Capítulo XIX
Castelo Caarano...
Sentado em sua cama encostado contra a parede, Isfahan deixava transparecer em sua face toda a angústia que o consumia.
Numa cadeira de frente para o amigo, Virgínia mantinha silêncio, entendia como ele se sentia, poucas palavras o consolariam agora.
- Um garoto, Virgínia... foi tudo o que restou...- o minotauro deixou escapar.
Sua voz estava repleta de dor e decepção. A jovem lady pronunciou com a voz carregada de tristeza.
-Sinto muito Isfahan, de verdade...
-Aquele homem deu sua vida e a vida de sua família para salvar a minha. E eu não pude fazer nada por ele- desabafou o minotauro.
-Ele fez o que julgou certo, Isfahan – consolou Virgínia- Poucos são capazes de lutar por sua f&eacut
Cidade de Nara, região central, 934 D.G.M Depois da costureira, Virgínia insistira para que eles parassem numa casa de doces. Isfahan estava fascinado olhando para todo tipo de doces, tortas, bolos e pães que ele sequer imaginava que poderia existir, aquele lugar era incrível:- Estou faminta - comentou Virginia pegando um prato e colocando alguns doces e o pedaço de uma torta de frango.Isfahan pegou outro prato e ficou olhando abismado para o numero de guloseimas sem conseguir escolher por qual começar.-Prove este aqui é uma delicia - sugeriu Virginia cortando um pedaço de bolo de chocolate e colocando no prato do amigo.Isfahan agradeceu e depois de alguns minutos escolheu um pão de coco, dois sonhos, três fatias de bolo e uma barra de chocolate.- Você quer leite, Isfahan? Indagou Virginia servindo dois copos de café fumegantes acrescentando leite no dela.Isfahan concordou com o leite e eles foram sentar-se na varanda do estabelecimento de onde podiam ver o movimento,
Castelo Caarano...Ulisses aguardava na sala do trono, pela chegada de seu irmão Bartolomeu, sentia-se angustiado pela decisão que fora forçado a tomar, entregar seu irmão a Mousame! Onde estava com a cabeça quando permitirá que isso acontecesse?Sabia que fizera isso para assegurar a permanência do minotauro em Nara e assim cumprir com as determinações de sua deusa, mas devia haver outra maneira de cumprir a vontade de Nara sem precisar sacrificar seu próprio sangue.Por todos os deuses! Bartolomeu era seu único irmão, pensou Ulisses desolado, era seu dever protegê-lo como pudera permitir entregá-lo tão facilmente?Estava ainda Ulisses Caarano afligindo-se com o que acontecera quando, a porta que dava acesso ao salão real abriu-se e Bartolomeu entrou. Estava trajando sua indumentária de viagem como sempre muito elega
Cidade de Nara, região central, 934 D.G.MIsfahan olhou assustado para o pequeno cubículo onde se encontrava, estava cheio com pequenos assentos forrados virados um para o outro deixando entre si um pequeno corredor que mal cabiam suas pernas. Virginia encontrava-se sentada no assento de frente ao seu junto com Padre Mirles, Isfahan tentava encontrar uma posição confortável, mas estava sendo difícil, sua cabeça girava, pois o cubículo encontrava-se movendo sobre rodas, sacolejando sem parar.O piso era de madeira e tremia sobre os pés de Isfahan deixando - o cada vez mais nervoso, agarrou-se ao assento com medo de cair daquele troço, o irônico era que nem espaço para cair tinha pensou divertido.Olhou de um lado para o outro e percebeu que as únicas entradas de ar naquela engenhoca eram dois buracos quadrados um de cada lado da espelunca cobertos c
Virginia deteve-se em frente uma residência, cuja fachada inteira estava recoberta de vidro. Na entrada da casa havia um letreiro dizendo: Ateliê de Madame Lavir, leu o minotauro com dificuldade.Isfahan conseguia ver o interior da casa, vária mulheres trabalhavam frente a teares produzindo fios de várias cores e grossuras enquanto suas crias brincavam aos seus pés, o minotauro ficou fascinado com o movimento articulado das maquinas e dos fios saltando para fora delas e enrolando-se em imensos rolos de madeira.Um homem forte, meio desajeitado vestindo uma casaca esquisita aproximou-se de Virginia sem desviar os olhos de Isfahan.-Lady Caarano é uma honra recebê-la em nosso estabelecimento. - cumprimentou com uma mesura.-Já disse para deixar a formalidade de lado, Wibor e me chamar de Virginia afinal de contas venho aqui todo mês - sugeriu Virginia com simpatia.-Eu nunc
Cidade de Nara, região central, 934 D.G.MMirles alcançou Isfahan na calçada e segurou o pelo braço:- Espere meu filho, pra onde você esta indo?- Qualquer lugar longe o bastante daqui - respondeu Isfahan.-Não faça isso, filho.Virginia alcançou os dois na calçada, Isfahan estava chateado tentando ir embora e Padre Mirles tentava acalmá-lo.-Não importa o que aquele idiota disse filho, nós gostamos de você. Nós nos importamos com você- garantiu Mirles.-Isfahan sinto muito, é tudo minha culpa - disse Virginia com os olhos cheios de lágrimas - Eu não devia ter trazido você aqui, mas eu...-Tá tudo bem, Virginia - tranqüilizou o minotauro - A culpa não é sua! Eu que sou o problema, não sou como vocês.-Não diga isso Isfahan
Cidade de Nara, Castelo Caarano, 934 D.G.M Virgínia recolheu os livros e colocou-os no carrinho que usava para transportá-los até os aposentos do minotauro, Isfahan estava distraída na leitura de um livro de história, Ela fitou seu aluno cheia de orgulho, era incrível a facilidade com que ele aprendia. Devorava os livros vorazmente, era questionador e idealista, chegando a gastar horas em defesa de seu ponto de vista.Com Virgínia era sempre gentil e educado além de respeitador, sempre procurava agradá-la, muitas vezes parecia um garotinho querendo atenção, trazia-lhe flores, fazia-lhe elogios e estava sempre pronto a ajudá-la no que fosse preciso.Virgínia já não o via mais como um ser diferente, horrendo ou perigoso, mas sim como um amigo, um am
Castelo CaaranoVirginia não entendia o que estava acontecendo de uma hora para outra tudo ficara muito estranho.Seu aluno simplesmente abandonara as aulas para trabalhar na agricultura, como era possível que Isfahan preferisse labutar todos os dias ao sol ao invés de adquirir conhecimentos?Ele era tão dedicado ao estudo possuía uma sede de saber insaciável e de uma hora para outra largara tudo para passar o dia ao sol abrindo sulcos na terra.Virgínia quase não o via, já fazia quase um mês desde a última aula que ele frequentara, não conseguia entender o porquê de tão profunda mudança.O que estaria passando pela cabeça do minotauro? Incapaz de viver com aquela dúvida, Virgínia saiu do seu quarto, era quase meia-noite todos já haviam se deitado.Ela moveu-se at&eac
Castelo Caarano- Você fez o que?O clérigo Mirles olhava estupefato para Isfahan, não acreditava no que seu pupilo acabara de lhe dizer.-Foi o senhor que disse que se eu quisesse uma mulher teria que lhe oferecer dinheiro - defendeu-se Isfahan.-Sim, eu disse mais Virgínia é diferente - tentou explicar o clérigo.-Como assim diferente? - Indagou o minotauro.-Eu pensei que você desejasse uma mulher, qualquer mulher apenas para suprir suas necessidades, nunca me passou pela cabeça que você estivesse falando de Virgínia Caarano.-Por que não? Ela é mulher! - Isfahan continuava sem entender- Ela me disse que não tem um dono.- Como eu vou te explicar - disse o clérigo sentando-se numa cadeira próxima a cama.Isfahan também se sentou em sua cama com o olhar atento.- Na nossa sociedade existe