Castelo Caarano
- Você fez o que?
O clérigo Mirles olhava estupefato para Isfahan, não acreditava no que seu pupilo acabara de lhe dizer.
-Foi o senhor que disse que se eu quisesse uma mulher teria que lhe oferecer dinheiro - defendeu-se Isfahan.
-Sim, eu disse mais Virgínia é diferente - tentou explicar o clérigo.
-Como assim diferente? - Indagou o minotauro.
-Eu pensei que você desejasse uma mulher, qualquer mulher apenas para suprir suas necessidades, nunca me passou pela cabeça que você estivesse falando de Virgínia Caarano.
-Por que não? Ela é mulher! - Isfahan continuava sem entender- Ela me disse que não tem um dono.
- Como eu vou te explicar - disse o clérigo sentando-se numa cadeira próxima a cama.
Isfahan também se sentou em sua cama com o olhar atento.
- Na nossa sociedade existe
Isfahan afastou-se da janela estava um belo dia mais ele não sentia vontade de fazer nada estava muito triste, fazia uma semana que tivera aquela terrível conversa com Padre Mirles e perdera a capacidade de sonhar. De que adiantava estudar, trabalhar se estava sozinho no mundo, para quer construir se não tinha com quem compartilhar/ Era o último da sua espécie, estava sozinho, viveria sozinho e morreria sozinho. Nunca encontraria alguém capaz de amá-lo, o único sentimento que era capaz de despertar era o medo.Deitou-se sobre a cama de costas para a porta na mesma posição que ocupara nos últimos cinco dias, talvez o povo da outra cidade estivesse certo, talvez a morte fosse melhor do que está existência vazia que o aguardava.O barulho da grade abrindo o deixou irritado pelos deuses por que não o deixavam morrer em paz.- Vá embora padre, não estou prec
CAPITULO XLI Cidade de Nara, Castelo Caarano, 934 D.G.M Isfahan puxou o arado com força, estava trabalhando fazia dias naquele pedaço de chão, ao seu lado os bois mugiam displicentemente, o sol estava escaldante mais o minotauro não se queixava, gostava do calor em sua pele, assim como gostava do cheiro da relva e das caricias do vento.Ao longe os outros humanos trabalhavam, conversando entre si, rindo ocasionalmente de uma piada ou insulto dito pelo outro, como verdadeiros iguais.Eles evitavam aproximar-se de Isfahan, apenas lhe falavam o indispensável, ainda tinham medo dele, constatou o Minotauro ressentido, nunca o aceitariam.Não importava que seu corpo trouxesse as mesmas queimaduras de sol, ou que suas mãos tivessem em carne viva como a deles, ou que seus pés estivessem repletos de bolhas, para os humanos ele sempre seria o estranho.A
Virgínia e Isfahan passeavam pela campina perto do lago, enquanto a garota colhia algumas ervas raras que só nasciam naquele lugar, Isfahan a seguia carregando sua cesta e contando-lhe das melhoras que vinha obtendo em seus estudos.- E o padre disse que eu já estou quase pronto para ingressar no ensino formal - declarou Isfahan.- Que bom Isfahan estou muito orgulhosa de você - respondeu Virginia sorrindo para o amigo.Desde que tivera aquela conversa com o minotauro à relação dos dois voltara definitivamente aos trilhos, Virginia não era mais sua professora mais passará a desempenhar seu papel de amiga com mais freqüência, ela o visitava algumas vezes por semana, liam juntos, faziam compras, falavam sobre o seu progresso, às vezes o levava para passear como naquele dia,Isfahan nunca mais voltara a dizer que a amava, parecia satisfeito com o rumo que a relaç&ati
Cidade de Nara, Região central, 934 D.G.M O som do veículo era desconcertante, mesmo assim não desestimulava a conversação que ocorria entre o jovem casal dentro do coche.Uma jovem mulher em torno dos 17 anos recostou-se contra as almofadas azuis que tornava o assento mais confortável.Ela tinha a pele clara os cabelos dourados e os olhos verdes como as esmeraldas, seu corpo de curvas longilíneas ocultava-se num vestido de saia estreita, mas não colada ao corpo. Seu busto primoroso destacava-se no decote profundo, considerado imoral para os padrões da época.Seu companheiro nada deixava a dever em matéria de glamour, jovem e másculo vestia-se com couro e seda, calça justa contrastando com uma túnica larga xadrez, mangas retas até o antebraço e pescoço em “u”, na cabeça sobre os cabelos castanhos cacheados repousava uma boina também xadrez, um ditame entre os rapazes ricos da época.O jovem tentava equilibrar uma taça de vinho no movimento da carruagem ao mesmo tempo em que flertava
Cidade de Nara, Castelo Caarano, 934 D.G.M A carruagem parou em frente ao castelo da família Caarano.Durga Caarano desceu e foi prontamente recepcionado pelos criados.Fazia quatro anos que ele deixara o conforto e a segurança da família para concluir sua formação superior na universidade de Nara, o maior centro de conhecimento do mundo.Durante sua estada em Nara cuidara em substituir todos os conselhos e princípios que lhe foram outrora incutidos no seio do lar, por conhecimentos efêmeros e sem importância, aprendera a beber, jogar e custear mulheres muito caras.Nada que quisesse lhe seria negado afinal de contas Durga era o único herdeiro da família mais poderosa da cidade de Nara.Não aprendera nada que fora estudar mais se tornara ex&iac
Isfahan aguardava na entrada do salão principal por uma audiência com lorde Caarano, estava ansioso tal qual uma criança, a idéia de falar com o pai de Virgínia lhe surgira de repente, mas Isfahan tivera receio de não ser bem compreendido, agora tomara coragem e resolvera enfrentar o lorde do castelo.-Senhor Isfahan - chamou o criado arrancando-lhe dos seus pensamentos - Lorde Caarano irá recebê-lo agora.- Obrigado - agradeceu Isfahan seguindo o criado até o interior do grande salão.As paredes em pedras lavradas constratavam com as cortinas em tom de vinho, o piso era revestido de mogno, Isfahan estivera antes naquele lugar, mas na época estivera tão preocupado com a maneira de se portar e de agir para não envergonhar Virginia, que não notara a grandiosidade do lugar, olhando para o teto notou que um imenso candelabro pendia do mesmo todo trabalhado em ouro e ornam
Virginia entrou na cozinha fugindo do ambiente opressor que se formara no salão principal, a presença de Durga estava se tornando cada vez mais intolerável para ela. Não suportava mais as insinuações, as frases de duplo sentido ou as ameaças veladas que o mesmo fazia questão de fazer sempre que ninguém estava ouvindo.Desde que conhecera Isfahan, Durga não deixara de infernizá-la com seu ciúme doentio e seu desejo monstruoso por ela, por mais que Virginia jurasse que ela e o minotauro eram apenas amigos ele não se deixava convencer.Virginia fora muito ingênua em imaginar que Durga voltaria melhor, ele nunca mudaria! Tinha a alma de um demônio, gostava de humilhar as pessoas e sentia prazer no sofrimento alheio, principalmente no dela.Virginia apoiou-se contra a mesa,aquela hora todos os criados estavam no refeitório se banqueteando com o que sobrara da
Durga sentiu os músculos retesarem-se sobre o impacto da força violenta do minotauro.-Ponha - me no chão, monstro - ordenou com dificuldade.Isfahan o erguera do chão e o mantinha imprensado contra a parede.-Solte - me, eu ordeno - gritou Durga.-Você não me dá ordens, seu verme covarde, eu não sou uma mulher indefesa.-Indefesa, ora não me faça rir, essa vadia já seduziu você da mesma forma que fez comigo? - satisfeito com a incredulidade vista no rosto de Isfahan, Durga continuou destilando seu veneno - É isso mesmo, a vagabunda é minha amante, e na minha ausência resolveu se divertir com você.- É mentira! - Isfahan e Virgínia gritaram em unissom- É verdade, eu já deitei com a vagabunda.-Peça desculpas ou juro que vou matar você - ordenou Isfahan.O minotauro apertava