Dentro da UTI, olhei para ele através do vidro. Era difícil reconhecer meu irmão forte e confiante naquele homem pálido e imóvel, rodeado de máquinas que mantinham seu corpo funcionando.— Quem fez isso? — perguntei a Olivia, minha voz agora fria como gelo.— Ainda não sabemos, mas os aliados estão investigando. Parece que pode ter sido uma máfia rival que quer tomar o controle no México. — respondeu ela, enxugando as lágrimas.Carlos, sempre protetor, segurou meu ombro.— Assim que Alejandro estiver estável, vamos lidar com isso, Cristina. Quem fez isso vai pagar.— Vai pagar caro. — murmurei, sentindo a raiva e a dor se misturarem dentro de mim.Naquele momento, prometi a mim mesma que protegeria Alejandro e sua família, não importa o que fosse necessário. A máfia Mendez não cairia, nem no México, nem na Itália. E aqueles que ousaram tocar em meu irmão não viveriam para se arrepender.Depois de alguns minutos em silêncio, observando Alejandro através do vidro, me virei para Olivia.
Enquanto amanhecia, o céu tingido de tons alaranjados filtrava-se pelas janelas amplas do quarto. Estava sentada na poltrona ao lado da cama de Alejandro, o observando em silêncio. Seu rosto estava pálido, marcado pelas dificuldades do ataque, mas ainda havia força ali. Ele era um Mendez, e nós nunca nos deixávamos vencer sem lutar.Às 6h44, incapaz de conter o turbilhão de pensamentos, tomei uma decisão.— Carlos... — chamei, com a voz baixa, mas firme.Ele estava próximo à janela, contemplando o jardim do hospital. Ao ouvir minha voz, virou-se imediatamente.— Estou pensando em deixar Romero responsável pelas operações da máfia aqui no México. Ele é leal, confiável, e sua experiência é inquestionável. Além disso, ele é seu primo, e a família é sempre prioridade quando se trata de alianças.Carlos cruzou os braços, ponderando por um momento. Seu olhar encontrou o meu, intenso, mas sem pressa.— Romero é um bom homem. Ele tem sido leal por anos, mas... Cristina, você não precisa pensa
Poucos minutos depois, a porta do quarto abriu-se novamente, e um homem de jaleco branco, com expressão séria e passos firmes, entrou. Ele se apresentou calmamente:— Bom dia, sou o Dr. Alfredo Passos, responsável pela cirurgia do senhor Alejandro Mendez.Sua voz era firme, mas carregava um peso que me fez preparar o coração para o que ele estava prestes a dizer. Olivia levantou-se imediatamente, segurando a barriga como se buscasse forças para o que estava por vir. Carlos e eu ficamos em silêncio, atentos.— O paciente sofreu ferimentos graves causados por disparos de uma pistola Taurus PT59S19 .380ACP IN FSC ZAR 9 mm. Um dos tiros pegou de raspão no crânio, outro atingiu o abdômen e o último perfurou a região do tórax. Conseguimos estabilizá-lo na cirurgia, mas infelizmente... — Ele hesitou por um momento, como se estivesse buscando as palavras certas. — O senhor Alejandro está em estado vegetativo. Não sabemos quando, ou se, ele vai acordar. Tudo depende da força dele.Olivia levou
Segurei suas mãos firmemente, encarando-a com toda a convicção que pude reunir.— Sei que é difícil. Sei que parece impossível agora, mas Alejandro está lutando. Ele sempre foi um guerreiro, e nós precisamos lutar junto com ele. Isso significa que você precisa cuidar de si mesma. Está bem?Depois de alguns segundos, ela respirou fundo e concordou.— Vou tentar.Carlos aproveitou o momento para intervir.— Olivia, eu vou providenciar que um dos nossos homens fique exclusivamente para ajudá-la. Alguém de total confiança. Assim, você pode descansar sabendo que estamos protegendo Alejandro.Ela agradeceu com um olhar cansado, mas aliviado.O dia passou em um ritmo lento e agonizante. Enquanto Olivia finalmente conseguiu cochilar em um quarto reservado próximo à UTI, Carlos e eu nos dividimos entre acompanhar Alejandro e organizar nossas próximas ações.Sentados na área de descanso do hospital, discutíamos as informações que tínhamos sobre o ataque.— Os Fontana cometeram um erro ao tocare
Ao entrar, olhei ao redor e senti um aperto no peito. Tudo ali exalava a presença de Alejandro: os livros alinhados na estante, o cheiro amadeirado que parecia impregnado no ar. Suspirei, tentando afastar a melancolia, e comecei a tirar o casaco.Carlos se aproximou, envolvendo-me em um abraço por trás.— Vamos tomar um banho — sussurrou ele, beijando meu ombro.Fui com ele até o banheiro espaçoso, onde a água quente começou a escorrer pelo box, criando uma névoa que preenchia o ambiente. O banho foi um momento de alívio temporário, de conexão em meio ao caos. Carlos lavou meus cabelos com cuidado, enquanto eu descansava a cabeça em seu peito. Não trocamos muitas palavras, mas não precisávamos. A proximidade falava por si.Após nos vestirmos novamente, saímos da mansão e voltamos ao hospital. O caminho de volta foi silencioso, mas não desconfortável. Ambos estávamos mentalmente focados na situação. Quando chegamos, os cinco seguranças estavam posicionados na entrada do andar reservado
Meus olhos se estreitaram. A Bernardi era uma organização poderosa e influente na América Latina. Não eram aliados nem inimigos, mas mantinham uma posição de neutralidade estratégica.— E por que isso me interessa agora, Heitor? — perguntei, mantendo o tom frio.Ele deu um meio sorriso, como se já tivesse previsto minha reação.— Porque posso fazer com que os Bernardi se aliem a você contra os Fontana.Carlos, ao meu lado, deixou escapar uma risada baixa e irônica.— Você acha que vamos confiar na sua palavra?— Não, Carlos. Eu sei que vocês vão confiar nos resultados — rebateu Heitor, cruzando os braços e se voltando para mim. — Olhe, Cristina, os Fontana são uma ameaça crescente para todos nós. O ataque ao Alejandro não foi apenas pessoal, foi estratégico. Eles estão expandindo agressivamente e se livrando de quem consideram um obstáculo.Senti meu estômago revirar ao lembrar das condições de Alejandro, mas mantive a postura firme.— O que você ganha com isso, Heitor? Não acredito q
Depois da saída de Heitor, Carlos e eu voltamos para o quarto VIP onde Alejandro permanecia, ainda imóvel na cama. O silêncio da sala era quebrado apenas pelo som constante das máquinas que monitoravam seus sinais vitais. Os cinco seguranças estavam em seus postos, alertas como sempre.Eu me sentei na poltrona perto da cama de Alejandro, observando seu rosto pálido. Cada momento ali parecia uma eternidade, uma lembrança constante de que o tempo não estava a nosso favor. Carlos ficou em pé ao meu lado, com os braços cruzados, o olhar distante.Poucos minutos depois, a porta se abriu, revelando o Dr. Alfredo Passos. Ele carregava um tablet em mãos e um semblante sério, mas educado.— Boa noite, Sr. e Sra. Mendez — cumprimentou ele, fazendo um leve aceno com a cabeça. — Vim verificar a evolução do paciente.Levantei-me imediatamente, enquanto Carlos manteve sua postura imóvel, observando o médico com uma intensidade que só percebi depois.O Dr. Passos se aproximou da cama, avaliando os r
Quando o sol começava a iluminar o quarto, um movimento na porta me despertou. Uma mulher entrou usando um uniforme de enfermeira, mas algo nela me deixou desconfiada. Talvez fosse o olhar inquieto ou a maneira apressada como ela se moveu para o lado de Alejandro.— Bom dia, senhora — disse ela, com um sorriso forçado. — Só farei um pequeno ajuste no soro do paciente.Eu observei cada um de seus movimentos enquanto ela manipulava o tubo de soro conectado ao braço de Alejandro. De repente, ela inseriu uma seringa no tubo e injetou um líquido transparente.— O que você está fazendo? — perguntei, levantando-me, alarmada.Antes que ela pudesse responder, os aparelhos começaram a apitar freneticamente. O coração de Alejandro acelerou de forma assustadora, e eu corri até ele, completamente desesperada.— Alejandro! — gritei, vendo seu corpo reagir de forma violenta.A enfermeira tentou sair rapidamente, mas eu a alcancei antes que pudesse escapar. A adrenalina tomou conta de mim enquanto se