Segurei suas mãos firmemente, encarando-a com toda a convicção que pude reunir.— Sei que é difícil. Sei que parece impossível agora, mas Alejandro está lutando. Ele sempre foi um guerreiro, e nós precisamos lutar junto com ele. Isso significa que você precisa cuidar de si mesma. Está bem?Depois de alguns segundos, ela respirou fundo e concordou.— Vou tentar.Carlos aproveitou o momento para intervir.— Olivia, eu vou providenciar que um dos nossos homens fique exclusivamente para ajudá-la. Alguém de total confiança. Assim, você pode descansar sabendo que estamos protegendo Alejandro.Ela agradeceu com um olhar cansado, mas aliviado.O dia passou em um ritmo lento e agonizante. Enquanto Olivia finalmente conseguiu cochilar em um quarto reservado próximo à UTI, Carlos e eu nos dividimos entre acompanhar Alejandro e organizar nossas próximas ações.Sentados na área de descanso do hospital, discutíamos as informações que tínhamos sobre o ataque.— Os Fontana cometeram um erro ao tocare
Ao entrar, olhei ao redor e senti um aperto no peito. Tudo ali exalava a presença de Alejandro: os livros alinhados na estante, o cheiro amadeirado que parecia impregnado no ar. Suspirei, tentando afastar a melancolia, e comecei a tirar o casaco.Carlos se aproximou, envolvendo-me em um abraço por trás.— Vamos tomar um banho — sussurrou ele, beijando meu ombro.Fui com ele até o banheiro espaçoso, onde a água quente começou a escorrer pelo box, criando uma névoa que preenchia o ambiente. O banho foi um momento de alívio temporário, de conexão em meio ao caos. Carlos lavou meus cabelos com cuidado, enquanto eu descansava a cabeça em seu peito. Não trocamos muitas palavras, mas não precisávamos. A proximidade falava por si.Após nos vestirmos novamente, saímos da mansão e voltamos ao hospital. O caminho de volta foi silencioso, mas não desconfortável. Ambos estávamos mentalmente focados na situação. Quando chegamos, os cinco seguranças estavam posicionados na entrada do andar reservado
Meus olhos se estreitaram. A Bernardi era uma organização poderosa e influente na América Latina. Não eram aliados nem inimigos, mas mantinham uma posição de neutralidade estratégica.— E por que isso me interessa agora, Heitor? — perguntei, mantendo o tom frio.Ele deu um meio sorriso, como se já tivesse previsto minha reação.— Porque posso fazer com que os Bernardi se aliem a você contra os Fontana.Carlos, ao meu lado, deixou escapar uma risada baixa e irônica.— Você acha que vamos confiar na sua palavra?— Não, Carlos. Eu sei que vocês vão confiar nos resultados — rebateu Heitor, cruzando os braços e se voltando para mim. — Olhe, Cristina, os Fontana são uma ameaça crescente para todos nós. O ataque ao Alejandro não foi apenas pessoal, foi estratégico. Eles estão expandindo agressivamente e se livrando de quem consideram um obstáculo.Senti meu estômago revirar ao lembrar das condições de Alejandro, mas mantive a postura firme.— O que você ganha com isso, Heitor? Não acredito q
Depois da saída de Heitor, Carlos e eu voltamos para o quarto VIP onde Alejandro permanecia, ainda imóvel na cama. O silêncio da sala era quebrado apenas pelo som constante das máquinas que monitoravam seus sinais vitais. Os cinco seguranças estavam em seus postos, alertas como sempre.Eu me sentei na poltrona perto da cama de Alejandro, observando seu rosto pálido. Cada momento ali parecia uma eternidade, uma lembrança constante de que o tempo não estava a nosso favor. Carlos ficou em pé ao meu lado, com os braços cruzados, o olhar distante.Poucos minutos depois, a porta se abriu, revelando o Dr. Alfredo Passos. Ele carregava um tablet em mãos e um semblante sério, mas educado.— Boa noite, Sr. e Sra. Mendez — cumprimentou ele, fazendo um leve aceno com a cabeça. — Vim verificar a evolução do paciente.Levantei-me imediatamente, enquanto Carlos manteve sua postura imóvel, observando o médico com uma intensidade que só percebi depois.O Dr. Passos se aproximou da cama, avaliando os r
Quando o sol começava a iluminar o quarto, um movimento na porta me despertou. Uma mulher entrou usando um uniforme de enfermeira, mas algo nela me deixou desconfiada. Talvez fosse o olhar inquieto ou a maneira apressada como ela se moveu para o lado de Alejandro.— Bom dia, senhora — disse ela, com um sorriso forçado. — Só farei um pequeno ajuste no soro do paciente.Eu observei cada um de seus movimentos enquanto ela manipulava o tubo de soro conectado ao braço de Alejandro. De repente, ela inseriu uma seringa no tubo e injetou um líquido transparente.— O que você está fazendo? — perguntei, levantando-me, alarmada.Antes que ela pudesse responder, os aparelhos começaram a apitar freneticamente. O coração de Alejandro acelerou de forma assustadora, e eu corri até ele, completamente desesperada.— Alejandro! — gritei, vendo seu corpo reagir de forma violenta.A enfermeira tentou sair rapidamente, mas eu a alcancei antes que pudesse escapar. A adrenalina tomou conta de mim enquanto se
Já passavam das 24 horas desde o incidente quando Carlos voltou ao quarto. Ele estava com o semblante sério, suas roupas levemente amassadas e o cabelo bagunçado, mas sua postura permanecia firme.— Descobri quem está por trás disso — anunciou ao entrar.Levantei-me rapidamente, meu coração batendo acelerado.— Quem foi? — perguntei.— Os Fontana. Eles contrataram a falsa enfermeira para terminar o serviço que o ataque inicial não conseguiu. A ordem era clara: eliminar Alejandro. — Carlos disse com uma expressão de puro desprezo.Respirei fundo, tentando conter a raiva que crescia dentro de mim.— Eles não vão parar enquanto não destruírem a nossa família... — murmurei, mais para mim mesma do que para ele.— Não vamos dar essa chance a eles — Carlos respondeu com determinação. — Já tenho homens seguindo cada movimento deles.Antes que pudéssemos continuar a conversa, meu telefone tocou. Peguei-o rapidamente e vi o nome de Heitor no visor.— Heitor? — atendi, tentando manter a calma.—
Para nossa surpresa, um dos homens era ninguém menos que o Dr. Alfredo Passos.Meu coração acelerou imediatamente, e senti Carlos tensionar ao meu lado. Seus olhos estreitaram ao ver o homem que, até então, acreditávamos ser apenas um médico dedicado.— Bem-vindos, Sra e Sr Mendez — disse um dos homens ao centro, o mais velho dos três, com cabelos levemente grisalhos. — Eu sou Alfonso Bernadi, o líder desta família. Estes são meus irmãos, Ramon Bernadi e... acredito que vocês já conhecem Alfredo.Dr. Passos — ou melhor, Alfredo Bernadi — se levantou, olhando diretamente para mim com um sorriso calculado.— Surpresa em me ver, Cristina? — Ele disse com a mesma voz calma e profissional que costumava usar no hospital.Carlos deu um passo à frente, com o olhar frio e desconfiado.— Então você não é apenas um médico. Você é um Bernadi.— Corretíssimo, Carlos — Alfredo respondeu, sem perder a compostura. — Minha especialidade sempre foi salvar vidas, mas também proteger minha família.— E a
De volta ao carro, o silêncio era quase ensurdecedor. Carlos dirigia com o olhar fixo na estrada, suas mãos apertando o volante com força. Eu estava ao lado dele, perdida em meus pensamentos. A revelação sobre Alfredo Passos ainda ecoava em minha mente, e a proposta de aliança com os Bernadi parecia uma faca de dois gumes.— O que você acha disso tudo, Carlos? — perguntei, quebrando o silêncio.Ele respirou fundo, ainda olhando para frente.— Acho que eles têm algo a ganhar com essa aliança, mais do que nós. — Ele fez uma pausa, apertando os lábios. — Mas também acho que, se soubermos jogar nossas cartas, podemos virar essa situação a nosso favor.Concordei, mas ainda havia algo que me incomodava profundamente.— Alfredo... ele foi muito convincente como médico. Até agora, parece que ele fez o possível para salvar Alejandro. Será que podemos mesmo confiar nele?Carlos soltou uma risada seca.— Confiar? Não. Nunca. Mas isso não significa que não podemos usá-lo enquanto for conveniente.