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05 - O capitulo em que Rose é uma vadia insana

Rose

E Liam tinha razão, eu não tive notícias dela no dia seguinte e apenas voltei a encontrá-la no sábado, durante a festa que ele fez questão de me levar.

Eu estacionei o meu Mustang 66 vermelho na porta da fraternidade, onde uma música alta soava. Algumas garotas de biquini passaram por nós, atraindo a atenção do rapaz. Eu peguei meu celular, ativando a câmera dianteira, checando minha aparência. Depois de passar as mãos pelos meus cabelos soltos, eu ajeitei o tecido florido da blusa que eu vestia, checando se o nó entre meus seios que a mantinha fechada estava firme.

— Vamos lá, pequena aspirante a Michelangelo, esteja pronta para virar as cabeças por onde passar — ele piscou para mim antes de sair do carro.

Não pude conter um pequeno sorriso ao ouvir aquele apelido ridículo, eu saí do carro, caminhando ao seu lado enquanto observava a movimentação ao nosso redor. Eu pude ver dois rapazes sendo barrados por não pertencerem a nenhuma fraternidade, e por um momento, pensei que o mesmo aconteceria conosco, mas Liam simplesmente entrou na casa, desviando das pessoas que dançavam no andar inferior, enquanto seu olhar buscava algo.

— A mesa de bebidas, o que você vai querer, Rose? — Seu sorriso se alargou ao encontrar seu alvo — Temos cerveja barata e… alguma coisa misturada com vodka barata.

Ele declarou após cheirar o conteúdo de um dos copos de papel vermelho que estavam enfileirados na mesa.

— Eu estou dirigindo, Liam — Eu neguei.

— Sobra mais bebida barata para mim então — ele deu de ombros pegando um dos copos — pensei que você estivesse disposta a se divertir hoje.

Foi quando uma música animada começou a tocar no outro cômodo, me fazendo sorrir.

— E quem disse que eu não estou? Não preciso beber para me divertir — Eu pisquei para ele, pegando sua mão e o arrastando em direção a música.

Eu soltei sua mão assim que cheguei a uma pista de dança improvisada, me juntando a algumas garotas que dançavam ali. Liam ficou me observando, bebericando o conteúdo de seu copo com um sorriso no rosto, demorou apenas poucos minutos até que ele terminasse, se aproximando de mim ao notar outros caras da fraternidade começando a vir em minha direção.

Ele me abraçou por trás, grudando meu corpo ao dele, se movendo no mesmo ritmo que eu.

— Eu poderia querer conhecer aqueles caras — eu virei meu rosto para olhá-lo.

— Acredite, você não quer. Esses caras são os piores, você vai querer ficar longe deles — ele me alertou com uma expressão séria o suficiente para que eu não o questionasse.

Nós terminamos a música e ele me puxou para a cozinha, em busca de algo melhor para beber. 

Nós estancamos na entrada do cômodo assim que chegamos, trocando um olhar divertido ao nos deparar com uma cena no mínimo curiosa. Allie e outras três garotas, que eu supunha ser as calouras que se juntaram à irmandade, estavam enfileiradas com pincéis e algumas tintas, fazendo pintura corporal em uma fila de rapazes. 

Minha antiga colega de quarto parecia mortificada enquanto fazia um desenho tremido de uma tribal no abdômen de um cara qualquer.

— Isso sim é algo que não se vê todo dia — Eu chamei sua atenção, recebendo um sorriso aliviado em troca.

— Rose, Hey… você veio. 

— Isso parece divertido, eu quero tentar — Liam zombou tirando a camisa.

— Tem mais um pincel? — Eu pedi, dando um nó no cabelo na esperança de mantê-lo longe do meu rosto enquanto eu trabalhava.

Allie indicou um copo com inúmeros pincéis e tintas. Eu escolhi um, me aproximando do rapaz para começar a trabalhar em seu corpo.

— O que me diz, Van Derr Wall? Quer um arame farpado? Uma caveira? Uma porção de borboletas? — eu pisquei pra ele. 

— Confio em você e no seu dom artístico — ele garantiu.

Eu coloquei o pincel em sua clavícula, descendo por seu peitoral, desenhando a silhueta de uma serpente por seus músculos. Seus olhos acompanhavam cada movimento meu com um sorriso convencido no rosto. Eu não podia negar que Liam era bonito, e se não fosse o sentimento que eu já tinha notado que Skyller nutria pelo rapaz, eu provavelmente teria aproveitado a oportunidade de descobrir se ele fazia jus a sua fama.

Eu finalizei o desenho com tinta branca, fazendo alguns detalhes como olhos e escamas, ignorando o olhar das outras garotas sobre nossa pequena interação.

— Eu sou o próximo, gatinha — uma voz masculina chamou minha atenção, me fazendo bufar ao encontrar Jax O'Donnel, o troglodita que me atropelou na última semana, parado ao meu lado tirando a camisa.

— Eu mereço — Eu murmurei descontente.

— Eu vou querer um arame farpado ao redor do meu… — ele levou a mão até o cós da calça, me fazendo arregalar os olhos. 

O babaca vai mesmo querer tirar a roupa aqui?

Liam parecia prestes a interferir na situação, mas uma voz feminina rouca o interrompeu.

— Se você começar a desrespeitar as minhas garotas enquanto são convidadas na sua fraternidade, teremos um problema, novato — Audrey Dixon se aproximou, para alívio das garotas que estavam comigo.

— Não, eu ia falar que eu quero um arame farpado no braço, não há desrespeito nenhum nisso, há? — Ele desconversou.

— É claro que não — Liam ironizou.

— Uau, nós temos um talento — Audrey contornou os músculos do abdômen de Liam, subindo os dedos até onde a cobra estava pintada.

— Eu ficaria muito mais gostoso tatuado, não é, Ade? — Liam piscou para ela.

Aquele comentário fez com que ela desse uma gargalhada, se afastando para checar o trabalho das outras garotas.

— Você deveria fazer uma tatuagem — ela concordou.

— Ele poderia fazer, se usassem pincéis no lugar de agulhas — eu respondi, colocando os pincéis de lado, recebendo um olhar surpreso da garota.

O pavor que Liam nutria por agulhas não era nenhum segredo em nosso grupo de amigos,  mas parece que ela não esperava que eu soubesse daquela informação.

— Vamos meninas, tem alguém que quer te conhecer, Allie — Audrey mudou de assunto, enlaçando nossos braços, nos puxando para a porta, me deixando satisfeita de deixar Jax O'Donnel para trás.

Nós cruzamos o hall de entrada, indo para uma sala de jogos onde um grupo estava reunido jogando vídeo game. Eu observei o grupo de rapazes que mais pareciam crianças rodeando o sofá, torcendo como se estivessem em um grande evento esportivo. A partida terminou, fazendo um rapaz de cabelos claros e olhos verdes levantar do sofá vibrando com a Vitória.

— Ahh meu Deus, é o Wayne Simmons — Allie sussurrou para Audrey.

— Sim, e ele está louco para te conhecer — Ela confidenciou.

— Quem é Wayne Simmons? — Eu perguntei em tom baixo para Allie.

— Ele está no último ano do pré med, e o pai dele é super influente. O hospital central de Waterfall tem uma ala com o nome da família Simmons — ela explicou.

 — Ele é exatamente o tipo de pessoa com quem alguém tão bem sucedida quanto Allie deseja ser, deve se relacionar — Audrey  garantiu.

Foi quando eu vi Christian Davis abrindo caminho entre as pessoas da festa, parecendo deslocado. Eu cutuquei Allie, apontando o rapaz, mas para minha surpresa, ao invés de ficar feliz, ela parecia incomodada.

— Bom, seu amigo chegou.

— De quem ela está falando? — Audrey seguiu meu olhar.

Christian nos viu, e acenou discretamente para ela, dando um pequeno sorriso, parecendo esperar que ela fosse até ele, já que  estava evitando se aproximar de mim desde nosso último contato.

— Ahh ele não é ninguém, é só um cara que mora na mesma moradia que a Rose. Eu conversava com ele às vezes — Allie desconversou, me fazendo erguer as sobrancelhas diante da surpresa.

— Ótimo. Wayne, tem alguém aqui ansiosa para te conhecer — Audrey cantarolou.

O rapaz entregou o controle para um amigo, vindo em nossa direção com uma pose confiante. Enquanto Christian parecia confuso ao notar que fora ignorado.

— O que você está fazendo? — Eu sussurrei para Allie.

— Não fala nada, por favor — Ela devolveu antes de se adiantar, indo de encontro ao rapaz, me deixando para trás boquiaberta.

Meu olhar se voltou para Christian, que encarava a situação com uma expressão descrente, logo antes de um pequeno sorriso sarcástico surgir em seus lábios. Eu senti meu sangue ferver com aquela atitude de Allie, ela passou as últimas semanas encorajando o cara, ela o convidou para vir e nem se deu ao trabalho de conversar com ele!

— Se você quiser, eu posso te apresentar alguns rapazes interessantes, Rose. Anderson Cutter te achou muito bonita na festa da última semana, e você sabe, o convite para se juntar a irmandade ainda está de pé, você deveria aproveitar, eu não faço isso com todas — Ela piscou para mim.

— Obrigada, mas eu prometi para meus pais que não me juntaria a nenhuma seita enquanto estivesse na faculdade — eu murmurei antes de dar as costas a ela, não esperando nenhuma resposta.

Fui em direção ao hall de entrada, vendo Christian abrir caminho através de um grupo de rapazes que gargalhavam próximo a entrada, tentei alcançá-lo, mesmo sem saber o que dizer, mas a grande quantidade de pessoas impediram que eu me movesse rápido.

— Aquele Otário achou que tinha uma chance com uma gata como aquela — Ouvi Jax desdenhando com um alguns caras quando me aproximei da porta.

Mais uma vez senti meu sangue ferver com a atitude egoísta de Allie. Christian pode ser o idiota em que eu terei o maior prazer de jogar mais alguma bebida, mas não fez nada para merecer aquela atitude.

Finalmente saí da casa, vendo o rapaz já quase no fim da rua, caminhando despreocupado com ambas as mãos no bolso.

Meu carro estava estacionado na frente da casa, e para minha desagradável surpresa, um rapaz estava encostado ali, conversando com três garotas. Eu respirei fundo, me aproximando em passos decididos, fazendo o sorriso dele se alargar ao me ver.

— Hey docinho, você também quer saber um pouco sobre o carro? — ele piscou para mim.

— O que? — eu franzi o cenho, não compreendendo do que aquele idiota estava falando.

— Eu te convidaria para dar uma volta, mas eu deixei a chave no meu quarto e está impossível entrar lá agora — ele insistiu.

Eu respirei fundo e forcei um sorriso ao entender o que estava acontecendo.

— Eu quero mesmo dar uma volta, mas por sorte eu tenho a chave, já que esse carro é meu. Então eu agradeço se você desencostar antes que acabe arranhando a pintura — eu avisei, dando a volta no grupo, indo em direção ao lado do motorista.

As garotas trocaram um olhar de desdém e se afastaram em silêncio ao perceber que estavam sendo enganadas, mas eu não tinha tempo para aquele drama. Arranquei com o Mustang e após virar a esquina não demorou para que alcançasse Christian que caminhava observando o céu com uma expressão pensativa. Eu diminuí a velocidade, abaixando o vidro para chamar sua atenção.

— Hey Davis, entra no carro, eu te dou uma carona.

Christian olhou para mim, me ignorando ao voltar a caminhar despreocupado.

— A moradia fica a três quilômetros daqui, vamos logo — Eu insisti acompanhando seu ritmo lento com o carro.

— Entrar no carro com a maluca que me acertou com um copo da última vez? Não, obrigado — ele respondeu sem me olhar.

Eu respirei fundo, resistindo a vontade de simplesmente deixá-lo para trás.

— Não seja infantil, aquela festa estava uma droga.

— Você pediu para ela fazer isso? Porque eu só estava brincando com você, teria outras maneiras de se vingar — ele comentou pensativo, fazendo eu me sentir mal pelo o que aconteceu.

Eu parei o carro, repassando em minha mente minha breve amizade com Allie, eu não deveria estar surpresa, ela agiu exatamente como agia no colégio, no fundo, ela ainda era a mesma pessoa de sempre.

— Se eu concordasse com o que ela fez não estaria aqui te ameaçando, não acha? — eu ergui a voz para chamar sua atenção.

— Mas você não me ameaçou — ele respondeu sem me olhar mais uma vez.

— Desculpa pelo deslize, entre na droga do carro para eu poder ser legal e te dar uma carona antes que eu te atropele! — eu gritei em resposta.

— Você pode ser uma maluca, mas não é uma vadia completamente insana, então eu vou continuar andando e você não vai ter a coragem de…

Ele não terminou sua frase, já que eu arranquei com o carro, jogando para cima dele, subindo alguns centímetros na calçada. Christian pulou para o lado, caindo próximo a uma cerca, não sendo atingido por pouco, soltando um grito surpreso com minha atitude.

Eu parei o carro poucos metros adiante, colocando a cabeça para fora, observando seu rosto assombrado me encarando com a mais pura descrença.

— Você não tem idéia do que essa vadia insana tem coragem de fazer, então entra logo na droga do carro — eu ofereci meu sorriso mais inocente para ele, tendo o prazer de assistir o rapaz desistir de me contrariar e ir em direção a porta do passageiro.

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