. Era isso. Ninguém veio a este lugar nos dizer nada, mal lembravam de trazer comida e água, se é que o que nos traziam era comida. Sempre comida velha, de dois dias talvez. Às vezes com cheiro de azedo, mas era o que tínhamos.Como cresci na rua, nem sempre tinha comida fresca e nem sempre tinha comida, mesmo que velha. Então, não era novidade para mim, mas para Liam sim. Ele resmungava sempre que deixavam uma comida quase azeda para nós; ficava de mau-humor quando esqueciam de nos trazer água ou comida, mas eu não o condenava. Ele era o melhor que poderia ter me acontecido nesse lugar.O homem era uma companhia constante, não era inconveniente e nem um abusador, pois se fosse não haveria socorro para mim. Teria que me virar com meus punhos como já foi preciso uma vez, a diferença aqui é que ele é um guardião e não é humano, embora se pareça muito com um. Eu o observava e
Arlo — Vamos, temos que ser rápidos. – O príncipe estava com pressa. Havia anunciado uma missão e por fim, que deveríamos sair logo. Fill saiu do quarto logo depois de mim, as armas que carregava estavam expostas e penduradas por todo lado. Eu também não estava menos armado. Havia adagas e facas escondidas em todo canto e uma espada presa às costas. Segundo Haj, nossa missão era resgatar Dianna da Ilha D’Jared, onde o guardião de lá a mantinha trancafiada em algum lugar da enorme mansão que iríamos invadir. Fiquei tranquilo quando ele disse que as garotas estavam em um passeio pelo castelo. Haj se certificou de que elas estariam ocupadas demais para perceber nossa movimentação e querer vir conosco. Se haveria batalha, então eu preferia que Arya estivesse segura. Sem os poderes da Relíquia, a guardiã estava vulnerável, e eu não queria ter mais uma preocupação na cabeça. O castelo era amplo e bem no alto, entre as montanhas, a descida foi demorada, mas logo chegamos na parte baixa
Dianna Haj permitiu que eu voltasse ao barco, tomasse um banho, comesse e dormisse por horas. Eu não tinha percebido o quanto meu corpo estava sedento por estas coisas, como eu precisava comer e dormir e de um bom banho. O lugar para o banho não era mais do que um balde com água e um caneco em um cubículo, mas tirar aquela sujeira do meu corpo fazia muita diferença. Parte da exaustão foi embora apenas com este simples ato. Era início da noite quando Haj me acordou, dormi por horas e não percebi. — Vamos tentar novamente. Pronta? Ele falava como se fosse algo que eu queria e não algo que estava sendo obrigada a fazer pelo bem de meus amigos. Balancei a cabeça em confirmação, me levantei, milagrosamente renovada, e segui para fora do quarto onde ele me mantinha trancada. De volta ao mar, a brisa noturna era muito mais agradável, a água parecia brilhar sob a luz do luar. Fechei os olhos novamente, não sei o que tinha na noite, mas era quando eu sentia essa proximidade. Foi quando se
DiannaAinda me sentia diferente, não consigo explicar. Aquela experiência despertou em mim um lado adormecido, algo mais selvagem que eu não sabia que existia em mim. Quando encontrei com Haj no barco, ainda sob a forma de sereia, eu o via diferente, é difícil entender toda a sensação. E ainda tinha as visões. No começo não soube o que era os fleches que via, mas depois percebi que enxergava pelos olhos de Liam sempre que ele tinha alguma emoção. E sentia também, por isso senti a felicidade vinda dele e soube que ele percebeu o que estava acontecendo comigo e talvez até tenha visto.Chegamos ao castelo e fui guiada pelos corredores por Haj e seus guardas. Embora eu tivesse voltado à forma humana, não me sentia mais como antes. Tinha algo dentro de mim que não estava lá até poucas horas. Passamos pelos corredores que levariam às prisões e seguimos por outro que nos levou mais fundo nas montanhas, o local era frio, mas de alguma forma isso não me afetava mais. As rochas tornavam-se mai
DiannaParecia loucura, mas as últimas 24 horas trouxeram para mim as experiências mais fantásticas que eu poderia presenciar. Agora estava nadando a uma velocidade extraordinária com Liam e as garotas. Na verdade, elas não estavam nadando, estavam sendo transportadas por algum poder de Liam que permitia que ambas respirassem sob as águas.Era impressionante, mas eu me sentia renovada, sentia a energia percorrer meu corpo, a magia, que eu ainda não sabia usar, mas que em minha forma de sereia eu sentia parte desse poder como algo instintivo, mas controla-lo eu ainda precisaria apender.Liam era extraordinário como tritão, as escamas que envolviam seu corpo eram uma mistura de azul, prata e preto. Seus olhos brilhavam como duas joias azuis e seu corpo musculoso e definido parecia esculpido. Não me permiti observa-lo, como ele poderia perceber minhas emoções, afastei esses pensamentos rapidamente.Pelo caminho avistamos um navio em movimento, seguindo na direção da Ilha D’Jared. Deveria
LiamPelo menos Dianna tinha conhecimento com lâminas, pois o domínio de seus poderes ainda era muito precário, já que tudo o que faz ainda é por instinto. Ela tem muito a aprender e eu estarei disposto a ensinar tudo, porém, a batalha começa agora e não temos tempo para nada mais que se armar.Minha linda sereia fica ainda mais bonita com aquele aspecto de mulher letal que ela ostentava ao ter seu corpo envolvido por lâminas de todos os tamanhos. Haviam pequenas facas encaixadas em todos os locais possíveis: cinto, cós da calça, cano da bota e entre o tecido da blusa de linho que usava e o corpete de couro escuro. Duas adagas presas em cada coxa e uma espada longa presa às costas. Sorri para ela em aprovação, e seu rosto se iluminou. Eu estava gostando de sentir nossa aproximação.Fill, Arlo, meu irmão e eu não estávamos menos armados. Tínhamos lâminas por todos os lados e os soldados já foram alertados, espalhando a notícia de que todos deveriam ir para um lugar seguro, pois havia u
AryaGaia e eu seguimos em direção aos soldados que avançavam. Preferi não levar armas, não era boa em nenhuma delas e a única coisa que conseguiria era me atrasar se escolhesse leva-las comigo.Queria mesmo que Haj tivesse se rendido de verdade, ao que parece ele apenas teve um surto momentâneo devido a decepção que sofreu, mas depois seu caráter duvidoso tomou conta. Era uma pena. Se vencêssemos a batalha, o reino D’Eryn ficaria sem guardião até que a pedra escolhesse alguém.Era triste ter que matar pessoas, mas era a vida delas ou a nossa, e estávamos lutando para defender as relíquias.Com minha invisibilidade conseguia chegar perto o suficiente de um oponente e feri-lo sem atingir inocentes. Meus golpes eram duros e precisos, e devido a força que a pedra fornecia a sua guardiã, eu conseguia ser bem eficiente em meu ataque.Gaia usava sua velocidade para o mesmo objetivo e envolvia em fogo seu inimigo. Lançar fogo sobre tudo seria muito eficiente, acabaria com tudo de uma vez, ma