Maia
Eu simplesmente não sei como reagir. O que está acontecendo aqui? Eu fui contratada para ser acompanhante, é o que eu sei ser. Charmosa, provocadora, sensual e boa de cama. Mas pagar de executiva? Essa foi nova para mim, e não sei ser assim. Resultado: desastre total.
Quando ele me perguntou se quero novamente fazer o papel de executiva, foi estranho o sentimento que me tomou, e acabei dando a resposta errada. Ele estava sendo gentil comigo novamente, queria tanto que ele voltasse a ser gentil e quando ele fez isso eu não soube cultivar e agora foi ainda pior, ele jogou na minha cara o que eu sou: uma mera prostituta. Isso me deixou triste.
Então eu entendi que ele me ofereceu um meio de não parecer para os outros o que realmente sou para não ser humilhada, o que já aconteceu comigo incontáveis vezes, e então eu tive raiva... raiva de mim por ser tão burra.
Durmo a viagem toda. Alguém me chacoalha e quando abro os olhos era ele. Novamente não sei como agir. O que eu sou afinal? Uma prostituta contratada para fazer papel de assistente executiva... confuso pra caramba. Fiz o papel que sei fazer.
— Chegamos, querido? – pergunto com voz melosa e ele levanta uma sobrancelha, me encarando.
— Sim, querida – respondeu entrando no jogo.
— Vamos para o nosso quarto antes de outra reunião?
Sinto que ele está tenso. O homem se coloca de pé, pois ele havia sentado a meu lado para me chamar, e começa a andar em direção a porta do avião.
— Apenas para trocar de roupa e almoçar, Maia. – responde antes de começar a descer as escadas.
— O que tem com esse homem? – resmungo comigo mesma enquanto retiro os fones do ouvido.
Desço e ele está no celular, falando em russo. Que gostoso aquele sotaque, pena que eu não entendo o que ele fala. Até que sei o básico, bem básico, mas falando rápido daquele jeito, eu não entendo nada.
Ele estende a mão assim que encerra a ligação. Eu a aceito, é claro, e ando a seu lado como a bela acompanhante que sou. Um carro luxuoso nos espera, entro e logo após ele entra, sentando-se ao meu lado. Continuando meu papel, coloco a mão sobre a coxa dele. Novamente o sinto ficar tenso. Sinceramente, se ele não queria isso, por que me contratou?
Chegamos ao hotel de luxo, ele desce do carro e segura minha mão para que eu saia do veículo. Subimos em silêncio novamente, aquela situação é a mais estranha que já vivi.
Ao chegarmos no quarto luxuoso, ainda mais que o que ficamos no Rio, viro-me de costas para ele e começo a descer o zíper da minha saia, expondo aos poucos a pele. Quando estou de calcinha, bem pequena, com a saia aos meu pés, virei-me de frente para ele, saindo de dentro da peça, e caminho em sua direção enquanto abro botão por botão da minha blusa. O vejo engolir em seco.
— O que você está fazendo? – Me pergunta com um fiapo de voz.
— O que exatamente sou paga para fazer – respondo, fazendo-o entender que não sou executiva, sou acompanhante de luxo.
Abro o sutiã expondo meus seios a ele, seus olhos se tornam vorazes, pude ver o desejo brilhando ali, acho que finalmente consegui provocar o Ice Berg Russo. Ele me segurou pelos braços e me puxou com força para ele. Olhando em meus olhos ele disse:
— Não me provoque.
— Não estou provocando.
— Está.
— Não, estou trabalhando.
Ele olha para cima e suspira, fechando os olhos. Com suas mãos ainda me segurando, ele disse:
— Desculpa. Fui grosso. Não quis te humilhar, nem te ofender.
Ele ainda respirava fundo e fechava os olhos, suas mãos começam a acariciar meu braço em vez de apertar como estava fazendo antes, e eu queria que ele voltasse a me apertar, me ameaçar, com isso eu sei lidar. Com um homem tentando me respeitar, me pedindo desculpas... isso eu não sei.
— Eu fui grossa primeiro, você só se defendeu. Pode me soltar, se quiser.
Ele afrouxou o aperto e eu me afasto e viro-me de costas para me vestir. Pela primeira vez estou me sentindo envergonhada na frente de um homem.
Visto um roupão que estava sobre a cômoda. Ele foi até a janela. Nossa situação estava esquisita demais, tínhamos que conversar, não dava para ficar assim.
— Dmitry. – Falo ao me aproximar dele. – Precisamos conversar.
Ele acena em concordância, abre a porta de vidro e caminha para a varanda. O homem senta-se em uma cadeira e aponta a que está seu lado para que me sentasse.
Me sento a seu lado, mas quem começaria? Ele me deve uma explicação, então deixo que ele comece a falar.
DmitryAssim que saio do avião, mais uma vez abalado por ela, meu celular toca e quando o pego, vejo que é Mikhail, meu primo.Atendi em russo.— Alguma alteração, Mikhail? – Ele sempre me mantém informado de tudo, uma ligação sua significava que algo aconteceu.— Como está sua negociação aí no Brasil?— Indo bem até agora.— Os Romanov pegaram o Nikolai.— O quê? Que porra aconteceu?— Emboscada.— Como caíram em uma emboscada?— Fizeram direitinho, cara. – Ele se deteve. – É seguro?— Claro que é seguro. Pode falar. Ninguém está por perto e nossos aparelhos são especiais, não tem erro.— Ok! Chegou uma carga, tudo normal. Fomos notificados como sempre, seguimos todo o protocolo e quando chegamos no galpão para o transporte, os caras estavam lá. – Ele suspira. Não posso sair por um dia que já dá merda nessa porra!— É só eu sair que dá merda, o que tem com vocês? – Me exalto com ele. Não posso amolecer, não é por ser meu primo que as coisas são mais fáceis.— Já disse, foi tudo bem f
Maia— Mais alguma reunião hoje, senhor? – pergunto provocando-o, enquanto observo a paisagem passar pela janela do carro.— Não, senhorita – respondeu, fazendo o jogo. Um belo sorriso brilhando em sua face.— Então para onde iremos agora?— Para o hotel, minha assistente. Jantar e dormir, temos uma reunião no interior de são Paulo amanhã. A viagem será de carro, mas será longa. Sairemos cedo. — Ele volta o olhar para alguns papéis que estão sobre a pasta aberta em seu colo,— Mais contratos de compra e exportação? – Até parece que sou uma assistente de verdade,— Talvez algumas aquisições – fala ele. – E é claro que falaremos de outros negócios também. – Completou.— Que tipo de aquisição, senhor? – Confesso que estou gostando da brincadeira enquanto o carro percorre as estradas de São Paulo em direção ao hotel onde estamos hospedados.— Cavalos.— Ah. – Fico parecendo uma boba sem saber o que falar. Se ele já possuía uma fazenda, é claro que tinha cavalos.— Quem sabe no futuro eu a
DmitryMe arrependi no segundo que abri a boca. Os olhos dela perderam o brilho, sua face divertida se contorceu, eu podia estar meio alterado devido ao álcool, mas não estava maluco, notoriamente o rosto dela mudou com minha pergunta.Achei que ela entraria e se trancaria, mas ela andou até a beirada da varanda, apoiando-se no ferro gelado do gradeado, suspirou fundo e olhou para o alto. A noite estava fria, para mim estava muito agradável, tinha até aberto um pouco a camisa, mas ela estava com os braços cruzados apertando o agasalho ao corpo, não sei bem se do frio da noite ou para espantar alguma sensação.— Não precisa falar se não quiser. – Disse me aproximando dela, deu para ver que havia muito por trás disso tudo.— Não vou contar tudo. – Suspirou novamente. Olhou para a lua que brilhava límpida no céu e então olhou para mim. – Eu era pobre, meus pais não tinham dinheiro e eu ajudava minha mãe a vender coisas na rua. Quando adolescente surgiu uma suposta oportunidade, uma que s
MaiaSenti a mudança no corpo dele. No instante que as coisas começaram a esquentar ele mudou. Mas desde o início eu sabia, depois do que ele havia declarado é lógico que ele não iria muito longe, e eu ficaria feliz de ir até onde ele pudesse. Nunca fiquei tão empolgada em dividir a cama com um cliente, justamente aquele que estava ferido demais para ter qualquer coisa comigo, era quem eu desejava mais e quem eu sabia que não o teria. Talvez se eu tivesse alguma sorte e ele me contratasse novamente depois de mais alguns meses ou anos, quem sabe então eu conseguiria saciar esse desejo. Mas por enquanto um beijo até que foi mais do que eu esperava e no mais, uma boa ducha gelada terá que bastar.Quando deixei o banheiro ele entrou em seguida. Não esperei ele sair de lá, sabia que o clima ficaria um pouco tenso, então me deitei na cama e me cobri completamente, deixando espaço mais que o suficiente para ele na cama. O sono me pegou segundos depois.Acordei novamente como se estivesse den
DmitryA manhã foi agradável, mas o dia seria cansativo. Depois de uma viagem longa até o interior, agora teríamos que voltar e nos preparar para a viagem à Santa Catarina. O clima lá é bem mais frio que aqui em São Paulo e Maia não está habituada a climas frios, por isso preciso comprar agasalhos para ela. Sei que como acompanhante de luxo, ela é acostumada a ganhar muitos presentes, e não seria muito bem visto se não desse a ela presentes, já que esse é um costume no ramo.Novamente Maia dormiu durante a viagem toda, talvez tivesse sido melhor assim. Devo a Falcão o motivo de termos alguma conversa leve no início da viagem, mas quando o assunto se extinguiu o silêncio tomou conta do ambiente, então algum tempo depois ela estava dormindo. Eu não consegui dormir, até tentei, fechei os olhos, mas o sono não veio. Então tive que passar a viagem toda olhando pela janela, ouvindo o som baixo que tocava no carro.Mais uma vez eu tinha a tarefa de acordar a bela adormecida que desta vez não
MaiaA manhã estava muito fria, parecia até que o tempo estava rindo da minha cara, já que íamos para um lugar mais frio ainda. Pelo menos tivemos uma boa noite de sono, ele fez a barreira de travesseiros e eu ri quando acordei na madrugada e vi metade de seu corpo por cima dos travesseiros. Talvez ele estivesse em cima de mim se não fosse por eles, acho que tenho alguém espaçoso aqui.Estávamos já há quase duas horas dentro do carro, dormi a viagem de avião inteirinha, então agora eu estava totalmente desperta. A paisagem cada vez mais rural é muito bonita, tem muito verde, muita paisagem natural. Chegamos em uma área onde o que mais tinha eram fazendas e sítios. Observava as extensões de terra quando ele tocou em minha coxa.— A partir daqui é tudo da minha família.Olhei e não tinha como ver o fim. O lugar era grande demais.— É muito bonito. – Disse.A cerca bem cuidada deu lugar a um muro de pedras muito bonito com um portão de madeira, tudo em estilo rústico, mas muito chique ao
DmitryMinha irmã não perde a oportunidade de me perturbar, mas achando ela que estava atrasando minha vida, na verdade ela estava me ajudando. Dividir a cama com Maia era uma tentação, principalmente no estado de semiconsciência devido ao sono, e tinha medo de meus instintos falarem mais alto. Ela já me atraía desde o primeiro dia, depois daquele beijo as coisas só pioraram. Fiquei ainda mais mexido por ela.— Conta para outra que aquela lá é sua assistente. – Ela disse assim que entramos no quarto de hóspedes.— Ela é minha assistente, não está rolando nada entre nós, não dormi com ela. – na verdade eu dormi, mas não no sentido que minha irmã queria saber, porque ela queria saber, por isso essa reação.— Ainda não acredito.— Não está me punindo nos colocando em quartos separados. – Ela estava me ajudando na verdade, mas também não precisava dizer.Ele me olhou com seus olhos azuis tão iguais aos meus.— Olga era minha amiga, era uma mulher maravilhosa, espero que não a esteja subst
MaiaA sobrinha do Dmitry é uma criança adorável, depois do passeio ela voltou a brincar comigo, muito feliz por ter uma nova companhia. E eu feliz por deixar aquela bonequinha um pouco mais feliz, eu sei o quanto é ruim não poder brincar, se bem que nossos motivos eram bem diferentes.Estávamos brincando de maquiagem, já que antes ela havia me mostrado todos os seus vestidos de princesa e agora trajava um deles e disse que se servisse em mim, ela me emprestaria um. Mas a brincadeira estava prestes a acabar e ainda não sabíamos. Uma batida frenética na porta fez a menina levantar-se correndo para abri-la.Era Dmitry, sua face estava distorcida, totalmente diferente de pouco tempo atrás.— O que houve? – Perguntei notando como ele olhava para mim de um jeito que parecia estar pensando em algo.— Preciso conversar com você. – Ele disse contido e eu tinha certeza que algo não tinha dado certo. – Gatinha, o tio precisa conversar com a Maia, tá bom.— Mas a gente tá brincando. – Reclamou e