Castelo Caarano...
Ulisses aguardava na sala do trono, pela chegada de seu irmão Bartolomeu, sentia-se angustiado pela decisão que fora forçado a tomar, entregar seu irmão a Mousame! Onde estava com a cabeça quando permitirá que isso acontecesse?
Sabia que fizera isso para assegurar a permanência do minotauro em Nara e assim cumprir com as determinações de sua deusa, mas devia haver outra maneira de cumprir a vontade de Nara sem precisar sacrificar seu próprio sangue.
Por todos os deuses! Bartolomeu era seu único irmão, pensou Ulisses desolado, era seu dever protegê-lo como pudera permitir entregá-lo tão facilmente?
Estava ainda Ulisses Caarano afligindo-se com o que acontecera quando, a porta que dava acesso ao salão real abriu-se e Bartolomeu entrou. Estava trajando sua indumentária de viagem como sempre muito elega
Cidade de Nara, região central, 934 D.G.MIsfahan olhou assustado para o pequeno cubículo onde se encontrava, estava cheio com pequenos assentos forrados virados um para o outro deixando entre si um pequeno corredor que mal cabiam suas pernas. Virginia encontrava-se sentada no assento de frente ao seu junto com Padre Mirles, Isfahan tentava encontrar uma posição confortável, mas estava sendo difícil, sua cabeça girava, pois o cubículo encontrava-se movendo sobre rodas, sacolejando sem parar.O piso era de madeira e tremia sobre os pés de Isfahan deixando - o cada vez mais nervoso, agarrou-se ao assento com medo de cair daquele troço, o irônico era que nem espaço para cair tinha pensou divertido.Olhou de um lado para o outro e percebeu que as únicas entradas de ar naquela engenhoca eram dois buracos quadrados um de cada lado da espelunca cobertos c
Virginia deteve-se em frente uma residência, cuja fachada inteira estava recoberta de vidro. Na entrada da casa havia um letreiro dizendo: Ateliê de Madame Lavir, leu o minotauro com dificuldade.Isfahan conseguia ver o interior da casa, vária mulheres trabalhavam frente a teares produzindo fios de várias cores e grossuras enquanto suas crias brincavam aos seus pés, o minotauro ficou fascinado com o movimento articulado das maquinas e dos fios saltando para fora delas e enrolando-se em imensos rolos de madeira.Um homem forte, meio desajeitado vestindo uma casaca esquisita aproximou-se de Virginia sem desviar os olhos de Isfahan.-Lady Caarano é uma honra recebê-la em nosso estabelecimento. - cumprimentou com uma mesura.-Já disse para deixar a formalidade de lado, Wibor e me chamar de Virginia afinal de contas venho aqui todo mês - sugeriu Virginia com simpatia.-Eu nunc
Cidade de Nara, região central, 934 D.G.MMirles alcançou Isfahan na calçada e segurou o pelo braço:- Espere meu filho, pra onde você esta indo?- Qualquer lugar longe o bastante daqui - respondeu Isfahan.-Não faça isso, filho.Virginia alcançou os dois na calçada, Isfahan estava chateado tentando ir embora e Padre Mirles tentava acalmá-lo.-Não importa o que aquele idiota disse filho, nós gostamos de você. Nós nos importamos com você- garantiu Mirles.-Isfahan sinto muito, é tudo minha culpa - disse Virginia com os olhos cheios de lágrimas - Eu não devia ter trazido você aqui, mas eu...-Tá tudo bem, Virginia - tranqüilizou o minotauro - A culpa não é sua! Eu que sou o problema, não sou como vocês.-Não diga isso Isfahan
Cidade de Nara, Castelo Caarano, 934 D.G.M Virgínia recolheu os livros e colocou-os no carrinho que usava para transportá-los até os aposentos do minotauro, Isfahan estava distraída na leitura de um livro de história, Ela fitou seu aluno cheia de orgulho, era incrível a facilidade com que ele aprendia. Devorava os livros vorazmente, era questionador e idealista, chegando a gastar horas em defesa de seu ponto de vista.Com Virgínia era sempre gentil e educado além de respeitador, sempre procurava agradá-la, muitas vezes parecia um garotinho querendo atenção, trazia-lhe flores, fazia-lhe elogios e estava sempre pronto a ajudá-la no que fosse preciso.Virgínia já não o via mais como um ser diferente, horrendo ou perigoso, mas sim como um amigo, um am
Castelo CaaranoVirginia não entendia o que estava acontecendo de uma hora para outra tudo ficara muito estranho.Seu aluno simplesmente abandonara as aulas para trabalhar na agricultura, como era possível que Isfahan preferisse labutar todos os dias ao sol ao invés de adquirir conhecimentos?Ele era tão dedicado ao estudo possuía uma sede de saber insaciável e de uma hora para outra largara tudo para passar o dia ao sol abrindo sulcos na terra.Virgínia quase não o via, já fazia quase um mês desde a última aula que ele frequentara, não conseguia entender o porquê de tão profunda mudança.O que estaria passando pela cabeça do minotauro? Incapaz de viver com aquela dúvida, Virgínia saiu do seu quarto, era quase meia-noite todos já haviam se deitado.Ela moveu-se at&eac
Castelo Caarano- Você fez o que?O clérigo Mirles olhava estupefato para Isfahan, não acreditava no que seu pupilo acabara de lhe dizer.-Foi o senhor que disse que se eu quisesse uma mulher teria que lhe oferecer dinheiro - defendeu-se Isfahan.-Sim, eu disse mais Virgínia é diferente - tentou explicar o clérigo.-Como assim diferente? - Indagou o minotauro.-Eu pensei que você desejasse uma mulher, qualquer mulher apenas para suprir suas necessidades, nunca me passou pela cabeça que você estivesse falando de Virgínia Caarano.-Por que não? Ela é mulher! - Isfahan continuava sem entender- Ela me disse que não tem um dono.- Como eu vou te explicar - disse o clérigo sentando-se numa cadeira próxima a cama.Isfahan também se sentou em sua cama com o olhar atento.- Na nossa sociedade existe
Isfahan afastou-se da janela estava um belo dia mais ele não sentia vontade de fazer nada estava muito triste, fazia uma semana que tivera aquela terrível conversa com Padre Mirles e perdera a capacidade de sonhar. De que adiantava estudar, trabalhar se estava sozinho no mundo, para quer construir se não tinha com quem compartilhar/ Era o último da sua espécie, estava sozinho, viveria sozinho e morreria sozinho. Nunca encontraria alguém capaz de amá-lo, o único sentimento que era capaz de despertar era o medo.Deitou-se sobre a cama de costas para a porta na mesma posição que ocupara nos últimos cinco dias, talvez o povo da outra cidade estivesse certo, talvez a morte fosse melhor do que está existência vazia que o aguardava.O barulho da grade abrindo o deixou irritado pelos deuses por que não o deixavam morrer em paz.- Vá embora padre, não estou prec
CAPITULO XLI Cidade de Nara, Castelo Caarano, 934 D.G.M Isfahan puxou o arado com força, estava trabalhando fazia dias naquele pedaço de chão, ao seu lado os bois mugiam displicentemente, o sol estava escaldante mais o minotauro não se queixava, gostava do calor em sua pele, assim como gostava do cheiro da relva e das caricias do vento.Ao longe os outros humanos trabalhavam, conversando entre si, rindo ocasionalmente de uma piada ou insulto dito pelo outro, como verdadeiros iguais.Eles evitavam aproximar-se de Isfahan, apenas lhe falavam o indispensável, ainda tinham medo dele, constatou o Minotauro ressentido, nunca o aceitariam.Não importava que seu corpo trouxesse as mesmas queimaduras de sol, ou que suas mãos tivessem em carne viva como a deles, ou que seus pés estivessem repletos de bolhas, para os humanos ele sempre seria o estranho.A