Castelo Caarano-É claro que não, por que um minotauro haveria de querer aprender a ler! Que absurdo - declarou Ulisses sem entender a lógica.-Porque ele gosta de aprender papai que mal pode haver? - argumentou Virgínia - Não fará mal nenhum a Isfahan.-Não sei não, olha o que os livros fizeram com você!- Como assim?- A deixaram teimosa, insubmissa e a encheram de sonhos impossíveis.Virgínia se encontrava no salão principal na presença de seu pai Ulisses e de dois dos seus conselheiros mais importantes seu irmão Bartolomeu Caarano e Jackaran Liomedes.-Não é verdade papai, os livros apenas me deram personalidade própria.-E a última coisa de que precisamos é de um minotauro com personalida
Capítulo XVI Castelo Caarano Assim que o homem parou de falar Mousame Castlen entrou acompanhado de um pequeno séquito composto por quatro homens, talvez escravos ou soldados não que houvesse muita diferença em Minerva pensou Ulisses.Um dos homens carregava o estandarte do clã Castlen: a tradicional coroa atravessada por uma espada sobre um campo de Margaridas.Mousame estava vestido a caráter, ostentando as cores da sua família o preto com pequenos detalhes brancos no colarinho, cintura e nas mangas.Virginia não pode deixar de admirar a elegância de trajes e de porte do visitante.&
Castelo Caarano...Virginia ajeitou o colarinho da camisa que Isfahan vestia, a roupa fora feita sobre encomenda, pois ele era maior e mais forte do que qualquer homem em Nara.-Está bem melhor assim - disse Virginia sorrindo - Não fique nervoso, vai dar tudo certo.- Virginia tem muita confiança em Isfahan - comentou Isfahan com desanimo - Espero não decepcionar Virginia.-Basta agir como eu lhe ensinei e tudo ficará bem - garantiu Virginia com um sorriso – Ouça, Isfahan, não importa o que aconteça eu não vou ficar decepcionada. Tenho orgulho de tudo que já conseguimos, não me importo com a opinião daquele homem, só estou fazendo isso porque papai pediu.Isfahan não era tão tolo a ponto de não perceber quão importante era impr
Capítulo XIX Castelo Caarano... Sentado em sua cama encostado contra a parede, Isfahan deixava transparecer em sua face toda a angústia que o consumia.Numa cadeira de frente para o amigo, Virgínia mantinha silêncio, entendia como ele se sentia, poucas palavras o consolariam agora.- Um garoto, Virgínia... foi tudo o que restou...- o minotauro deixou escapar.Sua voz estava repleta de dor e decepção. A jovem lady pronunciou com a voz carregada de tristeza.-Sinto muito Isfahan, de verdade...-Aquele homem deu sua vida e a vida de sua família para salvar a minha. E eu não pude fazer nada por ele- desabafou o minotauro.-Ele fez o que julgou certo, Isfahan – consolou Virgínia- Poucos são capazes de lutar por sua f&eacut
Cidade de Nara, região central, 934 D.G.M Depois da costureira, Virgínia insistira para que eles parassem numa casa de doces. Isfahan estava fascinado olhando para todo tipo de doces, tortas, bolos e pães que ele sequer imaginava que poderia existir, aquele lugar era incrível:- Estou faminta - comentou Virginia pegando um prato e colocando alguns doces e o pedaço de uma torta de frango.Isfahan pegou outro prato e ficou olhando abismado para o numero de guloseimas sem conseguir escolher por qual começar.-Prove este aqui é uma delicia - sugeriu Virginia cortando um pedaço de bolo de chocolate e colocando no prato do amigo.Isfahan agradeceu e depois de alguns minutos escolheu um pão de coco, dois sonhos, três fatias de bolo e uma barra de chocolate.- Você quer leite, Isfahan? Indagou Virginia servindo dois copos de café fumegantes acrescentando leite no dela.Isfahan concordou com o leite e eles foram sentar-se na varanda do estabelecimento de onde podiam ve
Castelo Caarano...Ulisses aguardava na sala do trono, pela chegada de seu irmão Bartolomeu, sentia-se angustiado pela decisão que fora forçado a tomar, entregar seu irmão a Mousame! Onde estava com a cabeça quando permitirá que isso acontecesse?Sabia que fizera isso para assegurar a permanência do minotauro em Nara e assim cumprir com as determinações de sua deusa, mas devia haver outra maneira de cumprir a vontade de Nara sem precisar sacrificar seu próprio sangue.Por todos os deuses! Bartolomeu era seu único irmão, pensou Ulisses desolado, era seu dever protegê-lo como pudera permitir entregá-lo tão facilmente?Estava ainda Ulisses Caarano afligindo-se com o que acontecera quando, a porta que dava acesso ao salão real abriu-se e Bartolomeu entrou. Estava trajando sua indumentária de viagem como sempre muito elega
(Reino Espiritual, A.G.M*) A deusa Nara adentrou o imenso jardim criado por sua irmã Minerva, era um local de beleza estonteante: flores exóticas, pássaros de plumagens deslumbrantes. Um clima suave e agradável enchia o ambiente e o som de uma música serena tornava tudo perfeito. No centro do jardim um lago de águas cristalinas refletia a luz do sol, sentada no galho de uma árvore exuberante estava Minerva, sua irmã e sua algoz. Há muito tempo quando fora forçada a fugir do seu planeta natal para preservar sua vida, Nara era pouco mais que uma criança, com poderes divinos, mas apenas uma criança sem ninguém a quem recorrer. Sozinha teve que amadurecer rápido, tornou-se forte como precisava ser para sobreviver num deserto maldito. Tornara trevas em luz, dera brilho e vida aquele mundo morto, o transformara num lugar de extrema beleza repleto de vida vegetal e animal. Apesar de todos os seus esforços não fora, contudo
(Cidade Minerva, 934 D.G.M* ) Litoral de Minerva... Seus olhos queimavam devido ao brilho intenso, a areia sufocava sua respiração, o som das águas batendo nos rochedos à frente confundia os seus sentidos, seu corpo caído ao chão negava-se a obedecê-lo. Reunindo as últimas forças que tinha conseguiu sentar-se na praia. Pelos deuses que lugar era aquele? A geografia era diferente de tudo o que já vira. Tentava lembrar seu nome, de onde viera? O que estava fazendo ali? Mas sua mente parecia uma folha em branco. Olhou ao longe e percebeu que além das folhagens erguiam-se imensas muralhas de pedras. Aquela visão encheu seu peito de esperança, onde quer que ele estivesse não estava sozinho. Poderia conseguir ajuda. Tentou gritar, mas assustado percebeu que sua voz se tornara um grito gutural diferente de tudo que se pudesse imaginar, chegando a causa-lhe arrepios. A vegetação ao longe se moveu e a praia inteira foi tomada por seres humano