De volta ao carro, o silêncio era quase ensurdecedor. Carlos dirigia com o olhar fixo na estrada, suas mãos apertando o volante com força. Eu estava ao lado dele, perdida em meus pensamentos. A revelação sobre Alfredo Passos ainda ecoava em minha mente, e a proposta de aliança com os Bernadi parecia uma faca de dois gumes.— O que você acha disso tudo, Carlos? — perguntei, quebrando o silêncio.Ele respirou fundo, ainda olhando para frente.— Acho que eles têm algo a ganhar com essa aliança, mais do que nós. — Ele fez uma pausa, apertando os lábios. — Mas também acho que, se soubermos jogar nossas cartas, podemos virar essa situação a nosso favor.Concordei, mas ainda havia algo que me incomodava profundamente.— Alfredo... ele foi muito convincente como médico. Até agora, parece que ele fez o possível para salvar Alejandro. Será que podemos mesmo confiar nele?Carlos soltou uma risada seca.— Confiar? Não. Nunca. Mas isso não significa que não podemos usá-lo enquanto for conveniente.
O médico respirou fundo, passando a mão pelo rosto antes de falar:— Fizemos tudo o que pudemos, mas Olivia sofreu uma hemorragia interna muito grave. Os danos foram irreversíveis. A perda de sangue foi significativa, e mesmo com a transfusão e todos os esforços, não conseguimos salvá-la.Senti meu corpo desabar. Aquelas palavras eram um golpe brutal. Segurei na parede para me manter de pé, enquanto Carlos colocou um braço em volta de mim, me segurando firme.— E o bebê? — Carlos perguntou, sua voz carregada de tensão.— Ele está vivo, mas nasceu extremamente prematuro. Pesando pouco mais de um quilo, ele foi imediatamente colocado na incubadora e está recebendo ventilação assistida. O estado é crítico, mas ele está lutando.Eu não conseguia segurar as lágrimas. Meu coração estava despedaçado. Olivia havia dado sua vida para que seu filho tivesse uma chance de viver, mas a ideia de voltar para Alejandro com essa notícia me deixava sem ar.— Posso vê-la? — sussurrei.Dr. Ortega assenti
Levantei-me imediatamente, o coração acelerado.— O que foi?Carlos passou a mão pelo cabelo, frustrado, e então falou:— Descobri algo sobre os Fontana. Eles não estão apenas buscando expandir o território no México. O objetivo deles é acabar completamente com os Mendez.Minha mente girava com as implicações. Eles estavam determinados a nos destruir, e isso significava que não havia tempo para hesitação ou fraqueza.— O que vamos fazer? — perguntei, tentando manter a calma.Carlos olhou para mim com firmeza.— Vamos lutar, Cristina. E dessa vez, eles não terão chance de se recuperar.Após descobrir o que os Fontana estavam tramando, voltei para a manão de Alejandro, precisava descansar por mais dificil que fosse, para atacar o inimigo.Acordei cedo no dia seguinte, ainda exausta das emoções das últimas 24 horas, mas determinada. Precisávamos agir rápido, antes que os Fontana tivessem tempo de atacar novamente. Carlos já estava ao meu lado, analisando relatórios e fazendo ligações enqu
Após longos minutos de discussão e ajustes nos detalhes do plano, Alfonso finalmente estendeu a mão.— Está decidido. Em uma semana, agimos.Apertei sua mão com firmeza, selando o acordo.Mais tarde, de volta ao hospital, sentei-me ao lado de Alejandro.— Alejandro, tudo isso é por você, pelo seu filho e por nossa família — sussurrei, segurando a mão dele suavemente.Carlos entrou na sala com dois copos de café e sentou-se ao meu lado, me entregando um deles.— Está tudo pronto. Agora, só precisamos esperar.Olhei para ele, sentindo o peso de nossa responsabilidade, mas também a certeza de que estávamos no caminho certo.— Vamos vencer, Carlos. Não há outra opção.Ele colocou a mão sobre a minha e apertou levemente.— E faremos isso juntos, Cristina. Como sempre.A noite caiu silenciosa sobre a cidade enquanto Carlos e eu permanecíamos no hospital, nossos pensamentos consumidos pelos planos e pelas responsabilidades que agora recaíam sobre nossos ombros. A luz suave do monitor cardíac
De volta ao hospital, Carlos e eu nos revezávamos entre monitorar Alejandro e cuidar dos preparativos finais para o ataque. Dario, embora pequeno e frágil, parecia ser um raio de esperança em meio ao caos.— Quando isso acabar, — comecei, olhando para Carlos enquanto ele revisava relatórios, — quero levar Alejandro e Dario para casa. Para a Itália.Carlos sorriu, finalmente levantando os olhos para mim.— E eu quero que você tenha a paz que merece, Cristina. Depois disso, vamos reconstruir tudo juntos.A determinação em seus olhos era o combustível de que eu precisava para enfrentar os próximos dias.— Vamos vencer, Carlos. Por Alejandro. Por Dario. E por todos que perdemos no caminho.Ele se inclinou e selou meu juramento com um beijo. Não importava o que viesse a seguir, estávamos prontos para enfrentar. Juntos.Dois dias se passaram em um ritmo frenético. Cada momento era uma mistura de tensão e preparação. No hospital, Alejandro permanecia inconsciente, mas estável. O pequeno Dari
Dois dias após o ataque final contra os Fontana, chegou o momento que todos temiam: o velório e o enterro de Olivia.O velório de Olivia foi carregado de emoções difíceis. A capela estava cheia de parentes e amigos próximos, mas a atmosfera era pesada, sufocante. Dona Maria, a mãe de Olivia, estava sentada na primeira fila, com o rosto abatido e o olhar fixo. Sua dor era evidente, mas havia algo mais em seus olhos: uma mistura de mágoa e rejeição.Quando a cerimônia terminou, aproximei-me com cuidado, sentindo o peso do momento. Carlos estava ao meu lado, me apoiando, mas havia uma tensão crescente no ar.— Dona Maria... — comecei, com a voz embargada. — Lamento muito por tudo isso. Olivia era como uma irmã para mim.Ela levantou o rosto, e seus olhos, antes fixos no chão, encontraram os meus com uma dureza que me fez hesitar.— Cristina... — ela começou, sua voz baixa e carregada de emoção. — Minha filha está morta. Tudo por causa dessa vida. E agora, você vem aqui falar sobre lament
Nos dias seguintes, minha rotina mudou completamente. Cada manhã começava com uma visita à ala neonatal para acompanhar Dario. Ele estava ficando mais forte, e o brilho nos olhos dos médicos e enfermeiros sempre que o avaliavam me dava esperança. Era como se a força dele fosse um reflexo de tudo o que tínhamos vivido até agora.Carlos esteve ao meu lado o tempo todo, ajudando a lidar com os detalhes burocráticos enquanto eu me concentrava em Dario. Ele organizava tudo: os seguranças no hospital, a equipe que nos ajudaria na transição de volta para casa, e até os documentos necessários para levar Dario para a Itália assim que fosse possível.Certa tarde, enquanto estávamos sentados em uma sala de espera do hospital, Carlos falou algo que mexeu comigo.— Cristina, já pensou no que vamos dizer a Dario quando ele crescer? Sobre tudo isso?Demorei alguns segundos para responder, olhando fixamente para as paredes brancas e frias do hospital.— Diremos a ele a verdade, Carlos. Sobre Olivia,
O trajeto do hospital ao aeroporto foi tenso. Alejandro foi colocado em uma ambulância equipada como uma UTI móvel, enquanto Carlos e eu seguimos em um dos carros da escolta, com Dario em um assento especial ao meu lado. Eu não tirava os olhos do pequeno, mas minha mente vagava para Alejandro, imaginando como ele estava suportando a viagem.No aeroporto, o jato particular nos aguardava. Era uma aeronave adaptada, com todos os equipamentos necessários para manter Alejandro estável durante o voo. Dario, por outro lado, parecia se divertir com o movimento e os sons ao nosso redor, completamente alheio ao caos.Assim que embarcamos, o Dr. Francesco fez os últimos ajustes em Alejandro, verificando novamente os aparelhos e os medicamentos. Ele se aproximou de mim, sua postura profissional inabalável.— Senhora Mendez, estamos prontos para decolar. A tripulação está ciente das paradas médicas planejadas, e ficaremos atentos a qualquer mudança nos sinais vitais do seu irmão.— Obrigada, douto