2- Uma nova assistente Parte I

Maia

Quando abro os olhos, percebo que passei a noite sozinha, quem me fez companhia foi o vestido vermelho que ele deve ter odiado. Quando olho para a poltrona onde o havia colocado, quem está lá é ele, dormindo todo torto. Vai acordar com torcicolo e eu vou rir da cara dele, escondida é claro, mas que vou rir, vou. Nunca vi isso, o homem me contrata e nem do meu lado deita, será que se decepcionou? Será que ele me achou muito mais bonita por foto que presencialmente? E se ele pedisse pra trocar de acompanhante, que vergonha seria! Eu tinha que descobrir do que esse russo gosta e investir.

Ele disse que sairíamos cedo, mas acho que acordei cedo demais. O céu ainda está escuro, a noite está muito fria e a roupa fina não está me ajudando a me esquentar. Resolvi cochilar por mais alguns minutos ou horas, nem sei que horas são, então puxo a colcha da cama e me aconchego embaixo dela.

Mal eu havia deitado e me sinto como se estivesse na máquina de lavar sendo chacoalhada de um lado para outro. Abro meus olhos e percebo que não tinha dormido muito pouco, pois a luz clara do sol da manhã invade o quarto, iluminando-o fortemente e isso não aconteceria em poucos minutos, pois quando me deitei novamente, o céu ainda estava escuro.

— Levanta! – Diz ele naquele sotaque gostoso.

Esfrego os olhos e eles focam na figura masculina mais imponente que já vi na minha vida. Ele ainda está molhado do banho recente, a barba e cabelos úmidos.

— Para onde vamos? – Pergunto.

— Devo informar cada passo que daremos? – Hoje ele acordou de mau humor, ontem parecia tão gentil.

— Se quiser que me vista adequadamente, sim. – Ele me analisa com aqueles olhos azuis que esquenta cada centímetro do meu corpo.

— Reunião de negócios. – Ele diz e se vira, vestindo uma camisa.

Já que ele quer jogar, é isso que farei.

— Ok! – Puxo a camisola e ando apenas de calcinha até minha mala que havia sido colocada sobre uma cômoda do quarto.

Eu sei que ele está olhando, que homem não olharia. Fio dental não tem como os homens ignorarem, e ainda abaixo um pouco mais que o necessário. Escolho uma saia lápis preta e uma blusa azul clara de mangas, a bela executiva. Escutei a porta do banheiro bater com força. Um sorriso escapa de meus lábios, ponto pra mim.

Fui até o banheiro e bati na porta.

— Vai demorar, querido, preciso tomar um banho.

Escuto um rosnado no interior do banheiro. Coloco a mão na boca, segurando o riso.

— Já vou sair. – Diz em um tom seco.

Me afasto da porta e espero. Alguns minutos e ele sai mais bonito de que quando entrou. Os cabelos arrumados, seus olhos azuis pareciam mais intensos, o terno azul marinho sobre a camisa branca o deixa ainda mais imponente e com pinta de CEO irresistível.

— Uau, que gato. – Falo, e ele nem um sorriso me dá.

— Vá se arrumar, não demore muito. Temos poucos minutos.

— Vou demorar o que achar necessário, não mandei entrar no banheiro e me atrasar. O que fez aí dentro podia muito bem fazer aqui fora e não me atrasaria.

Entro no banheiro e fecho a porta atrás de mim, novamente ouço um rosnado.

Me arrumo o mais rápido que posso, sem deixar de fazer tudo o que preciso para sair o mais bela possível daquele banheiro. Dmitry não é o único, os homens tem essa mania de pedir que me arrume rápido, então já estou acostumada com isso.

Sério, ele abre a porta do quarto para que eu passe primeiro, nossas malas não estão mais no quarto. Como ele disse, de lá viajaríamos para São Paulo. O russo me segue sem dizer uma única palavra e assim entramos no carro, seguimos todo o percurso e entramos no elevador que, ainda bem, só tinha nós dois.

— O que está acontecendo aqui? – Pergunto já não aguentando aquele clima. – Trabalho há anos como acompanhante e nunca tive um cliente como você. Você não fala comigo, nem olha pra mim e me tocar então, nem se fala. O que estou fazendo de errado? – Eu preciso saber.

— Não há nada de errado com você, o problema é comigo. Quero apenas sua companhia, só isso e mais nada. Não toquei em você e nem vou tocar.

Suas palavras me chocam, mas saber que sua intenção sempre foi apenas ter minha companhia faz um sentimento estranho tomar conta de mim, não sei explicar o que sinto, mas não é um sentimento agradável.

O elevador se abre, saímos e ele pega minha mão. E aquela de que não me tocaria?

Um sorriso amplo toma seu rosto, parece que estou vendo o mesmo Dmitry do Aeroporto novamente.

— Dmitry – um senhor diz ao lhe apertar a mão assim que adentramos o escritório.

— Vargas – responde ele correspondendo ao aperto de mão.

— Sempre bem acompanhado, Dmitry – o homem fala e o olhar de Dmitry fica estranho, é como se ele não tivesse gostado de algo.

— Deixe-me apresenta-la, Vargas. Essa é minha assistente, Maiara Medeiros, ela irá me ajudar enquanto estiver aqui no Brasil.

— Ah, Claro. Desculpe-me. – Ele estende a mão para mim e eu a seguro não entendendo o que está acontecendo ali. – Me chamo Gustavo Vargas, prazer em conhecer a senhorita.

— O prazer é meu – respondo educadamente.

— Há uma sala onde minha assistente e eu possamos usar enquanto não começa a reunião? – ele pergunta.

— Claro. Use a sala de reuniões, ainda está vazia.

— Obrigado – diz me guiando até a sala. Ao que parece ele conhece bem o lugar e o homem que nos recebeu.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo